É de Santo Agostinho a definição de
religião. Segundo ele, essa palavra deriva-se do verbo latino “religare” (religar).
Então, religião é o que nos liga de novo a Deus, do qual nos afastamos, usando
mal o nosso livre-arbítrio. Não é, pois, por causa da doutrina do chamado
pecado original, que respeito, mas porque nós mesmos pecamos desde que nós,
pela evolução, nos tornamos espíritos humanos, ou seja, o “homo sapiens”, homem
inteligente, dotado de livre arbítrio e responsável, pois, pelo que faz ou
deixa de fazer.
De um modo geral,
direta ou indiretamente, as religiões, principalmente o cristianismo, pregam o
amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. “Amarás o
Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu
entendimento. Este é o grande e o primeiro mandamento. O segundo, semelhante a
este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem
toda a lei e os profetas.” (Mateus 22: 37 a 40).
Amar a Deus parece ser muito fácil, pois quem
diria não O amar? Mas não é, pois o amor a Deus depende do nosso amor ao nosso
semelhante, que tem que ser igual ao a nós mesmos. “Um novo mandamento vos dou:
que vos ameis uns aos outros; assim como
eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecereis todos que
sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” (João 13: 34 e 35). É
isso, realmente, que caracteriza o verdadeiro cristão. Não são, pois, as
crenças e os rituais que fazem do indivíduo um cristão.
E vejamos mais outro
exemplo esclarecedor do ensino do excelso Mestre: “Se, pois, ao trazeres ao
altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra
ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu
irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o
teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te
entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em
verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.”
(Mateus 5: 23 a 26). Nesse texto evangélico do Sermão da Montanha ou das
Bem-aventuranças, está a essência da Bíblia, do cristianismo, enfim, da
mensagem que o Mestre dos mestres veio trazer de Deus para nós. E ela não é
para o bem de Deus, para Ele ficar mais feliz e em melhor situação, mas para o
bem e felicidade de nós próprios.
Ela nos ensina,
ainda, que estarmos bem com o nosso próximo é melhor do que estarmos fazendo
ofertas a Deus, que não precisa delas e de nada de nós. Ensina-nos também a grande
verdade da lei de causa e efeito, ou seja, da semeadura livre e da colheita
obrigatória do que foi semeado. E ainda podemos concluir dela mais a grande
verdade não ensinada pelos líderes religiosos: a de que só pagamos o que
devemos e nada mais. Pago o último centavo de nossa dívida, estaremos, pois,
quites. E isso derruba por completo e de modo claro e inquestionável as
chamadas “penas eternas” oriundas das interpretações bíblicas erradas dos
teólogos e exegetas do passado.
E o pior é que eles, teimosamente, continuam
nos seus erros. Daí as grandes desarmonias entre cristãos, muitos dos quais,
com razão, até estão se tornando pessoas sem religião!
José Reis Chaves, colunista do jornal O Tempo de Belo Horizonte (MG). Acesse também www.josereischaves.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Brilhe a Vossa Luz!!!