Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A VINHA

         
E disse-lhes: Ide vós também para a vinha e
dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. - (Mateus, 20:4)


          Ninguém poderá pensar numa Terra cheia de beleza e possibilidades, mas vogando ao léu na imensidade universal.

          O planeta não é um barco desgovernado.

          As coletividades humanas costumam cair em desordem, mas as leis que presidem aos destinos da Casa Terrestre se expressam com absoluta harmonia. Essa verificação nos ajuda a compreender que a Terra é a vinha de Jesus. Aí, vemo-lo trabalhando desde a aurora dos séculos e aí assistimos à transformação das criaturas, que, de experiência a experiência, se lhe integram no divino amor.

          A formosa parábola dos servidores envolve conceitos profundos. Em essência, designa o local dos serviços humanos e refere-se ao volume das obrigações que os aprendizes receberam do Mestre divino.
         
          Por enquanto, os homens guardam a ilusão de que o orbe pode ser o tablado de hegemonias raciais ou políticas, mas perceberão em tempo o clamoroso engano, porque todos os filhos da razão, corporificados na crosta da Terra, trazem consigo a tarefa de construir para que se efetue um padrão de vida mais elevado no recanto em que agem transitoriamente.

          Onde quer que estejas, recorda que te encontras na Vinha do Cristo.

          Vives sitiado pela dificuldade e pelo infortúnio?

          Trabalha para o bem geral, mesmo assim, porque o Senhor concedeu a cada cooperador o material conveniente e justo. 

(Emmanuel [espírito] através de Francisco Cândido Xavier, no livro Pão Nosso, páginas 71 e 72.)

terça-feira, 5 de agosto de 2014

E OS FINS?

Mas nem todas as coisas edificam - Paulo
(I Coríntios, 10:23
)
Sempre existiram homens indefiníveis que, se não fizeram mal a ninguém, igualmente não beneficiaram pessoa alguma.

Examinadas nesse mesmo prisma, as coisas do caminho precisam interpretação sensata, para que se não percam na inutilidade.

É lícito ao homem dedicar-se à literatura ou aos negócios honestos do mundo e ninguém poderá contestar o caráter louvável dos que escolhem conscientemente a linha de ação individual no serviço útil. Entretanto, será justo conhecer os fins daquele que escreve ou os propósitos de quem negocia. De que valerá ao primeiro a produção de longas obras, cheias de lavores verbais e de arroubos teóricos, se as suas palavras permanecem vazias de pensamento construtivo para o plano eterno da alma? Em que aproveitará ao comerciante a fortuna imensa, conquistada por meio da operosidade e do cálculo, quando vive estagnada nos cofres, aguardando os desvarios dos descendentes? em ambas as situações, não se poderia dizer que tais homens cogitavam de realizações ilícitas; todavia, perderam tempo precioso, esquecendo que as menores coisas trazem finalidade edificante. 

O trabalhador cônscio das responsabilidades que lhe competem não se desvia dos caminhos retos. 

Há muita aflição e amargura nas oficinas do aperfeiçoamento terrestre, porque os seus servidores cuidam, antes de tudo, dos ganhos de ordem material, olvidando os fins a que se destinam. Enquanto isso ocorre, intensificam-se projetos e experimentos, mas falta sempre a edificação justa e necessária.

(Emmanuel [espírito] através de Francisco Cândido Xavier, no livro Pão Nosso, páginas 69 e 70)


terça-feira, 29 de julho de 2014

ESMAGAMENTO DO MAL

E o Deus de paz esmagará em breve a Satanás debaixo dos
vossos pés. - Paulo (Romanos, 16:20)

Em toda parte do planeta se poderá reconhecer a luta sem tréguas entre o bem e o mal.

Manifesta-se o grande conflito, sob as mais diversas formas, e, no turbilhão de seus movimentos, muitas almas sensíveis, de modo invariável, conservam-se na atitude de invocação aos gênios tutelares para que estes venham à arena combater os inimigos que as atordoam, prostrando-os de vez. 

Solicitar auxílio ou recorrer à lei de cooperação representam atos louváveis do Espírito que identifica a própria fraqueza; contudo, insistir para que outrem nos substitua ni esforço, que somente a nós outros cabe despender, demonstra falsa posição, suscetível de acentuar-nos as necessidades.

Satanás, representando o poder do mal, na vida humana, será esmagado por Deus; todavia, Paulo de Tarso define, com bastante clareza, o local da vitória divina. O triunfo supremo verificar-se-á sob os pés dos homem.

Quando a criatura, pela própria dedicação ao trabalho iluminativo, se entregar ao Pai, sem reservas, efetuando-lhe a vontade sacrossanta, com esquecimento do velho egoísmo animal, apreendendo a grandeza de sua posição de espírito eterno, atingirá a vitória sublime. 

O Senhor Todo-Paternal já se entregou aos filhos terrestres, mas raros filhos se entregaram a Ele. Indispensável, pois não esquecer que o mal não será eliminado a esmo, e sim debaixo dos pés de cada um de nós.

(Emmanuel [espírito] através de Francisco Cândido Xavier, no livro Pão Nosso, páginas 67 e 68).

quinta-feira, 17 de julho de 2014

AUXÍLIOS INVISÍVEIS

"O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente na terra; ele dorme e acorda, de noite e de dia, mas a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. A terra por si mesma produz fruto: primeiro a erva, depois a espiga e, por fim a espiga cheia de grãos". 
(Marcos, 4:26 a 28.) 



Nem sempre conseguimos perceber com lucidez os auxílios espirituais que recebemos de Mais Alto. No entanto, nossa existência é controlada por uma Fonte Divina, perfeita e harmônica, cuja única intenção é a evolução das almas. 


O que nós conhecemos não é a realidade, mas o que a nossa instrumentalidade pode perceber sobre ela. A plenitude da realidade é muito maior do que a ideia ou imagem que concebemos do mundo.

Podemos definir como "míope espiritual" aquele que toma a parte pelo todo e impõe a si e aos outros essa parte como sendo o todo. Da mesma forma que não podemos calcular com precisão, e de modo consciente,os benefícios da respiração, da água, dos alimentos e das energias da Natureza em nossa vida orgânica, igualmente não nos damos conta dos benefícios da movimentação desencadeada pelos processos transcendentais que nos alcançam a vida íntima.

O Criador, Guardião de tudo o que existe, Artífice da máquina da vida, nos protege de forma contínua, suprindo-nos interna e externamente, quer reconheçamos, ou não, como verdadeira a Vida Providencial.

Na vida física, a criatura se desenvolve sem notar precisamente como ocorre esse fenômeno invisível em seu cosmo orgânico. Do mesmo modo, espiritualmente, progredimos e amadurecemos sem perceber como se processam os "insights", isto é, a clareza súbita na mente, ou os saltos evolutivos promovidos no interior de todas as coisas e seres viventes.

Jesus de Nazaré se reportou a esse respeito, afirmando: "O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente na terra: ele dorme e acorda, de noite e de dia, mas a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. A terra por si mesma produz fruto: primeiro a erva, depois a espiga e por fim, a espiga cheia de grãos". Não podemos acreditar que somos "órfãos do Universo". Podemos chamar Deus de Providência, uma vez que o seu pensamento é que provê o espaço cósmico; podemos também intitulá-lo de Destino, pois Ele é a Causalidade Excelsa; igualmente podemos denominá-lo de Natureza, visto que tudo nasce do seu Psiquismo Criador.

Quando cremos que os auxílios invisíveis fazem parte de nossa existência, desenvolvemos o potencial de religiosidade - encontrar Deus em nós - e saímos da nossa zona de conforto para níveis de consciência cada vez mais amplos e elevados. 

No campo da fisiologia, o termo homeostase foi criado para definir o processo auto-regulador pelo qual um organismo se mantém num adequado e constante ponto de equilíbrio. É um mecanismo de proteção ou de compensação que o corpo físico dispõe para equilibrar as diversas funções e composições químicas internas, a saber: pressão arterial, temperatura corporal, pulsação cardíaca, taxa de açúcar no sangue e outras tantas.

Tomemos como exemplo a temperatura. Uma das funções da pele é ajudar a conter qualquer disposição do corpo de ficar demasiado quente ou frio. O principal regulador da temperatura corporal acha-se localizado no cérebro (no hipotálamo). Ele possui termostatos para registrar a elevação e a queda da temperatura. Ao menor sinal de excesso de calor, acelera-se a circulação do sangue na pele, e o calor dos órgãos internos se transporta para os pequenos vasos sanguíneos, abaixo da pele, ali se desfazendo. O mesmo termostato estimula a atividade das glândulas sebáceas localizadas no fundo do tecido subcutâneo. O suor secretado pelas glândulas sudoríparas é destilado pelos poros através da transpiração, evaporando-se ao contato com o ar exterior, e isso proporciona um resfriamento eficaz.

Podemos traçar um paralelo entre o princípio da homeostase existente no organismo humano com o processo auto regulador atuante na estrutura da psique. 
No inconsciente, o Self, arquétipo central que tem a função de unificar, reconciliar e reequilibrar todo o governo psíquico, mantém, de modo semelhante, uma sabedoria instintiva que pode corrigir desacertos e excessos de consciência, equilibrando-a e protegendo-a dos perigos da alienação.

Como psicólogo e psiquiatra, Jung foi quem melhor soube entender e respeitar a providencialidade do auxílio invisível que a tudo apóia e equilibra. Jung colocou no centro de todo o processo psicoterápico o princípio do "poder atuante e autônomo do inconsciente". Em virtude disso entendemos que a autêntica psicoterapia nada mais é do que "saber escutar e acompanhar" o outro, com ouvido empático, interpretando as manifestações e possibilidades oferecidas pelo poder criativo e atuante do próprio inconsciente.

Fazendo uma analogia da teoria do "poder criativo e autônomo do inconsciente" com os nossos conceitos, poderíamos interpretá-lo como a "onipresença e a onipotência de Deus em nós".  Com muita propriedade disse Cristo Jesus: "Em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te daqui para lá, e ela se transportará, e nada vos será impossível". A fé de que se fala aqui é a entrega incondicional aos desígnios de Deus. Essa fé não se limita à esfera religiosa, não se identifica com estudos teológicos e eclesiásticos e não se deixa restringir a nenhuma igreja ou seita. Ninguém possui o monopólio dessa fé, uma vez que ninguém pode viver sem ela.

O auxílio invisível chega a todos nós com a mesma sutileza com que os raios do sol fazem aparecer o dia. Justos e injustos recebem invariavelmente o suprimento divino, e ele desce imperceptível sobre as criações e as criaturas como um orvalho fecundo e fundamental à nossa vida de espíritos imortais.

(Do livro: Um modo de entender; de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed).

terça-feira, 15 de julho de 2014

NAS ESTRADAS


E os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra
é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a
palavra que neles foi semeada. - Jesus ( Marcos, 4:15)

Jesus é o nosso caminho permanente para o divino Amor.

Junto d'Ele seguem, esperançosos, todos os espíritos de boa vontade, aderentes sinceros ao roteiro santificador.

Dessa via bendita e eterna procedem as sementes da Luz celestial para os homens comuns.

Faz-se imprescindível muita observação das criaturas, para que o tesouro não lhes passe despercebido.

A semente santificante virá sempre, entre as mais variadas circunstâncias.

Qual ocorre ao vento generoso que espalha, entre as plantas, os princípios da vida, espontaneamente, a bondade invisível distribui com todos os corações a oportunidade de acesso à senda do amor. 

Quase sempre a centelha divina aparece nos acontecimentos vulgares de cada dia, num livro, numa particularidade insignificante do trabalho, na prestimosa observação de um amigo. 

Se o terreno de teu coração vive ocupado por ervas daninhas e se já recebeste o princípio celeste, cultiva-o com devotamento, abrigando-o nas leiras de tua alma. O verbo humano pode falhar, mas a Palavra do Senhor é imperecível. Aceita-a e cumpre-a, porque, se te furtas ao imperativo da vida eterna, cedo ou tarde o anjo da angústia te visitará o espírito, indicando-te novos rumos. 

(Emmanuel [espírito] através de Francisco Cândido Xavier, no livro Pão Nosso, páginas 63 e 64)

FILHOS PRÓDIGOS

E caindo em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm
abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! - (Lucas, 15:17)
Examinando-se a figura do filho pródigo, toda gente idealiza um homem rico, dissipando possibilidades materiais nos festins do mundo.

O quadro, todavia, deve ser ampliado, abrangendo as modalidades diferentes. 

Os filhos pródigos não respiram somente onde se encontra o dinheiro em abundância. Acomodam-se em todos os campos da atividade humana, resvalando de posições diversas. 

Grandes cientistas da Terra são perdulários da inteligência, destilando venenos intelectuais, indignos das concessões de que foram aquinhoados. Artistas preciosos gastam, por vezes, inutilmente, a imaginação e a sensibilidade, em aventuras mesquinhas, caindo afinal, nos desvãos do relaxamento e do crime. 

Em toda parte, vemos os dissipadores de bens, de saber, de tempo, de saúde, de oportunidades...

São eles que, contemplando os corações simples e humildes, em marcha para Deus, possuídos de verdadeira confiança, experimentam a enorme angústia da inutilidade e, distantes da paz íntima, exclamam desalentados:

"Quantos trabalhadores pequeninos guardam o pão da tranquilidade, enquanto a fome de paz me tortura o espírito!"

O mundo permanece repleto de filhos pródigos e, de hora a hora, milhares de vozes proferem aflitivas exclamações iguais a esta.

(Emmanuel {espírito} através de Francisco Cândido Xavier, no livro Pão Nosso, páginas 61 e 62)


COMO CREEM OS CATÓLICOS, ESPÍRITAS, PROTESTANTES E EVANGÉLICOS

     Faz 150 anos que os líderes religiosos cristãos difamam os espíritas, chamando-os de macumbeiros, doentes mentais, charlatões, de pessoas que falam com os “diabos” e outras calúnias. Até a década de 1940, as pessoas encontradas numa casa espírita eram presas. Ainda em 1949, a Igreja os excomungava, e os médiuns de auxílio espiritual à cura de doenças eram processados e condenados. E, na Idade Média, eles morriam nas fogueiras.
   E, hoje, muitos líderes religiosos estão dizendo que o espiritismo não é cristão, porque ele não aceita todos os dogmas do cristianismo. Eles têm medo de perder dízimo! Mas não é crer em dogmas que faz um indivíduo ser cristão. Inclusive, quando os seguidores de Jesus passaram a ser chamados de cristãos (Atos 11: 26), eles ainda não existiam. O primeiro só surgiu no Concílio Ecumênico de Niceia (325).

   O espiritismo não condena os dogmas cristãos e nenhuma outra crença. E ele até crê em alguns, mas com interpretação diferente. Ele acredita em um Deus único, mas sem as complicações que os teólogos criaram para Ele, antropomorfizando-O e transformando-O em três Pessoas, quando uma só já seria demais! Os Testemunhas de Jeová não aceitam também o dogma trinitário. Sobre isso, os próprios teólogos dizem que se trata de um mistério de Deus, quando o mistério é deles mesmos! Assim, o cristão tem que morrer burro, ignorando o que os teólogos imaginaram!   
   No Concílio Ecumênico de Trento (1545 a 1563), a Igreja criou o dogma da Transubstanciação, que diz que a hóstia e o vinho consagrados são o corpo e o sangue reais de Jesus. Mas os protestantes e evangélicos creem na Consubstanciação, em que o pão e o vinho da ceia deles são apenas símbolos do corpo e do sangue de Jesus. Eles não creem também nos dogmas da Assunção de Maria aos céus, em espírito e corpo, nem no da Infalibilidade do Papa. E a Igreja Ortodoxa Oriental (não incluída no título por uma questão de espaço), não aceita o dogma trinitário católico do “Filioque” (e do Filho), do Concílio Ecumênico de Lion (1274), França, o qual declarou que o Espírito Santo (outro dogma) procede do Pai e do Filho. Para a Igreja Ortodoxa, o Espírito Santo só procede do Pai, diminuindo, pois, o poder de Jesus.
      Todos esses discordantes de dogmas são cristãos. Por que, então, só o espiritismo deixaria de ser cristão por discordar também deles?
    E o excelso Mestre ensinou: Meus discípulos são conhecidos por se amarem uns aos outros. (João 13: 34 e 35). 
     Realmente, ser cristão ou discípulo de Jesus não é, pois, crer ou deixar de crer em determinados dogmas polêmicos! Ademais, Ele não criou nenhum deles. Como vimos, eles só começaram a surgir mais tarde.
    E, ao longo dos séculos, os dogmas foram sendo criados em meio a acaloradas e rancorosas discussões entre os teólogos, não bem inspirados, mas excitados, e não sendo sempre vencedores os defensores das doutrinas racionais e verdadeiramente evangélicas, mas os do “partido” da posição comprometida com a defesa dos interesses políticos e materiais dos imperadores e reis europeus e, às vezes, até dos próprios teólogos!

(Coluna recebida por email do Prof. José Luiz Chaves. Original publicada no jornal e portal O Tempo - www.otempo.com.br) 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

ÀS VEZES


Às vezes... o profundo se pressupõe que não tem fim;
às vezes... a ida parece não ter volta; às vezes... a lágrima insiste em rolar, e parece ser sem fim.


Às vezes... pensamos estar só, e não ter um ombro próximo para nos acalentar; às vezes... odiar é muito fácil e amar é complicado; às vezes... a vingança parece o caminho mais curto e perdoar tão impossível.

Às vezes... tudo se complica. O certo se torna errado e o
errado certo; às vezes... Os pés se cansam na jornada tão longa e cansativa; às vezes... perdemos as expectativas e achamos tão atrativa a desistência e complicado é tudo a nossa frente, e perguntamos: como será? por quê? e agora?


Às vezes, esquecemos, às vezes, somos esquecidos; às vezes, lembramos, às vezes,somos lembrados.

Às vezes... falamos mesmo que calados; às vezes... calamos nos gestos, e outras tantas afogamos no profundo do nosso íntimo e nos trancamos dentro de nossas portas, dentro de nosso mundinho, todas nossas magoas e decepções.


Às vezes... esquecemos que a vida é bem além, bem maior, e que o mundo é grande e muito além do nosso próprio, do que criamos; e quem o fez é infinito, e infinitamente capaz de nos fazer superar tudo.


Às vezes... olhamos para baixo, outras para o alto; às vezes... como criação que somos, esquecemos que quase sempre o sol brilha; sol que faz as folhas brotarem, e surgir o verde no lugar do amarelado; o oásis em lugar do deserto, deserto que às vezes tão perto...


Há vitória no lugar de derrota, sucesso em vez de fracasso; é, o "às vezes", aos poucos vai se transformando no "sempre"... sempre! E o sempre, sempre traz constância, e a constância, elegância... e assim descobrimos a beleza de se viver, de insistir, de se superar; e de ser simplesmente... Nós.


(Recebido por e-mail do amigo Karlinhos)

quinta-feira, 10 de julho de 2014

MATRIMÔNIO E AMOR

O sentimento mais elevado do ser humano é o amor, que lhe caracteriza a procedência espiritual. Gerado pelo amor, expressa-se através desse atributo superior, que vem conquistando a pouco e pouco no seu processo antropo-social, moral e espiritual. 

Em cada experiência evolutiva mais se lhe desenvolvem os valores éticos e conquista mais alto patamar da escala da evolução. 

Expande-se o amor em formulações de múltiplas facetas, conforme os vínculos que sejam estabelecidos pelos impositivos mesmos do processo de crescimento interior.

Quando na consanguinidade, ei-lo como manifestação filial, paternal, maternal, fraternal, para ampliar-se em expressões de união conjugal, de parceiros, de amigos, de companheiros de lutas, ampliando o significado, e assim ruma para a união com todas as demais criaturas humanas e, por fim, com a própria Natureza nas suas várias manifestações. 

Vivendo no passado relacionamentos promíscuos, atraídos pelas necessidades do sexo sem qualquer respeito pela emoção, uns dos outros, a vinculação rápida era resultado de impulsos e desejos, através dos quais se organizavam as famílias que se multiplicavam sem qualquer sentido ético. 

À medida porém, que o ser adquiriu consciência da sua realidade e avançou na conquista, mesmo que inconscientemente, dos direitos que todos devem desfrutar, o matrimônio foi estabelecido como forma de frear os abusos e dilacerações afetivas que eram perpetrados sem a menor consideração pela realidade emocional.

Por isso, afirmou Jesus que no princípio não era assim, recordando que as uniões se davam através dos sentimentos profundos, e quando degeneraram, Moisés, pela dureza dos corações, tomou as atitudes compatíveis com a gravidade do deslize moral.

Por outro lado, a ausência de dignidade nos relacionamentos conspirava contra o equilíbrio e a ordem social, misturando os interesses mesquinhos com os elevados princípios do sentimento que se expressava em relação a determinados parceiros. 

O matrimônio passou a direcionar melhor as uniões físicas, desde que, concomitantemente, existissem os compromissos afetivos. 

Pode-se considerar esse momento de conquista como um dos elevados patamares da evolução psicológica e moral da sociedade. 

Certamente não impediu que as expressões mais primitivas permanecessem orientando os indivíduos, especialmente os homens, que se sentiam atavicamente com mais permissões do que as mulheres, facultando-se o adultério e o desrespeito aos compromissos espontaneamente assumidos para a construção da família. 

A mulher, enganada ou submetida aos seus caprichos pela força vigente e aceita pela sociedade, silenciava as suas aspirações, quando no lar, ou servia de pasto para as paixões, quando empurrada para os resvaladouros da prostituição. 

Embora o amor pudesse orientar a disciplina e conduzir à conquista dos objetivos elevados da procriação e da harmonia emocional no relacionamento saudável, a grande chaga da corrupção prosseguiu supurando e contaminando uma após outra geração, as quais se atribuíam créditos em relação ao prazer e ao vício. 

A proliferação das enfermidades sexualmente transmissíveis não conseguiu diminuir a febre dos arroubos e insatisfações, castrando nobres aspirações, ceifando alegrias e destruindo vidas ao longo dos milênios de cultura e civilização. 

Um grande silêncio, feito de ignorância e presunção, permaneceu no contexto das famílias, facultando que a desordem prosseguisse campeando sob o aplauso surdo do machismo generalizado e o sacrifício feminino que se impunha a submissão e a escravidão doméstica.

Por sua vez, as religiões dominadoras, igualmente comandadas pelos homens, negavam quaisquer possibilidades de reversão da ordem hipócrita, mesmo quando, intimamente era reconhecida a necessidade urgente de alteração de conduta para o bem geral e a felicidade dos grupos sociais que se uniam com objetivos mais elevados. 


Na cegueira que vigia, arbitrariamente se interpretou o ensinamento de Jesus como sendo uma imposição para que o matrimônio se transformasse em uma cerimônia religiosa consolidada, de natureza perpétua, até que a morte separasse os nubentes, não obstante vivessem distanciados pelo ódio, pelo ressentimento recíproco, pelo não cumprimento dos deveres do tálamo conjugal. 

Foi uma atitude que, para minorar um mal perturbador, produziu um efeito tão danoso quanto aquele resultado que se desejava eliminar, abrindo feridas ainda mais profundas e devastadoras no cerne das vidas que eram ceifadas. 

Todas as Leis elaboradas pelo homem são transitórias, porque devem atender a necessidades ocasionais que, ultrapassadas, perdem o seu significado. 

No princípio, quando as determinações legais possuíam um caráter temerário, punitivo, seria compreensível que fossem programados estatutos definitivos com objetivo de evitar a permanência do mal. No entanto, à medida que a cultura e a ética liberaram a consciência dos grilhões da ignorância e dos impositivos errôneos dos processos medievais, tornou-se necessária a alteração das determinações elaboradas pelos legisladores, a fim de que se tornassem mais compatíveis com o ser humano em fase de desenvolvimento moral e espiritual, resultado natural das suas conquistas intelectuais. 

Somente eternas são as Leis universais, aquelas que procedem de Deus, imutáveis, porque qualquer alteração na sua estrutura levaria ao caos a própria Criação. 

As humanas estão sujeitas às condições de época, de povo, de lugar e de necessidade evolutiva. Por isso, variam mesmo entre culturas equivalentes não necessariamente interdependentes. 

As leis civis, portanto, têm como meta cuidar do equilíbrio moral e social, mantendo os interesses da família e da sociedade, do indivíduo e do grupo no qual se encontra. 

Assim sendo, o matrimônio é uma instituição humana que, infelizmente, em alguns períodos da História serviu para atender aos interesses e paixões de Nações ambiciosas que uniam os seus membros, a fim de se apossarem de terras e de vassalos que lhes passavam à tutelagem, quando dois dos seus nobres se uniam através da cerimônia religiosa estabelecida como legítima. Tão imorais atitudes essas, que sem ao menos se conhecerem os parceiros, acreditavam que o sacrifício os levava a se desincumbir dos interesses do Estado, sem qualquer consideração pelos seus sentimentos pessoais. 

... E o desrespeito disso decorrente campeava sem qualquer disfarce, sob o apoio da bajulação e a sordidez da conduta moral dominante. 

Felizmente o divórcio veio terminar com a incômoda situação das uniões infelizes, facultando a transformação do tipo de relacionamento conjugal em outras expressões de amizade e de consideração de um pelo outro parceiro, que as circunstâncias conduziram à mudança de compromisso, especialmente quando existem filhos, que não podem ser relegados à orfandade de pais vivos por desinteligência dos mesmos. 

Somente a lei de amor é portadora dos valores que preservam o matrimônio, porque se radica no sentimento elevado de respeito e de dever que se devem manter os cônjuges, direcionando as suas aspirações para o equilíbrio e a felicidade. 

A fim de que os indivíduos consigam o êxito no consórcio matrimonial, que decorre da afinidade e compreensão de ambos os cônjuges através do amor, torna-se indispensável que os conteúdos psicológicos de cada qual se encontrem em harmonia, sincronizando-se o animus na mulher com a sua feminilidade e a anima no homem com a sua masculinidade, sem que haja predominância arbitrária de qualquer um deles, o que sempre conduz ao desequilíbrio emocional, se assim não ocorre, dando lugar a comportamentos agressivos de sensualidade ou de desvio de conduta. 

Nessa identificação de conteúdos psicológicos os dois seres fundem-se emocionalmente, trabalhando-se pela plenificação sexual e emocional, daí resultando a saúde moral que deve viger em todas as uniões. 

O matrimônio, portanto, à luz da psicologia profunda, continua sendo um rumo de segurança para os indivíduos que, às vezes, imaturos, não se dão conta da gravidade do cometimento, mas que despertam sob os estímulos do amor construindo segurança e harmonia íntima. 

Jesus muito bem percebeu a significação do matrimônio, respondendo que nesse ato são deixados outros vínculos, a fim de que aqueles que se amam se unam e construam a família, assim contribuindo para uma ordem social mais consentânea com as necessidades da evolução e do desenvolvimento profundo de todos os seres. 

Não se trata, portanto, de um compromisso formal, mas de uma união enraizada em sentimentos de alta potência emocional, da qual se derivam as necessidades de harmonia e de entendimento, que fundem os seres uns nos outros, sem lhes inibir a identidade nem as expressões individuais de vir-a-ser. 

Quando Deus junta dois seres, isso ocorre em razão da Lei de causa e efeito, que já ensejou conhecimento das criaturas em existências passadas, nas quais surgiram as manifestações iniciais de afetividade, ou foram realizadas tentativas de união, que ora se apresenta mais forte e compensadora do que naquele ensejo. 


O que deve ser abominado é o adultério, são os relacionamentos múltiplos, em cruel desrespeito à confiança e à dignidade do outro, que se sente esbulhado e espezinhado, conduzido ao ridículo e substituído nos seus nobres sentimentos de valor moral e amor, que não estão sendo considerados.

Enquanto viceje o amor, portanto, as uniões permanecerão. Isto não equivale a dizer que, ante quaisquer diminuições da afetividade, logo se pense em separação, tendo-se em vista que o emocional experimenta alterações constantes, produzindo estados de desinteresses, de conflitos, de inquietações, que deverão primeiro, ser superados, antes que ampliados por decisões, certamente infelizes. 

O matrimônio é um compromisso sério, que deverá sempre ser resultado de seguro amadurecimento, precedido de reflexão profunda e dever emocional para com o Si e para com o próximo, a fim de que sejam os dois seres uma só carne. 

(Joanna de Ângelis [espírito] através de Divaldo Pereira Franco, no livro Jesus e o Evangelho - À luz da psicologia profunda, páginas 183 a 188) 







terça-feira, 8 de julho de 2014

PRECONCEITO

"(...) tendo-o visto, lhe disse: Zaqueu, apressai-vos em descer;
porque é preciso que eu me aloje hoje em vossa casa. Zaqueu
desceu logo e o recebeu com alegria. Vendo isso, todos murmuraram
dizendo: Ele foi alojar-se na casa de um homem de má vida..."

Diz-se que um indivíduo atingiu um bom nível ético quando pensa por si mesmo em termos gerais e críticos; quando dirige sua conduta conforme julgar correto, demonstrando assim independência interior; quando é autônomo para definir o bem e o mal, sem seguir fórmulas sociais; e, por fim, quando não é escravo das suas crenças inconscientes, porque faz constante exercício de autoconhecimento. 

Por nosso quadro de valores ter sido adquirido de forma mão vivencial é que nosso mundo íntimo está repleto de preconceitos e nosso nível ético encontra-se distante da realidade. 

Ter preconceitos é, pois, assimilar as coisas com julgamento preestabelecido, fundamentado na opinião dos outros. Os preconceitos são as raízes de nossa infelicidade e sofrimento neurótico, pois deterioram nossa visão da vida como uma lasca que inflama a área do nosso corpo em que se aloja.

Aceitamos esses valores dos adultos com quem convivemos, de uma maneira e forma tão sutis que nem percebemos. Basta a criança observar um comentário sobre a sexualidade de alguém, ou a religião professada pelos vizinhos, para assimilar ideias e normas vivenciadas pelo adulto que promove a crítica. De maneira distorcida, baseia-se no julgamento de outrem, quando é válido somente o autojulgamento, apoiado sempre na análise dos fatos como realmente eles são. 

Qual seria então tua visão atual a respeito do sexo, religião, raça, velhice, nação, política e outras tantas? Seriam formadas unicamente sem a influência dos outros? Será que tua forma de ver a tudo e a todos não estaria repleta de obstáculos formados pelos teus conceitos preestabelecidos?

Por não estares atendo ao processo da vida em ti, é que precisas do juízo dos outros, tornando-te assim dependente e incapacitado diante de tuas condutas.

Jesus de Nazaré demonstrou ser plenamente imune a qualquer influência alheia quanto a seus sentimentos e sentidos de vida, revelando isso em várias ocorrências de seu messiado terreno. 

Ao visitar a casa de Zaqueu, não deu a mínima importância aos murmúrios maldizentes das criaturas de estrutura psicológica infantil, pois sabia caminhar discernindo por si mesmo.  

Toda alma superior tem um sistema de valores não baseado em regras rígidas; avalia os indivíduos, atos e atitudes com seu senso interior, sentimentos, emoções e percepções intuitivas, tendo assim apreciações e comportamentos peculiares. Para ela, cada situação é sempre nova e cada pessoa é sempre um mundo à parte.

Em verdade, Cristo veio para os doentes que têm a coragem de reconhecer-se como tais, não porém para os são, ou para aqueles que se mascaram. Zaqueu, vencendo os próprios conceitos inadequados de chefe dos publicanos, derrubou as barreiras do personalismo elitista e rendeu-se à mensagem da Boa Nova. 

Despojou-se do velho mundo que detinha na estrutura de sua personalidade e renovou-se com conceitos de vida imortal, aceitando-se como necessitado dos bens espirituais. Disse Jesus: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado" (Marcos 2:27). Ao dizer isso, o Mestre se referia ao antigo mandamento de Moisés, que impedia toda e qualquer atividade aos sábados, e que Ele, por sabedoria e por ser desprovido de qualquer preconceito, entendia a serventia dessa lei para determinada época, porém queria agora mostrar aos homens que "as experiências passadas são válidas, mas precisam ser adequadas às nossas necessidades da realidade presente".

Nossos preconceitos são entraves ao nosso progresso espiritual.

(Hammed [espírito] através de Francisco do Espírito Santo Neto, no livro Renovando Atitudes, páginas 87 a 89)