Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

sexta-feira, 19 de abril de 2019

REVOLUÇÃO ESPÍRITA

Quando uma lente concentra a luz do Sol e faz a palha pegar fogo, reconhecemos a naturalidade desse fato, pois ele ocorre em virtude de leis naturais. Na Antiguidade, porém, quando uma relva pegava fogo espontaneamente, acreditava-se que alguma vontade sobrenatural teria sido a causa. Para que se considere algo como lei natural, precisamos conhecer o mecanismo de sua regularidade. Quanto aos nossos sentimentos, os impulsos que nos incitam a agir bem ou mal na hora de tomar uma decisão, levam a imaginar que seriam seres sobrenaturais, anjos ou demônios nos incitando a atuar de uma ou outra forma. Como agir conta o egoísmo é desagradável, fazer o bem parece ser uma vontade de Deus e não nossa. Seguindo esse raciocínio, deixar de satisfazer nossos desejos para fazer o que Deus manda seria um sacrifício, só fazendo sentido se for para que Ele nos recompense, ou para que não nos castigue. E se agimos errado, precisamos do perdão para que nos queira bem de novo. Esse raciocínio coloca Deus agindo de acordo com uma temida soberania humana. O que importa seria obedecer sua vontade ou sofrer o castigo eterno nos infernos. Já o naturalismo considera que o impulso de satisfazer nossos desejos materiais é natural e representa o bem, tudo que nos impede disso é o mal. A moral seria um acordo social para determinar limites entre os indivíduos. O melhor da vida seria viver a plenitude dos desejos, fantasias e prazeres a cada momento. 

Como alternativa a esses sistemas, Kant considera uma lei universal de natureza espiritual, independente de nosso mundo, relacionada à liberdade da alma e suas relações com os demais seres. Uma lei natural, como a gravidade, não diz o que se deve ou não fazer, mas demonstra as regras que regem naturalmente as consequências dos movimentos. A Natureza não nos diz se devemos pular ou não de uma elevação. Mas, por experiência, podemos adquirir o conhecimento sobre qual altura é segura e a partir de onde o salto causa lesão ou é fatal. Também podemos adquirir uma habilidade de saltar de mais alto seguramente, treinando. Mesmo que não saibamos exatamente quais são as leis do mundo dos espíritos, por analogia compreendemos que ela não determina de qual maneira alguém deve agir ou o que é proibido. Mas, sabendo que ela existe, podemos desenvolver o conhecimento e a habilidade de fazer uso da vontade e da liberdade em harmonia com as leis morais em busca da perfeição, pois, diferentemente dos animais, podemos escolher o nosso fim. Sabendo que se todos agirem assim numa comunidade, a liberdade e a possibilidade de ser feliz estará ao alcance de todos e o desejo de alcançar essa condição futura faz nosso ato moral ser voluntário ou autônomo. 

Se for possível a conquista futura dessa sociedade ideal, como Deus está fora do tempo, Ele já sabe disso. Então não precisa premiar, castigar ou perdoar os seres que criou, porque sabe que todos conquistarão a plenitude da harmonia universal. Compreender essa harmonia e fazer uso hábil dela em sua relação com os outros seres é o fundamento da felicidade dos bons espíritos, da mesma forma que ao compreender a natureza do fogo e da energia construímos todo o conforto e bem-estar físico da vida moderna. Dessa forma, a razão tem dois objetivos: conquistar conhecimento teórico e também as virtudes práticas. 

Paulo Henrique de Figueiredo, no livro "Revolução Espírita - A teoria esquecida de Allan Kardec", capítulo 3.4.3 - Sonhos de um visionário.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Brilhe a Vossa Luz!!!