Introdução
Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
AMARÁS SERVINDO
Ainda quando escutes alusões em torno da suposta decadência dos valores humanos, exaltando as forças das trevas, farás da própria alma lâmpada acesa para o caminho.
Mesmo quando a ambição e o orgulho te golpeiem de suspeitas e de rancores o espírito desprevenido, amarás servindo sempre.
Quando alguém te aponte os males do mundo, lembrar-te-ás dos que te suportaram as fraquezas da infância, dos que te auxiliaram a pronunciar a primeira oração, dos que te encorajaram os ideais de bondade no nascedouro, e daqueles outros que partiram da Terra, abençoando-te o nome, depois de repetidos exemplos da sacrifício para que pudesses livremente viver. Recordarás os benfeitores anônimos que te deram entendimento e esperança, prosseguindo fiel ao apostolado do amor e serviço que te legaram...
Para isso, não te deterás na superfície das palavras.
Colocar-te-ás na posição dos que sofrem, a fim de que faças por eles tudo aquilo que desejarias se te fizesse nas mesmas circunstâncias.
Ante as vítimas da penúria, imagina o que seria de ti nos refúgios de ninguém, sob a ventania da noite, carregando o corpo exausto e dolorido a que o pão mendigado não forneceu suficiente alimentação; renteando com os doentes desamparados, reflete quanto te doeria o abandono sob o guante da enfermidade, sem a presença sequer de um amigo para minorar-te o peso da angústia; à frente das crianças despejadas na rua, pensa nos filhos amados que aconchegas ao peito, e mentaliza o reconhecimento que experimentarias por alguém que os socorresse se estivessem desvalidos na via pública; e, perante os irmãos caídos em criminalidade, avalia o suplício oculto que te rasgarias entranhas da consciência, se ocupasses o lugar deles, e medita no agradecimento que passarias a consagrar aos que te perdoassem os erros, escorando-te o passo, das sombras para a luz.
Ainda mesmo quando te vejas absolutamente a sós, no trabalho de bem, sob a zombaria dos que se tresmalham temporariamente no nevoeiro da negação e do egoísmo, não esmorecerás. Crendo na misericórdia da Providência Divina e nas infinitas possibilidades de renovação do homem, seguirás Jesus, o Mestre e Senhor, que, entre a humildade e a abnegação, nos ensinou a todos que o amor e o serviço ao próximo são as únicas forças capazes de sublimar a inteligência para que o Reino de Deus se estabeleça em definitivo nos domínios do coração.
Emmanuel (espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Alma e Coração
MANSIDÃO E PIEDADE
Se
caminhas sob chuvas de impropérios
e maldições, cultiva a mansidão e exercita a piedade.
Se atravessas provas rudes, assoalhadas por aflições contínuas, guarda-te na mansidão e desenvolve a piedade.
Se sofres agressões prolongadas, que se não justificam, permanece com mansidão e desenvolve a piedade.
Se tombas nas ciladas bem urdidas, propostas por adversários encarnados ou não, mantém-te em mansidão e esparze a piedade.
Se te açodam circunstâncias rudes e tudo parece conspirar contra tuas lutas de redenção, não te descures da mansidão nem da piedade.
Aclamado pelo entusiasmo passageiro de amigos ou admiradores, sustenta a mansidão e insiste na piedade.
Guindado a posições de relevo transitório e requestado pelo momento de ilusão, não te afaste da mansidão da piedade.
Carregado de êxitos terrenos e laureado por enganosas situações, envolve-te na mansidão e não te distancies da piedade.
Recomendado pelas pessoas proeminentes ou procurado pelos triunfos humanos, persevera com mansidão e trabalha com piedade.
Mansidão e piedade em qualquer circunstância, sempre.
Se atravessas provas rudes, assoalhadas por aflições contínuas, guarda-te na mansidão e desenvolve a piedade.
Se sofres agressões prolongadas, que se não justificam, permanece com mansidão e desenvolve a piedade.
Se tombas nas ciladas bem urdidas, propostas por adversários encarnados ou não, mantém-te em mansidão e esparze a piedade.
Se te açodam circunstâncias rudes e tudo parece conspirar contra tuas lutas de redenção, não te descures da mansidão nem da piedade.
Aclamado pelo entusiasmo passageiro de amigos ou admiradores, sustenta a mansidão e insiste na piedade.
Guindado a posições de relevo transitório e requestado pelo momento de ilusão, não te afaste da mansidão da piedade.
Carregado de êxitos terrenos e laureado por enganosas situações, envolve-te na mansidão e não te distancies da piedade.
Recomendado pelas pessoas proeminentes ou procurado pelos triunfos humanos, persevera com mansidão e trabalha com piedade.
Mansidão e piedade em qualquer circunstância, sempre.
A mansidão coloca-te interiormente indene à agressividade dos que se comprazem no mal e a piedade envolve-os em vibrações de amor.
A mansidão faz-te compreender que necessitas de crescimento espiritual e, por enquanto, a dor ainda se torna instrumento educativo. A piedade evita que mágoas ou seqüelas de aborrecimento tisnem os teus ideais de enobrecimento.
A mansidão acalma; a piedade socorre.
Com mansidão seguirás a trilha da humildade e com a piedade prosseguirás retribuindo com o bem a todo e qualquer mal.
A mansidão identifica o cristão e a piedade fala das suas conquistas interiores.
"Bem-aventurados os mansos e pacificadores - ensinou Jesus - porque eles herdarão a Terra"... feliz do continente da alma imortal.
Autor: Joanna de Ângelis (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco. Do livro: Otimismo
terça-feira, 27 de outubro de 2015
DEUS É SOBERANAMENTE JUSTO E BOM
A providencial sabedoria das leis divinas se revela nas mais pequeninas
coisas, como nas maiores, não permitindo essa sabedoria que se duvide
da sua justiça, nem da sua bondade.
O
fato do ser infinita uma qualidade, exclui a possibilidade de uma
qualidade contrária, porque esta a apoucaria ou anularia. Um ser infinitamente bom não poderia conter a mais insignificante parcela de malignidade, nem o ser infinitamente mau
conter a mais insignificante parcela de bondade, do mesmo modo que um
objeto não pode ser de um negro absoluto, com a mais ligeira nuança de
branco, nem de um branco absoluto com a mais pequenina mancha preta.
Deus,
pois, não poderia ser simultaneamente bom e mau, porque então, não
possuindo qualquer dessas duas qualidades no grau supremo, não seria
Deus; todas as coisas estariam sujeitas ao seu capricho e para nenhuma
haveria estabilidade. Não poderia ele, por conseguinte, deixar de ser ou
infinitamente bom ou infinitamente mau. Ora, como suas obras dão
testemunho da sua sabedoria, da sua bondade e da sua solicitude,
concluir-se-á que, não podendo ser ao mesmo tempo bom e mau sem deixar
de ser Deus, ele necessariamente tem de ser infinitamente bom.
A soberana bondade implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de suas criaturas, já não seria soberanamente justo e, em consequência, já não seria soberanamente bom.
A Gênese - Capítulo II - Deus - Da Natureza Divina
DEUS NÃO DESAMPARA
"E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua | prostituição, e não se arrependeu. (Apocalipse, 2:21) |
Se o Apocalipse está repleto de símbolos profundos, isso não impede venhamos a examinar-lhe as expressões, compatíveis com o nosso entendimento, extraindo as lições suscetíveis de ampliar-nos o progresso espiritual.
O versículo mencionado proporciona uma ideia da longanimidade do Altíssimo, na consideração das falhas e defecções dos filhos transgressores. Muita gente insiste pela rigidez e irrevogabilidade das determinações de origem divina, entretanto, compete-nos reconhecer que os corações inclinados a semelhante interpretação, ainda não conseguem analisar a essência sublime do amor que apaga dívidas escuras e faz nascer novo dia nos horizontes da alma.
Se entre juízes terrestres existem providências fraternas, qual seja a da liberdade sob condição, seria o tribunal celeste constituído por inteligências mais duras e inflexíveis?
A Casa do Pai é muito mais generosa que qualquer figuração de magnanimidade apresentada, até agora, no mundo, pelo pensamento religioso. Em seus celeiros abundantes, há empréstimos e moratórias, concessões de tempo e recursos que a mais vigorosa imaginação humana jamais calculará.
O Altíssimo fornece dádivas a todos, e, na atualidade, é aconselhável medite o homem terreno nos recursos que lhe foram concedidos pelo Céu, para arrependimento, buscando renovar-se nos rumos do bem.
Os prisioneiros da concepção de justiça implacável ignoram os poderosos auxílios do Todo-Poderoso, que se manifestam através de mil modos diferentes; contudo, os que procuram a própria iluminação pelo amor universal sabem que Deus dá sempre e que é necessário aprender a receber.
Emmanuel (Espírito) através de Francisco Cândido Xavier, no livro: Pão Nosso, capítulo 92, páginas 197 e 198.
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
CONFUSÃO MENTAL, A ESTRATÉGIA POLÍTICA OCULTA NA QUESTÃO DO ESTATUTO DA FAMÍLIA
Quem entre nós não está estarrecido com o chamado Estatuto da Família
tal como é proposto pelos deputados neofundamentalistas do congresso
brasileiro atual, homens cujas características éticas e políticas,
morais e psíquicas são inadjetiváveis?
O Estatuto da Família é uma dessas aberrações antipolíticas
caracterizadas pelo uso da estratégia do estado de exceção. Todo mundo
sabe que esse estatuto se impõe como lei autoritária contra um regime
democrático vivido na esfera da vida cotidiana. Não se trata apenas de
privilegiar um tipo de família (caracterizada pela “pureza” bem ao gosto
fascista), mas de distorcer o sentido de relações humanas que nascem
com base em afetos e levam as pessoas a se reunirem no arranjo sociocultural chamado família.
A proposta do Estatuto não coloca apenas uma lei para regulamentar o amor, mas o próprio “nonsense” no lugar de qualquer regra.
(Me perdoem a didática, ou o que caberia melhor aqui como uma nota de
rodapé, mas sei que sou lida por pessoas muito jovens, e meu ofício de
professora, me obriga a traduzir: Nonsense é um termo que significa
“sem sentido”, eu o uso aqui com um única intenção: favorecer a presença
de estranhezas na nossa língua. Lembro de Adorno falando que os
estrangeirismos são os judeus da linguagem e penso que uma das tarefas
da educação é colocar as pessoas em contato com conteúdos que não se
conhecem, com o que não é consensual, com o que pertence a uma outra
tradição, daí a importância de outras palavras, outros autores, outras
narrativas, outras visões de mundo. Ao mesmo tempo, eu penso, naqueles
que, prepotentemente, sentam sobre o ovo da ignorância para chocá-lo,
aqueles que não tem a mínima curiosidade sobre nada, que não tem relação
alguma com o conhecimento… Penso que, agora, se eu sugerisse a um deles
que revisse sua proposta como um caso de nonsense, que ele nem sequer
me ouviria, e que talvez simplesmente me jogaria de volta o que tinha
ouvido como quem é incapaz de avaliar a si mesmo a partir da crítica. E
eu digo crítica, com todo o respeito, por que se trata de respeito: a
crítica está no extremo oposto do rebaixamento da linguagem a xingamento
que vemos por todos os lados… )
Eu preferia encontrar uma expressão em outra língua, gostaria de ter
cultura africana, ameríndia, gostaria de poder usar outra epistemologia –
e talvez o leitor me ajude a encontrar – para definir melhor o que
chamamos de “nonsense”. Como será que o pensamento ameríndio se
relaciona com o que não tem sentido? Será que para as cosmologias
brasileiras há essa questão? Coloco a questão dentro desses limites da
minha expressão para deixar claro que há muito a ser pensado além
daquilo que acreditamos e que nos habituamos a compreender dentro da
nossa pobre epistemologia, inclusive aquela do senso comum, a partir da
qual sempre partimos. Uso a expressão “nonsense” por falta de termo
melhor e peço desculpas por meus limites. Se conhecer a própria
ignorância é sempre um antídoto contra a prepotência, então, procuro o
meu caminho.
O nonsense, a meu ver, nos ajuda aqui a entender a estratégia que
está em jogo na invenção bizarra do Estatuto da Família. E peço a
atenção do leitor para ver se consigo, humildemente, colocar o meu
argumento.
Primo Levi e os sapatos
![]() |
Van Gogh. Três Pares de Sapatos, 1886.
|
Lembro de uma das histórias contadas por Primo Levi, sobrevivente do
campo de concentração de Auschwitz na Alemanha nazista. Das tantas
histórias de violência que ele nos conta em “É isso um homem?” uma
sempre me deixou muito impressionada. É a história dos sapatos.
Ao chegar no campo de concentração ele e seus companheiros são
despidos de tudo, roupas, objetos pessoais em geral. Mas com os sapatos
ocorre algo muito estranho. Os soldados ordenam que os homens despidos,
separados por dois metros de distância uns dos outros, disponham seus
sapatos com cuidado para que não sejam roubados. Primo Levi fala de como
ficou estarrecido tentando entender quem poderia roubar sapatos ali,
naquelas circunstâncias. Um alemão manda que coloquem os sapatos em um
canto. Os prisioneiros obedecem. Então, acontece o absurdo. Com uma
vassoura, outro alemão vem e varre os sapatos para fora. São 96 pares de
sapatos que se misturam para nunca mais serem encontrados.
O absurdo continua. Com o tempo, vivendo no campo, os prisioneiros
poderão encontrar, com a permissão de um único golpe de olho, um único
sapato que poderá servir em um dos seus pés. No campo, diz Levi, “a
morte começa pelos sapatos” que passam a ser instrumentos de tortura e,
ao mesmo tempo, objetos valiosos no frio e nas demais condições abjetas a
que os prisioneiros são condenados. Primo Levi está falando do uso do
nonsense para humilhar aquelas pessoas ali presas. Está falando de como
era importante perturbar aquela gente toda para que se submetessem, como
baratas tontas, ao que estivesse por vir.
Os prisioneiros nunca mais encontraram seus pares de sapatos. Isso
quer dizer, nunca puderam recuperar nada, nem sequer a capacidade de
compreender. Porque não havia nada para compreender diante da
aniquilação.
Talvez possamos pensar nesses pares de sapatos a reencontrar. Talvez
eles possam ser o símbolo da esperança de que, apesar de todos os
esforços de nos enlouquecer, ainda permanecemos capazes de entender. Que
poderemos ir além do estarrecimento.
Auschwitz é aqui.
Todo mundo sabe que Auschwitz também se tornou uma metáfora. Podemos
dizer, então, que Auschwitz é aqui. Jovens negros assassinados, a
matança dos indígenas, das travestis, das mulheres, dos homossexuais,
fazem parte de um projeto de extermínio que conhecemos bem.
Esse projeto de extermínio não funcionará sem causar confusão mental, tanto psíquica quando teórica na população.
Causar confusão é uma estratégia tão interessante quanto canalha.
Estratégia do poder para diluir a capacidade de pensar. Minar o
entendimento.
O fascismo elevado a forma do jogo político é isso: ele precisa
confundir você antes de te exterminar. A televisão, meio de comunicação
que precisamos compreender e ocupar mais do que nunca, visa diluir a
capacidade de pensar, minar o entendimento. Que ela nos distraia é
apenas o lado mais suave da incrível confusão mental que ela produz. Sua
estratégia é não apenas mentir, mas também provocar confusão mental,
tanto teórica quanto psíquica.
Ora, qual a função básica do Estatuto da Família, bem como de
todas essas PLs bizarras que nos assustam hoje? Qual o propósito dos
deputados neofundamentalistas do congresso brasileiro atual?
Não é privilegiar um tipo único de família. Isso é o de menos. Não é
apenas construir uma fachada para a manutenção da corrupção da qual eles
são os mais espertos mafiosos ocultos atrás de um discurso religioso
vulgaríssimo. Não é somente humilhar a forma alheia de amar, nem somente
ocultar sua própria estratégia de culpabilização que leva mais fiéis à
igreja e às urnas e às televisões e, assim, à publicidade e ao consumo e
a todo o dispositivo do capital. A família é um grande negócio, sabemos
disso desde todos os tempos e de todas as igrejas, e de todas as
propagandas de margarina…
As igrejas neopentecostais usam as mesmas estratégias que todas as
igrejas já usaram das quais só a garantia de um estado laico pode nos
proteger. Verdade que sem o estatuto da família o grande negócio das
igrejas neopentecostais corre o risco de falir, mas há mais que isso.
Além de envergonhar os evangélicos democráticos e progressistas, além
de manter os fiéis das igrejas submetidos à ignorância, a tentativa de
definir o que é família e de impor um estatuto sobre ela, um estatuto
evidentemente baseado no ódio ao outro, se sustenta não apenas na
confiança no poder da ignorância, mas nesse desentendimento geral criado
pelo estado de “nonsense”. É importante que não haja reflexão, que
ninguém entenda o que está se passando, que todos fiquem perplexos
enquanto outros não se importem. Tenho visto tantos ativistas
estarrecidos e impotentes, mas eles não param de lutar porque sabem que
tudo o que este estado de nonsense pede é que deixemos a esperança de
lado e que entreguemos os pontos. Nos termos de Primo Levi, que não
procuremos os nossos sapatos que compõem um par.
Todos os capitalismos e todas as religiões sempre tentaram abusar das
famílias, inventam-nas, tanto quanto as desejam destruir. Esse jogo
sujo continua com agentes no poder que sabem manipular o estado de
exceção. Contra isso, apenas a luta diária que não pode ter fim. Ela é a
luta da reflexão contra a estupidez, a luta política contra a
antipolítica, a luta ética que implica o reconhecimento do outro contra a
morte, a sua morte projetada na humilhação diária em nome da
ignorância.
Márcia Tiburi, em http://revistacult.uol.com.br/home/
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