A maioria das pessoas faz preces e assiste às cerimônias e aos
rituais religiosos como se tudo isso fosse feito para agradar a Deus, com o
objetivo de que Ele fique “mais bonzinho” para nós.
Mas Deus é um Ser imutável e de perfeição,
felicidade e amor infinitos. Quando fazemos preces, nós nos dirigimos a Ele,
sim, mas para nos beneficiarmos a nós mesmos e, principalmente, para que
tenhamos os céus depois da morte de nosso corpo.
Poucas vezes, fazemos
preces de gratidão a Deus pelo bem que sempre estamos recebendo Dele. Mas
também, com essa nossa gratidão, não é Ele que fica mais feliz. Nós é que vamos
nos beneficiar, sentindo-nos melhores, exatamente pelo alívio que sentimos por termos
feito alguma coisa importante que temos o dever de fazer. É que tudo de melhor
que temos devemos a Deus, inclusive o nosso maior bem terreno, isto é, a nossa
vida corporal, pois é com ela que estamos tendo sempre novas oportunidades de
evoluirmos moral e espiritualmente. Daí que o assassinato e o suicídio são as
faltas ou pecados mais graves, pois eles interrompem essas oportunidades de as
pessoas continuarem a sua caminhada em busca da sua perfeição. A vida terrena
é, pois, uma dádiva que a misericórdia infinita de Deus, que jamais cessa, nos concede
por meio das reencarnações, até que passemos pela porta estreita da nossa
salvação ou libertação.
E não bastam as
preces para que sejamos beneficiados. Elas são frutos da fé, mas que sem obras
é morta (são Tiago 2: 26). E aqui fé (“pistis” em grego e “fides” em latim) não
significa bem crença, mas fidelidade a Deus, ou seja, a prática da Lei Áurea ou
dos Dez Mandamentos (o Decálogo de Moisés), que Jesus resumiu em amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Quando Jesus disse que tudo que pedirmos a
Deus em seu nome nos será dado, temos que entender que a expressão “em seu nome”
significa que os nossos pedidos devem estar em concordância com a lei do seu
evangelho, isto é, eles têm que ser moralmente justos e merecidos por aquele
que ora ou por aquele a quem a prece é feita.
Realmente, de acordo com a lei cármica ou lei
de causa e efeito ou ainda lei da semeadura livre e da colheita obrigatória,
que é bíblica e universal, tem que existir o mérito para que o indivíduo possa
receber o que se pede a Deus para ele. E esse mérito é realmente o que coloca
moralmente o indivíduo em condições de estar pedindo em nome de Jesus, isto é,
de acordo com a citada lei inexorável. De fato, frequentemente, nós pedimos a Deus
as coisas que não merecemos e que são, pois, bloqueadas pelos nossos deméritos.
Daí que Jesus disse (Marcos 14: 38): “Vigilate et orate” (vigiai e orai) para não cairdes em tentações. Observe-se que
o imperativo verbal “vigiai” vem antes do de “orai”, pois sem sermos vigilantes
contra as tentações, nossas preces tornam-se vãs.
E esse conselho do excelso Mestre é para que nós não caiamos numa das nossas tentações mais comuns, que são as de pedirmos a Deus, em nome de Jesus, indevidamente, benefícios que não podemos receber, exatamente porque não temos mérito para recebê-los!
José Reis Chaves, colunista do portal www.otempo.com.br
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