Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quarta-feira, 8 de março de 2017

JESUS E AS MULHERES

Em todas as formosas facetas da existência de Jesus, quando esteve na Terra, no Seu ministério de amor, observamos a grandeza dos valores que O caracterizavam. 

Jamais foi surpreendido em uma atitude que contradissesse o ministério elevado a que se devotava com abnegação, até a oferta da própria existência no infamante madeiro da cruz, que Ele transformou em asas de libertação. 

Nenhuma palavra, gesto algum constituíram oposição à Sua mensagem de amor e de misericórdia, mesmo quando perseguido de maneira pertinaz pelos inimigos do Bem. 

Teve a elevação moral de opor-se a todos os preconceitos, filhos da ignorância e do egoísmo, que dominavam a desvairada sociedade de então, perdida nas alucinações do poder e da guerra, como da indiferença pelos pobres e oprimidos. 

Os campos abandonados e as cidades, abarrotadas de mendigos e de infelizes de toda ordem, demonstravam a decadência da administração do país, vítima da submissão a Roma, que elegia os seus governantes... 

Concomitantemente, a revolta e o dissabor alucinavam os mais fracos, que tentavam reagir às circunstâncias inditosas, silenciados por castigos atrozes, prisões irrespiráveis e morte impiedosa. 

Sem alarde, mas com vigor, revogou as leis absurdas defluentes da barbárie, do período vivenciado na aridez do deserto... 

Ante os poderosos do transitório poder, manteve sempre a dignidade, sem humilhar os enganados nem submeter-se-lhes. 

Modificando as estruturas religiosas, fundamentadas na aparência e nos símbolos do esoterismo decadente, ampliou o entendimento da Verdade, desvestiu os mistérios e os cultos em que se locupletavam os sacerdotes, manteve convivência com os humildes e desconsiderados. 

Sempre esteve ao seu lado, nas tascas, nas praias, nas ruas, em toda parte, erguendo-os e dando-lhes nobreza.

Glorificava o Reino dos Céus, sem menosprezar os deveres terrestres, exaltando-os com normas educativas para a evolução. 

Sereno, era sempre arguido pela malícia e astúcia do comportamento dos cidadãos pusilânimes, e utilizou-se da energia do Bem para desmascará-los e facultar-lhes o arrependimento e a renovação. 

Sempre expressou misericórdia, mesmo quando a justiça deveria funcionar. 

Teve a Sua atenção dirigida à infância desvalida, à velhice abandonada, às mulheres desrespeitadas. 

Levantou sempre a voz em favor dos oprimidos e dos rebaixados. 

Embora não concordasse com os governantes arbitrários, demonstrava respeito e admoestava-os para a ação do bem e dos direitos humanos desconhecidos. 

Anunciou a felicidade mediante o trabalho e o culto da fraternidade, demonstrou que as diferenças das classes sociais são resultados das paixões perturbadoras e que o mais útil é sempre mais importante do que o ocioso dourado. 

Recusou toda e qualquer homenagem que Lhe exaltasse o ego, transferiu as Suas obras grandiosas para Deus. 

Fez-se servidor, viveu para auxiliar sem limites nem exceções. 

As Suas palavras eram comuns, porém, faziam-se poderosas e de significado tão profundo, que ninguém as pôde repetir conforme Ele as proferia. Jesus é a mais elevada expressão de vida que a Humanidade conhece. 

***

Foi, no entanto, em relação à mulher ultrajada, ou que se permitiu perder a dignidade, que a Sua ternura atingiu índice de docilidade inabitual entre as criaturas. A mulher era tão subalterna que não se deveria saudá-la em público, apresentar-se fora do lar sem um membro da família acompanhando-a. 

Sem significado social e humano, era submetida à humilhação e à sujeição, às penalidades absurdas, sempre culpada pelos delitos aos quais fosse empurrada por criaturas inescrupulosas. 

Na Samaria, detestada pelos judeus, elegeu uma mulher enredada em conflitos e angústias, desrespeitada em seus sentimentos, sem a honra da maternidade para desvelar-se-lhe na condição do Messias! 

Na praça pública impediu uma sofredora surpreendida em adultério, ameaçada por pecadores mais graves, e os afastou com uma singela resposta à indagação sórdida que Lhe haviam feito: - Aquele que estiver sem culpa atire-lhe a primeira pedra. 

Na residência de Lázaro, em Betânia, convidou Marta a seguir o exemplo de Maria, que se detinha na melhor parte, que era ouvi-lo e viver-Lhe os ensinamentos. 

Para escândalo de Simão e dos seus convidados, aceitou a demonstração pública do bálsamo perfumado que uma Lhe ofereceu, e lavou os Seus pés, enxugando-os com os seus cabelos, sem receio dos comentários e críticas mordazes... 

...E, por causa desses sentimentos inabituais, estava sempre cercado pelas mulheres que, sob o Seu tutorado, não temiam a nada ou a ninguém e O seguiam com fidelidade. 

Foi o primeiro psicoterapeuta a atendê-las e a reabilitá-las. 

Ele sabia que a mulher, pela sua constituição orgânica e hormônios, é a força na qual a Humanidade se apoia. 

Sem demérito para os homens, a maternidade que a sublima é o ponto de partida para a exaltação da vida e a glória estelar no mundo. 

Estimulando-a a libertar-se da escravidão, apontou-lhe o caminho, austero e livre do amor e da abnegação para erguer a Deus todas as criaturas. 

Hoje, no entanto, com as exceções respeitáveis, ei-las, as mulheres escravas mais submissas das dissoluções, dos crimes de toda espécie, esquecidas dos santos compromissos maternais, da responsabilidade, competindo com alguns homens vis em semelhantes degradações... 

Os degraus da ascensão que as elevaram pareceram ruir, derrubando as imprevidentes, qual ocorreu com as noivas invigilantes da Sua parábola.

***

Ele permanece, no entanto, o mesmo, auxiliando a todas que O busquem, que se encontrem mergulhadas na aflição, no desencanto e no arrependimento. 

Quando a mulher se reerguer, disposta à conquista da plenitude, Jesus a estará aguardando, e sorrindo-lhe dirá: - Bem-aventurada servidora do Pai, fiel cocriadora com Ele. 


Divaldo Pereira Franco pelo espírito Joanna de Ângelis na sessão mediúnica da noite de 21 de outubro de 2015, no Centro Espírita Caminho da Redenção.


terça-feira, 7 de março de 2017

MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS

“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 12, VERSÍCULO 7.)

Com a revivescência do Cristianismo puro, nos agrupamentos do Espiritismo com Jesus, verifica-se idêntica preocupação às que torturavam os aprendizes dos tempos apostólicos, no que se refere à mediunidade.

A maioria dos trabalhadores na evangelização inquieta-se pelo desenvolvimento imediato de faculdades incipientes.

Em determinados centros de serviço, exigem-se realizações superiores às possibilidades de que dispõem; em outros, sonha-se com fenômenos de grande alcance.

O problema, no entanto, não se resume a aquisições de exterior. Enriqueça o homem a própria iluminação íntima, intensifique o poder espiritual, através do conhecimento e do amor, e entrará na posse de tesouros eternos, de modo natural.

Muitos aprendizes desejariam ser grandes videntes ou admiráveis reveladores, embalados na perspectiva de superioridade, mas não se abalançam nem mesmo a meditar no suor da conquista sublime.

Inclinam-se aos proventos, mas não cogitam do esforço. Nesse sentido, é interessante recordar que Simão Pedro, cujo espírito se sentia tão bem com o Mestre glorioso no Tabor, não suportou as angústias do Amigo flagelado no Calvário.

É justo que os discípulos pretendam o engrandecimento espiritual, todavia, quem possua faculdade humilde não a despreze porque o irmão mais próximo seja detentor de qualidades mais expressivas. Trabalhe cada um com o material que lhe foi confiado, convicto de que o Supremo Senhor não atende, no problema de manifestações espirituais, conforme o capricho humano, mas, sim, de acordo com a utilidade geral.

Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel 
no livro "Pão Nosso".



Para fazer o download da apresentação utilizada para reflexão do texto durante o Estudo de Obras de Emmanuel que ocorre no Centro Espírita Casimiro Cunha todas as terças-feiras às 19:00 horas basta clicar A.Q.U.I.

Para ampliação do conhecimento indica-se também a leitura do texto OS BONS ESPÍRITAS contido no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII.

Para escutar a narração do texto clicar no player abaixo:


segunda-feira, 6 de março de 2017

MEDIANTE A SINTONIA


Em aditamento ao enunciado que assevera que os Espíritos interferem nas vidas humanas, afirmamos que esse intercâmbio é resultado da ressonância que se exterioriza dos fulcros pensantes do ser na transitoriedade carnal.

Interagem as vibrações que são exteriorizadas pelos homens e pelos Espíritos, retornando como partículas de psicotrons dirigindo-se ao epicentro gerador de energias.

Esse retorno caracteriza-se pela intensidade do campo vibratório atravessado pela onda de que se faz veículo, facultando o processo de intercâmbio na faixa em que se situa, identificando-se com outras mentes desencarnadas que se movimentam na esfera extrafísica. 

Como decorrência, a obsessão subtil é um instrumento hábil de que se utilizam as mentes forjadoras de objetivos negativos e que planejam entorpecer os ideais de sublimação e impedir a marcha do progresso.

Naturalmente, os indivíduos menos esclarecidos reagem dizendo que tal interferência anularia o livre-arbítrio dos homens, que se converteriam, sem o desejar, em marionetes sob controle dos desencarnados.

O argumento não procede, por motivos muito claros.

Somente há intercâmbio quando os envolvidos estabelecem a mesma identificação de conteúdo vibratório, no caso, de ordem moral.

A ressonância é o retorno de uma onda que, ao ser enviada, volve ao ponto de procedência e encontra a mesma qualidade vibratória com a qual se identifica.

Façamos uma digressão: na fase primária do ser, o mesmo emite ondas e impulsos primitivos. Pela dificuldade do discernimento entre o Bem e o Mal, a predominância dos fatores ancestrais conduz, etapa a etapa, o pensamento que se vai desenovelando, qual uma semente que se entumece no solo, para lentamente romper o claustro, distender raízes para baixo, a fim de fixar-se no solo, nutrir-se, enquanto a plântula se ergue com o objetivo de romper a terra que lhe parece impedir o desenvolvimento.

Atendendo aos impulsos latentes, ao heliotropismo e aos recursos mesológicos, a semente germina, mas não pode fugir aos fatores que a constituem. 

O Espírito, na sua marcha de evolução, tem mais instintos do que razão.

À medida que pretende ascender, não raro permanece fixado nesses instintos em predominância em a sua natureza ancestral.

Nas fases mais adiantadas do pensamento, diminuem, sem qualquer dúvida, as fixações anteriores e ampliam-se lhe as possibilidades de crescimento graças ao Deotropismo.

Se, no entanto, os atavismos permanecem subjugando-o, mesmo que a mente lúcida se desenvolva na área do intelecto, a emoção que decorre do hedonismo e do primitivismo faculta-lhe a sintonia com os Espíritos perturbadores do seu mesmo nível moral, e as obsessões campeiam sem que haja violência ao livre-arbítrio, porque embora a mente aspire ao ideal, o sentimento permanece submetido às paixões inferiores.

Nessa digressão, observamos que o livre-arbítrio nunca é violentado quando preponderam os vínculos da delicada ou da violenta perturbação espiritual.

Graças à sintonia, nos processos das decisões humanas e em face do exposto, cada pessoa sintoniza com a faixa de luz, de sombra ou de inquietação em que se compraz, experimentando a resposta imediata daquela zona onde o apelo mental chegou ou o emocional se detém, estabelecendo a vinculação do plugue com a tomada perispiritual.

Enfermidades, desaires, paixões, boa ou má sorte no esquema cármico têm estruturas de intercâmbio espiritual de acordo com o padrão de excelência ou de negativa qualidade.

Quantas decisões funestas, depressivas, negativas, estão sob o comando de natureza externa àquele que as assume, assim como tantas outras saudáveis, positivas, optimistas, igualmente sob a direção das mentes promotoras do progresso!...

A terapia curadora, por sua vez, é o romper da onda mental perniciosa, para sair da tutela nefasta da mente exploradora que se locupleta em anatematizar ou afligir, conspirando contra a paz de quem lhe tomba nas malhas bem urdidas do intercâmbio espiritual negativo, mesmo que inconsciente.

Não seja de surpreender que muitas decisões no campo do Bem estejam sob vigilância de inimigos soezes que, em se utilizando da debilidade humana, atraem para o seu grupo de dependentes aqueles que temem, que desconfiam, que se permitem melindres ou que buscam repouso imerecido antes do momento próprio.

Sem qualquer excesso na área da observação dos fenômenos obsessivos, podemos afirmar que, na raiz de qualquer distúrbio social, emocional, psíquico, orgânico, intelectivo há, invariavelmente, uma vinculação espiritual negativa...

O mesmo ocorre nas conquistas do progresso, da paz, da bem-aventurança, do júbilo e da entrega a Deus, mediante inspiração superior que desce das esferas resplandecentes para erguer quem busca o ser profundo que é, auto iluminando-se e recarregando-se de energias superiores.

Jesus foi peremptório: "Eu sou o caminho".

Somente nos vinculando ao Seu psiquismo alcançaremos a verdade e teremos vida.

Divaldo Pereira Franco através do espírito Manoel Philomeno de Miranda no livro "Mediunidade: Desafios e Bênçãos".


domingo, 5 de março de 2017

CONHEÇAMO-NOS

Asseverava o velho Heráclito: "quando os olhos acreditam observar alguma coisa de permanente, em verdade são vítimas da ilusão". E o homem, que atravessa as reduzidas dimensões da experiência sensória, reconhece, de mais perto, a profunda realidade do asserto, quando consegue elevar-se no quadro conceptual da vida em si mesma. 

Dentro do universalismo que a morte nos descerra, a consciência jungida à carne terrena é crisálida da Inteligência infinita, em cuja grandeza o nosso "eu" se dilui e se amesquinha, aguardando a possibilidade de vir-a-ser, na expectativa da herança divina... Aquele "tudo flui"’ da filosofia grega patenteia-se claramente aos nossos olhos, quando, de ângulo mais alto no edifício dos fenômenos, podemos observar o contínuo evolver de tudo o que nos rodeia a atividade terrestre, no multifário aspecto do ser.

Tudo no mundo é transformação e renovação. E o homem, psíquico, diante do porvir glorioso a que se destina, é, ainda, a larva mental no ventre da Natureza. Conhecermo-nos é o primeiro dever imposto pela razão pura. Penetrar a essência da nossa mais íntima estrutura, para descobrir nossa individualidade incorruptível, investindo-nos na posse de nossos títulos morais, constitui o passo fundamental para o engrandecimento filosófico, dentro do qual resolveremos os antigos e sombrios enigmas da alma humana. 

Ocioso, assim, é encarecer agora os estéreis conflitos da ideia ou da palavra, de que já nos libertamos. Comentar o criticismo de Kant ou o positivismo de Auguste Comte, quando a flor do nosso entendimento desabrocha noutros climas, seria o mesmo que exigir à planta o inconsequente recuo à bolsa escura do solo, onde o gérmen desintegrou os efêmeros envoltórios da semente. Disse Berkeley que toda a realidade jaz encerrada no espírito. E não tenho hoje maior novidade além desta. 

O progresso do homem e a purificação da alma representam, no fundo, expansão da consciência. A mente encarnada é ponto minúsculo da Mente Universal, conservando estreita analogia com a célula aparentemente perdida no edifício orgânico, em cuja sustentação desempenha funções específicas. Contida na totalidade, mantém o potencial da grandeza cósmica, com deveres de maturação e burilamento; porque, somente além da catarse laboriosa de si mesma, consegue transcender o tipo normal de evolução no Planeta; então, alarga-se em sensibilidade e conhecimento, dilata seu raio de ação em círculo cada vez mais vasto, supera as qualidades inerentes aos padrões vulgares em que se desenvolve, e os ultrapassa, assim se aproximando da glória imanente do Todo. 

Eis por que, se me fora possível, proclamaria daqui, onde novos problemas me assoberbam o augusto raciocínio de aprendiz da verdade, a lógica simples do Espiritismo como a base da escola filosófica mais imediata e mais aceitável à média intelectual do mundo. 

Não há vida sem morte, nem expansão sem dilaceramento. A santificação em alicerces do saber e da virtude é obra de crescimento, de esforço, de luta. O "outro mundo' é esfera de matéria quintessenciada, em que nossas qualidades se destacam. Não existe milagre. Os únicos mistérios do céu e do inferno palpitam em nós mesmos. A vida é onda contínua e inextinguível a manifestar-se em diversos planos. E a individualidade é um número consciencial que, ou se ilumina, afinado com os valores de sublimação, ou se obscurece, em contato com os fatores de embrutecimento a que se prenda, em vibrações de baixa freqüência. 

Cada alma sente e atua pelo grupo de seres em ascensão ou em estagnação a que se incorpore, na economia do Universo. O mundo, com os seus múltiplos departamentos educativos, é escola onde o exercício, a repetição, a dor e o contraste são mestres que falam claro a todos aqueles que não temam as surpresas, aflições, feridas e martírios da ascese. E dentro dele, na atualidade das pesquisas filosóficas em que procuramos eleger a psicologia para sentar-se no trono da ciência e legislar sobre os seus princípios e indagações, o Espiritismo, banhado pelas claridades do Evangelho, é o melhor caminho de elevação e a fórmula mais simples de auxiliarmos o pensamento popular e o sentimento comum, no serviço regenerativo, em função de aperfeiçoamento. 

É por isto que, voltando a escrever algumas palavras para os companheiros de jornada do nosso século, engrandecido por singulares realizações da inteligência e atormentado por amargas desilusões, não me praz o comentário clássico dos doutrinadores mergulhados na corrente profunda das observações e das deduções, para só repetir, de mim para comigo, as corriqueiras e sublimes palavras do velho oráculo sempre novo: "Homem, conhece-te a ti mesmo!”.

Francisco Cândido Xavier pelo espírito Farias Brito* no livro "Falando à Terra". 

Raimundo de Farias Brito (São Benedito, 24 de julho de 1862 — Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 1917) foi um escritor e filósofo brasileiro, sendo considerado como um dos maiores nomes do pensamento filosófico do país e autor de uma das mais completas obras filosóficas produzidas originalmente no Brasil, em que identificou os planos do conhecimento e do ser, voltando dogmaticamente à metafísica tradicional, de caráter espiritualista. Seu pensamento poderia ser resumido nas seguintes palavras: "Há pois a luz, há a natureza e há a consciência. A natureza é Deus representado, a luz é Deus em sua essência e a consciência é Deus percebido".


EXAMINEMOS A NÓS MESMOS


O dever do espírita-cristão é tornar-se progressivamente melhor. 

Útil, assim, verificar, de quando em quando, com rigoroso exame pessoal, a nossa verdadeira situação íntima. 

Espírita que não progride durante três anos sucessivos permanece estacionário. 

Testa a paciência própria: - Estás mais calmo, afável e compreensivo? 

Inquire as tuas relações na experiência doméstica: -Conquistaste mais alto clima de paz dentro de casa? 

Investiga as atividades que te competem no templo doutrinário: - Colaboras com mais euforia na seara do Senhor? 

Observa-te nas manifestações perante os amigos: - Trazes o Evangelho mais vivo nas atitudes? 

Reflete em tua capacidade de sacrifício: - Notas em ti mesmo mais ampla disposição de servir voluntariamente? 

Pesquisa o próprio desapego: - Andas um pouco mais livre do anseio de influência e de posses terrestres?

Usas mais intensamente os pronomes "nos", "nosso" e "nossa" e menos os determinativos "eu", "meu" e "minha"? 

Teus instantes de tristeza ou de cólera surda, às vezes tão conhecidos somente por ti, estão presentemente mais raros? 

Diminuíram-te os pequenos remorsos ocultos no recesso da alma? 

Dissipaste antigos desafetos e aversões? 

Superastes os lapsos crônicos de desatenção e negligência? 

Estudas mais profundamente a Doutrina que professas? 

Entendes melhor a função da dor? 

Ainda cultivas alguma discreta desavença? 

Auxilias aos necessitados com mais abnegação? 

Tens orado realmente? 

Teus ideais evoluíram? 

Tua fé raciocinada consolidou-se com mais segurança? 

Tens o verbo mais indulgente, os braços mais ativos e as mãos mais abençoadoras? 

Evangelho é alegria no coração: - Estás, de fato, mais alegre e feliz intimamente, nestes três últimos anos? 

Tudo caminha! Tudo evolui! Confiramos o nosso rendimento individual com o Cristo! 

Sopesa a existência hoje, espontaneamente, em regime de paz, para que te não vejas na obrigação de sopesá-la amanhã sob o impacto da dor. 

Não te iludas! Um dia que se foi é mais uma cota de responsabilidade, mais um passo rumo à Vida Espiritual, mais uma oportunidade valorizada ou perdida. Interroga a consciência quanto à utilidade que vens dando ao tempo, à saúde e aos ensejos de fazer o bem que desfrutas na vida diária. Faze isso agora, enquanto te vales do corpo humano, com a possibilidade de reconsiderar diretrizes e desfazer enganos facilmente, pois, quando passares para o lado de cá, muita vez, já será mais difícil... 

Waldo Vieira pelo espírito André Luiz no livro "Opinião Espírita".