A sorte dos mortais
cresce num só momento;
e um só momento basta
para a lançar por terra,
quando o cruel destino
a venha sacudir.
cresce num só momento;
e um só momento basta
para a lançar por terra,
quando o cruel destino
a venha sacudir.
Efêmeros! que somos?
que não somos? O homem
é o sonho de uma sombra.
Mas quando os deuses lançam
sobre ele a luz,
claro esplendor o envolve
e doce é então a vida.
que não somos? O homem
é o sonho de uma sombra.
Mas quando os deuses lançam
sobre ele a luz,
claro esplendor o envolve
e doce é então a vida.
Ser o sonho de
uma sombra. Píndaro nesses versos respira o destino que está nas mãos
dos deuses, sendo a sorte humana lançada nas mãos deles. Mas volto: ser o
sonho de uma sombra. Ser o que uma sombra sonha é ser o efêmero. É
mais: é ser a afemeridade do efêmero. Não é ser a sombra - é muito mais denso ou ainda muito mais efêmero
- é ser o sonho dela, ou melhor, é ser o transitório do que em si não
tem luz, portanto nem mesmo se vê e nem escolhe [é o ser homem]. A
efemeridade está muito antes do que se imagina. É estar envolto à
pergunta sem resposta: "quem somos? quem não somos?".
Mas
Píndaro fala também dos deuses; estes podem lançar luz ou escuridão ao
sonho da sombra, pois nós só sabemos do que pode vir - que apenas
sabemos ser incerto. A sorte é o porvir que não se sabe. Para nós quem
poderiam ser os deuses? Para ele parece ser o próprio destino - a
própria sorte que não se desvenda jamais. Suportar o destino é viver os
deuses. É estar por um fio, é saber que tudo pode acabar em um só
momento - em um segundo.
(Jefferson Bessa)
Publicado originalmente AQUI.
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