Introdução
Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
LIVRES, MAS RESPONSÁVEIS
A quem nos pergunte se a criatura humana é livre, responderemos afirmativamente.
Acrescentemos, porém, que o homem é livre, mas responsável, e pode realizar o que deseje, mas estará ligado inevitavelmente ao fruto de suas próprias ações.
Para esclarecer o assunto, tanto quanto possível, examinemos, em resumo, alguns dos setores de sementeira e colheita ou, melhor, de livre-arbítrio e destino em que o espírito encarnado transita no mundo.
POSSE - O homem é livre para reter quaisquer posses que as legislações terrestres lhe facultem, de acordo com a sua diligência na ação ou seu direito transitório, e será considerado mordomo respeitável pelas forças superiores da vida se as utiliza a benefício de todos, mas, se abusa delas, criando a penúria dos semelhantes, de modo a favorecer os próprios excessos, encontrará nas consequências disso a fieira das provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz da abnegação.
NEGÓCIO - O homem é livre para efetuar as transações que lhe apraza e granjeará o título de benfeitor, se procura comerciar com real proveito de clientela que lhe é própria, mas, se arrasa a economia dos outros com o fim de auferir lucros desnecessários, com prejuízo evidente do próximo, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz da retidão.
ESTUDO - O homem é livre para ler e escrever, ensinar ou estudar tudo o que quiser e conquistará a posição de sábio se mobiliza os recursos culturais em auxílio daqueles que lhe partilham a romagem terrestre; mas, se coloca os valores da inteligência em apoio do mal, deteriorando a existência dos companheiros da Humanidade com o objetivo de acentuar o próprio orgulho, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do discernimento.
TRABALHO - O homem é livre para abraçar as tarefas a que se afeiçoe e será honorificado por seareiro do progresso se contribui na construção da felicidade geral; mas se malversa o dom de empreender e agir, esposando atividades perturbadoras e infelizes para gratificar os seus interesses menos dignos, encontrará nas conseqüências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do serviço aos semelhantes.
SEXO - O homem é livre para dar às suas energias e impulsos sexuais a direção que prefira e será estimado por veículo de bençãos quando os emprega na proteção sadia do lar, na formação da família, seja na paternidade ou na maternidade com o dever cumprido, ou, ainda, na sustentação das obras de arte e cultura, benemerência e elevação do espírito; mas, se para lisonjear os próprios sentidos transforma os recursos genésicos em dor e desequilíbrio, angústia ou desesperação para os semelhantes, pela injúria aos sentimentos alheios ou pela deslealdade e desrespeito nos compromissos e ajustes afetivos, depois de havê-los proposto ou aceitado, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do amor puro.
O homem é livre até mesmo para receber ou recusar a existência, mas recolherá invariavelmente os bens ou os males que decorram de sua atitude, perante as concessões da Bondade Divina.
Todos somos livres para desejar, escolher, fazer e obter, mas todos somos também constrangidos a entrar nos resultados de nossas próprias obras.
Cabe à Doutrina Espírita explicar que os princípios da Justiça Eterna, em todo o Universo, não funcionam simplesmente à base de paraísos e infernos, castigos e privilégios de ordem exterior, mas, acima de tudo, através do instituto da reencarnação, em nós, conosco, junto de nós e por nós.
Foi por isso que Jesus, compreendendo que não existe direito sem obrigação e nem equilíbrio sem consciência tranquila, nos afirmou claramente: "Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.
Emmanuel (espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Encontro Marcado
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
REDE GLOBO - A TV IRREALIDADE QUE ILUDE O BRASIL
No ano passado, a revista “The Economist” publicou um artigo sobre a
Rede Globo, a maior emissora do Brasil. Ela relatou que “91 milhões de
pessoas, pouco menos da metade da população, a assistem todo dia: o tipo
de audiência que, nos Estados Unidos, só se tem uma vez por ano, e
apenas para a emissora detentora dos direitos naquele ano de transmitir a
partida do Super Bowl, a final do futebol americano”.
Esse número pode parecer exagerado, mas basta andar por uma quadra
para que pareça conservador. Em todo lugar aonde vou há um televisor
ligado, geralmente na Globo, e todo mundo a está assistindo
hipnoticamente.
Sem causar surpresa, um estudo de 2011 apoiado pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que o percentual de lares
com um aparelho de televisão em 2011 (96,9) era maior do que o
percentual de lares com um refrigerador (95,8) e que 64% tinham mais de
um televisor. Outros pesquisadores relataram que os brasileiros assistem
em média quatro horas e 31 minutos de TV por dia útil, e quatro horas e
14 minutos nos fins de semana; 73% assistem TV todo dia e apenas 4%
nunca assistem televisão regularmente (eu sou uma destes últimos).
Entre eles, a Globo é ubíqua. Apesar de sua audiência estar em
declínio há décadas, sua fatia ainda é de cerca de 34%. Sua concorrente
mais próxima, a Record, tem 15%.
Assim, o que essa presença onipenetrante significa? Em um país onde a
educação deixa a desejar (a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico classificou o Brasil recentemente em 60º lugar
entre 76 países em desempenho médio nos testes internacionais de
avaliação de estudantes), implica que um conjunto de valores e pontos de
vista sociais é amplamente compartilhado. Além disso, por ser a maior
empresa de mídia da América Latina, a Globo pode exercer influência
considerável sobre nossa política.
Um exemplo: há dois anos, em um leve pedido de desculpas, o grupo
Globo confessou ter apoiado a ditadura militar do Brasil entre 1964 e
1985. “À luz da História, contudo”, o grupo disse, “não há por que não
reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como
equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram
desse desacerto original”.
Com esses riscos em mente, e em nome do bom jornalismo, eu assisti a
um dia inteiro de programação da Globo em uma terça-feira recente, para
ver o que podia aprender sobre os valores e ideias que ela promove.
A primeira coisa que a maioria das pessoas assiste toda manhã é o
noticiário local, depois o noticiário nacional. A partir desses, é
possível inferir que não há nada mais importante na vida do que o clima e
o trânsito. O fato de nossa presidente, Dilma Rousseff, enfrentar um
sério risco de impeachment e que seu principal oponente político,
Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, está sendo investigado por
receber propina, recebe menos tempo no ar do que os detalhes dos
congestionamentos. Esses boletins são atualizados pelo menos seis vezes
por dia, com os âncoras conversando amigavelmente, como tias velhas na
hora do chá, sobre o calor ou a chuva.
A partir dos talk shows matinais e outros programas, eu aprendi que o
segredo da vida é ser famoso, rico, vagamente religioso e “do bem”.
Todo mundo no ar ama todo mundo e sorri o tempo todo. Histórias
maravilhosas foram contadas de pessoas com deficiência que tiveram a
força de vontade para serem bem-sucedidas em seus empregos.
Especialistas e celebridades discutiam isso e outros assuntos com
notável superficialidade.
Eu decidi pular os programas da tarde –a maioria reprises de novelas e
filmes de Hollywood– e ir direto ao noticiário do horário nobre.
Há dez anos, um âncora da Globo, William Bonner, comparou o
telespectador médio do noticiário “Jornal Nacional” a Homer Simpson
– incapaz de entender notícias complexas. Pelo que vi, esse padrão ainda
se aplica. Um segmento sobre a escassez de água em São Paulo, por
exemplo, foi destacado por um repórter, presente no jardim zoológico
local, que disse ironicamente “É possível ver a expressão preocupada do
leão com a crise da água”.
Assistir à Globo significa se acostumar a chavões e fórmulas
cansadas: muitos textos de notícias incluem pequenos trocadilhos no
final ou uma futilidade dita por um transeunte. “Dunga disse que gosta
de sorrir”, disse um repórter sobre o técnico da seleção brasileira. Com
frequência, alguns poucos segundos são dedicados a notícias
perturbadoras, como a revelação de que São Paulo manteria dados
operacionais sobre a gestão de águas do Estado em segredo por 25 anos,
enquanto minutos inteiros são gastos em assuntos como “o resgate de um
homem que se afogava causa espanto e surpresa em uma pequena cidade”.
O restante da noite foi preenchido com novelas, a partir das quais se
pode aprender que as mulheres sempre usam maquiagem pesada, brincos
enormes, unhas esmaltadas, saias justas, salto alto e cabelo liso. (Com
base nisso, acho que não sou uma mulher.) As personagens femininas são
boas ou ruins, mas unanimemente magras. Elas lutam umas com as outras
pelos homens. Seu propósito supremo na vida é vestir um vestido de
noiva, dar à luz a um bebê loiro ou aparecer na televisão, ou todas as
opções anteriores. Pessoas normais têm mordomos em suas casas, que são
visitadas por encanadores atraentes que seduzem donas de casa
entediadas.
Duas das três atuais novelas falam sobre favelas, mas há pouca
semelhança com a realidade. Politicamente, elas têm uma inclinação
conservadora. “A Regra do Jogo”, por exemplo, tem um personagem que, em
um episódio, alega ser um advogado de direitos humanos que trabalha para
a Anistia Internacional visando contrabandear para dentro dos presídios
materiais para fabricação de bombas para os presos. A organização de
defesa se queixou publicamente disso, acusando a Globo de tentar difamar
os trabalhadores de direitos humanos por todo o Brasil.
Apesar do nível técnico elevado da produção, as novelas foram
dolorosas de assistir, com suas altas doses de preconceito, melodrama,
diálogo ruim e clichês.
Mas elas tiveram seu efeito. Ao final do dia, eu me senti menos
preocupada com a crise da água ou com a possibilidade de outro golpe
militar –assim como o leão apático e as mulheres vazias das novelas.
*Vanessa Barbara é uma colunista do jornal “O Estado de São Paulo” e editora do site literário “A Hortaliça”.
RIVOTRIL, A DROGA DA PAZ QUÍMICA
Segundo a Anvisa, o consumo brasileiro do princípio ativo do Rivotril, o clonazepam, em 2007 era de 29 mil caixas por ano. Em 2015, este número atingiu os 23 milhões, de acordo com a IMS Health. O crescimento significativo em pouco tempo desperta as suspeitas de uso excessivo e desnecessário por parte de especialistas.
Com a promessa de aliviar as pressões e as ansiedades cotidianas, psiquiatras e médicos em geral receitam o remédio tarja preta, ou seja, que pode causar dependência física e psíquica, mesmo que o paciente não apresente um caso clínico de ansiedade.
Agravando a situação, o medicamento tem um valor relativamente baixo. A reportagem de Carta Capital chegou a encontrar caixas a R$ 4. As mais caras são vendidas por cerca de R$ 20.
O clonazepam, princípio ativo do medicamento Rivotril, do
laboratório farmacêutico Roche, pertence à classe farmacológica das
benzodiazepinas, que agem diretamente sobre o sistema nervoso central,
afetando a mente e o humor.
Os ansiolíticos à base de clonazepam são as substâncias mais
consumidas no Brasil entre os 166 princípios ativos de remédios tarja
preta segundo o Boletim do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados da Anvisa, entre 2007 e 2010.
O Rivotril tem entre seus usos o controle de distúrbios epilépticos e casos graves de transtornos de ansiedade, como a Síndrome do Pânico. Sempre em situações pontuais e pelo menor tempo possível.
“O Rivotril, de modo geral, é uma medicação segura e eficaz para o
que se propõe, e pode ser de grande benefício quando bem receitado”,
explica o médico psiquiatra Plinio Luiz Kouznetz Montagna, ex-presidente
da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e ex-professor da
Universidade de São Paulo, com passagem pelo Instituto de Psiquiatria da
Universidade de Londres.
No entanto, segundo Montagna, seu uso tem sido
banalizado. O psiquiatra explica que usar o Rivotril para apaziguar
sintomas sem dar atenção às origens dos mesmos pode mascarar quadros
mais graves, porque a ansiedade pode ser primária ou derivar de outras
condições, como depressão e psicoses, que exigem outros tipos de
tratamento.
Montagna esclarece que as manifestações da ansiedade podem
ocorrer tanto na esfera psíquica (sentimento opressor, antecipação de
perigo etc) como no corpo (dispneia, insônia, taquicardia). Já as causas
da ansiedade podem derivar de elementos biológicos, psicológicos,
socioculturais e do desenvolvimento individual em um contexto familiar
determinado.
O psiquiatra considera a ansiedade como fundamental para
sinalizar um perigo e necessária para a saúde psíquica. “Costumo
comparar com o funcionamento de um violão. É preciso um nível de tensão
das cordas adequado para que a música aconteça. Se as cordas estiverem
frouxas, não sai música. Se demasiadamente estiradas, podem até a
romper. Assim é a ansiedade em relação ao funcionamento mental humano”.
No entanto, quando a reação a um estímulo passa a ser desproporcional
é que há um transtorno de ansiedade, como explica o conselheiro do
Cremesp Mauro Gomes Aranha de Lima. “Viver em grandes centros
urbanos gera, naturalmente, um sentimento de ansiedade por deixar as
pessoas estejam constantemente em alerta, estressadas. E isso não é
necessariamente um transtorno de ansiedade. Mas esses fatores podem
desencadear um transtorno em quem já tem certa tendência a isso”.
Como exemplo de reação além da necessária a um estímulo, Lima
descreve a situação em que alguém vê uma faca ou está em um elevador
apertado e isso desencadeia uma crise de pânico. Ou quando, ao
cumprimentar alguém e sentir um pouco de suor, ter que lavar as mãos
excessivamente depois.
Em relação à vida urbana de que Lima fala, Montagna lembra o epidemiologista inglês Richard Wilkinson,
cujos trabalhos são utilizados pela ONU e a OMS: “o binômio inclusão -
exclusão a grupos, pequenos ou grandes, está em questão.
Os estudos de Wilkinson observam que o fator que importa em termos de ansiedade e saúde mental, consumo de drogas,
criminalidade, e diversos outros índices de bem estar social é a
diferença de renda entre os mais ricos e os mais pobres. Quanto mais
equitativa a sociedade, menor a prevalência de ansiedade e de
transtornos mentais”.
Montagna pondera que, se essa é a situação em países do primeiro
mundo, a questão deve tornar-se muito mais aguda e possivelmente mais
dramática em países como o Brasil, com uma grande desigualdade social.
“Com a desigualdade, nos índices de saúde, saúde mental e social, o
prejuízo, o sofrimento não é só dos pobres, mas também dos ricos. O
prejuízo da desigualdade é de todos”.
Surgimento e abstinência
O surgimento dos atuais tranquilizantes é atribuído a Leo
Sternbach, que trabalhava para Hoffmann - La Roche e patenteou mais de
241 inovações químicas, tornando a Roche uma das maiores indústrias
farmacêuticas do mundo.
Ele foi responsável por desenvolver os primeiros
tranquilizantes à base de benzodiazepínicos, substituindo os
barbitúricos desenvolvidos no começo do século passado (como o Gardenal)
perigosos por terem a dosagem fatal próxima à dosagem para o
tratamento. Em 1960, Sternbach lançou o Librium e, três anos depois, o
Valium, mais simples e mais potente.
“Mães precisam de alguma coisa hoje para acalmá-las. E mesmo que ela não
esteja realmente doente, há uma pequena pílula amarela”, diz a música
dos Rolling Stones lançada em 1966 em referência ao Valium, quando os
tranquilizantes já estavam popularizados nos Estados Unidos.
Hoje, Medley, Sanofi, Pfizer, Aché e Farmasa são alguns dos
laboratórios que produzem ao menos um medicamento à base de
benzodiazepinas no Brasil, além das versões genéricas dos princípios
ativos. O Rivotril, da Roche, contudo, é um dos mais conhecidos.
Dados obtidos pela reportagem da Folha de S. Paulo em 2011 e 2012
mostram que, dentre todos os medicamentos, tarja preta ou não, o Rivotril foi o sexto mais vendido no Brasil. Na época, o Rivotril era responsável por 77% das vendas de ansiolíticos - 14 milhões de caixas por ano.
O levantamento foi feito a pedido do jornal pela IMS Healt, a empresa que audita o mercado farmacêutico no país. Procurado pela reportagem de Carta Capital, contudo, a IMS Health afirmou que este tipo de levantamento não está mais disponível para a imprensa.
Em 2007 foram consumidas 29 mil caixas
de medicamentos à base de Clonazepam (princípio ativo do Rivotril) no
Brasil. Três anos depois, em 2010, esse número superou os 10 milhões, de acordo com a Anvisa.
Já entre setembro de 2014 e agosto de 2015, o consumo de todos
os medicamentos à base de Clonazepam subiu para mais de 23 milhões, de
novo de acordo com os dados da IMS Health.
“No fim do século passado prescrevia-se Dienpax a todo o
momento. Hoje isso ocorre com o Rivotril”, analisa Montagna. Lima
acredita que o uso acima das necessidades reais desse tipo de medicação
acontece porque não há a necessidade de que um especialista o receite.
“É uma forma de melhorar rapidamente a ansiedade e, de alguma
forma, o paciente institui aquele remédio como uma constante – esse é o
cuidado que devemos ter, para não usar cronicamente. E vale lembrar:
jamais em proximidade com bebidas alcoólicas, porque potencializa o
efeito sedativo”.
O psiquiatra também alerta para a perda do efeito ao longo do
uso crônico, uma tendência das benzodiazepinas. “Para obter o mesmo
efeito é preciso aumentar progressivamente as doses. A questão é que a
retirada dos benzodiazepinas quando é usado por longo tempo, deve ser
gradual, porque pode gerar síndrome de abstinência”.
Como combater o uso excessivo?
Para contornar a situação, Montagna ressalta a necessidade de
trabalhar mais, na educação médica, a relação médico-paciente e a
valorização de aspectos humanos da Medicina. Ele afirma que percebe que
muitos médicos não têm ferramentas para lidar com o paciente a não ser
através da medicação. “Mas de todo modo não se perca de vista que o
Rivotril tem suas qualidades em quadros de ansiedade, eventualmente como
coadjuvante de antidepressivos e para a epilepsia”.
Lima, como conselheiro do Cremesp, afirma que eles procuram
fazer uma educação médica continuada, levando aos médicos não
psiquiatras os melhores meios de utilizar essas medicações. “Existem
maneiras de a vigilância sanitária mapear prescritores muito exagerados
de tranquilizantes e, por vezes, a gente chama esse médico no Conselho e
alertamos sobre esse uso indiscriminado. Mas é a qualidade da formação
médica que evidentemente precisa melhorar no nosso país”.
Lima observa que alguns tratamentos de ansiedade precisam de um
ou dois anos de medicação, mas que não devem ser usados os
benzodiazepinas e, sim, outro grupo de medicações mais adequado para
tratamentos de longa duração.
No entanto, nem eles são capazes de curar o transtorno de ansiedade
definitivamente. “São muito importantes no tratamento da ansiedade todos
os métodos psicoterápicos. E cada tipo de ansiedade existe terapias
adequadas. Então a psicoterapia é o tratamento mais que tem resultados
mais sustentados e deve ser feito concomitantemente ao tratamento
farmacológico, sempre objetivando interromper a medicação depois de
algum tempo”.
Procurada por Carta Capital, a Roche enviou a
seguinte nota: "A Roche, fabricante de Rivotril (clonazepam), esclarece
que as vendas do medicamento permanecem estáveis nos últimos anos no
Brasil, embora a classe terapêutica CT4 e a substância clonazepam tenham
crescido recentemente. A companhia reitera que somente o médico
pode prescrever o medicamento, por meio de uma receita retida e
controlada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
considerando necessidades médicas de cada paciente. A Roche segue a legislação nacional que regulamenta a promoção e a venda de seus medicamentos comercializados no Brasil".
A PRIMAVERA É DAS MULHERES
Simone de Beauvoir tornou-se objeto das mais indignadas
manifestações dos machistas (e ignorantes) de plantão. Sua frase,
inserida no exame do ENEM, foi por poucos compreendida.
Vejamos a frase completa:
“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino
biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume
no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse
produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de
feminino” (Beauvoir, Simone de. O segundo sexo. Vol.2. A Experiência
vivida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980; p. 9).
Gostando ou não da forma como Simone se refere às mulheres, o
que ela coloca é uma verdade inquestionável. O “ser mulher” (o que não
se limita ao fato de ter ou não uma vagina, gostar ou não de sexo com
homens) é uma construção social. Somos educadas a nos contentar e a
viver no universo do particular, do privado. Treinadas para sermos boas filhas, mães e esposas.
A cuidar da casa e, quando muito, contar com a ajuda do marido
para as tarefas domésticas, que são nossas por definição. Eles nos
ajudam. Aliás, ter um bom marido é uma conquista fundamental nesta
lógica. E se não quisermos ter filhos, somos egoístas e insensíveis.
Esta construção se reflete na vida e nas leis: homens não dão à luz, o
aborto pode ser criminalizado. Mulheres cuidam dos filhos, não é
necessário oferecer creches gratuitas e de qualidade. Mulheres cozinham e
lavam roupa, não é necessário restaurantes e lavanderias populares. A
sociedade incensa o casamento e a maternidade e depois vira às costas
para as esposas e mães: se virem como puderem!
O novo é que vivemos hoje uma primavera feminista. Eduardo Cunha, o
corrupto, homofóbico e machista, despertou uma indignação latente. Não
levante o dedo para mim! Não mexa nos meus direitos!
O grito trancado na garganta escapuliu e milhares de mulheres tem
saído às ruas nos atos pelo “Fora Cunha”, em defesa de direitos que já
conquistamos e pelos que ainda lutamos. Cunha é a manifestação do ataque
conservador aos direitos das mulheres e também o símbolo máximo da
putrefação de um sistema onde as mulheres não têm voz e nem vez.
São homens legislando sobre os corpos das mulheres e decidindo nossos
destinos. Por isso a revolta das últimas semanas tem a ver com o
direito de decidirmos sobre a nossa vida, mas também com o de nos
sentirmos representadas na política.
Ninguém nasce mulher, torna-se mulher. Nenhuma mulher nasce
feminista mas pode tornar-se feminista quando dirige o seu olhar crítico
não mais a si mesma, por não se encaixar nos padrões exigidos, mas a
estes mesmos padrões, renegando-os e construindo outros, libertários,
igualitários e fraternos. Sim, os ideais da revolução francesa ainda
estão por se realizar. As mulheres, os jovens, LGBTs, oprimidos e
explorados tomam para si esta tarefa. Haveremos de vencer!
*Luciana Genro foi candidata à presidência pelo PSOL em 2014.
terça-feira, 10 de novembro de 2015
SEXO E AMOR
Na
sua globalidade, o amor é sentimento vinculado ao Self enquanto que a busca do
prazer sexual está mais pertinente ao ego, responsável por todo tipo de posse.
O
sentimento de amor pode levar a uma comunhão sexual, sem que isso lhe seja
condição imprescindível. No entanto, o prazer sexual pode ser conseguido pelo
impulso meramente instintivo, sem compromisso mais significativo com a outra
pessoa, que, normalmente se sente frustrada e usada.
Os
profissionais do sexo, porque perdem o componente essencial dos estímulos, em
razão do abuso de que se fazem portadores, derrapam nas explosões eróticas,
buscando recursos visuais que lhes estimulem a mente, a fim de que a função
possa responder de maneira positiva.
Mecanicamente se desincumbem da tarefa
animal e violenta, tampouco satisfazendo-se, porquanto acreditam que estão em
tarefa de aliciamento de vidas para o comércio extravagante e nefando da venda
das sensações fortes, a que se habituaram.
O amor,
como componente para a função sexual, é meigo e judicioso, começando pela
carícia do olhar que se enternece e vibra todo o corpo ante a expectativa da
comunhão renovadora.
Essa
libido tormentosa, veiculada pela mídia e exposta nas lojas em forma de
artefatos, torna-se aberração que passa para exigências da estroinice,
resvalando nos abismos de outros vícios que se lhe associam.
Quando o
sexo se apresenta exigente e tormentoso, o indivíduo recorre aos expedientes
emocionais da violência, da perseguição, da hediondez.
Os
grandes carrascos da Humanidade, até onde se os pode entender, eram portadores
de transtornos sexuais, que procuravam dissimular, transferindo-se para
situações de relevo político, social, guerreiro, tornando-se temerários,
porque sabiam da impossibilidade de serem amados.
Quando o
amor domina as paisagens do coração, mesmo existindo quaisquer dificuldades de
ordem sexual, faz-se possível superá-las, mediante a transformação dos
desejos e frustrações em solidariedade, em arte, em construção do bem, que
visam ao progresso das pessoas, assim como da comunidade, tornando-se,
portanto, irrelevantes tais questões.
O ser
humano, embora vinculado ao sexo pelo atavismo da reprodução, está fadado ao
amor, que tem mais vigor do que o simples intercurso genital.
Sem
dúvida, por outro lado, as grandes edificações de grandeza da humanidade
tiveram no sexo o seu élan de
estímulo e de força. Não obstante, persegue-se o sucesso, a glória efêmera, o
poder para desfrutar dos prazeres que o sexo proporciona, resvalando-se em
equívoco lamentável e perturbador.
O amor à
arte e à beleza igualmente inspirou Miguel Ângelo a pintar a capela Sistina,
dentre outras obras magistrais, a esculpir la Pietá e o Moisés; o amor à ciência conduziu
Pasteur à descoberta dos micróbios; o amor à verdade levou Jesus à cruz,
traçando uma rota de segurança para as criaturas humanas de todos os tempos...
O amor é
o doce enlevo que embriaga de paz os seres e os promove aos píncaros da
auto-realização, estimulando o sexo dignificado, reprodutor e calmante.
Sexo, em si mesmo, sem os condimentos do amor é
impulso violento e fugaz.
Joanna de Ângelis, (Espírito), através de Divaldo P. Franco, no Livro "Amor Imbatível Amor".
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
SEXO
"Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda. - Paulo (Romanos, 14:14).
Quando Paulo de Tarso escreveu esta observação aos romanos, referia-se à alimentação que, na época, representava objeto de áridas discussões entre gentios e judeus.
Nos dias que passam, o ato de comer já não desperta polêmicas perigosas, entretanto, podemos tomar o versículo e projetá-lo noutros setores de falsa opinião.
Vejamos o sexo, por exemplo. Nenhum departamento da atividade terrestre sofre maiores aleives. Profundamente cego de espírito, o homem, de maneira geral, ainda não consegue descobrir aí um dos motivos mais sublimes de sua existência. Realizações das mais belas, na luta planetária, quais sejam as da aproximação das almas na paternidade e na maternidade, a criação e a reprodução das formas, a extensão da vida e preciosos estímulos ao trabalho e à regeneração foram proporcionadas pelo Senhor às criaturas, por intermédio das emoções sexuais; todavia, os homens menoscabam o “lugar santo”, povoando-lhe os altares com os fantasmas do desregramento.
O sexo fez o lar e criou o nome de mãe, contudo, o egoísmo humano deu lhe em troca absurdas experimentações de animalidade, organizando para si mesmo provações cruéis.
O Pai ofereceu o santuário aos filhos, mas a incompreensão se constituiu em oferta deles. É por isto que romances dolorosos e aflitivos se estendem, através de todos os continentes da Terra.
Ainda assim, mergulhado em deploráveis desvios, pergunta o homem pela educação sexual, exigindo-lhe os programas. Sim, semelhantes programas poderão ser úteis; todavia, apenas quando espalhar-se a santa noção da divindade do poder criador, porque, enquanto houver imundície no coração de quem analise ou de quem ensine, os métodos não passarão de coisas igualmente imundas.
(Emmanuel (Espírito) através de Francisco Cândido Xavier, no livro: Pão Nosso, capítulo 94, páginas 201 e 202.)
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