A
frágil criança que comove e desperta sentimentos nobres, convidando à carícia e
ao enternecimento é Espírito com formação ancestral rica de valores positivos e
negativos a que a reencarnação faculta aprimoramento.
Atravessando
os diferentes períodos do desenvolvimento mental e dos sentimentos que nela
jazem, desvela, a pouco e pouco, as experiências anteriores que necessitam ser
aprimoradas ou corrigidas conforme as tendências que apresenta.
Deixada
a esmo, por não possuir o discernimento hábil em torno dos próprios conteúdos
nem das possibilidades que se lhe encontram factíveis, segue a trilha dos
hábitos perniciosos que lhe predominam em a natureza, tornando-se agressiva, aturdida, desconfiada e
irresponsável. Os instintos, dos quais procedem as suas conquistas, ainda lhe sobrepujam
na individualidade, prevalecendo as reações biológicas em vez das ações que
resultam da razão e do equilíbrio.
Eis
por que a educação exerce papel relevante na construção do caráter do cidadão,
desde quando orientada a partir da
infância, mediante a criação de hábitos formadores dos sentimentos e do
caráter, que propiciam o saudável relacionamento social e o consequente
crescimento moral-espiritual.
Naturalmente
a educação acadêmica, convencional, abre portas para as atividades externas,
propiciando os conhecimentos que equipam o ser para os enfrentamentos, para as
conquistas da ciência e da tecnologia, para a adoção de doutrinas filosóficas e
sociais, para o desenvolvimento das aptidões para a cultura, para a arte, para
a crença religiosa... No entanto, é a educação moral que deve ser igualmente conferida,
a fim de encarregar-se de desenvolver os sentimentos capazes de enfrentar e
superar o egoísmo, a crueldade, a imprevidência, esses inimigos ferrenhos do
progresso pessoal e coletivo da Humanidade.
A
educação consegue modificar as estruturas negativas da personalidade, proporcionar
campo para o crescimento dos impulsos
morais edificantes, para guiar o pensamento no rumo dos deveres, oferecendo
forças para que se expressem as aptidões nobres, que são herança divina jacente
em todos os seres.
Pode-se
perceber a importância da educação mesmo entre os animais irracionais; quando
ao abandono, permanecem agressivos e destruidores, enquanto que,
disciplinados e orientados, tornam-se
mansos, úteis e amigos das demais criaturas, da sua ou de outra espécie.
A
educação integral, aquela que se apresenta nas áreas moral e intelectual, é a
grande modeladora que tem por missão incutir hábitos saudáveis, roteiro de
segurança, equilíbrio de comportamento e interesse pelas conquistas éticas que exornam
o processo de evolução da Humanidade.
Quem
não possui hábitos bons, tem-nos maus. Ninguém, porém, vive sem hábitos.
Animal
gregário, o ser humano difere dos demais graças à razão, ao discernimento e às
tendências para a beleza e a sublimação.
***
Pitágoras,
o grande sábio grego, reconhecia o papel preponderante da educação, quando
exclamou: – Eduquemos as
crianças e não necessitaremos punir os homens.
A
história da educação apresenta toda uma saga de experiências que surgem no
oriente com a memorização dos textos dos
livros sagrados, passando aos deveres domésticos, que cabia aos pais transmitir à prole.
Creta
foi o Estado grego que logo percebeu a necessidade de cuidar dos jovens
mediante a educação escolar, preparando-os para a cidadania, que significava
desenvolver no aprendiz a consciência dos deveres para com a Pátria.
Atenas,
por sua vez, orientava os seus jovens, após o dever exercido pelas mães e
nutrizes, para o aprimoramento dos valores morais em favor da sociedade.
Roma
deu prosseguimento à obra da educação conforme os padrões gregos, orientando
crianças e jovens para a construção nobre dos grupos social e nacional.
Com
Adriano, no entanto, o Estado romano assumiu a responsabilidade da educação
orientada, quase sempre, para o conhecimento filosófico, estético, artístico,
moral e de cidadania, em face do poder do Império espalhado pelo mundo, que
necessitava de hábeis defensores.
A
partir da Reforma, os Estados germânicos valorizaram sobremaneira a educação
dos jovens, tornando obrigatória nas escolas públicas a alfabetização, a princípio
na Saxônia, depois em Würtemberg, impondo o idioma nacional, ao invés do
tradicional latim. Mediante a legislação de Weimar, em 1619, o ensino se tornou
obrigatório para todas as crianças e adolescentes entre os 6 e 12 anos em toda
a Alemanha.
Surgiram,
então, as reações da Contrarreforma com os interesses religiosos em
prevalência, a fim de preparar as mentes jovens para a manutenção dos seus
postulados de fé, considerando os valores nobres da educação.
A
seguir, alterou-se a paisagem da educação, graças a homens e a mulheres
iluminados que apresentaram métodos mais eficazes para a formação da cultura e
para o desenvolvimento moral dos educandos.
O
educando, na infância, passou a merecer compreensão psicológica, sendo
entendido como um ser em formação e jamais como um adulto em miniatura,
criando-se os jardins de infância com Froebel, sendo ressuscitada a didática
intuitiva sugerida por Comenius, agora baseada no conhecimento científico,
passando a educação a ocupar papel preponderante nos Estados dignos e
formadores de homens e mulheres de bem.
Jesus,
o Educador por excelência, permanece como o maior didata da Humanidade, por
haver demonstrado ser a educação o mais seguro processo de desenvolvimento
dos valores adormecidos na criatura.
Recusando
o honroso título de bom, que Lhe foi conferido por um jovem que desejava segui-lo, elucidou que somente Deus é
bom, mas que Ele era mestre, sim, porque toda a Sua trajetória constituía-se
uma permanente lição de sabedoria, de amor e de saúde integral.
Jamais
se exasperando, mesmo quando desafiado pela pertinácia e pusilanimidade dos
Seus adversários, demonstrou que a ciência e a arte da educação são todo um
processo de iluminação paciente e enriquecedor, que tem por meta essencial
libertar o educando da ignorância por meio do conhecimento da verdade.
Afável
e nobre, lecionou pelo exemplo, aplicando a metodologia compatível com o nível
de entendimento e de consciência daqueles que O acompanharam.
Somente,
portanto, pela educação moral, como esclarece Allan Kardec, será possível
edificar o indivíduo saudável, responsável,
capaz de edificar uma sociedade feliz.
Pelo Espírito Joanna de Ângelis (retirado do livro "Lições para a felicidade", psicografado por Divaldo Franco).