Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

PERFIL DE JESUS


Carta do Senador Públio Lêntulus ao Cesar Romano.

"Sabendo oh César, que desejais conhecer, quanto eu vou narrar.

Existindo nos nossos tempos um homem, chamado Jesus, o qual vive atualmente de grandes virtudes. 

Que pelo povo é inculcado profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do Céu e da Terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado.

Em verdade, cada dia se ouve coisas maravilhosas desse Jesus; ressuscita os mortos e cura os enfermos.

Em uma palavra: é um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto e há tanta majestade em seu rosto, que aqueles que o veem são forçados a amá-lo ou temê-lo. 

Ele tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes.

Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos ao meio, na forma em uso dos Nazarenos. A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, e separada pelo meio. 

O Seu rosto é cheio de aspecto e é muito sereno. 

Nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face que é uma cor moderada. 

O nariz e a boca são irrepreensíveis. 

Seu olhar é muito especioso e grave. Ele tem os olhos claros como o Céu; e o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios de Sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza faz chorar.

Os braços e as mãos muito belos. Alias é o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua Mãe, que é de uma rara beleza. Não se tendo jamais visto, por estas partes, uma donzela tão bela.... 

Na palestra contenta muito, mas o faz raramente. Porem quando dele alguém se aproxima, verifica que é muito modesto na presença e na pessoa.

Faz-se amar e é alegre com gravidade. Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes chorar.

De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém. Ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. 

Caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça.
Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença, tremem e o admiram.

Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de tão grande doutrina, como ensina este Jesus.

Muitos judeus o têm como Divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de tua Majestade.

Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles que o buscam e com ele tem praticado, afirmam ter dele recebido grande benefício de saúde. 

Porem à tua obediência estou prontíssimo –, se desejas mesmo vê-lo, repete a tua ordem que eu to enviarei.

Vale, da Tua Majestade, fidelíssimo e obrigadíssimo”.      
             Públio Lêntulus -  L’indizione setima, luna seconda.  

(Obs. Publio Lentulus é a reencanação de Emmanuel ao tempo de Jesus, informação revelada pelo próprio Emmanuel no Livro Há Dois Mil Anos. Psicografia de Chico Xavier. Ed. FEB.)

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

NÓS E CÉSAR



"E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. - (Marcos, 12:17)




Em todo lugar do mundo, o homem encontrará sempre, de acordo com os seus próprios merecimentos, a figura de César, simbolizada no governo estatal. 


Maus homens, sem dúvida, produzirão maus estadistas. 

Coletividades ociosas e indiferentes receberão administrações desorganizadas. 

De qualquer modo, a influência de César cercará a criatura, reclamando-lhe a execução dos compromissos materiais. 

É imprescindível dar-lhe o que lhe pertence. 

O aprendiz do Evangelho não deve invocar princípios religiosos ou idealismo individual para eximir-se dessas obrigações. 

Se há erros nas leis, lembremos a extensão de nossos débitos para com a Providência Divina e colaboremos com a governança humana, oferecendo-lhe o nosso concurso em trabalho e boa-vontade, conscientes de que desatenção ou revolta não nos resolvem os problemas. 

Preferível é que o discípulo se sacrifique e sofra a demorar-se em atraso, ante as leis respeitáveis que o regem, transitoriamente, no plano físico, seja por indisciplina diante dos princípios estabelecidos ou por doentio entusiasmo que o tente a avançar demasiadamente na sua época. 

Há decretos iníquos? 

Recorda se já cooperaste com aqueles que te governam a paisagem material. 

Vive em harmonia com os teus superiores e não te esqueças de que a melhor posição é a do equilíbrio.

Se pretendes viver retamente, não dês a César o vinagre da crítica acerba. Ajuda-o com o teu trabalho eficiente, no sadio desejo de acertar, convicto de que ele e nós somos filhos do mesmo Deus.

Emmanuel (espírito) através de Francisco Cândido Xavier, 
no livro "Pão Nosso", capítulo 102.

COM ARDENTE AMOR

 
Mas, sobretudo, tende caridade uns para com os outros. - Pedro (I Pedro, 4:8)

Não basta a virtude apregoada em favor do estabelecimento do Reino Divino entre as criaturas.

Problema excessivamente debatido — solução mais demorada...

Ouçamos, individualmente, o aviso apostólico e enchamo-nos de ardente caridade, uns para com os outros. 

Bem falar, ensinar com acerto e crer sinceramente são fases primárias do serviço. Imprescindível trabalhar, fazer e sentir com o Cristo. 

Fraternidade simplesmente aconselhada a outrem constrói fachadas brilhantes que a experiência pode consumir num minuto. 

Urge alcançarmos a substância, a essência...
Sejamos compreensivos para com os ignorantes, vigilantes para com os transviados na maldade e nas trevas, pacientes para com os enfermiços, serenos para com os irritados e, sobretudo, manifestemos a bondade para com todos aqueles que o Mestre nos confiou para os ensinamentos de cada dia. 

Raciocínio pronto, habilitado a agir com desenvoltura na Terra, pode constituir patrimônio valioso; entretanto, se lhe falta coração para sentir os problemas, conduzi-los e resolvê-los, no bem comum, é suscetível de converter-se facilmente em máquina de calcular. 

Não nos detenhamos na piedade teórica. 

Busquemos o amor fraterno, espontâneo, ardente e puro. 

A caridade celeste não somente espalha benefícios. Irradia também a divina luz.

Emmanuel (Espírito) através de Francisco Cândido Xavier, no livro "Pão Nosso", capítulo 99. 

domingo, 20 de dezembro de 2015

ESTIVE PENSANDO: E DE REPENTE...


E de repente, com a idade e consequente maturidade moral e espiritual, nós percebemos que o que mais valeu a pena na existência, não foi o quanto se gastou com os filhos, mas como esse gasto aconteceu e as motivações que o geraram.
Com a maturidade entendemos que família é muito mais que laços de sangue. Até porque laços se rompem. Família é nó cego de almas afins, que buscam a felicidade uns dos outros e que se respeitam em suas diferenças.
Com a maturidade entendemos que o Papai Noel é uma farsa burguesa, fomentada por um sistema capitalista e materialista, que insistimos em perpetuar para as novas gerações alimentando um círculo vicioso de enganações.
Com a maturidade entendemos que lá atrás, naqueles momentos de imaturidade, fizemos o que nos era possível fazer, o que demos conta e isso não nos deve incutir culpa, que paralisa o caminhar alimentando o medo de errarmos novamente.
Com a maturidade entendemos que somos muito mais a soma de nossos desacertos que de acertos, que muito planejamento engessa e que o melhor da vida é vivê-la na certeza de suas variações, estando preparados para o que vier.
Com a maturidade aprendemos a ouvir uma canção e em pensamentos nos reportarmos ao momento marcante da mesma na nossa vida, revivendo boas lembranças e nos fazendo amar ainda mais a vida. E quando essa canção nos trouxer recordações amargas que saibamos deixá-las onde devem estar: no passado.
Com a maturidade aprendemos que aqueles que já deixaram essa existência, sejam filhos, pais, amigos, doentes ou não, repentinamente ou não, permanecem vivos em nós, portanto lembrar deles com tristeza e apego é um desrespeito à suas histórias, pois não sabemos se eles gostariam de estar aqui conosco.
Com a maturidade vivemos certos de que o reconhecimento de quem quer que seja não tem importância maior do que a consciência tranquila em fazer o que foi possível ser feito, dentro de nossas possibilidades.
Com a maturidade aprendemos que a razão, atributo especial do homem, foi desenvolvido para podermos abandonar os bandos e exercermos, apesar de todas as dificuldades, nossas individualidades.
Com a maturidade aprendemos que ser singular pode não ser tão fácil, mas é muito reconfortante e fortalecedor pois nos permite o exercício da liberdade.
Com a maturidade aprendemos que interesses existem e isso não é o grande problema, o grande problema é não avaliarmos nossos próprios interesses.
Com a maturidade, aprendemos que nada sabemos e que o bom da vida não são as respostas, mas as perguntas que o conhecimento não preenchido gera.
Com a maturidade aprendemos que ter certeza sobre tudo e sobre todos é tão sufocante quanto um dia quente e seco.
Com a maturidade aprendemos que Deus não é algo ou alguma coisa, mas um sentimento que existe em tudo que pulsa e que serve a vida.
Com a maturidade aprendemos que Deus não pode e nem deve abençoar ninguém, pois a vida é sua eterna benção.
Com a maturidade nos sentimos livres para expressarmos o que somos e não nos preocupa mais parecermos ser...
Com a maturidade percebemos que a solidão nem sempre é isolamento e estar cercado de pessoas pode nos fazer sozinhos.
Com a maturidade moral e espiritual regatamos expressões que fomos deixando de lado no decorrer da existência: "muito obrigado", "desculpe-me", "bom dia", "Como vai?", "Siga em Paz", "Por Favor", "Se for possível", dentre outras importantes...

ORIGEM DA LINGUAGEM - REVISTA ESPÍRITA 11/1862





Meus caros e bem-amados amigos ouvintes, pedis-me hoje que eu dite ao meu médium a história da linguagem. Tentarei satisfazer-vos. Deveis, porém, compreender que me será impossível, nalgumas linhas, tratar inteiramente da importante questão, à qual se liga forçosamente outra mais importante, a da origem das raças humanas.

Que Deus Todo-Poderoso, tão benevolente para com os espíritas, me conceda a lucidez necessária para afastar de minha dissertação toda confusão, toda obscuridade e sobretudo todo erro.
Entro na matéria dizendo-vos que admitamos, inicialmente, como princípio, esta eterna verdade: O Criador deu a todos os seres da mesma raça um modo especial, mas seguro, para se entenderem reciprocamente. Não obstante, esse modo de comunicação, essa linguagem, era tanto mais restrita quanto mais inferiores eram as espécies. É em virtude dessa verdade, dessa lei, que os selvagens e os povos pouco civilizados possuem línguas tão pobres que uma porção de termos usados nas regiões favorecidas pela civilização lá não encontram vocábulos correspondentes, e é em obediência a essa mesma lei que as nações que progridem criam novas expressões para novas descobertas e novas necessidades.
Como eu disse alhures, a Humanidade já atravessou três grandes períodos: a fase bárbara, a fase hebraica e pagã e a fase cristã. A esta última sucederá o grande período espírita, cujos alicerces lançamos entre vós.
Examinemos, pois, a primeira fase e o começo da segunda, e aqui só posso repetir o que eu já disse. A primeira fase humana, que poderemos chamar pré-hebraica ou bárbara, arrastou-se por muito tempo e lentamente em todos os horrores e convulsões de uma barbárie terrível. Aí o homem é peludo como um animal selvagem e, como as feras, abriga-se em cavernas e nos bosques. Vive de carne crua e se repasta de seu semelhante, como de uma excelente caça. É o mais absoluto reino da antropofagia. Não há sociedade nem família! Alguns grupos dispersos aqui e ali, vivem na mais completa promiscuidade, sempre prontos a se entredevorarem. Tal é o quadro desse período cruel. Nenhum culto, nenhuma tradição, nenhuma ideia religiosa. Apenas as necessidades animais a satisfazer, eis tudo!
Prisioneira de uma matéria estupidificante, a alma fica morna e latente em sua prisão carnal. Ela nada pode contra os muros grosseiros que a encerram, e sua inteligência mal pode mover-se nos compartimentos de um cérebro estreito.
O olho é embaciado, a pálpebra pesada, o lábio grosso, o crânio achatado, e alguns sons guturais bastam como linguagem.
Nada prenuncia que desse animal bruto sairá o pai das raças hebraicas e pagãs. Contudo, com o tempo, eles sentem a necessidade de se defenderem contra os outros carnívoros, como o leão e o tigre, cujas presas terríveis e garras afiadas facilmente dominavam o homem isolado. Assim realiza-se o primeiro progresso social. Não obstante, o reinado da matéria e da força bruta se manteve durante toda essa fase cruel.
No homem dessa época, não procureis sentimentos nem razão nem linguagem propriamente dita. Ele obedece apenas à sua sensação grosseira, e só tem como objetivo comer, beber e dormir. Nada além disso. Pode-se dizer que o homem inteligente ainda está em germe, mas que não existe ainda.
Contudo, é preciso constatar que entre as raças brutais já aparecem alguns seres superiores, Espíritos encarnados, com a tarefa de conduzir a Humanidade ao seu objetivo e apressar o advento da era hebraica e pagã.
Devo acrescentar que, além desses Espíritos encarnados, o globo terrestre era frequentemente visitado por esses ministros de Deus cuja memória foi conservada pela tradição sob os nomes de anjos e de arcanjos, que quase diariamente se punham em contato com os seres superiores, Espíritos encarnados, dos quais falei. A missão de alguns desses anjos continuou durante uma grande parte da segunda fase humanitária. Devo acrescentar que o rápido quadro que acabo de fazer dos primeiros tempos da Humanidade vos ensina, um pouco, a que leis rigorosas são submetidos os Espíritos que se exercitam a viver nos planetas de formação recente.
A linguagem propriamente dita, como a vida social, não começa a ter um caráter certo senão a partir da era hebraica e pagã, durante a qual o Espírito encarnado, sempre sujeito à matéria, começa a se revoltar e a quebrar alguns elos de sua pesada cadeia. A alma fermenta e se agita em sua prisão carnal; por seus esforços reiterados reage energicamente contra as paredes do cérebro, cuja matéria ela sensibiliza; ela melhora e aperfeiçoa por um trabalho constante o desempenho de suas faculdades e, consequentemente, os órgãos físicos se desenvolvem; enfim, o pensamento se deixa ler num olhar límpido e claro. Já estamos longe das frontes achatadas! É que a alma se sente, se reconhece, tem consciência de si mesma e começa a compreender que ela é independente do corpo. Também, a partir deste momento, ela luta com ardor para se desvencilhar da opressão de sua robusta rival. O homem se modifica cada vez mais e a inteligência se move mais livremente num cérebro mais desenvolvido. Todavia, constatamos que nessa época o homem ainda é cercado e registrado como o gado, o homem escravo do homem; a escravidão é consagrada pelo Deus dos Hebreus, tanto quanto pelos deuses pagãos, e Jeová, assim como Júpiter Olímpico, pede sangue e vítimas vivas.
Essa segunda fase oferece aspectos curiosos do ponto de vista filosófico; sobre o que já tracei um quadro rápido, que meu médium logo vos comunicará.
Como quer que seja, e para voltar ao tema deste estudo, tende por certo que não foi senão na época dos grandes períodos pastorais e patriarcais que a linguagem humana tomou uma marcha regular e adotou formas e sons especiais.
Durante essa época primitiva, em que a Humanidade saía dos cueiros e balbuciava na primeira infância, poucas palavras bastavam aos homens, para os quais ainda não tinha nascido a ciência, cujas necessidades eram muito restritas, e cujas relações sociais paravam à porta das tendas, à soleira da família, e mais tarde nos confins da tribo. Era a época em que o pai, o pastor, o ancião, o patriarca, numa palavra, dominava como senhor absoluto, com direito de vida e de morte.
A língua primitiva foi uniforme; mas, à medida que crescia o número de pastores, estes, deixando por sua vez a tenda paterna, foram fundar nas regiões desabitadas novas famílias, novas tribos. Então a língua por eles usada se diferenciou gradativamente, de geração em geração, da que era usada na tenda paterna; foi assim que os diversos idiomas foram criados.
De resto, ainda que minha intencão não seja dar um curso de linguística, não vos passa despercebido que, nas línguas mais díspares, encontrais palavras cujo radical pouco variou e cuja significação é quase a mesma. Por outro lado, posto tenhais a pretensão de ser um velho mundo, o mesmo motivo que corrompeu a língua primitiva, reina ainda soberano em vossa França tão orgulhosa de sua civilização, onde vedes as consonâncias, os termos e a significação variarem, não direi de província a província, mas de comuna a comuna. Apelo para o testemunho daqueles que viajaram pela Bretagne, como para os que percorreram a Provence e o Languedoc. É uma variedade de idiomas e de dialetos que espanta aquele que os quisesse coligir num único dicionário.
Uma vez que os homens primitivos, ajudados nisso pelos missionários do Eterno, emprestaram a certos sons especiais certas ideias especiais, foi criada a língua falada, e as modificações que ela sofreu mais tarde foram sempre em razão do progresso humano; por conseguinte, conforme a riqueza de uma língua, pode-se estabelecer facilmente o grau de civilização atingido pelo povo que a fala. O que posso acrescentar é que a Humanidade marcha para uma língua única, como consequência forçada de uma comunidade de ideias em moral, em política, e sobretudo em religião. Tal será a obra da filosofia nova, o Espiritismo, que hoje vos ensinamos.

Erasto [Espírito] através do Sr. d'Ambel em reunião na Sociedade Espírita de Paris.