Faz 150 anos que os líderes religiosos cristãos
difamam os espíritas, chamando-os de macumbeiros, doentes mentais, charlatões,
de pessoas que falam com os “diabos” e outras calúnias. Até a década de 1940,
as pessoas encontradas numa casa espírita eram presas. Ainda em 1949, a Igreja
os excomungava, e os médiuns de auxílio espiritual à cura de doenças eram
processados e condenados. E, na Idade Média, eles morriam nas fogueiras.
E, hoje, muitos líderes religiosos estão
dizendo que o espiritismo não é cristão, porque ele não aceita todos os dogmas
do cristianismo. Eles têm medo de perder dízimo! Mas não é crer em dogmas que
faz um indivíduo ser cristão. Inclusive, quando os seguidores de Jesus passaram
a ser chamados de cristãos (Atos 11: 26), eles ainda não existiam. O primeiro
só surgiu no Concílio Ecumênico de Niceia (325).
O espiritismo não condena os dogmas cristãos
e nenhuma outra crença. E ele até crê em alguns, mas com interpretação
diferente. Ele acredita em um Deus único, mas sem as complicações que os
teólogos criaram para Ele, antropomorfizando-O e transformando-O em três
Pessoas, quando uma só já seria demais! Os Testemunhas de Jeová não aceitam
também o dogma trinitário. Sobre isso, os próprios teólogos dizem que se trata
de um mistério de Deus, quando o mistério é deles mesmos! Assim, o cristão tem
que morrer burro, ignorando o que os teólogos imaginaram!
No Concílio
Ecumênico de Trento (1545 a 1563), a Igreja criou o dogma da Transubstanciação,
que diz que a hóstia e o vinho consagrados são o corpo e o sangue reais de
Jesus. Mas os protestantes e evangélicos creem na Consubstanciação, em que o
pão e o vinho da ceia deles são apenas símbolos do corpo e do sangue de Jesus.
Eles não creem também nos dogmas da Assunção de Maria aos céus, em espírito e
corpo, nem no da Infalibilidade do Papa. E a Igreja Ortodoxa Oriental (não
incluída no título por uma questão de espaço), não aceita o dogma trinitário
católico do “Filioque” (e do Filho), do Concílio Ecumênico de Lion (1274), França,
o qual declarou que o Espírito Santo (outro dogma) procede do Pai e do Filho.
Para a Igreja Ortodoxa, o Espírito Santo só procede do Pai, diminuindo, pois, o
poder de Jesus.
Todos esses discordantes
de dogmas são cristãos. Por que, então, só o espiritismo deixaria de ser
cristão por discordar também deles?
E o excelso Mestre
ensinou: Meus discípulos são conhecidos por se amarem uns aos outros. (João 13:
34 e 35).
Realmente, ser cristão ou discípulo de Jesus
não é, pois, crer ou deixar de crer em determinados dogmas polêmicos! Ademais,
Ele não criou nenhum deles. Como vimos, eles só começaram a surgir mais tarde.
E, ao longo dos séculos, os dogmas foram sendo
criados em meio a acaloradas e rancorosas discussões entre os teólogos, não bem
inspirados, mas excitados, e não sendo sempre vencedores os defensores das
doutrinas racionais e verdadeiramente evangélicas, mas os do “partido” da posição
comprometida com a defesa dos interesses políticos e materiais dos imperadores
e reis europeus e, às vezes, até dos próprios teólogos!(Coluna recebida por email do Prof. José Luiz Chaves. Original publicada no jornal e portal O Tempo - www.otempo.com.br)
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