Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

À PROCURA DE VIRTUDES


Você acredita que ter virtudes é importante para um bom relacionamento?
E você costuma procurar virtudes nas pessoas com as quais convive?
Talvez você acredite que ter virtudes é importante e até as procure nas pessoas de sua relação, mas se questione se essas qualidades não são escassas em alguns indivíduos.
Bem, se você está com essa problemática, talvez possamos pensar juntos sobre como tentar resolver esse impasse.
Já houve algum momento em que você se interessou por algo, e passou a notar esse algo com mais freqüência?
Por exemplo: se você resolve comprar um veículo de tal marca e tal modelo, começa a notar muitos desses veículos circulando pelas ruas, o que não acontecia antes, não é mesmo?
Pois bem, isso é fruto do interesse, da atenção que você presta no objeto que procura.
Algo semelhante pode acontecer também com os defeitos, os vícios, as qualidades, os valores, as virtudes dos indivíduos.

Se você observa uma pessoa à procura de defeitos, certamente vai perceber só defeitos, pois esse é o foco da sua atenção.
Nem sempre isso quer dizer que a pessoa tenha os defeitos que você nota, mas suas lentes estão ajustadas para ver defeitos.
Ao contrário, quando você ajusta seu olhar para detectar virtudes perceberá, sem dúvida, muitas delas.
Experimente fazer isso com alguém do seu círculo de relacionamento em quem você nunca percebeu nenhuma virtude. Comece a observar com olhos de ver, e encontrará virtudes.
Isso fará com que seu conceito sobre essa pessoa se modifique para melhor.
Esse é um bom exercício para quem deseja tornar sua vida de relação mais harmônica.
Não existe uma pessoa no mundo que não tenha pelo menos uma virtude, uma qualidade. Basta procurar.
E quando passamos a ver qualidades nas pessoas que convivem conosco, o relacionamento se torna mais agradável.
Para ajudar nessa procura por boas qualidades, vamos citar algumas delas:
Paciência, pontualidade, boa-vontade, alegria, otimismo, responsabilidade, organização, respeito, espírito de equipe, discrição, lealdade, honestidade, senso de justiça, disposição, sinceridade, tolerância, etc.
Às vezes implicamos com uma pessoa apenas porque ela pensa diferente de nós e por isso a rotulamos e a excluímos do nosso círculo de amizades.
Outras vezes, o simples fato de não simpatizarmos com alguém já basta para nos afastar e evitar aproximações.
E se viver em sociedade é condição natural dos seres humanos, importante que procuremos viver bem com as demais pessoas.
Façamos esse importante exercício de procurar virtudes.
E o mérito será maior quanto mais difícil for para encontrá-las e lhes dar o devido valor.
Afinal, virtudes são como jóias valiosas, é preciso descobri-las e saber apreciá-las.
Que tal essa proposta?
Pense nisso, afinal, você não tem nada a perder.
Pelo contrário, tem muito a ganhar.
Como?
Ora, tornando sua vida de relação mais agradável e contribuindo com seu tijolo de otimismo nessa construção chamada sociedade.
Pense nisso!
Um dia um Sábio de Nazaré disse: "quem tem olhos de ver, veja."
Pense nisso, ajuste suas lentes, e seja um garimpeiro de virtudes!

A MORTE


A morte é apenas uma mudança de estado, a destruição de uma forma frágil que não mais fornece à vida as condições necessárias para seu funcionamento e sua evolução. Para além do túmulo, uma outra fase da existência se abre. O espírito, sob sua forma fluídica, imponderável, prepara-se para novas reencarnações e encontra em seu estado mental os frutos da última existência que findou.
A vida está por todos os lugares. A natureza inteira nos mostra, em seu quadro maravilhoso, a renovação perpétua de todas as coisas. Em parte alguma existe a morte, tal qual, em geral, é considerada entre nós; em nenhuma parte existe o aniquilamento. Nenhum ser pode morrer no seu princípio de vida, na sua unidade consciente.
O universo transborda de vida física e psíquica. Por toda parte está o imenso formigar dos seres, a elaboração de almas que só escapam das lentas e obscuras preparações da matéria a fim de prosseguirem, nas etapas da luz, na sua magnífica ascensão. A vida do homem é como o sol das regiões polares durante o verão: desce devagar, baixa, vai enfraquecendo, parece desaparecer num instante no horizonte.
Aparentemente é o fim; mas logo se eleva para descrever de novo sua imensa órbita no céu.
A morte é apenas um eclipse momentâneo nessa grande revolução de nossas existências. Mas esse instante é o suficiente para nos revelar o sentido grave e profundo da vida. A própria morte pode ter sua nobreza, sua grandeza. Não devemos temê-la, e sim nos esforçar para embelezá-la, preparando-nos para ela continuamente pela pesquisa e pela conquista da beleza moral, a beleza do espírito, que molda o corpo e o orna com um reflexo sublime na hora das separações supremas.
A maneira pela qual cada um sabe morrer já é, por si só, uma indicação do que será, para cada um de nós, a vida espiritual. Há como uma luz fria e pura à cabeceira de certos leitos de morte. Rostos, até aí insignificantes, parecem emoldurar-se por claridades do além. Um silêncio imponente se faz em volta daqueles que deixaram a Terra.
Os vivos, testemunhas da morte, sentem grandes e sérios pensamentos desprenderem-se do fundo banal de suas impressões habituais, dando um pouco de beleza à sua vida interior. O ódio e as más paixões não resistem a esse espetáculo. Diante do corpo de um inimigo, toda animosidade é abrandada, todo desejo de vingança desaparece. À frente de um caixão, o perdão parece mais fácil, o dever, mais imperioso.
Toda morte é um parto, um renascimento. É a manifestação de uma vida até então oculta em nós, vida invisível da Terra que vai reunir-se com a vida invisível do espaço. Após um tempo de perturbação, voltamos a nos encontrar, do outro lado do túmulo, na plenitude de nossas faculdades e de nossa consciência, junto dos seres amados que compartilharam as horas tristes ou alegres de nossa existência terrestre. O túmulo guarda apenas o pó.
Elevemos mais alto nossos pensamentos e nossas recordações, se quisermos encontrar de novo o rastro das almas que nos foram queridas. Não pergunteis às pedras do sepulcro o segredo da vida. Ficai sabendo que os ossos e as cinzas que lá permanecem não são nada. As almas que os animaram deixaram esses lugares e
revivem sob formas mais sutis, mais apuradas. Do seio do invisível, onde vossas preces as atingem e as comovem, elas vos seguem com o olhar, vos respondem e vos sorriem.
A revelação espírita ensinará a vos comunicar com elas, a unir vossos sentimentos num mesmo amor, numa esperança inexprimível.  Muitas vezes, os seres por quem chorais e que ides procurar no cemitério estão ao vosso lado. Eles voltam e vêm cuidar de vós, aqueles que foram o amparo de vossa juventude, que vos
embalaram nos braços, os amigos, companheiros de vossas alegrias e de vossas dores, assim como todas as formas, todos os meigos fantasmas dos seres que encontrastes no vosso caminho, que participaram de vossa existência e levaram com eles alguma coisa de vós mesmos, de vossa alma e de vosso coração.
Ao redor de vós flutua a multidão de homens desaparecidos na morte,  multidão agitada que revive, que vos chama e vos mostra o caminho a ser percorrido. Nosso progresso, nossa elevação exigem-no: temos de ficar livres, mais dia menos dia, do envoltório carnal que, após ter prestado a função determinada, torna-se impróprio para seguir-nos em outros planos de nosso destino.
Como é que aqueles que acreditam na existência de uma sabedoria previdente, de um poder ordenador – qualquer que seja, aliás, a forma que idealizem para esse poder – podem considerar a morte como mal?
Se ela representa um papel importante na evolução dos seres, não há de ser uma das fases desejadas por essa evolução, o pendant * natural do nascimento, um dos elementos essenciais do plano da vida?
O universo não pode falhar. Seu objetivo é a beleza; seus meios são a justiça e o amor. Fortifiquemo-nos no pensamento do futuro sem limites. A confiança em outra vida estimulará nossos esforços e os tornará mais fecundos. Nenhuma obra elevada
e que exija paciência pode ter êxito sem a certeza do dia seguinte. A cada vez que, ao nosso redor, a morte, em seu austero esplendor, distribui seus golpes, torna-se um ensinamento, um incentivo para trabalharmos e para agirmos melhor, para
aumentarmos constantemente o valor da nossa alma.
Muitas pessoas temem a morte por causa dos sofrimentos físicos que a acompanham. Sofremos, é verdade, na doença que acaba na morte, mas também sofremos nas doenças de que nos curamos. No instante da morte, dizem-nos os espíritos, quase sempre não há dor. Morre-se como se adormece. Essa opinião
é confirmada por todos aqueles a quem a profissão e o dever chamam freqüentemente à cabeceira dos moribundos.
Entretanto, se considerarmos a calma, a serenidade de certos doentes na hora derradeira, e a agitação convulsiva, a agonia de outros, deve-se reconhecer que as sensações que antecedem a morte são bastante diversas em relação aos indivíduos. Os
sofrimentos são tanto mais vivos quanto mais numerosos e fortes são os laços que unem a alma ao corpo. Tudo o que os pode diminuir, enfraquecer, tornará a separação mais rápida e a mudança menos dolorosa.
Se a morte é quase sempre isenta de sofrimento para aquele cuja vida foi nobre e bela, o mesmo não acontece com os sensuais, os violentos, os criminosos, os suicidas. Assim que a passagem é feita, uma espécie de perturbação, de entorpecimento, invade a maior parte de almas que não souberam se preparar para a partida. Nesse estado, suas faculdades ficam veladas; só passam a perceber as coisas em meio a um nevoeiro mais ou menos denso.
A duração dessa perturbação varia de acordo com a natureza e o valor moral delas. Pode ser muito prolongada para as mais atrasadas e até mesmo durar vários anos. Depois, pouco a pouco, o nevoeiro vai ficando mais claro; as percepções se tornam mais nítidas. O espírito recupera sua lucidez; desperta para a nova vida, a vida do espaço. Instante solene para ele, mais decisivo, mais formidável que a hora da morte, porque, de acordo com seu valor e seu grau de pureza, esse despertar
será calmo e delicioso ou cheio de ansiedade e sofrimento.
No estado de perturbação, a alma está consciente dos pensamentos dirigidos a ela. Os pensamentos de amor, de caridade, as vibrações dos corações afetuosos brilham para ela como raios na neblina que a envolve e a ajudam a se separar dos últimos laços que a prendem à Terra, a sair da sombra em que está imersa. É por isso que as preces inspiradas pelo coração, ditas com calor e convicção, especialmente as improvisadas, são fortalecedoras, benfazejas para o espírito que deixou a vida corporal.
Pelo contrário, as orações vagas, infantis, das Igrejas, muitas vezes não têm efeito algum. Pronunciadas maquinalmente, não têm poder vibratório que faz do pensamento às vezes uma força penetrante e, ao mesmo tempo, uma luz. O cerimonial religioso em uso geralmente traz pouca ajuda e conforto aos mortos. A ignorância das condições da sobrevivência torna os participantes dessas manifestações indiferentes e distraídos. É quase um escândalo ver a displicência com que se assiste, em nossa época, a uma cerimônia fúnebre.
A atitude dos assistentes, a falta de recolhimento, as conversas banais durante o funeral, tudo causa dolorosa impressão. Bem poucos dos que acompanham o enterro pensam no defunto e sentem como um dever projetar para ele um pensamento afetuoso. As preces fervorosas de seus amigos, de seus parentes, são bem mais eficazes para o espírito do morto do que as manifestações do culto mais pomposo. Entretanto, não é bom nos entregarmos desmedidamente à dor da separação.
Certamente que as lamentações da partida são legítimas e as lágrimas sinceras
são sagradas; porém, se essas lamentações são muito exageradas, entristecem e desanimam aquele a quem são dirigidas e, muitas vezes, testemunha delas. Em vez de lhe facilitarem o vôo para o espaço, elas o prendem nos lugares onde sofreram e onde
ainda estão sofrendo aqueles que lhe são caros.
Pergunta-se às vezes o que se deve pensar das mortes prematuras, das mortes acidentais, das catástrofes que destroem, de uma só vez, numerosas existências humanas. Como conciliar esses fatos com a idéia de plano, de previdência, de harmonia universal? E para os que deixam voluntariamente a vida por um ato de desespero, o que acontece? Qual é o destino dos suicidas?
As existências interrompidas prematuramente em acidentes chegaram ao seu fim previsto. São, em geral, complementos de existências anteriores que foram truncadas por causa de abusos ou de excessos. Quando, em conseqüência de hábitos desregrados, gastaram-se os recursos vitais antes da hora marcada pela natureza, deve-se voltar e completar, em uma existência mais curta, o lapso de tempo que a existência anterior devia ter normalmente preenchido.
Acontece que os seres humanos passíveis dessa reparação reúnem-se num ponto pela força do destino, para resgatar numa morte trágica as conseqüências dos atos que estão relacionados com o passado anterior ao nascimento. Daí as mortes coletivas, as catástrofes que lançam no mundo um aviso. Aqueles que partem assim acabaram o tempo que tinham de viver e vão se preparar para existências melhores.
Quanto aos suicidas, a perturbação em que se encontram mergulhados após a morte é profunda, terrível, dolorosa. A angústia os oprime e os segue até sua reencarnação seguinte. Seu gesto criminoso causa ao corpo fluídico, o perispírito, um abalo violento e prolongado, que será transmitido ao organismo carnal no renascimento. A maior parte deles volta enferma à Terra.
Estando a vida no suicida em toda a sua força, o ato brutal que a despedaça produzirá longas repercussões em seu estado vibratório e determinará doenças ou desequilíbrios nervosos em suas futuras vidas terrestres. O suicida procura o nada e o esquecimento de todas as coisas, mas se defronta, ao contrário, em face de sua consciência, na qual permanece gravada, para todo o sempre, a lembrança lastimável de ter fugido do combate da vida.
A prova mais dura, o sofrimento mais cruel que haja na Terra, é preferível a essa perpétua mancha da alma, à vergonha de não poder mais se prezar. A destruição violenta de recursos físicos que ainda lhe poderiam ser úteis e até mesmo fecundos não livra o suicida das provas de que quis fugir, porque ele terá que reatar a cadeia quebrada de suas existências e tornar a passar pela série inevitável das provas, agravadas por atos e conseqüências que ele mesmo causou.
Os motivos do suicídio são de ordem passageira e humana; as razões de viver são de ordem eterna e sobre-humana. A vida, resultado de todo um passado, instrumento do futuro, é, para cada um de nós, o que ela deve ser na balança infalível do destino.
Aceitemos com coragem a sucessão dos fatos, que são outros tantos remédios para nossas imperfeições, e saibamos esperar com paciência a hora fixada pela lei justa para o encerramento de nossa permanência na Terra. O conhecimento que pudemos adquirir das condições da vida futura exerce uma grande influência sobre nossos últimos momentos. Ele nos dá mais segurança; abrevia a separação da alma.
Para se preparar utilmente para a vida do além, é preciso não apenas estar convencido de sua realidade, mas também compreender suas leis, ver com o pensamento as vantagens e as conseqüências de nossos esforços para o ideal moral.
Nossos estudos psíquicos, as relações estabelecidas durante a vida com o mundo invisível, nossas aspirações a modos de existência mais elevados desenvolvem nossas faculdades adormecidas e, quando chega a hora definitiva, estando a separação corporal já em parte efetuada, a perturbação tem pouca duração. O espírito se reconhece rapidamente; tudo o que vê lhe é familiar; adapta-se sem esforço e sem emoção às condições de seu novo meio.
Quando se aproxima a hora derradeira, os moribundos muitas vezes entram em posse de seus sentidos psíquicos e percebem os seres e as coisas do invisível.


LÉON DENIS. Trecho do livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor.

A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO PARA A HUMANIDADE



“ Conhecereis a verdade e ela vos libertará” (Jo 8,32)

O evangelista João destaca nesta mensagem a importância que a verdade tem para o entendimento completo das coisas de Deus.
Durante muitos anos tivemos nossa fé dogmatizada, (de dogus=decreto), e acreditávamos naquilo que nos era determinado acreditar e portanto possuíamos uma fé cega.
Com a evolução da humanidade e principalmente após o advento do Iluminismo que trouxe luz para as ciências, as filosofias e até para as religiões pudemos receber a mensagem contida na codificação da Doutrina Espírita e passamos a ter uma fé raciocinada, estudada, que nos apresenta os três vértices do conhecimento: ciência, filosofia e religião.
Sendo assim, a partir do instante que a humanidade avançou nos diversos campos do conhecimento, a mediunidade o acompanhou e passamos a conviver melhor com este fenômeno natural.
Todo e qualquer ser humano é médium.
Há dois tipos de mediunidade: efeitos físicos e efeitos inteligentes.
A mediunidade necessita de estudos e de prática (evolução moral) e tem a obsessão como a grande doença da mesma.
Precisamos refletir que nós somos templos vivos e se formos fiéis, Jesus fará morada em nós.
Pensemos sempre em coisas boas, para que as antenas de nossos corações possam sintonizar o que tiver de melhor.

A FÉ DIVINA E A FÉ HUMANA


A fé é o sentimento inato, no homem, de sua destinação futura: é a consciência que tem das faculdades imensas, cujo germe foi depositado nele, primeiro em estado latente, e que deve fazer eclodir e crescer por sua vontade ativa.
Até o presente, a fé não foi compreendida senão sob o aspecto religioso, porque o Cristo a preconizou como alavanca poderosa, e porque não se viu nele senão o chefe de uma religião. Mas o Cristo, que realizou milagres verdadeiros, mostrou, por esses mesmos milagres, o que pode o homem quando tem fé, quer dizer, a vontade de querer, e a certeza de que essa vontade pode receber seu cumprimento. Os apóstolos, a seu exemplo, não fizeram milagres? Ora, que eram esses milagres senão efeitos naturais, cuja causa era desconhecida dos homens de então, mas que se explica em grande parte hoje, e que se compreenderá completamente pelo estudo do Espiritismo e do Magnetismo?
A fé é humana ou divina, segundo o homem aplique suas faculdades às necessidades terrestres ou às suas aspirações celestes e futuras. O homem de gênio que persegue a realização de alguma grande empresa, triunfa se tem fé, porque sente em si o que pode e deve alcançar, e essa certeza lhe dá uma força imensa. O homem de bem que, crendo em seu futuro celeste, quer encher sua vida de nobres e belas ações, haure em sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e aí ainda se cumprem milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não existem más tendências que não se possam vencer.
O magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé posta em ação; é pela fé que ele cura e produz esses fenômenos estranhos que, outrora, eram qualificados de milagres.
Eu repito: a fé é humana e divina; se todos os encarnados estivessem bem persuadidos da força que têm em si, se quisessem colocar sua vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o que, até o presente, chamou-se de prodígios, e que não é senão um desenvolvimento das faculdades humanas. 
(UM ESPÍRITO PROTETOR, Paris, 1863)
Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XIX, item 12

A BÍBLIA - PARÁBOLA


Há muitos anos, existiu um homem muito rico, que no dia do seu aniversário, convocou a criadagem a sua sala para receberem presentes.

Colocou-os a sua frente na seguinte ordem: cocheiro, jardineiro, cozinheira, arrumadeira e o pequeno mensageiro.

Em seguida, dirigindo-se a eles, explicou o motivo de havê-los chamado até ali, e por fim, fez-lhes uma pergunta, esperando de cada um a sua própria resposta.

Essa foi a pergunta feita:

- O que prefere você receber agora: esta Bíblia ou este valor em dinheiro?

- Eu gostaria de receber a Bíblia. Respondeu pela ordem o cocheiro.

- Mas, como não aprendi a ler, o dinheiro me será bastante mais útil!

Recebeu então a nota, de valor elevado na época, e agradeceu ao patrão. Esse pediu-lhe que permanecessem seu lugar.

Era a vez de o jardineiro fazer a sua escolha e, escolhendo bem as palavras, falou:

- Minha mulher está adoentada e por esta razão tenho necessidade do dinheiro; em outra circunstância escolheria, sem dúvida, a Bíblia.

Como aconteceu com o primeiro, ele também permaneceu na sala após receber o valor das mãos do patrão.

Agora, pela ordem, falaria a cozinheira, que teve tempo de elaborar bem a sua resposta:

- Eu sei ler, porém, nunca encontro tempo para sequer folhear uma revista; portanto, aceito o dinheiro para comprar um vestido novo. Eu já possuo uma Bíblia e não preciso de outra; assim, prefiro o dinheiro. Informou a arrumadeira, em poucas palavras.

Finalmente, chegou a vez do menino de recados. Sabendo-o bastante necessitado, o patrão adiantou-se em dizer-lhe:

- Certamente você também irá preferir dinheiro, para comprar uma nova sandália, não é isso, meu rapaz?

- Muito obrigado pela sugestão. De fato estou precisando muito de um calçado novo, mas vou preferir a Bíblia. Minha mãe me ensinou que a Palavra de Deus é mais desejável do que o ouro... Disse o pequeno mensageiro.

Ao receber o bonito volume, o menino feliz o abriu e nisso caiu aos seus pés uma moeda de ouro.

Virando outras páginas, foi deparando com outros valores em notas. Vendo isso, os outros criados perceberam o seu erro, e envergonhados, deixaram o recinto.

A sós com o menino, disse-lhe comovido o patrão:

"Que Deus o abençoe, meu filho, e também a sua mãe, que tão bem o ensinou a valorizar a Palavra de Deus."

Pense agora:"O quê pode ser mais valioso do que a palavra de Deus? Tudo aquilo que nós precisamos, Deus tem e deseja que tenhamos.

A nós, basta aceitar o que Ele nos oferece...

A DOENÇA E A SAÚDE

Chega para nós um momento em que, cansados de pertencer à classe dos "homens comuns", aspiramos a algo mais e, através da alavanca da insatisfação, buscamos inquietos as respostas às questões mais amplas da vida: 
- Para 
que viemos, o que somos e para onde vamos?
Conduzidos pelo Determinismo da Evolução que nos orienta a todos, e que é a ação do próprio Deus em nós, sentimo-nos incandescer pelo sentimento de religiosidade. Entretanto, a porta que se apresenta ao cristão é sempre aquela mais estreita. A priori, exige do homem o despojamento de certos valores que funcionam à guisa de enormes sacolas que o impedem de transpor a porta, e vêmo-lo então um tanto desanimado ao seu umbral. Ali, ele se demora indefinidamente assolado por dúvidas angustiantes. O medo da perda o envolve e, no entanto, ele já é bastante diferente dos demais, para simplesmente retroceder no seu esforço.
Eis aí, nesta analogia, o nosso momento existencial. Impedido de retroceder pelas próprias forças que desenvolveu, o homem atual desanima de andar à frente, prenunciando o enorme compromisso que o aguarda. Esta paralisação, entretanto, consome-lhe energias preciosas, que poderiam, por mais um tanto de fé, pô-lo a caminho e a salvo, quando nada, de sua própria perturbação e culpa.
Na expectativa das grandes demonstrações, este homem deixa correr, por entre seus dedos, as inúmeras oportunidades de testemunhar, no dia-a-dia, aguardando insone e temente enormes responsabilidades, desvalorizando aquelas outras menores, mas igualmente sustentadoras. Desencorajado pelos grandes empreendimentos, nega-se aos menores que lhe são afeitos.
As consequências desta situação a nível emocional são aquelas comuns nos consultórios: angústias, neuroses, complexos psíquicos e a culpa ressurge, cobrando o tempo perdido.
Cabe ao terapeuta da área da saúde conscientizar-se destas questões, para desfazer os fortes nódulos emocionais que hoje perigam o progresso do indivíduo.
Carlos (Espírito)