Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

sábado, 13 de setembro de 2014

A CURA REAL


A grande maioria das pessoas dirige-se à Casa Espírita em busca de curas ou de algo que lhe seja concedido sem qualquer esforço. Poucas ai comparecem com o propósito sincero de renovar valores íntimos ou de aprimorar conhecimentos; ao contrário, procuram, sequiosas, realizar seus caprichos e desejos imaturos.

A excelência da lição espírita é ensinar o homem a restituir a si mesmo a harmonia espiritual perdida. Mostra-lhe que o sintoma é sempre um efeito exterior, e que deve ir em busca do seu interior para dissolver a causa espiritual dos desajustes.

Sabemos que o ser humano é uma unidade anímico-biológica inseparável (matéria-espírito) e que as enfermidades são manifestações mórbidas cuja causa primeira repousa no mundo mental. Qualquer desarmonia interior transmitirá estados vibratórios deletérios que atacarão naturalmente o cosmo fisiológico.

Portanto, os dirigentes devem manter o grupo que comandam com um alto teor de entendimento quanto ao objetivo precípuo do Espiritismo, no campo das curas espirituais.

A Doutrina codificada por Allan Kardec é a precursora de uma Era Nova, não uma seita mística fundamentada nas práticas de curandeirismo.

Jesus Cristo, o Médico das Almas, curou muitos enfermos, porém tinha a intenção de não apenas regenerar o veículo físico, mas, acima de tudo, queria que os doentes dessem manutenção à cura recebida, transformando suas atitudes e ampliando a luz do conhecimento a fim de consolidar o próprio caminho.

O freqüentador do Centro não pode permanecer na ignorância da Vida Maior tanto quanto estava quando ali adentrou no primeiro dia. Curar por curar, sem que o doente nada aprenda ou nada evolua, não se ajusta aos propósitos do Cristianismo Redivivo.

O ato de insistir e teimar, tentando subornar as leis divinas, é realização impossível ou projeto fantasioso. Quem quer saúde não pode envenenar a mente; quem quer paz precisa sanear as estruturas do coração. Querer que o mundo melhore em seu redor, sem nada alterar em seu mundo mental, é devaneio.

Quem quer conquistar alguma coisa precisa dedicar-se a essa aquisição com denodo e determinação.

São muitos os que buscam a alegria, caminhando na direção contrária; cabe, portanto, aos orientadores cristãos instruir e educar os aprendizes, não sustentar-lhes a amarga ilusão da cura sem renovação.

Criaturas buscam com freqüência médiuns e conselheiros para se esquivar da responsabilidade de agir por si mesmas, quando deviam trabalhar no sentido de suprimir os padrões negativos que cultivam na intimidade durante anos a fio.

Muitos enfermos choram aflitos, percorrendo inúmeros grupos de oração, em busca de uma solução milagrosa, mas não cogitam, em momento algum, de qualquer modificação em suas concepções acerca dos fundamentais valores da vida. Solicitam reequilíbrio das energias vitais, entretanto se mantêm à disposição das próprias insânias.

O Educador Celeste convoca todos os instrutores a se integrar nesse ministério de luz e esclarecimento, para que se edifique, primeiro neles e depois nos outros, o conceito da cura real e definitiva.

LIVRO: CONVIVER E MELHORAR
Médium: Francisco do E S Neto
Espírito: Batuíra

QUEM DISSE QUE SERIA FÁCIL? - FLÁVIO SIQUEIRA

A ARTE DE OUVIR

   Onde quer que te encontres, de uma ou de outra forma, despertarás o interesse de alguém.
   Algumas pessoas poderão arrolar-te como antipático e até buscarão hostilizar-te.
   Outras se interessarão por saber quem és e o que fazes.
  Inúmeras, no entanto, te falarão, intentando um relacionamento fraterno. 
  Cada qual sintonizará contigo dentro do campo emocional em que estagia.
  Como há carência de amigos e abundância de problemas, as criaturas andam à cata de quem as ouça, ansiando por encontrar compreensão. 
 Em razão disso, todos falam, às vezes, simultaneamente.
    Concede, a quem chega, a honra de o ouvir.
   Não te apresses em cumulá-lo de informações, talvez desinteressantes para ele. Silencia e ouve.
   Não aparente saber tudo e estar por dentro de todos os acontecimentos.
   Nada mais desagradável e descortês do que a pessoa que toma a palavra de outrem e conclui-lhe a narração, nem sempre corretamente.
   Sê gentil, facultando que o ansioso sintonize com a tua cordialidade e descarregue a tensão, o sofrimento…
 No momento próprio, fala, com naturalidade, sem a falsa postura de intocável ou sem problema.
  A arte de ouvir é, também, a ciência de ajudar.

 Joanna de Angelis [espírito] através de Divaldo Pereira Franco

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PORQUE ADOECEMOS? - DÉCIO IANDOLI JR

SE A RELIGIÃO NOS LEVA À DESARMONIA, É MELHOR FICARMOS SEM ELA

É de Santo Agostinho a definição de religião. Segundo ele, essa palavra deriva-se do verbo latino “religare” (religar). Então, religião é o que nos liga de novo a Deus, do qual nos afastamos, usando mal o nosso livre-arbítrio. Não é, pois, por causa da doutrina do chamado pecado original, que respeito, mas porque nós mesmos pecamos desde que nós, pela evolução, nos tornamos espíritos humanos, ou seja, o “homo sapiens”, homem inteligente, dotado de livre arbítrio e responsável, pois, pelo que faz ou deixa de fazer.

De um modo geral, direta ou indiretamente, as religiões, principalmente o cristianismo, pregam o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e o primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” (Mateus 22: 37 a 40).

Amar a Deus parece ser muito fácil, pois quem diria não O amar? Mas não é, pois o amor a Deus depende do nosso amor ao nosso semelhante, que tem que ser igual ao a nós mesmos. “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros;  assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecereis todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” (João 13: 34 e 35). É isso, realmente, que caracteriza o verdadeiro cristão. Não são, pois, as crenças e os rituais que fazem do indivíduo um cristão.

E vejamos mais outro exemplo esclarecedor do ensino do excelso Mestre: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.” (Mateus 5: 23 a 26). Nesse texto evangélico do Sermão da Montanha ou das Bem-aventuranças, está a essência da Bíblia, do cristianismo, enfim, da mensagem que o Mestre dos mestres veio trazer de Deus para nós. E ela não é para o bem de Deus, para Ele ficar mais feliz e em melhor situação, mas para o bem e felicidade de nós próprios.

Ela nos ensina, ainda, que estarmos bem com o nosso próximo é melhor do que estarmos fazendo ofertas a Deus, que não precisa delas e de nada de nós. Ensina-nos também a grande verdade da lei de causa e efeito, ou seja, da semeadura livre e da colheita obrigatória do que foi semeado. E ainda podemos concluir dela mais a grande verdade não ensinada pelos líderes religiosos: a de que só pagamos o que devemos e nada mais. Pago o último centavo de nossa dívida, estaremos, pois, quites. E isso derruba por completo e de modo claro e inquestionável as chamadas “penas eternas” oriundas das interpretações bíblicas erradas dos teólogos e exegetas do passado.

E o pior é que eles, teimosamente, continuam nos seus erros. Daí as grandes desarmonias entre cristãos, muitos dos quais, com razão, até estão se tornando pessoas sem religião!

José Reis Chaves, colunista do jornal O Tempo de Belo Horizonte (MG). Acesse também www.josereischaves.com.br.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

YVONNE PEREIRA: EXEMPLO DE QUE "MÉDIUM TAMBÉM É GENTE"


Durante muitos anos pairou, no Movimento Espírita, uma dúvida quanto ao ano exato do natalício da médium Yvonne Pereira. Ela afirmava, peremptoriamente, ter nascido no ano de 1906. Entretanto, alguns afirmavam que a data estava equivocada, sugerindo que era 1900.
Em 1999, Augusto Marques de Freitas, no livro “Yvonne do Amaral Pereira: o voo de uma alma”, exibiu fotografia da certidão de nascimento da médium, em que constava, como data de nascimento, 24 de dezembro de 1900. Também conseguimos o mesmo documento, comprovando o acerto da data. Por que, então, Yvonne falava em 1906?
O autor do referido livro afirma, em suas páginas, que o equívoco se deu porque, certa vez, Yvonne foi retirar uma segunda via do documento e a data viera errada! Quando li a justificativa, não me convenci e fui à busca de maiores informações.

Ao preparar a segunda edição do meu livro “Yvonne Pereira: uma heroína silenciosa”, estive com uma sobrinha da médium, no Rio de Janeiro, cujo nome manterei bem guardado. Comentando com ela o episódio e apresentando a justificativa, ela soltou uma boa gargalhada, olhou para mim significativamente e respondeu, categórica:

- Que nada, Pedro! A tia Tuti (apelido familiar de Yvonne) mentia a idade. E dizia assim: “só não minto mais porque não tenho como”! – confessou sua sobrinha.

Tratava-se, pois, de um simples caso de vaidade, daquela vaidade natural e que ainda é alimentada, entre homens e mulheres, que pensam enganar Cronos “mentindo suas idades” para as pessoas.
Yvonne simplesmente desejava “parecer mais nova”; por isso, escondia a idade. E o fazia conscientemente! Um desejo natural e bastante humano, que em nada diminui a grandeza de sua alma. Esse e outros episódios pitorescos da vida da médium mais despertaram, em mim, uma grande admiração por sua pessoa. Como ainda vemos os médiuns dentro de uma aura mística, esquecemos de que também estagiam na carne, sujeitos à vida material, suas vicissitudes e paixões.
Yvonne mais uma vez ensinava, para mim, que “médium também é gente”!
PEDRO CAMILO é advogado, professor universitário, escritor e expositor espírita. Trabalhador do Núcleo Espírita Telles de Menezes, de Salvador/BA. Autor de Yvonne Pereira, uma heroína silenciosa (Ed. Lachâtre) e Mediunidade: para entender e refletir (Ed. Mente Aberta) entre outros livros

SATANÁS E DIABOS NÃO SÃO ESPÍRITOS E DEMÔNIOS SOMOS TODOS NÓS


Um dos mais graves problemas do cristianismo é a confusão que os teólogos primitivos fizeram com os espíritos, anjos, diabos, demônios, satã, satanás, Espírito Santo, lúcifer etc., cuja existência nós não negamos, mas apenas discordamos das interpretações erradas que lhes foram atribuídas, pois os teólogos fizeram uma confusão dos diabos com eles, misturando-os com questões mitológicas, das quais, inclusive, os autores sagrados receberam influência, colocando-as na própria Bíblia. Veja-se, por exemplo, o capítulo 12 do Apocalipse.

Essa salada teológica enfraquece a crença nas verdades cristãs, e é um prato cheio para os materialistas fazerem suas chacotas contra o espiritualismo, com o objetivo de desacreditá-lo e reforçar suas ideias ateias. Por isso, a exemplo da doutrina espírita, os demais seguidores do Mestre dos mestres deveriam  estudar e esclarecer esses assuntos em defesa do cristianismo. Os padres e pastores formados em curso superior de teologia e Bíblia conhecem o significado verdadeiro dos termos que estamos abordando, mas agem como se não soubessem nada de novo sobre essas questões, e ficam pregando de acordo com a mesmice de sempre, deixando na ignorância total os seus fiéis.

Lúcifer (eosforo em grego) passou para o latim como o substantivo “luce” (luz) e o verbo “ferre” (transportar), que, literalmente, querem dizer porta-luz, aurora. Não se trata de um espírito, mas de uma metáfora da inteligência. Também Paris é chamada de Cidade Luz, ou seja, cidade da inteligência, da cultura. Assim, lúcifer é símbolo da inteligência de anjos (espíritos) que comandou a rebelião contra Deus. Lúcifer simboliza também a nossa inteligência voltada para o mal, contra o amor, contra Deus, isto é, a favor do chamado pecado, embora possa ser também a inteligência brilhante de um anjo (espírito). E disso podemos concluir que no céu nem tudo é um mar de rosas, nem tudo é paz. E, na verdade, essa palavra céu na Bíblia é no plural: céus, que quer dizer Universo, cosmos. E Jesus disse que o reino dos céus está dentro de nós mesmos, isto é, onde estiver o espírito, encarnado ou desencarnado, e em qualquer parte do Universo, daí céus. Assim é que o Pai Nosso em latim diz “Pater noster qui es in coelis” (céus).

E diabo (opositor) e satã ou satanás (adversário), na prática, substituíram o nome a palavra lúcifer. São opositores ou adversários de Deus, do bem, do Eu Superior (espírito) que nós somos, opositor e adversário que são o nosso ego ou nosso eu menor, corporal, que se opõe ao espírito.

José Reis Chaves, colunista do Jornal O TEMPO de Belo Horizonte.  


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

INDIVIDUALISMO - POR DIVALDO PEREIRA FRANCO


As propostas mirabolantes de Karl Marx a respeito do comunismo, após um largo período de aplicadas, culminaram na eleição de uma classe privilegiada, que manteve o proletariado a braços com os desafios existenciais e a miséria socieconômica. A Rússia tornou-se uma nação poderosa em armamentos bélicos inteligentes de largo alcance, na qual milionários excêntricos dominam as classes menos favorecidas, cooperando com os dissidentes da Ucrânia, que anelam pela liberdade.

Por outro lado, o capitalismo, perverso e ateu, dividiu a sociedade em grupos, nos quais, os poderosos permanecem no comando das massas, que se encontram nas vascas da agonia, padecendo as injunções da pobreza. Armas de alto poder destrutivo, para manter o equilíbrio com a Rússia e outros possíveis adversários, são usadas em nome da justiça e da solidariedade humana nos infelizes países do oriente nas suas guerras intermináveis.
E o ser humano estorcega na dor e no abandono, enquanto os individualistas, consumistas e vencidos pelo erotismo exibem as suas façanhas e desfrutam do prazer que lentamente também os consome. Numa visão mais ampla, atenderam ao apelo de Marx com a “democracia dos trabalhadores”, e o vício da corrupção devora as carnes da sua alma, mantendo a degradação e o suborno, enquanto distribuem migalhas com os necessitados que os mantêm no poder.
Todos, porém, podemos contribuir em favor de uma sociedade mais justa e equânime, porque dispomos do voto, que é o instrumento para selecionar os oportunistas, não lhes concedendo o apoio que necessitam. Nestes dias que precedem as eleições, apresentam fórmulas mágicas para solucionar todos e quaisquer problemas com programas surrealistas e imaginários, para logo, após alcançarem as suas metas, esquecerem-se do povo, até a nova oportunidade eleitoral.
Que saibamos utilizar desse direito e selecionemos as mulheres e os homens de bem, com dignidade e sem interesses imediatos.
Publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião - 14/08/2014

terça-feira, 9 de setembro de 2014

TRABALHEMOS TAMBÉM


E dizendo: Varões, por que fazeis essas coisas? Nós também
somos homens como vós, sujeitos à mesmas paixões. - (Atos, 14:15)


O grito de Paulo e Barnabé ainda repercute entre os aprendizes fiéis.

A família cristã muita vez há desejado perpetuar a ilusão dos habitantes de Listra.

Os missionários da Revelação não possuem privilégios ante o espírito de testemunho pessoal no serviço. As realizações que poderíamos apontar por graça ou prerrogativa especial nada mais exprimem senão o profundo esforço deles mesmos, no sentido de aprender e aplicar com Jesus. 

O Cristo não fundou com a sua doutrina um sistema de deuses e devotos, separados entre si; criou o vigoroso organismo de transformação espiritual para o bem supremo, destinado a todos os corações sedentos de luz, amor e verdade. 

No Evangelho, vemos Madalena arrastando dolorosos enganos, Paulo perseguindo ideais salvadores, Pedro negando o divino Amigo. Marcos em luta com as próprias hesitações; entretanto, ainda aí, contemplamos a filha de Magdala renovada no caminho redentor, o grande perseguidor convertido em arauto da Boa Nova, o discípulo frágil conduzido à glória espiritual e o companheiro vacilante transformado em evangelista da Humanidade inteira. 

O Cristianismo é fonte bendita de restauração da alma para Deus.

O mal de muitos aprendizes procede da idolatria a que se entregam, em derredor dos valorosos expoentes da fé viva, que aceitam no sacrifício a verdadeira fórmula de elevação; imaginam-nos em tronos de fantasia e rojam-se-lhes aos pés, sentindo-se confundidos, inaptos e miseráveis, esquecendo que o Pai concede a todos os filhos as energias necessárias à vitória. 

Naturalmente, todos devemos amor e respeito aos grandes vultos do caminho cristão; todavia, por isso mesmo, não podemos olvidar que Paulo e Pedro, como tantos outros, saíram das fraquezas humanas para os dons celestiais e que o planeta terreno é uma escola de iluminação, poder e triunfo, sempre que buscamos entender-lhe a grandiosa missão. 

(Emmanuel [espírito] através de Francisco Cândido Xavier, no livro Pão Nosso, páginas 79 e 80)

LIÇÕES DE BICHOS E COISAS


Tenho inveja das plantas e dos animais.
Parecem-me tão tranquilos, possuidores de uma sabedoria que nós não temos.
Como se desfrutassem da felicidade do Paraíso. Sofrem, pois não existe vida sem sofrimento. Mas sofrem sempre como se deve, quando o sofrimento vem, na hora certa, e não por antecipação.

Saber sofrer é uma lição difícil de aprender. Se o terrível nos golpeia e não sofremos, algo está errado.Pois como não chorar, se o destino nos faz sangrar? Se não choramos é porque o coração está doente, perdeu a capacidade de sentir. Mas sofrer fora de hora é doença também, permitir-se ser cortado por golpes que ainda não aconteceram e que só existem como fantasmas da imaginação. Os animais sabem sofrer. Nós não. Somos prisioneiros da ansiedade.

Pois ansiedade é isto: sofrer fora de hora, por um golpe que, por enquanto, só existe no futuro que imaginamos. Talvez os animais sejam sadios de alma e nós, doentes.

Jesus, sofrendo com a nossa dor pelos sofrimentos que a ansiedade coloca no futuro, nos aconselhou a aprender da sabedoria das aves dos céus e dos lírios dos campos, reconciliados com a vida, vivendo as dores e felicidades do presente, e livres dos fantasmas da imaginação ansiosa. 

Sofremos pelo futuro e, por isso, não podemos colher as modestas mas reais alegrias que o presente nos oferece. Acho que todo mundo sabe, intuitivamente, que existe uma loucura na maneira de ser dos homens. E é por isso que a nostalgia por um sítio ou por uma casa na praia aparece como um dos nossos sonhos mais persistentes. Para longe do falatório dos homens, quando todos falam e ninguém escuta.

De volta para a natureza, onde nada se diz e, no silêncio, se ouve uma sabedoria esquecida. Dizem que São Francisco pregava sermões aos animais. Não acredito. Pois só pregam sermões aqueles que se julgam portadores de uma sabedoria que os outros não têm. Prega-se para convencer os outros a reconhecerem os seus erros. E para que, pela palavra ouvida, eles se tornem melhores.

Mas, de que erro convenceremos as plantas e os animais? Pois são perfeitos em tudo que fazem. Todos eles se movem harmônicos ao som da melodia que toca dentro dos seus corpos. Acredito que o santo conversava com os animais, escutava o seu silêncio, e, se ele falava alguma coisa, era como o aluno que repete em voz alta aquilo que aprendeu dos seus mestres. Não era o santo que pregava aos animais; eram os animais que lhe ensinavam a sua sabedoria.

Me dirão que plantas e animais não falam. Engano. É verdade que estão mergulhados no silêncio. Mas é neste silêncio que interrompe o vozerio dos homens que uma voz é ouvida, vinda das profundezas do nosso ser. Pois é aí que mora a sabedoria que perdemos.Você tem dificuldade em ouvir a voz das plantas e dos animais? Pois que leia os poetas, profetas do seu saber sem palavras.

A ‘Sugestão’ de felicidade de Cecília Meireles. Ela diz que deveríamos ser como a flor que se cumpre sem pergunta, a cigarra, queimando-se em música, ao camelo que mastiga sua longa solidão, o pássaro que procura o fim do mundo, o boi que vai com inocência para a morte. E conclui: “Sede assim qualquer coisa serena,isenta, fiel. Não como os demais homens”.

Com o que concorda Alberto Caeiro, discípulo dos mesmos mestres:



"Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!..."




Autor: Rubem Alves




LUZES NA PRAÇA




segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A CIÊNCIA DO BEM VIVER


Segundo santo Agostinho, em O livro dos espíritos, livro terceiro, capítulo XII, “para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal” a receita é o “conhecimento de si mesmo”. Propõe ele um exercício rigoroso e honesto de autoavaliação moral que nos mostra o avesso de nós mesmos. Esta parece ser a chave da ciência do bem viver.


Através deste critério podemos aferir o quanto ainda estamos submetidos ao império das influências da matéria; o quanto o egoísmo e suas derivações predominam em nossa alma; e que mudanças em nós não podem mais ser adiadas. A indicação do exercício individual visa, contudo, toda a humanidade. Melhorando-se as partes, transforma-se o todo, esse é o princípio. 

  

A experiência na matéria é necessária para o desenvolvimento do espírito no trabalho de construção da própria personalidade; para isso renasce muitas vezes, conhecendo o bem e o mal. A matéria o tem enlaçado desde sempre no processo natural e compreensível da evolução. Sai do caminho, percorre atalhos, retorna a ele... Mas, há um momento na sua trajetória em que, “percebendo as coisas” como são verdadeiramente, delibera chegar.  A partir daí, o espírito terá que limpar o entulho íntimo: humanizar-se, se soltar das garras materiais que, como ventosas, o têm mantido preso ao plano das sensações. Progressivamente vai adentrando no pensar, sentir e fazer mais espiritualizados. Esse continuum de desenvolvimento do ser integral (espírito, mente, corpo) agrega objetivamente valores novos que o fazem agora ver o mundo (a vida) sob o prisma ético-moral da solidariedade e fraternidade universais.



As reencarnações cuidam, num processo mais ou menos longo e sofrido, da depuração do espírito, aprimorando suas potencialidades. Mas, o que santo Agostinho quer com seu exercício, é acelerar o encontro de cada um dos seus irmãos terrenos consigo mesmos, para que criem vida nova e renovem logo a face do mundo.
CLÁUDIO BUENO DA SILVA é articulista na imprensa espírita, autor do romance Lavoura agreste, recém-lançado pela Mythos Books

ACEITAÇÃO - O INÍCIO DA TRANSFORMAÇÃO

A primeira impressão que temos quando ouvimos ou pensamos em aceitar, seja uma pessoa, um fato ou uma circunstância é de que estaremos nos submetendo ou nos subjugando, desistindo de lutar, sendo fracos.

De verdade, se quisermos modificar qualquer aspecto da nossa vida e de nós mesmos, devemos começar aceitando. Nos aceitando.

A aceitação é detentora de um poder transformador que só quem já experimentou pode avaliar.

É difícil aceitar uma perda material ou afetiva; uma dificuldade financeira; uma doença; uma humilhação; uma traição.

Mas a aceitação é um ato de boa vontade, mente aberta, sabedoria e humildade, pois ao contrário de que muitos pensam, a vida em si, não está sob o nosso controle.

As pessoas são como são, dificilmente mudam. Não podemos contar com isso. A única pessoa que podemos mudar, somos nós mesmos, portanto, se não houver aceitação, o que estaremos fazendo é insensato, é insano.

Ser resistente, brigar, revoltar-se, negar, deprimir, desesperar, indignar-se, culpar, culpar-se são reações emocionais carregadas de raiva. Raiva do outro, raiva de si mesmo, raiva da vida. E a raiva destrói, fere, desagrega.

A aceitação é uma força que desconhecemos porque somos condicionados a lutar, a esbravejar, a brigar e fazer barulhos. Aceitar é paz, entendimento, leveza.

Aceitar não é desistir, nem tão pouco resignar-se. Aceitar é estar lúcido do momento presente  e se assim a vida se apresenta, assim deve ser. Aceitação é colocar-se pronto para ver a dificuldade de outro ângulo de outro prisma. Sem o peso que nós colocamos ou imaginamos ter.

No instante em que aceitamos, desmaterializamos situações que foram criadas por nós, soluções surgem naturalmente através da intuição ou  fatos trazem as respostas e as saídas para o problema. Simples assim!

Tudo é movimento. Nada é permanente.

A nossa tendência “natural” é resistir, não aceitar, combater tudo o que nos contraria e o que nos gera sofrimento. Dessa forma prolongamos a situação. Resistir só nos mantém presos dentro da situação desconfortável, muitas vezes perpetuando e tornando tudo mais complicado e pesado.

Quando não aceitamos nos tornamos amargos, revoltados, aprisionados, frustrados, insatisfeitos, cheios de rancor e tristeza, e esses padrões mentais e emocionais criam mais dificuldades, nunca trazem solução.

E muitas vezes achamos que os outros ou as coisas são responsáveis pelos acontecimentos. E não são.

Aceitar é expandir a consciência e encontrar respostas, soluções, alívio. Aceitar é o que nos leva à Fé.

Aceitação é um passo concreto para deixar a vida mais leve, mais alegre e mais saudável. É fundamental entender que aceitar não significa desistir é seguir adiante com otimismo. 

Ter muitos propósitos a serem atingidos é nossa atitude saudável diante da vida.

Estar grato colabora e muito para aprender a aceitar.

Aceitar se refere ao momento presente, ao agora. No instante que você aceita, você se entrega ao que a vida quer-lhe oferecer. Novas idéias surgem para prosseguir na direção desejada, saindo do sofrimento.

Como dizem; “A dor existe, mas sofrer é opcional, é uma escolha”.

Quer ser feliz? Aceite!

Não se esqueça: Você só pode mudar você mesmo. Só você é responsável por tudo que lhe ocorre e sente.


Muita paz no dia de hoje.

(autor desconhecido)

POR UM MUNDO MELHOR

A beleza de um jardim não depende do tamanho das flores, mas da variedade do seu colorido; assim a felicidade não depende de grandes alegrias, mas de muitos e pequenos momentos felizes que colhemos ao longo da vida.

Todo o indivíduo sente que é livre de escolher entre o bem e o mal; que não é uma simples folha atirada à água para ir ao sabor da corrente, mas que tem dentro de si força bastante para lutar com a torrente e dirigir seu próprio curso.

Para sermos amados devemos ser amáveis; para sermos amáveis devemos ser bons; para se ser bom, é preciso conhecer a bondade; e para conhecer a bondade é preciso amar o nosso semelhante.

Cultivemos o prazer da leitura. Os livros têm a vantagem de nos permitir “conversas” com os maiores espíritos da humanidade. Ler é alimentar o espírito com o fruto do trabalho de grandes homens.

Não podemos deter a força do vento, mas podemos defender-nos contra ele. Não podemos impedir que os maus pensamentos nos ocorram, mas podemos impedir que se instalem dentro de nós.

O mundo poderia ser bem mais agradável se cada um contribuísse efetivamente para isso. Tornemos o mundo melhor a começar por nós.

Quando desejamos ardentemente alguma coisa tê-la-emos. Com muita paciência, determinação e muito trabalho; mas tê-la-emos. Porque são estas as traves mestras de qualquer empreendimento.

Quem nunca foi incriminado pela sua consciência é porque está agindo corretamente e, ao mesmo tempo, está criando os alicerces para uma vida cheia de harmonia.

Muitos querem ser felizes sem o suor do trabalho. Desconhecem que a prosperidade é o fruto do trabalho. Como se fosse possível haver frutos sem o esforço das raízes.

Quando o espírito está  perfeitamente equilibrado, não há enfermidade que nos ataque. Evitemos pois todo o gênero de conflitos, até porque a maioria deles têm origem nas coisas mais insignificantes.

Não há conquistas sem esforço, não há túneis sem fim, não há trevas sem luz. Depois de um longo inverno reaparece a primavera cheia de flores.

Conserve uma expressão serena e sorridente, fale suavemente, seja prestável e gentil. Se assim proceder, formará um círculo de pessoas, cada vez maior, que sentirão prazer em estar a seu lado.


(autor desconhecido)