Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

segunda-feira, 31 de março de 2014

ESTIVE PENSANDO: HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI


Quando nos prontificamos a entender a Doutrina dos Espíritos em seus aspectos científicos, filosóficos e religiosos, somos impelidos muitas vezes por buscas de respostas para nossos vazios existenciais e outras vezes por dores físicas e morais. Normalmente, estamos infelizes, insatisfeitos, preocupados com o que somos, com o que poderíamos ter sido e com o que poderemos ser no futuro.

Por sua ampla abrangência, comunicando com variados campos do conhecimento, e alicerçada na caridade, a Doutrina nos consola as dores físicas e morais, ampliando nosso horizonte com valores como a lei de causa e efeito, a reencarnação, a sobrevivência dos espíritos após a morte dentre outros princípios e nos esclarece – fortalecendo – revelando nossa condição de Espíritos, de que evoluímos diariamente, da influência dos espíritos em nossa vida, etc.

Apresentando-nos Jesus como guia e modelo (O Livro dos Espíritos, questão 625), a doutrina nos convida a revivermos o aprendizado evangélico, nos valendo de um novo olhar, mais racional, porém não menos emotivo ou sentimental. Revisitar o evangelho avaliando os enunciados fundamentando o entendimento nos princípios esposados pela codificação de Allan Kardec, nos faz observar que a fé é dinâmica, aprendida, absorvida, experienciada e depois vivenciada através da aplicação contínua em nossas vidas, nos suas mais variadas dimensões: biológicas, psicológicas, sociológicas e espirituais. 

Passamos a gostar do que não gostávamos nos ensinamentos e em outros casos passamos a não gostar mais daquilo com o qual nos deleitávamos. Muda-se nosso padrão de sintonia mental e com ele modificações significativas ocorrem quando tornamos a refletir sobre determinados assuntos, validando-os com nossa conduta e ações. Nosso comportamento ainda que influenciado por valores externos, passa a se valer mais do que pensamos, do que queremos, do que verdadeiramente somos.

Dentre as lições ensinadas por Jesus, as mensagens e ensinamentos exemplificados, podemos extrair para nós modelos de revitalização, de esperança, de fé, caridade, tolerância, entendimento, amor etc. 

Uma passagem que sempre me marcou e que brinco dizendo que se tivesse que tatuar algo no meu corpo tatuaria essa frase, é a que está contida no 
Evangelho de João, capítulo 14, versículos 1, 2 e 3:

  •     "Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se {não fosse assim} não teria dito que vou preparar um lugar para vós. E se eu for e preparar um lugar para vós, venho novamente, e vos tomarei para mim mesmo, a fim de que onde eu estiver, vós estejais também”. (Novo testamento – tradução de Haroldo Dutra Dias, editado pelo CEI)

Se buscarmos imaginar o momento em que Jesus disse isso, podemos enxergar o desânimo, o desalento, e até mesmo o desespero dos discípulos que vislumbravam momentos de dificuldades após a anunciada partida do Mestre, junto ao qual se sentiam seguros. Evidentemente, que depois de tantos ensinamentos que Jesus praticara algumas questões deviam já ser assimiladas por eles, mas as sintonias inteligíveis e emocionais não os permitiam enxergar além. 

Somente após a morte e consequente ressurreição do Mestre, que retorna para novos aprendizados antes da ascensão por completo, é que muito era revivido e que alguns ensinamentos começaram a fazer sentido. No caso do Evangelho de João é facilmente percebido isso se somarmos ao estudo do mesmo o fato de que foi escrito quando João já se encontra mais velho, depois de muito viver, e que as ideias amadureceram com esses passar de anos.

A mensagem é de uma força de esperança devastadora. Jesus, o Espírito mais próximo da perfeição que temos condição de entender, nos assinala que não devemos nos preocupar, pois o Pai tem muitas moradas, capazes de abrigar a todos, e que ele, o próprio Jesus é o que nos auxiliará na travessia para ocuparmos nosso lugar junto ao Pai. Mas para esse entendimento é necessário crer no Pai e no próprio Cristo. 

Essa crença no Pai porém, durante muitos anos de nosso processo evolutivo, e ainda hoje, é uma crença dogmática, em um Deus que exige aceitação para se fazer presente, que castiga os que com ele não afinizam, que escolhe filhos em detrimento de outros. Crer em um Deus assim torna a mensagem de esperança em mensagem de apreensão, pois extraímos que só ocuparemos a morada do Pai se nele crermos.

Durante longo tempo acreditamos que a Terra era o centro do universo e que tudo girava em torno dela. Acima, no céu, ficaria o lugar perfeito, o paraíso e abaixo dela o lugar dos imperfeitos, dos pecadores como gostam alguns, o inferno. Dentro dessa sistemática vivemos muitos anos com medo do inferno e sem entendermos o que nos era necessário para irmos ao céu. Por isso fomos vilipendiados por aqueles que às vezes por maledicência, ás vezes por ignorância, nos mostravam regras para essa demanda que nos obrigavam a uma vida de verdadeiro pavor. Pensar em algo diferente do estabelecido pelas classes dominantes, entre elas o clero, já era condição de irmos para o inferno. 

Por causa disso e muitas outras coisas, a mensagem de esperança se perdeu no caminho, mas após o advento do Espiritismo reaparece com a essência divina, que retrata a esperança de todos nós.

No Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III, intitulado “HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DO MEU PAI”, Kardec nos apresenta com comentários próprios e auxílio de outros Espíritos, dentre eles Santo Agostinho, uma perspectiva que renova o entendimento esperançoso da assertiva ao nos mostrar que a Terra é apenas mais um lugar, e isso ao contrário de nos desmerecer como pensam algum, nos fortalece pois demonstra que não estamos sozinhos, que esse momento vai passar, que há outros lugares melhores para se viver e que para se transferir para lá não é necessário a complacência ou autorização de ninguém, que essa transferência passa por nossa capacitação para tal. 

Somos os responsáveis por onde queremos estar no futuro. Não é maravilhoso?

Aproveitemo-nos desses ensinamentos para podermos fortalecer nosso "hoje" com vistas ao um futuro melhor pessoal e coletivamente.

Kardec, dividiu assim o capítulo, que depois vamos destacar individualmente:
  •  Diferentes estados da alma na erraticidade;
  •    Diferentes categorias de mundos habitados;
  •          Destinação da Terra. Causa das misérias humanas;
  •   Instruções dos Espíritos
    •    Mundos inferiores e mundos superiores;
    •   Mundo de expiações e de provas
    •    Mundos regeneradores
    •    Progressão dos mundos
DIFERENTES ESTADOS DA ALMA NA ERRATICIDADE

Kardec destaca no início do texto que “A casa do Pai é o Universo: as diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, e oferecem, aos Espíritos encarnados, moradas apropriadas ao seu adiantamento”. Lembra Kardec que na erraticidade (estado dos Espíritos errantes, isto é, não encarnados, durante o intervalo de suas existências corpóreas) “enquanto que uns não podem se distanciar da esfera em que viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos (...)”. Isso nos mostra que para onde vamos depende de nossas condições morais. Assim sendo podemos ir a todos os lugares que quisermos, porém é necessário que nos capacitemos para tal. Estar desencarnado não é condição para liberdade. A liberdade é uma conquista, realizada à custa de esforço e de nossa capacidade de discernimento, como nos ensinou Paulo – todas as coisas nos são lícitas, mas nem todas, nos convém (I Cor 6-12). O que acontece na erraticidade, próximo á crosta terrestre nos é apresentado com muita propriedade pelo Espírito André Luiz, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira na coleção de livros editada pela FEB e intitulada: A vida no mundo espiritual. O que nos espera é trabalho, esforço, aprimoramento, auxílio aos irmãos necessitados, não muito diferente do que necessitamos hoje. Sinal de que podemos já iniciar uma nova maneira de viver, que não terá fim com a morte física.

DIFERENTES CATEGORIAS DE MUNDOS HABITADOS

No item 4, abrigado sobre esse subtítulo, Kardec ressalta e informa: “Embora não possa ser feita, dos diversos mundos, uma classificação absoluta, pode-se, todavia, em razão de seu estado e de sua destinação, e baseando-se nas diferenças mais acentuadas, dividi-los de uma modo geral, como se segue: os mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana; os mundos de expiação e de provas, onde o mal domina; os mundos regeneradores, onde as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta; os mundos felizes, onde o bem se sobrepõe ao mal; os mundos celestes ou divinos, morada dos Espíritos depurados, onde o bem reina inteiramente. A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e de provas, e é por isso que o homem nela é alvo de tantas misérias”. Sendo assim podemos entender que: na Terra estaremos vivenciando situações que estarão, de forma incontestável, nos servido de expiação ou de prova; na Terra havendo a predominância do mal se formos o contrário dessa corrente estaremos nos capacitando para mudarmos de mundo. Para isso é necessário que entendamos que expiar algo não á apenas pagar por ele, mas eliminá-lo de nossa vida, e que nossa missão é diminuirmos cada vez mais nossas expiações e aumentarmos nossas provas, pois expiação é uma relação minha com o que fui e prova é uma relação com o que serei. Expiação é uma relação com o mundo de onde venho e estou e prova é aspiração de um mundo que quero estar.

DESTINAÇÃO DA TERRA. CAUSA DAS MISÉRIAS HUMANAS

Há entre nós, muitos que consideram ser a raça humana, e, por conseguinte, a humanidade uma perdição para a Terra. Valem de análises superficiais tomando muitas vezes, por exemplo, as exceções, desconsiderando o todo. Evidentemente, que após a explanação sobre a pluralidade dos mundos, entender a destinação da Terra passa a ser de mais fácil aceitação. Temos dificuldades, misérias, violências geradas sempre pelo que acreditamos, pois desconsideramos o que somos em detrimento de como estamos. Para Kardec “(...) da mesma forma que, numa cidade, toda a população não está nos hospitais ou nas prisões, toda a humanidade não está sobre a Terra; como se sai do hospital quando se está curado, e da prisão quando se cumpre o tempo, o homem deixa a Terra por mundos mais felizes, quando está curado das suas enfermidades morais”. Buscar novos ares depende de cada um de nós, inicialmente pessoalmente e depois coletivamente. A Terra é neste momento o resultado do que fazemos, e por isso podemos modificar as coisas, pois se somos capazes de destruir, somos ainda mais capazes de construir.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS – MUNDOS INFERIORES E MUNDOS SUPERIORES

Os itens 8, 9, 10, 11 e 12 desse subtítulo explicando os mundos inferiores e superiores foram realizados segundo Kardec, pelo colegiado dos Espíritos Superiores não tendo uma assinatura personalista. Destacamos algumas anotações importantes, mas lembramos que a leitura total favorecerá ainda mais o entendimento sobre as diferenciações necessárias para nossa evolução. Deus é soberanamente justo e bom e se estamos na Terra nesse momento é porque o merecemos.
  •      A qualificação de mundos inferiores e de mundos superiores é antes relativa do que absoluta (...);
  •     Tomando a Terra como ponto de comparação, pode-se ter uma ideia do estado de um mundo inferior (...) nos mais atrasados, os seres que os habitam são, de alguma sorte, rudimentares (...) só a força bruta faz a lei. Sem indústria, sem invenções, despendem a vida na conquista da sua nutrição (...) Deus não abandona nenhuma das suas criaturas; no fundo das trevas da inteligência, jaz, latente, a vaga intuição de um Ser Supremo (...) nos Espíritos Puros, desmaterializados e resplandecentes de glória, se tem dificuldade em reconhecer aqueles que animaram esses seres primitivos, da mesma forma que, no homem adulto, se tem dificuldade em reconhecer o embrião;
  •    Nos mundos que atingiram um grau superior, as condições da vida moral e material são bem outras que as de sobre a Terra (...) O corpo nada tem da materialidade terrestre, e não está, por conseguinte, sujeito nem às necessidades, nem às doenças, nem às deteriorações (...) a pouca resistência que a matéria oferece aos Espíritos já muito avançados, torna o desenvolvimento dos corpos mais rápido e a infância curta ou quase nula, a vida isenta de inquietações e angústias (...);
  •    Nesses mundos felizes (...) só a superioridade moral e inteligente estabelece a diferença das condições e dá a supremacia. À autoridade é sempre respeitada, porque não é dada senão à quem tem mérito, e se exerce sempre com justiça. O homem não procura se levar acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se (...);
  •         Em vosso mundo, tendes a necessidade do mal par sentir o bem, da noite para admirar a luz, da doença para apreciar a saúde, nos mundos superiores esses contrastes não são necessários (...) à medida que se eleva e se depura, o horizonte se ilumina, e ele {o homem} compreende o bem que tem adiante de si, como compreendeu o mal que ficou atrás de si (...)

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS – MUNDOS DE EXPIAÇÕES E DE PROVAS

Em mensagem atribuída ao Espírito de Santo Agostinho podemos extrair entendimentos para nossa encarnação na Terra. Aqui estamos pois “A Terra fornece um dos tipos de mundos expiatórios, cujas variedades são infinitas, mas que têm por caráter comum servir de lugar de exílio aos Espíritos rebeldes à lei de Deus. Aí esses Espíritos têm de lutar, ao mesmo tempo, contra a perversidade dos homens e contra a inclemência da Natureza, duplo e penoso trabalho que desenvolve, a uma só vez, as qualidades do coração e as da inteligência. É assim que Deus, em sua bondade, faz reverter o próprio castigo em proveito do progresso do Espírito”.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS – MUNDOS REGENERADORES

Segundo o Espírito Santo Agostinho, “os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes; a alma que se arrepende, neles encontra calma e o repouso, acabando de se depurar (...)” e acrescenta que “(...) uma perfeita equidade regula as relações sociais; todos se revelando a Deus e tentando ir a ele, seguindo suas leis.” O mundo de regeneração ainda é um meio termo, ainda não é o lugar ideal, mas em se comparando com o mundo de expiação e prova é muito, mas muito mais feliz. Porém é preciso se atentar ao que nos escreve o Espírito de Santo Agostinho: “(...) {no mundo de regeneração} o homem ainda é falível, e o Espírito do mal não perdeu, ali, completamente seu império. Não avançar é recuar, e se não está firme no caminho do bem, pode voltar a cair nos mundos de expiação, onde o esperam novas e mais terríveis provas”.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS – PROGRESSÃO DOS MUNDOS

O Espírito de Santo Agostinho nos instrui nesse item, ensinando que “(...) Deus quer que tudo engrandeça e prospere”. Afinal de contas o progresso é lei divina e natural, e por isso “ao mesmo tempo que os seres vivos progridem moralmente, os mundos que eles habitam progridem materialmente (...) assim caminham paralelamente o progresso do homem, o dos animais seus auxiliares, dos vegetais e da habitação, porque nada é estacionário na Natureza (...) Ela {a Terra} atingiu um dos seus períodos de transformação, em que, de mundo expiatório, tornar-se à mundo regenerador, então os homens serão felizes, porque a lei de Deus nela reinará”.

Finalizamos nossa preparação para palestra que faremos realizar sobre o tema, multiplicando fragmentos de texto produzido por Divaldo Pereira Franco, através do Espírito Joanna de Ângelis, intitulado “DIVERSIDADE DE MORADAS”, inserido no livro: Jesus e o Evangelho – À luz da psicologia profunda -, editado pela Livraria Espírita Alvorada Editora, páginas 33 a 38:
  •  Quanto mais primitivo o princípio espiritual, mais grosseiro é o mundo em que deve habitar, a fim de experimentar o desabrochar dos conteúdos psíquicos nele jacentes, que se vão desenvolvendo conforme os fatores mesológicos e circunstanciais, guiado pelo fatalismo da evolução que nele existe, ascendendo na escala da evolução e transferindo-se de um para outro conforme a necessidade do seu progresso que jamais se encontra estanque;
  • O bem e o mal – essa dualidade luz e sombra – em que se debate o Espírito humano, representam o futuro e o passado de cada ser humano no trânsito evolutivo. O primeiro à luz da psicologia profunda, é o auto-encontro, a liberação do lado escuro plenificado pelo conhecimento da verdade, enquanto o outro são as fixações do transito pelos instintos primários, que ainda vicejam nos sentimentos e na conduta aguardando superação;
  • Examinando-se o planeta terrestre onde se debatem as forças do bem e do mal, constatamos ser ele uma escola de provas e de depurações cujas lições de aprimoramento ocorrem mediante o império do sofrimento, mas que podem converter-se ao impositivo do amor em conquistas permanentes, felicitadoras;
  •  Na razão direta em que o Self predomina sobre o ego, e as lições de Jesus são essenciais a essa mudança, a essa superação de paixões, menos materializado se torna o Espírito, que aprende a aspirar a mais altas especulações e conquistas ambicionando o infinito.






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