É possível, caro leitor, definir o valor de um homem usando a Matemática?
Pois foi exatamente isso que fez Al-Khwarizmi, ilustre matemático persa do século IX.
Pediram-lhe falar sobre o ser humano. Ele respondeu:
– Podemos montar uma equação: Se um homem tiver ética, ele é = 1.
Se inteligente, acrescente um zero. Será = 10.
Se rico, outro zero. Será = 100.
Se belo, mais um zero. Será = 1.000.
Mas, se perder a unidade, o um correspondente à ética, restarão apenas zeros.
Inteligência, riqueza e beleza
geralmente distinguem pessoas famosas em seu setor de atividades. Não
obstante, todo o mal do mundo repousa no fato de faltar à maioria
valores éticos a orientar sua conduta.
Há homens de grande inteligência, ocupando cargos importantes, mas cometendo toda sorte de arbitrariedades.
Há empresários e políticos riquíssimos, comprometidos com a corrupção.
Há mulheres famosas pela beleza, mas usando-a como recurso de sedução, a fim de alcançarem prestígio e notoriedade.
Sob o ponto de vista humano, são vitoriosos.
Espiritualmente situam-se como
candidatos certos a estágios depurativos em regiões umbralinas, quando
desencarnarem, aprendendo, à custa de muito sofrimento, que, sem ética,
seus sucessos foram zeros, perdidos nas ilusões do mundo.
Conforme o Dicionário Houaiss, ética
seria o “conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de
um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade”.
Oportuno lembrar: não vivemos em ilha
deserta. Na vida em sociedade situamo-nos num círculo imenso de pessoas,
onde, por princípio básico de civilidade, devemos respeitar regras
instituídas, princípios éticos, a fim de convivermos pacífica e
proveitosamente.
Há um probleminha.
Dizia Martin Luther King que nosso mundo
é orientado por um relativismo ético. Se a maioria adota determinado
comportamento, ele passa a ser o correto.
Em tempo de segregação racial, nos
Estados Unidos, a ética da sociedade preconceituosa dizia que o negro
não podia entrar num clube, escola, cinema ou qualquer outro recinto
reservado aos brancos. Homens zero desfrutavam de direitos negados a
homens discriminados pela cor da pele, embora debaixo dela fossem todos
absolutamente iguais.
No século XIX, bem próximo, era ético ter escravos. Hoje é prática abominável, passível de punição pela autoridade constituída.
Em tempos bíblicos, o adultério era
punido com a morte dos envolvidos. Na atualidade deixou de ser crime, e é
largamente exercitado por ambos os sexos, em demonstração de virilidade
e autoafirmação.
Em décadas passadas era antiético tatuar
o corpo, iniciativa própria dos criminosos nas prisões, como uma
espécie de distintivo. Hoje essa iniciativa é encarada como maquiagem
definitiva e faz a fortuna dos tatuadores, atendendo à demanda,
principalmente entre os jovens.
Acima desse relativismo, apontado por
King, haverá o princípio ético atemporal e universal, que sirva para
todos os tempos e todas as sociedades?
Sem dúvida! Está entre nós há dois mil
anos, formulado por Jesus. O princípio capaz de organizar e pacificar
qualquer sociedade, permitindo que vivamos em paz em qualquer situação.
Está contido em o Sermão da Montanha,
capítulos 5 a 7, do Evangelho de Mateus. São poucas páginas de o Novo
Testamento, mas com material para uma vida de reflexões e uma orientação
de caráter eterno e universal.
Deveríamos ler diariamente essas páginas
iluminadas, apresentadas com a simplicidade da sabedoria autêntica e a
profundidade da verdade revelada.
Cumprindo-as, estaremos colocando a
unidade ética à frente de todos os valores humanos, habilitando-nos a
“notas altas” nos testes que a vida nos impõe, frequentemente.
Ainda que não tenhamos vocação para a
reflexão mais apurada, um versículo apenas, se observado com fidelidade e
persistência, nos garantirá ótimo aproveitamento ético.
É quando Jesus afirma:
“Assim, tudo quanto quereis que os homens vos façam, assim também fazei vós a eles[…]” (Mateus, 7:12).
Texto publicado originalmente no site da FEB.