Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

sábado, 2 de janeiro de 2016

LIÇÕES DO MOMENTO


Deus é amor invariável e o amor desafivela os grilhões do espírito. 

Se há repouso na consciência, a evolução da alma ergue-se, desenvolta, dos alicerces insubstituíveis do sacrifício. 

Quem não se bate pelo bem, desce imperceptivelmente para as fileiras do mal. 

Junto à correção sempre existe o desacerto, exaltando o mérito do dever na conduta digna. 

Identifique, na dificuldade, o favor da Providência Divina para dilatar-lhe a paz, sentindo, no imprevisto da experiência mais grave, o fulcro de incitamento à perseverança na boa intenção e vendo, na tibiez de quantos imergiram na invigilância, o exemplo indelével daquilo que não deve ser feito. 

Quanto maior a sombra em torno, mais valiosa a fonte de luz. 

Desse modo, a alegria pura viceja entre a dor e o obstáculo; a resignação santificante nasce em meio às provas difíceis; a renúncia intrépida irrompe no seio da injustiça das emulações acirradas, e a pureza construtiva surge, não raro, em ambiente de viciação mais ampla. 

Eis por que, em seu círculo pessoal, se entrecruzam mensagens importantes e diversas a lhe doarem o estímulo e a consolação, o entendimento e a claridade de que você carece para ajustar-se espiritualmente, através das lides variadas de cada instante. 

O chefe irritadiço é instrumento providencial da corrigenda. 

O companheiro problemático deixa-nos livre caminho à sementeira da fraternidade sem mescla. 

O engano é precioso contraste a ressaltar as linhas configurativas da atitude melhor. 

A tortuosidade do caminho demonstra a excelência da estrada reta. 

Faça, pois, do momento que transcorre, a lição recolhida para o momento a transcorrer, verificando quantas vezes, em vinte e quatro horas, você é requisitado a auxiliar os semelhantes, e não regateie cooperação. 

Na oficina de trabalho, buscam-lhe a gentileza no amparo de muitos corações que se sentem ao desabrigo. 

Na via pública, esbarram-lhe o passo companheiros que vão e vêm buscando encontrar o sorriso que você pode ofertar-lhes como incentivo à esperança.

No recesso do lar, o alvorecer encontra-lhe a presença, em novas possibilidades de exaltar a confiança nos Desígnios da Altura. 

Na conversação comum, requisições ostensivas auscultam-lhe a disposição de estender conhecimento e virtude, na enfermagem das chagas morais, entrevistas na modulação das vozes e nos traços dos semblantes, afora variegados ensejos de assistir o próximo, a lhe desafiarem a eficiência e a vigilância, tais como a necessidade interior estampada no silêncio do visitante, o azedume do colega menos feliz, o doente a buscar-lhe os préstimos, o sofredor a rogar-lhe compreensão, a abordagem da criancinha desvalida, a surpresa menos agradável, a correspondência a exigir-lhe a atenção ou o noticiário intranquilo que a imprensa propala. 

Pureza inoperante é utopia igual a qualquer outra e, em razão disso, ignorar a poça infecta é manter-lhe a inconveniência. 

Não menospreze, assim, a lição do momento, na certeza de que renovamos ideias, experiências e destinos, cada dia, segundo as particularidades das manifestações de nosso livre-arbítrio. 

André Luiz [Espírito] através de Francisco Cândido Xavier e 
Waldo Vieira, no livro: O Espírito da Verdade, capítulo 28.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

AS BÊNÇÃOS DE DEUS


Narra uma antiga história popular que um modesto trabalhador braçal encontrava-se no seu trato de terra lavrando-o, em um amanhecer de beleza arrebatadora, quando se lhe acercou um indivíduo citadino muito bem vestido, materialista confesso, que, impossibilitado de conter a emoção e a arrogância diante do festival de cor, som e magia que a natureza lhe apresentava, perguntou-lhe:
— Camponês, tu crês em Deus?
— Sim, senhor, eu creio em Deus! – respondeu-lhe o homem simples.
— Então, nesta manhã maravilhosa, mostra-me um lugar onde Deus se encontra – e sorriu, sarcástico.
O homem humilde olhou em volta, enquanto se apoiava ao cabo da enxada, e depois, com naturalidade, respondeu: 
— Senhor, eu não sou capaz de mostrar um lugar onde Deus se encontra nesta paisagem iluminada. No entanto, eu peço ao senhor para mostrar-me um lugar onde Deus não está.
Tomado de espanto, o soberbo afastou-se desconsertado.

Deus se encontra em toda parte, onde quer que se apresente a Sua obra.
Desde a sinfonia galática, nos espaços infinitos, até o acelerado ritmo das micropartículas em suas órbitas. Quando os geneticistas conseguiram realizar o milagre da decodificação do genoma humano, surpreenderam-se com os bilhões de informações contidas em cada DNA, narrando toda a sua história do passado e guardando as marcas dos acontecimentos orgânicos para o futuro...
Até este momento, por mais aprofundem as reflexões e pesquisas, ainda não conseguiram detectar os fatores que levam alguns genes a mutações que irão responder por diversos processos degenerativos no organismo, e por que numa sequência familiar mantendo o padrão em determinado grupo, logo, subitamente, sem causa lógica, rompe a cadeia e apresenta uma significativa alteração...

De igual maneira, é perturbadora a formação das novas galáxias assim como o desaparecimento de outras nos buracos negros...
Por mais penetre a investigação científica e tecnológica nos milagres da vida, mais lhes constata a anterioridade, a harmonia, a grandiosidade.
Nas tentativas de interpretar o cosmo, têm sido elaboradas teses contínuas, algumas frutos dos resultados adquiridos com os instrumentos de pesquisa, especialmente depois dos estudos geométricos de Kepler, no fim do século XVI, a respeito da localização dos planetas em volta do Sol, que abriram as perspectivas para melhor entender-se a Criação.
Da mesma forma, desde o modesto telescópio construído por Galileu até o avançado Hubble, novas informações são registradas a cada momento, dando lugar às variadas teorias como as dos universos paralelos, das supercordas, da unificação, do final ou de tudo e, mais recente, da desordem ou do caos...
... E enquanto as mentes mais audaciosas analisam a ocorrência do Big Bang, especialmente nos seus três primeiros minutos, não poucos tentam impor a ideia da autocriação dispensando a presença de Deus, conforme ocorreu com Laplace ao ser interrogado pelo imperador Napoleão Bonaparte, quando, após ler o seu livro, encontrando-o no palácio do Louvre, informou-o que não havia encontrado nenhuma referência a Deus na sua obra: 
— Não necessitei dessa hipótese, senhor!  – respondendo com sarcasmo, como se ele houvesse elaborado todas as respostas para explicar a Criação. E, nada obstante, encontra-se hoje quase que totalmente superada, apesar da presunção do seu autor.

Tudo são bênçãos em a natureza.

O Espírito imortal, na sua saga formosa de desenvolvimento dos tesouros inabordáveis que lhe jazem em germe, etapa após etapa acumula experiências e conhecimentos que o levam a louvar, a agradecer e a pedir a Deus ajuda para melhor integrar-se na harmonia da Criação.
Penetrando, pouco a pouco, a sua sonda perquiridora do raciocínio no organismo da vida exuberante, vai encontrando as respostas que o engrandecem e lhe facilitam o entendimento em torno dos objetivos essenciais da pequena existência terrena, ambicionando a grandeza estelar.
Observa a ordem em todas as coisas e o equilíbrio das leis universais e morais, sentindo-se compelido a contínuas alterações de entendimento, conforme os resultados obtidos no seu empenho de crescimento intelecto-moral.
É perfeitamente natural que, em cada época, conforme o desenvolvimento dos valores intelectivos, o ser humano, em sua ânsia de decifrar as incógnitas que encontrava em toda a parte, procurasse entender Deus e submetê-Lo ao crivo da sua dimensão ridícula.
O esforço redundou nas conceituações primárias em torno do Criador, limitando-O à sua capacidade de compreensão, estabelecendo normas que O diminuíssem aos limites das condições precárias da razão em desenvolvimento, facultando o surgimento dos deuses, como verdadeiros inevitáveis arquétipos defluentes do seu avanço pela escala evolutiva.
Do Deus bárbaro e vingativo, imprevidente e humanoide, lentamente passou com Jesus Cristo à condição de Sublime Pai, num conceito afetuoso e ainda humano, porém compatível com a humana capacidade de vivenciá-Lo no seu dia a dia.
Com o advento da ciência, com o desdobramento da filosofia, rompendo as barreiras do passado e facultando a libertação de conceitos que foram deixados porque portadores de rebeldia e de pessimismo, nova compreensão da Sua magnitude tomou lugar na esfera das reflexões e o materialismo surgiu como sendo a fórmula mágica para tranquilizar as mentes incapazes de penetrar nas abstratas concepções em torno Dele.

Na atualidade, ainda vestido de mitos e de absurdos, dominado por paixões nacionais e políticas, crendices e ritualismos, permanece vitorioso em cultos externos que não resistem às profundas análises da lógica nem da razão, servindo de ópio para as massas, que o autoritarismo religioso de algumas doutrinas ortodoxas ou ingênuas ainda submetem. 
Essa Inteligência criadora que precede ao Big Bang permanecerá por tempo indeterminado não entendida em todos os seus aspectos, pois que, se o fosse, já não seria a Causalidade, cedendo seu lugar ao ainda mesquinho ser humano que ensaia os seus primeiros passos na compreensão da sua própria realidade.
Vivendo mais por automatismo e acreditando por condicionamentos como bem viver e melhor ser feliz, o ser humano em evolução não dispõe da capacidade de abarcar a Natureza da natureza, somente para satisfazer a sua ambição intelectual.
Desse modo, mesmo quando não entende Deus, sente a Realidade em tudo e percebe-se mergulhado nesse Oceano de harmonia que o comove e não lhe permite estabelecer se Deus está nele ou se apenas é...

Quando alguém perguntou ao eminente cientista Jung se ele acreditava em Deus, ele teria respondido com simplicidade:
— Eu não acredito. Eu sei...
Saber é para sempre enquanto crer é transitório.
As bênçãos de Deus inclusive se encontram na capacidade fantástica de o ser humano poder pensar, entender e aprofundar reflexões, conseguindo conquistar a gloriosa oportunidade de saber e transformar em utilidade pelos instrumentos de que se utiliza para penetrar no macro e no microcosmo, mas acima de tudo no Psiquismo gerador do universo e da vida.
Vive de tal forma que te encontres perfeitamente em sintonia com as bênçãos de Deus onde te encontres e diante do que faças, até poderes afirmar um dia, conforme Jesus elucidou:
— Eu e o Pai somos um.

Joanna D'Ângelis [Espírito] através de 
Divaldo P. Franco no livro: "Entrega-te a Deus". 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

QUAIS OS TRÊS CONJUNTOS DE QUESTÕES QUE ORGANIZAM A REFLEXÃO FILOSÓFICA?

1 - "Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos?" Isto é; quais os motivos, as razões e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que dizemos, fazermos o que fazemos?

2 - "O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos?" Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fazemos?

3 - "Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos?" Isto é, qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?


O QUE É E COMO É A REFLEXÃO FILOSÓFICA?

A reflexão filosófica é o movimento pelo qual o pensamento, examinando o que é pensado por ele, volta-se para si mesmo como fonte desse pensado. É o pensamento interrogando-se a si mesmo ou pensando-se a si mesmo. É a concentração mental em que o pensamento volta-se para si próprio para examinar, compreender e avaliar suas ideias, suas vontades, seus desejos e sentimentos. 

A reflexão filosófica é radical porque vai à raiz do pensamento, pois é um movimento de volta do pensamento sobre si mesmo para pensar-se a si mesmo, para conhecer como é possível o próprio pensamento ou o próprio conhecimento. 

Não somos, porém, somente seres pensantes. Somos também seres que agem no mundo, que se relacionam com os outros seres humanos, com os animais, as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos, e exprimimos essas relações tanto por meio da linguagem e dos gestos como por meio de ações , comportamentos e condutas. A reflexão filosófica também se volta para compreender o que se passa em nós nessas relações que mantemos com a realidade circundante, para o que dizemos e para as ações que realizamos. 

INQUIETAÇÃO

Vez que outra, apresenta-se, inesperadamente, e toma corpo, terminando por gerar desconforto e depressão.
Aparece como dúvida ou suspeita e ganha forma, passando por diferentes fases, até controlar a emotividade que se transtorna, levando a estados graves.
Aqui, se apresenta na condição de medo em relação ao futuro.
Ali, se expressa em forma de frustração, diante do que não foi logrado.
Acolá, se manifesta como um dissabor qualquer, muito natural, aliás, em todas as vidas.
Há momentos em que se estabelece como conflito, inspirando rebeldia e agressividade.
Noutras ocasiões, ei-la em forma de desconforto íntimo e necessidade de tudo abandonar...

No turbilhão da vida hodierna em face do intercâmbio psíquico nas faixas da psicosfera doentia que grassa, é muito difícil a manutenção de um estado de equilíbrio uniforme.
A inquietação, porém, constante, deve merecer mais acurada atenção, a fim de ser debelada.
Não lhe dês guarida, dialogando com as insinuações de que se faz objeto.
Evita as digressões mentais pessimistas, e não te detenhas nas conjecturas maliciosas.
Ninguém a salvo desses momentos difíceis. Todavia, todos têm o dever de superá-los e avançar confiantes nos resultados opimos das ações encetadas.
Assim, age sempre com correção e não serás vítima de inquietações desgastantes.

Joanna D'Ângelis (Espírito) através de Divaldo Pereira Franco, 
no livro "Episódios Diários". 

AO AMANHECER



Dia novo, oportunidade renovada. 
Cada amanhecer representa divina concessão que não podes nem deves desconsiderar. 
Mantém, portanto, atitude positiva em relação aos acontecimentos que devem ser enfrentados; otimismo diante das ocorrências que surgirão; coragem no confronto das lutas naturais; recomeço de tarefa interrompida; ocasião de realizar o programa planejado.
Cada amanhecer é convite sereno à conquista de valores que parecem inalcançáveis. À medida que o dia avança, aproveita os minutos, sem pressa nem postergação do dever.

Não te aflijas ante o volume de coisas e problemas que tens pela frente. Dirige cada ação à sua finalidade específica. Após concluir um serviço, inicia outro e, sem mágoa dos acontecimentos desagradáveis, volve à lição com disposição, avançando, passo a passo, até o momento de conclusão dos deveres planejados.

Não tragas do dia precedente o resumo das desditas e dos aborrecimentos. Amanhecendo, começa o teu dia com alegria renovada e sem passado negativo, enriquecido pelas experiências que te constituirão recurso valioso para a vitória que buscas.

Joanna D'Ângelis (Espírito) através de Divaldo Pereira Franco, 
no livro "Episódios Diários".

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

RENDAMOS GRAÇAS

    "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." - Paulo (I Tes 5,18.)

A pedra segura. 

O espinho previne. 

O fel remedeia. 

O fogo refunde. 

O lixo fertiliza. 

O temporal purifica a atmosfera. 

O sofrimento redime. 

A enfermidade adverte. 

O sacrifício enriquece a vida. 

A morte renova sempre. 

Aprendamos, assim, a louvar as bênçãos que nos confere.

Bom é o calor que modifica, bom é o frio que conserva.

A alegria que estimula é irmã da dor que aperfeiçoa.

Roguemos  à  Providência  Celeste  suficiente  luz para  que  nossos  olhos identifiquem o celeiro da graça em que nos encontramos.

É a cegueira Intima que nos faz tropeçar em obstáculos, onde só existe o favor divino. 

E, sobretudo, ao enunciar um desejo nobre, preparemo-nos a recolher as lições que nos cabe aproveitar, a fim de realizá-lo segundo os propósitos superiores que nos regem os destinos.

Não nos espantem dificuldades ou imprevistos dolorosos. 

Nem sempre o Socorro de Cima surge em forma de manjar celeste. 

Comumente,  aparece  na  feição  de  recurso  menos desejável.  Lembremo-nos,  porém,  de  que  o homem  sob  o  perigo  de  afogamento, nas águas profundas que cobrem o abismo, por vezes só consegue ser salvo ao preço de rudes golpes.

Rendamos graças, pois, por todas as experiências do caminho evolutivo, na santificante procura da Vontade Divina, em Jesus-Cristo, Nosso Senhor.

Emmanuel [Espírito] através de Francisco Cândido Xavier, 
no livro "Pão Nosso", capítulo 100.

OS ANJOS GUARDIÕES


Comunicação espontânea obtida pelo senhor L... , um dos médiuns da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

É uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos pelo  seu encanto e pela sua doçura: a dos anjos guardiões.

Pensar que se tem, junto de si,  seres que vos são superiores, que estão sempre aí para vos aconselhar, vos sustentar, para vos ajudar a escalar a áspera montanha do bem, que são amigos mais seguros e mais devotados que as mais íntimas ligações que  se possa contrair nesta Terra, não é uma ideia bem consoladora? 

Esses seres estão aí por ordem de Deus; foi ele quem os colocou junto de nós, e estão aí pelo amor dele, e cumprem,  junto de nós,  uma bela mas penosa missão. Sim, em qualquer parte que estejais, ele estará convosco: os calabouços, os hospitais,  os lugares de deboche, a solidão, nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas do qual vossa alma sente os mais doces impulsos e ouve os sábios conselhos.

Por que não conheceis melhor essa verdade! 

Quantas vezes ele vos ajudou nos momentos de crise, quantas vezes vos salvou das mãos de maus Espíritos! Mas, no grande dia, esse anjo do bem terá, freqüentemente, a vos dizer: "Não te disse isso?  E tu não o fizeste. Não te mostrei o abismo, e tu nele te precipitaste; não te fiz ouvir na consciência a voz da verdade, e não  seguiste os conselhos da mentira?" Ah! questionai vossos anjos guardiões; estabelecei, entre ele e vós, essa ternura íntima que reina entre os melhores amigos. Não penseis em não lhes ocultar nada, por que são o olho de Deus, e não podeis enganá-los.  

Sonhai com o futuro, procurai avançar nesse caminho, vossas provas nele serão mais curtas, vossas existências mais felizes. Ide! homens de coragem; lançai  longe de vós,  uma vez por  todas, preconceitos e dissimulações; entrai no novo caminho que se abre diante de vós; caminhai, caminhai, tendes guias, segui-os: o objetivo não pode vos faltar,  porque esse objetivo é o próprio Deus.

Àqueles que pensam que é impossível a Espíritos verdadeiramente elevados se sujeitarem a uma tarefa tão laboriosa e de todos os instantes, diremos que influenciamos vossas almas estando a vários milhões de léguas de vós: para nós o espaço não é nada, e mesmo vivendo em um outro mundo, nossos espíritos conservam  sua ligação com o vosso.

Gozamos de qualidades que não podeis compreender, mas estejais seguros que Deus não nos impôs uma  tarefa acima de nossas forças, e que não vos abandonou sozinhos na Terra, sem amigos e sem sustentação. Cada anjo guardião tem o seu protegido, sobre o qual ele vela, como um pai vela sobre seu filho; ele é feliz quando o vê seguir o bom caminho, e geme quando seus conselhos são desprezados.

Não temais nos cansar com vossas perguntas; ficai, ao contrário, em relação conosco: sereis mais fortes e mais felizes. São essas comunicações, de cada homem com seu Espírito familiar, que fazem todos os homens médiuns, médiuns ignorados hoje mas que se manifestarão mais tarde, e que se espalharão como um oceano sem limites para refluir a incredulidade e a ignorância. 

Homens instruídos, instruí; homens de talento, elevai vossos irmãos. Não sabeis que obra cumpris assim: é a do Cristo, aquela que Deus vos impôs. Por que Deus vos deu a  inteligência e a ciência, se não para partilhá-las com vossos irmãos, certamente para avançá-los no caminho da alegria e da felicidade eterna.

São Luís, Santo Agostinho.
Revista Espírita nº  1 – Ano I I

QUAIS AS TRÊS PRINCIPAIS PERGUNTAS QUE CARACTERIZAM A ATITUDE FILOSÓFICA?

1 - Perguntar o que é (uma coisa, um valor, uma ideia, um comportamento). Ou seja, a filosofia pergunta qual é a realidade e qual é a significação de algo, não importa o quê.

2 - Perguntar como é (uma coisa, uma ideia, um comportamento). Ou seja, a filosofia indaga como é a estrutura ou o sistema de relações que constitui a realidade de algo.

3 - Perguntar por que é (uma coisa, uma ideia, um valor, um comportamento). Ou seja, por que algo existe, qual é a origem ou a causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor, de um comportamento.

A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações ao mundo que nos rodeia e à relações que mantemos com ele... em outras palavras, a filosofia compreende que precisa conhecer nossa capacidade de conhecer, que precisa pensar sobre nossa capacidade de pensar. 

Por isso, pouco a pouco, as perguntas da filosofia se dirigem ao próprio pensamento: "O que é pensar?", "Por que há o pensar?". A filosofia torna-se, então, o pensamento interrogando-se a si mesmo. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a filosofia se realiza como reflexão ou, seguindo o oráculo de Delfos, busca realizar o "Conhece-te a ti mesmo". 

POR QUE SE PERGUNTA "PARA QUE FILOSOFIA"?

Essa pergunta, "Para que filosofia?", tem sua razão de ser. Em nossa cultura e nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática muito visível e de utilidade imediata, de modo que, quando se pergunta "Para que?", o que se quer saber é: "Qual a utilidade?", "Para que serve isso?", "Que uso proveitoso ou vantajoso posso fazer disso?".

Verdade, pensamento racional, procedimentos especiais para conhecer fatos, aplicação prática de conhecimentos teóricos, correção e acúmulo de saberes: esses objetivos e propósitos das ciências não são científicos, são filosóficos e dependem de questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a filosofia quem as formula e busca respostas para elas. 

Comentário:

A importância da Filosofia está justamente em ser ela a gênese que provoca o pensamento reflexivo, determinando as ações que deveremos tomar para alcançarmos melhor o entendimento das coisas. A filosofia é uma ferramenta imprescindível que nos auxilia na busca constante e dinâmica pelo saber.  

QUE SIGNIFICA DIZER QUE A FILOSOFIA SE VOLTA PREFERENCIALMENTE PARA OS MOMENTOS DE CRISE OU CRÍTICOS?

Quando uma crença contradiz outra ou parece incompatível com outra, ou quando aquilo em que sempre acreditamos é contrariado por uma outra forma de conhecimento entramos em crise. Algumas pessoas se esforçam para fazer de conta que não há problema algum e vão levando a vida como se tudo estivesse "muito bem, obrigado". Outras, porém, sentem-se impelidas a indagar qual é a origem, o sentido e a realidade de nossas crenças.

Comentário:

Quando entramos em crise, ou seja, quando nossas crenças já não nos tranquiliza ou alimenta, sentimos um incômodo, que é justamente o aguilhão a nos cutucar a fim de buscarmos o entendimento para aquilo que não nos satisfaz. Ao buscarmos esse entendimento valemo-nos do pensamento e da reflexão, buscando compreendermos melhor o momento vivido. Esse é um caminho que depois de iniciado, será quase impossível de abandoná-lo e assim vamos de crise em crise ampliando nossa compreensão sobre a existência nossa, dos nossos, e dos outros, sejam eles animados ou inanimados. 

QUANDO PASSAMOS DA ATITUDE COSTUMEIRA À ATITUDE FILOSÓFICA?

Quando o que era objeto de crença aparece como algo contraditório ou problemático e por isso se transforma em indagação ou interrogação, estamos passando da atitude costumeira à atitude filosófica. 

Essa mudança de atitude indica algo bastante preciso: quem não se contenta com as crenças ou opiniões preestabelecidas; quem percebe contradições e incompatibilidades entre elas; quem procura compreender o que elas são e por que são problemáticas está exprimindo um desejo, o desejo de saber. E é exatamente isso o que, na origem, a palavra filosofia significa, pois, em grego, philosophia quer dizer "amor à sabedoria".  

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

QUE QUER DIZER A PALAVRA CRÍTICA?

A palavra crítica vem do grego e possui três sentidos principais: 

1) "capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente"; 

2) "exame racional de todas as coisas sem preconceito e sem pré-julgamento"; 

3) "atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma ideia, um valor, um costume, um comportamento, uma obra artística ou científica". 

A atitude filosófica  é uma atitude "crítica" porque preenche esses três significados da noção de crítica, a qual, como se observa, é inseparável da noção de racional.

Comentário:

A palavra crítica foi incorporada ao nosso senso comum como sendo algo ruim, proveniente de um ser invejoso, amargo, cruel etc. Às vezes o ser é isso mesmo, mas ao pesquisarmos sobre a palavra podemos ampliar nosso horizonte de conhecimento e aprendermos que criticar é um ato saudável desde que feito com pressupostos organizados e sistemáticos, não pelo simples fato da não validação da coisa criticada. Saber reconhecer na crítica recebida o valor a ser considerado por cada um de nós, pode ser mais útil do que o elogio galhofeiro. Criticar não é apenas discordar mas apresentar a análise a partir de uma perspectiva diferente daquela demonstrada. Criticar, portanto, não deve ser falar mal ou bem de algo ou de alguma coisa, mas apresentar uma leitura alternativa.