Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

EXISTÊNCIA DE DEUS

Capítulo II - Deus 


1. Sendo Deus a causa primária de todas as coisas, a origem de tudo o que existe, a base sobre que repousa o edifício da criação, é também o ponto que importa consideremos antes de tudo.

2. Constitui princípio elementar que é pelos seus efeitos que se julga uma causa, mesmo quando ela se conserve oculta.

Se, fendendo os ares, um pássaro é atingido por mortífero grão de chumbo, deduz-se que hábil atirador o alvejou, ainda que este último não seja visto. Nem sempre, pois, se faz necessário vejamos uma coisa, para sabermos que ela existe. Em tudo, observando os efeitos é que se chega ao conhecimento das causas.

3. Outro princípio igualmente elementar e que, de tão verdadeiro, passou a axioma é o de que todo efeito inteligente tem que decorrer de uma causa inteligente.

Se perguntassem qual o construtor de certo mecanismo engenhoso, que pensaríamos de quem respondesse que ele se fez a si mesmo? Quando se contempla uma obra-prima da arte ou da indústria, diz-se que há de tê-la produzido um homem de gênio, porque só uma alta inteligência poderia concebê-la. Reconhece-se, no entanto, que ela é obra de um homem, por se verificar que não está acima da capacidade humana; mas, a ninguém acudirá a ideia de dizer que saiu do cérebro de um idiota ou de um ignorante, nem, ainda menos, que é trabalho de um animal, ou produto do acaso.

4. Em toda parte se reconhece a presença do homem pelas suas obras. A existência dos homens antediluvianos não se provaria unicamente por meio dos fósseis humanos: provou-a também, e com muita certeza, a presença, nos terrenos daquela época, de objetos trabalhados pelos homens. Um fragmento de vaso, uma pedra talhada, uma arma, um tijolo bastarão para lhe atestar a presença. Pela grosseria ou perfeição do trabalho, reconhecer-se-á o grau de inteligência ou de adiantamento dos que o executaram. Se, pois, achando-vos numa região habitada exclusivamente por selvagens, descobrirdes uma estátua digna de Fídias, não hesitareis em dizer que, sendo incapazes de tê-la feito os selvagens, ela é obra de uma inteligência superior à destes.

5. Pois bem! lançando o olhar em torno de si, sobre as obras da Natureza, notando a providência, a sabedoria, a harmonia que presidem a essas obras, reconhece o observador não haver nenhuma que não ultrapasse os limites da mais portentosa inteligência humana. Ora, desde que o homem não as pode produzir, é que elas são produto de uma inteligência superior à Humanidade, a menos se sustente que há efeitos sem causa.

6. A isto opõem alguns o seguinte raciocínio:

As obras ditas da Natureza são produzidas por forças materiais que atuam mecanicamente, em virtude das leis de atração e repulsão; as moléculas dos corpos inertes se agregam e desagregam sob o império dessas leis. As plantas nascem, brotam, crescem e se multiplicam sempre da mesma maneira, cada uma na sua espécie, por efeito daquelas mesmas leis; cada indivíduo se assemelha ao de quem ele proveio; o crescimento, a floração, a frutificação, a coloração se acham subordinados a causas materiais, tais como o calor, a eletricidade, a luz, a umidade, etc. O mesmo se dá com os animais. Os astros se formam pela atração molecular e se movem perpetuamente em suas órbitas por efeito da gravitação. Essa regularidade mecânica no emprego das forças naturais não acusa a ação de qualquer inteligência livre. O homem movimenta o braço quando quer e como quer; aquele, porém, que o movimentasse no mesmo sentido, desde o nascimento até a morte, seria um autômato. Ora, as forças orgânicas da Natureza são puramente automáticas.

Tudo isso é verdade; mas, essas forças são efeitos que hão de ter uma causa e ninguém pretende que elas constituam a Divindade. Elas são materiais e mecânicas; não são de si mesmas inteligentes, também isto é verdade; mas, são postas em ação, distribuídas, apropriadas às necessidades de cada coisa por uma inteligência que não é a dos homens. 

A aplicação útil dessas forças é um efeito inteligente, que denota uma causa inteligente. Um pêndulo se move com automática regularidade e é nessa regularidade que lhe está o mérito. É toda material a força que o faz mover-se e nada tem de inteligente. Mas, que seria esse pêndulo, se uma inteligência não houvesse combinado, calculado, distribuído o emprego daquela força, para fazê-lo andar com precisão? Do fato de não estar a inteligência no mecanismo do pêndulo e do de que ninguém a vê, seria racional deduzir-se que ela não existe? Apreciamo-la pelos seus efeitos.

A existência do relógio atesta a existência do relojoeiro; a engenhosidade do mecanismo lhe atesta a inteligência e o saber. Quando um relógio vos dá, no momento preciso, a indicação de que necessitais, já vos terá vindo à mente dizer: aí está um relógio bem inteligente?

Outro tanto ocorre com o mecanismo do Universo: Deus não se mostra, mas se revela pelas suas obras.

7. A existência de Deus é, pois, uma realidade comprovada não só pela revelação, como pela evidência material dos fatos. Os povos selvagens nenhuma revelação tiveram; entretanto, creem instintivamente na existência de um poder sobre-humano. Eles vêem coisas que estão acima das possibilidades do homem e deduzem que essas coisas provêm de um ente superior à Humanidade. Não demonstram raciocinar com mais lógica do que os que pretendem que tais coisas se fizeram a si mesmas? 


LACORDAIRE E AS MESAS GIRANTES

Extrato de uma carta do abade Lacordaire à Sra. Swetchine, datada de Flavigny, 29 de junho de 1853, tirada de sua correspondência publicada em 1865.

"Vistes girar e ouvistes falar das mesas? 

- Desdenhei vê-las girar, como uma coisa muito simples, mas ouvi e fiz que elas falassem. Elas me disseram coisas muito admiráveis sobre o passado e sobre o presente. Por mais extraordinário que isto seja, é para um cristão que acredita nos Espíritos um fenômeno muito vulgar e muito pobre. Em todos os tempos houve modos mais ou menos bizarros para se comunicar com os Espíritos; apenas outrora se fazia mistério desses processos, como se fazia mistério da Química. A Justiça, por meio de execuções terríveis, enterrava essas estranhas práticas na sombra. Hoje, graças à liberdade dos cultos e à publicidade universal, o que era um segredo tornou-se uma fórmula popular. Talvez, também, por essa divulgação, Deus queira harmonizar o desenvolvimento das forças espirituais ao desenvolvimento das forças materiais, para que o homem não o esqueça, em presença das maravilhas da mecânica, que há dois mundos inseridos um no outro: o mundo dos corpos e o mundo dos Espíritos.

É provável que esse desenvolvimento paralelo continue crescendo até o fim do mundo, o que trará um dia o reino do Anticristo, onde se verá, de um lado e do outro, para o bem e para o mal, o emprego de armas sobrenaturais e prodígios pavorosos. Disto não concluo que o Anticristo esteja próximo, porque as operações que testemunhamos nada têm, salvo a publicidade, de mais extraordinário do que o que se via outrora. Os pobres incrédulos devem estar bastante inquietos com sua razão, mas eles têm o recurso de acreditar em tudo para fugir da verdadeira fé, e não falharão. Ó profundeza dos desígnios de Deus!"

O abade Lacordaire escrevia isto em 1853, isto é, quase no começo das manifestações, numa época em que esses fenômenos eram muito mais um objeto de curiosidade do que assunto de meditações sérias. Embora nessa época eles não se tivessem constituído em ciência nem em corpo de doutrina, ele tinha entrevisto sua importância e, longe de considerá-los como uma coisa efêmera, previa o seu desenvolvimento no futuro. Sua opinião sobre a existência e a manifestação dos Espíritos é categórica. Ora, como ele é tido, geralmente, por todo mundo, como uma das altas inteligências deste século, parece difícil colocá-lo entre os loucos, depois de havê-lo aplaudido como homem de grande senso e de progresso. Pode-se, portanto, ter senso comum e crer nos Espíritos.

Diz ele que as mesas falantes são “um fenômeno muito vulgar e muito pobre”; bem pobre, com efeito, quanto à maneira de comunicar-se com os Espíritos, porque se não se tivessem tido outros, o Espiritismo quase não teria avançado; naquele tempo, mal se conheciam os médiuns escreventes e não se suspeitava o que iria sair desse meio aparentemente tão pueril. Quanto ao reino do Anticristo, Lacordaire parece não se amedrontar muito, porque não o vê chegar tão depressa. Para ele, essas manifestações são providenciais; elas devem perturbar e confundir os incrédulos; nelas ele admira a profundeza dos desígnios de Deus; elas não são, pois, obra do diabo, que deve estimular a renegar Deus e a não reconhecer o seu poder.

O trecho acima, da correspondência de Lacordaire, foi lido na Sociedade de Paris, na sessão de 18 de janeiro; nessa mesma sessão o Sr. Morin, um de seus médiuns escreventes habituais, adormeceu espontaneamente sob a ação magnética dos Espíritos; era a terceira vez que nele se produzia esse fenômeno, pois habitualmente só adormece pela magnetização ordinária. Em seu sono ele falou sobre vários assuntos e de diversos Espíritos presentes, cujo pensamento nos transmitiu. Entre outras coisas disse o seguinte:

“Um Espírito que todos conheceis, e que também reconheço; um Espírito de grande reputação terrena, elevado na escala intelectual dos mundos, está aqui. Espírita antes do Espiritismo, eu o vi ensinando a doutrina, não mais como encarnado, mas como Espírito. Vi-o pregando com a mesma eloquência, com o mesmo sentimento de convicção íntima que quando vivo, o que não teria ousado pregar abertamente do púlpito, mas aquilo a que conduziam os seus ensinamentos. Vi-o pregar a doutrina aos seus, à sua família, a todos os seus amigos. Vi-o desesperar-se, embora em estado espiritual, quando encontrava um cérebro refratário ou uma resistência obstinada às inspirações que ele insuflava, sempre vivo e impetuoso, querendo fazer penetrar a convicção nas inteligências, como se faz penetrar na rocha viva o buril impulsionado por vigorosa martelada. Mas este não entra tão depressa; contudo, sua eloquência converteu vários. Este Espírito é o do abade Lacordaire.

“Ele pede uma coisa, não por orgulho, por um interesse pessoal qualquer, mas no interesse de todos e para o bem da Doutrina: a inserção na Revista do que ele escreveu há treze anos. Se peço tal inserção, diz ele, é por dois motivos: o primeiro porque mostrareis ao mundo que, como dizeis, pode-se não ser tolo e crer nos Espíritos, e o segundo é que a publicação dessa primeira citação permitirá que se descubram em meus escritos outras passagens que serão consideradas como concordes com os princípios do Espiritismo”.

(Revista Espírita, fevereiro de 1867)

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

SUGESTÃO DE LEITURA - O LIVRO DA SUA VIDA - OSHO


"[...] sempre que você encontra alguém, encontra um indivíduo. 'Sociedade' é só um nome coletivo - um só nome, não uma realidade -, sem nenhuma substância".

"O mundo conheceu pouquíssimos rebeldes. Mas agora é a hora: se a humanidade se provar incapaz de produzir um grande número de rebeldes, um espírito rebelde, os nossos dias na terra estão contados. Então as décadas vindouras podem se tornar a nossa sepultura. Estamos quase chegando a isso."

"A rebelião é uma descontinuidade. Não é reforma, não é revolução: você simplesmente se desliga de tudo o que é velho - as velhas religiões, as velhas ideologias políticas, o velho ser humano - tudo isso é velho, e você se desliga disso. Começa vida nova, da etapa zero."

"O revolucionário tenta mudar o que é velho; o rebelde simplesmente se afasta dele, como a cobra abandona a pele velha sem nunca olhar para trás."

"[...] a rebeldia é a qualidade essencial de uma pessoa religiosa. É a espiritualidade na sua forma mais pura."

"É estranho o modo como as revoluções fracassaram, fracassaram nas mãos dos próprios revolucionários, porque depois que assumem o poder eles passam a pensar de outras maneiras. Afeiçoam-se demais ao poder. Daí em diante, a sua única preocupação é encontrar meios de manter para sempre esse poder nas mãos e manter o povo sob o seu jugo."

A FILOSOFIA ESPÍRITA DA FÉ RACIOCINADA

As relações entre fé e razão desde o princípio fazem parte do debate filosófico espírita, com a criação por Allan Kardec do conceito de fé raciocinada. De um ponto de vista conceitual, estabelece-se uma contradição aparentemente insuperável, porquanto a fé se funda na convicção e a razão, na dúvida; resulta, então, que ambos se contradizem. Ora, como crer e duvidar são práticas antagônicas por definição, o conceito de "fé raciocinada", seria por isso um evidente contra-senso.

Em Kardec, esse conceito é apresentado dentro de um quadro argumentativo construído para negar uma outra noção, atribuída pelo professor lionês às religiões dogmáticas: a "fé cega". Nesse sentido, a fé raciocinada seria algo próximo de "fé fundamentada", isto é, o adjetivo referente ao raciocínio daria ao sujeito o significado de um estado, e não de um processo. Ou seja, a fé raciocinada não seria propriamente uma "fé que raciocina", e sim, uma fé que já raciocinou antes, para se constituir. Tal interpretação consegue parcialmente satisfazer o quadro lógico de separação entre fé e razão: haveria primeiro o movimento de raciocínio e, somente depois, a fé se constituiria.

Esse ponto de vista, entretanto, não é satisfatório, sob o prisma kardequiano. Ainda nas menções que faz sobre a questão da fé, o codificador publicou em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" um axioma que se tornou famoso nos meios doutrinários espíritas: "Fé inabalável só é a que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da Humanidade". Nessa proposição, Allan Kardec nos remete a uma percepção histórica, processual, do fenômeno da crença, delimitando, com o rigor que lhe era próprio, a característica especial e profundamente inovadora da fé espírita.

Nesse contexto, a fé raciocinada – qualidade que a tornaria inabalável – seria não apenas aquela que se constituísse por um movimento de decisão racional, mas, também, a que se mantivesse em regime de racionalidade contínua, inclusa essa exigência no exercício da própria fé. A conciliação necessária, nesse caso, entre os conceitos de fé e razão, seria feita pela mudança de um raciocínio lógico para um raciocínio dialético: os contrários, ao invés de se excluírem, se complementam, se conjugam, na explicação da realidade.

Dentro desse modo de pensar, a fé espírita forma um par dialético inseparável com a razão espírita. Tal ideia significa que a crença espírita é basicamente uma fé que admite dúvida e com ela convive, durante todo o tempo. Trata-se, pois, de uma fé aberta, dialogal, disposta a modificar as próprias opiniões ou o objeto de sua manifestação como crença, desde que satisfeitas as condições do livre exercício da razão. Em contrapartida, a razão espírita constitui uma dúvida que se baseia na fé, capaz de fazer emergir as desconfianças naturais da racionalidade sem uma pretensão cética ou cientificista, e que, sobretudo, está disposta a admitir a crença e a confiança naqueles conteúdos sobre os quais a razão ainda não assumiu uma postura de conhecimento e verificação. Tal composição resulta no que Herculano Pires denominou, muito apropriadamente, "fideísmo crítico".

O uso da razão é a admissão da dúvida, a qual, no Espiritismo, se funda no princípio filosófico da imperfeição espiritual (temos preferido denominá-la incompletude, para retirar o sentido pejorativo do termo "imperfeição", como algo "errado, estragado, com defeito"), o que faz da jornada espiritual a contínua e necessária possibilidade da mudança. Por esta via, o Espiritismo funda um novo iluminismo, cuja formulação acredita na racionalidade como fundamento da fé humana e, por tal razão, confia no aperfeiçoamento das possibilidades da razão como geratriz do aprimoramento da fé.

Feitas tais considerações, de ordem filosófica, convém refletir pragmaticamente. Nem todos os espíritas na atualidade compreendem o que significa essa dimensão do conceito de fé raciocinada. Não raro, imaginam que raciocinar seja o mesmo que racionalizar, isto é, referir-se à razão como pretexto para justificar o dogma, o que transforma o argumento racional em argumento ideológico (no sentido negativo, como falsa concepção da realidade, apoiada somente em critérios de identidade religiosa), atitude que de modo algum pode ser justificada na proposta de Kardec. Fé raciocinada, portanto, não é o mesmo que fé racionalizada (até porque todas as formas de fé podem ser enquadradas neste último tipo).

Dentre as diversas concepções de racionalidade válidas em filosofia, acreditamos que a noção de "razão comunicativa" ou "razão consensual", do filósofo alemão Jürgen Habermas, é a que melhor se adequa ao conceito de fé raciocinada, em Kardec. Para aquele pensador, há racionalidade sempre que houver diálogo onde se instaurem consensos entre os interlocutores, sendo que a verificação prática do consenso seria a própria demonstração de que houve racionalidade. Em outras palavras: razão é o diálogo que dá certo.

Em Kardec, a fé raciocinada é a fé que permanece em constante contato com a razão, isto é, busca sempre um saber mais amplo, argumenta e se questiona. Para isso, a fé espírita há de ser permanentemente reconstruída no diálogo com os diversos saberes, especialmente na interação entre o saber humano, de vertente científica, filosófica ou experiencial, e o saber espiritual, originado da interlocução mediúnica. Eis, portanto, sob formulação espírita, a razão comunicativa, um movimento de construção da crença erigido sobre o diálogo e, por isso, capaz de "enfrentar a razão, face a face, em qualquer época da Humanidade".

Os espíritas, por isso, não podem abandonar em tempo algum a possibilidade do diálogo, não apenas com os espíritos, a partir dos quais o conhecimento assume a forma de "revelação", em definição kardequiana, mas também com os variados saberes humanos, especialmente o filosófico e o científico. A fé espírita há de ser uma fé em constante atualização, uma fé sempre renovada, sempre reconstruída. Ou recairá lamentavelmente num novo tipo de fé cega: a que se contenta em apenas fingir que vê.

Luiz Signates (GO)

ORDENAÇÕES HUMANAS

"Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana por amor do Senhor."
(1 Pd 2,13.)
Certos temperamentos impulsivos, aproximando-se das lições do Cristo, presumem no Evangelho um tratado de princípios destruidores da ordem existente no mundo. Há quem figure no Mestre um anarquista vigoroso, inflamado de cóleras sublimes.

Jesus, porém, nunca será patrono da desordem. A novidade que transborda do Evangelho não aconselha ao espírito mais humilhado da Terra a adoção de armas contra irmãos, mas, sim, que se humilhe ainda mais, tomando a cruz, a exemplo do Salvador.

Claro está que a Boa Nova não ensina a genuflexão ante a tirania insolente; entretanto, pede respeito às ordenações humanas, por amor ao Mestre Divino. 

Se o detentor da autoridade exige mais do que lhe compete, transforma-se num déspota que o Senhor corrigirá, através das circunstâncias que lhe expressam os desígnios, no momento oportuno. Essa certeza é mais um fator de tranqüilidade para o servo cristão que, em hipótese alguma, deve quebrar o ritmo da harmonia. 

Não te faças, pois, indiferente às ordenações da máquina de trabalho em que te encontras. É possível que, muita vez, não te correspondam aos desejos, mas lembra-te de que Jesus é o Supremo Ordenador na Terra e não te situaria o esforço pessoal onde o teu concurso fosse desnecessário.

Tens algo de sagrado a fazer onde respiras no dia de hoje. Com expressões de revolta, tua atividade será negativa. Recorda-te de semelhante verdade e submete-te às ordenações humanas por amor ao Senhor Divino.

Emmanuel (Espírito), através de Francisco Cândido Xavier, no Livro: Caminho, Verdade e Vida, capítulo 81.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

TECNOLOGIA E RESPONSABILIDADE

À medida que surgiram as primeiras conquistas tecnológicas, em decorrência do processo evolutivo e das avançadas aquisições científicas, temeu-se que os relevantes serviços apresentados viessem destruir a ingenuidade, a comunicação fraternal, a amizade, os valores morais entre as pessoas, dando lugar à mecanização da vida humana. 

Durante o século XX, no qual as admiráveis invenções tecnológicas alteraram totalmente a sociedade, as máquinas foram substituindo os seres humanos em inúmeros setores de atividades, com resultados excelentes, infelizmente dando lugar ao desemprego de grande massa de trabalhadores, diminuindo-lhes a autoestima. 

Nesse capítulo, a robótica tornou-se terrível adversário de milhões de pessoas que foram dispensadas dos seus estafantes serviços, produzindo mais intensamente, sem nenhum descanso, e aumentando a renda das empresas, que se libertaram de muitas responsabilidades para com os seus servidores, agora atirados praticamente ao abandono. 

Por outro lado, a comunicação virtual vem facultando um infinito elenco de oportunidades para ampliar-se o conhecimento,, para adquirirem-se recursos fabulosos, para encontrar-se orientação para muitos males, para propiciar divertimento, alegria e intercâmbio rápido de ideias... Nada obstante, o mesmo veículo tem sido utilizado de maneira perversa, por pessoas destituídas de sentimentos éticos, de dignidade, psicopatas graves abrindo as comportas de suas paixões servis e desencaminhando pessoas inexperientes mediante intercâmbio devasso, corruptor, mentiroso, abrindo as comportas para inumeráveis crimes que vêm sendo catalogados por especialistas preocupados com a verdadeira pandemia de pedófilos, de depressivos que se permitem o suicídio, a anorexia, a bulimia, exteriorizando conflitos perturbadores que são assimilados por outros indivíduos insensatos. Pessoas inescrupulosas, denominadas hackers penetram os segredos de entidades militares e bancárias, assim como de outras pessoas, produzindo prejuízos incalculáveis, ao mesmo tempo que se utilizam de senhas e números de cartões de crédito ou de débito, infernizando a vida dos seus legítimos possuidores. 

Simultaneamente, diminui as distâncias, facilitou a comunicação entre as criaturas que se encontram geograficamente separadas por milhares de quilômetros, facultando as grandiosas experiências com satélites artificiais e bólides outras que sondam os espaços siderais, estudando os fenômenos cósmicos, a origem da vida e do universo.

Sem a tecnologia, conforme se apresenta, o processo de crescimento da sociedade e da evolução da Terra estaria nos limites medievais, na estreiteza da ignorância, lamentavelmente em fase de estagnação. 

O problema, portanto, não é da valiosa tecnologia de ponta, mas da criatura humana, em si mesma, que a pode utilizar para salvar milhões de vidas, assim como para disparar armas inteligentes que as ceifariam aos milhares de uma só vez. 

Enquanto não haja correspondente desenvolvimento ético-moral, enfrentar-se ão graves mutilações nas estruturas da sociedade, com os danos advindos do mau uso desse valioso instrumento que não pode ficar ignorado.

Para onde se volte, o ser humano na atualidade defrontará as notáveis conquistas tecnológicas, facilitando-lhe a existência ou, infelizmente, criando-lhe situações lamentáveis. 



Antes dos incomparáveis inventos tecnológicos, a ignorância predominava nos grupamentos humanos, o isolamento da sociedade era desafiador, as viagens muito difíceis e perigosas, as epidemias dizimavam periodicamente grande parte da humanidade, a escuridão predominava em toda parte, a higiene era relegada a plano secundário, o desconhecimento dos recursos de preservação da vida era vasto e a superstição dominava até mesmo os recintos acadêmicos...

À medida que se pôde penetrar na interpretação da eletricidade e domá-la, canalizando-a para fins úteis, houve uma nova descoberta do fogo, assim como a identificação da flora e da fauna microbiana, com os seus poderosos recursos de manutenção e destruição da vida, é como se novamente houvesse sido inventada a roda...

De conquista em conquista, os desafios que sombreavam a cultura e ameaçavam a existência dos seres vegetais, animais e humanos, cederam lugar à compreensão dos grandiosos dons da vida, facultando o seu prolongamento, a diminuição das dores, a alegria de viver, as bênçãos do intercâmbio e as facilidades para as viagens prolongadas. O rádio, o cinema, a televisão motivaram milhões de pessoas a se tornarem mais saudáveis e sensíveis à beleza, que deixava de pertencer às classes privilegiadas para alcançar número incontável de cidadãos, contribuindo para o seu processo de evolução. 

A educação ampliou infinitamente, em relação ao passado, as possibilidades de melhorar a cultura e os valores de enobrecimento, favorecendo a conquista dos direitos humanos, embora ainda pouco respeitados, enquanto as possibilidades de crescimento intelectual tornaram-se indiscutíveis.

Com o advento da informática, da robótica, da computação, o mundo diminui o seu volume e a humanidade passou a viver em contínuo contato virtual com as mais distantes nações, comunicando-se e negociando com facilidade imensa, sem o risco das grandes viagens, nem o perigo dos desastres...

É imensa a lista das vantagens defluentes da ciência e da tecnologia a serviço da sociedade terrestre.

Simultaneamente, porém, à medida que a ignorância e a superstição cederam lugar após os conhecimentos avançados, surgiram novos mitos, filhos das paixões desportivas, do erotismo, da música perturbadora, do excesso de informação que a mente não consegue decodificar nem os sentimentos absorver.

Diferente solidão, a psicológica substituiu a anterior decorrente das distâncias geográficas, a perda dos contatos pessoais, o medo do futuro, que se apresenta ameaçador, como se as máquinas viessem substituir os seres humanos, a violência arrebata milhões de criaturas desajustadas, os crimes hediondos permanecem, novas epidemias surgem, embora controladas com rapidez, os suicídios apresentam índices alarmantes, o suborno, a difamação e a crueldade dão-se as mãos em espetáculos de horror, que surpreendem e desencantam os futurólogos sonhadores e programadores do mundo de felicidade material...

O paradoxo do século atual está no choque entre as inescrutáveis conquistas dessas duas vertentes do conhecimento que são a ciência e a tecnologia, em relação aos sentimentos humanos desgastados pelo impositivo dos instrumentos de uso, cada vez mais complexos, que isolam e atiram ao esquecimento as gerações anteriores que sofrem dificuldades em atualizar-se...

Lentamente a perda do sentido existencial, pelo tudo já realizado e concluído, vai instalando-se em muitos comportamentos que derrapam na indiferença pela vida, na depressão, na revolta surda contra aqueles que se apresentam felizes e fazem crer que são triunfadores...

Há, portanto, um imenso contraste entre os seres humanos, dividindo-os naqueles que tudo possuem e noutros que apenas olham e não dispõem das mesmas possibilidades.

As gloriosas conquistas da inteligência, respeitáveis e valiosas, ainda carecem das aquisições morais, a fim de tornarem o ser humano realmente ditoso e pleno, o que certamente ocorrerá, embora ainda não haja sucedido...



Ao evangelho de Jesus, desvestido das indumentárias luxuosas e equivocadas com que o sombrearam através dos séculos, cabe a tarefa de oferecer o amor como solução para os graves problemas que aturdem e desorientam as massas.

Administradas as notáveis conquistas da inteligência pela suavidade dos sentimentos enobrecidos, que a todas as criaturas unirá como irmãs, as lições insubstituíveis do Sermão da Montanha preencherão o vazio existencial e reunirão os seres humanos numa grande família, apesar das suas diferenças compreensíveis, dando lugar ao mundo de regeneração que se aproxima.

Respeitando, desse modo, os incomparáveis tesouros da ciência e da tecnologia, aguardamos a ocorrência dos valores sublimes do amor, gerando a bioética que preserva a vida em qualquer circunstância e a torna mais digna de ser exercida.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

VERDADEIRO OU FALSO?

Esta imagem explica como a nossa perspectiva determina o que vemos como "verdade".
Aqui vemos que o que é verdadeiro para mim e o que é verdade para você não são realidades diferentes, mas uma oportunidade para nós termos uma conversa e entendermos os dois lados.

Sugestão de postagem de Karina Mattar, uma sobrinha prá lá de querida!!!

domingo, 4 de outubro de 2015

DE ALMA DESPERTA

"Por isso te lembro despertes o dom de Deus que
existe em ti." - Paulo (II Timóteo, 1:6.)
É indispensável muito esforço de vontade para não nos perdermos indefinitamente na sombra dos impulsos primitivistas.

À frente dos milênios passados, em nosso campo evolutivo, somos suscetíveis de longa permanência nos resvaladouros do erro, cristalizando atitudes em desacordo com as Leis Eternas. 

Para que não nos demoremos no fundo dos precipícios, temos ao nosso dispor a luz da Revelação Divina, dádiva do Alto, que, em hipótese alguma, devemos permitir se extinga em nós. 

Em face de extensa e pesada bagagem de nossas necessidades de regeneração e aperfeiçoamento, as tentações para o desvio surgem com esmagadora percentagem sobre as sugestões de prosseguimento no caminho reto, dentro da ascensão espiritual. 

Nas menores atividades da luta humana, o aprendiz é influenciado a permanecer às escuras.

Nas palestras comuns, cercam-no insinuações caluniosas e descabidas. Nos pensamentos habituais, recebe mil e um convites desordenados das zonas inferiores. Nas aplicações da justiça, é compelido a difíceis recapitulações, em virtude do demasiado individualismo do pretérito que procura perpetuar-se. Nas ações de trabalho, em obediência às determinações da vida, é, muita vez, levado a buscar descanso indevido. Até mesmo na alimentação do corpo é conduzido a perigosas convocações ao desequilíbrio. 

Por essa razão, Paulo aconselhava ao companheiro não olvidasse a necessidade de acordar o "dom de Deus", no altar do coração. 

Que o homem sofrerá tentações, que cairá muitas vezes, que se afligirá com decepções e desânimos, na estrada iluminativa, não padece dúvida para nenhum de nós, irmãos mais velhos em experiência maior; entretanto, é imprescindível marcharmos de alma desperta, na posição de reerguimento e reedificação, sempre que necessário. 

Que as sombras do passado nos fustiguem, mas que jamais nos esqueçamos de reacender a própria luz. 

(Emmanuel, Espírito, através de Francisco Cândido Xavier, livro "Vinha de Luz)


quarta-feira, 23 de setembro de 2015

AUTOCONSCIENTIZAÇÃO

Os dias atuais, caracterizados pelos conflitos psicológicos, em face do tumulto que domina o pensamento da sociedade e as ambições de cada indivíduo, exigem profundas reflexões, a fim de que a harmonia permaneça nos sentimentos humanos e na conduta pessoal em relação a si mesmo, assim como ao próximo.

As admiráveis conquistas da Psicologia profunda, contribuindo para a solução dos muitos distúrbios que se apresentam perturbadores, convidam à meditação em torno da realidade que se é, para que sejam superados os condicionamentos em que se encontra, de forma a situar-se com equilíbrio ante os desafios e as injunções, não raro, penosos, que se apresentam em toda parte exigindo decisões inadiáveis.

Atordoando-se ante o volume das atividades que defronta, o indivíduo percebe-se desequipado de valores que lhe facultem uma boa administração das injunções em que se encontra, não sabendo o rumo que deve seguir.

Convidado, porém, à auto-reflexão, à autoconscientização mediante as quais poderá descobrir a sua realidade essencial, recusa-se por automatismo, receando penetrar-se em profundidade, em razão do atavismo castrador a que se submete.

A sombra que o condiciona ao aceito e determinado ameaça-o de sofrimento, caso busque iluminar o seu lado escuro, permitindo-lhe a autoidentificação que se encarregará de libertá-lo das aflições e conflitos de comportamento, que são heranças ancestrais nele prevalecentes.

Vitimado pelo jogo das paixões sensoriais, anula a própria alma que discerne, e procura não se deixar vencer pelos desejos infrenes que o arrastam ao jogo ilusório do prazer desmedido.

Apresentando-se incapaz, no entanto, de lutar pela libertação interior, permite-se arrastar mais facilmente pelo tumulto dos jogos da sensualidade, naufragando nas aspirações de enobrecimento e de cultura, de beleza e de espiritualidade, temendo perder a oportunidade que a todos é oferecida de desfrutar as facilidades e permissões morais que constituem a ordem do dia.

A estrutura psicológica do ser humano é trabalhada por mecanismos muito delicados, sofrendo os golpes violentos da ignorância, do prazer brutalizado, dos vícios inveterados. Não suportando a alta carga de tensões que esses impositivos lhe exigem, libera conflitos e temores primitivos que estão adormecidos, desequilibrando as emoções, cujos equipamentos sutis geram distonias e depressões.

O desvario do sexo, que se tornou objeto de mercado, transformando homens e mulheres em coisas de fácil aquisição, é também instrumento de projeção social, de conquista econômica, de exaltação do ego, despertando nas mentes imaturas psicologicamente ânsias malcontidas de desejos absurdos, nele centralizando todas as aspirações, por considerá-lo indispensável ao triunfo no círculo em que se movimenta.

Incompleto, por não saber integrar os seus conteúdos psicológicos da anima à sua masculinidade e do animus à sua feminilidade, conseguindo a realização da obra-prima que lhe deve constituir meta, o ser humano deixa-se arrastar pelas imposições de um em detrimento do outro, afligindo-se sem saber por qual motivo.

Procura, então, agônico e insatisfeito, recuperação na variedade dos prazeres, identificando-se mais confuso, a um passo de transtorno sempre mais grave, qual ocorre a todo instante no organismo social e nos relacionamentos interpessoais.

A sombra governa-o, e ele se recusa à luz da libertação.


***

O Apóstolo Paulo afirmou: Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse eu faço. (Romanos, 7-19.)

Nesse auto-reconhecimento, o nobre servidor do Evangelho de Jesus denunciava a existência do seu lado escuro, impulsionando-o a atitudes que reprovava e não conseguia impedir-se de praticar. Mediante, porém, esforço perseverante e autoconscientização da própria fragilidade psicológica, o arauto da Era Nova conseguiu atingir a culminância do seu apostolado, quando proclamou: (...) E vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim... (Gálatas, 2:20.)

Somente através da coragem para encontrar a consciência mediante uma análise tranqüila das possibilidades de que dispõe é que a criatura humana logrará liberar-se da situação conflitiva que a domina, facultando-se selecionar os valores reais daqueles ilusórios aos quais se atribui significados, mas que sempre deixam frustração e vazio existencial.

A experiência física tem objetivos bem delineados que se apresentam acima da vacuidade dos interesses imediatistas que dominam na moderna sociedade consumista. Esse seu consumismo exterior resulta dos obscuros conflitos internos que projetam para fora e para outrem sua imagem de inquietação, transferindo-a do eu profundo, como necessidade de agitação para fugir de si mesmo.

Sucede que, nessa ansiosa projeção, o ser se torna consumido pelos demais, e por sua vez, destituído dos sentimentos profundos de amor, procura consumir os outros, utilizando dos seus recursos e qualidades reais ou imaginárias para saciar a sede de prazer em que se aturde, e seguir adiante.

Não saciado, porque essas experiências somente mais afligem, surge a necessidade das extravagâncias, pelas libações alcoólicas, pelo uso de substâncias químicas alucinantes, pelas aberrações sexuais intituladas de variedades para o prazer, pela agressividade, pela violência, ou pela queda nos abismos da depressão, da loucura, do suicídio...

A única alternativa disponível, portanto, para o ser humano de hoje, qual ocorreu com o de ontem, é o mergulho interior, a autodescoberta, a conscientização da sua realidade de Espírito imortal em viagem transitória pelo corpo, a fim de adquirir novas realizações, reparando males anteriores e conseguindo harmonia íntima, para que possa desfrutar de todas as concessões que se lhe encontram à disposição, premiando-o pelo esforço de autoconquista e autolibertação.

Naturalmente que, ao ser ativado o mecanismo de identificação do ser real, o hábito da fuga dos compromissos superiores induz à projeção, para poupar-se à dor, o que constitui um grande erro, porquanto o sofrimento se tornará ainda mais penoso.

É óbvio que somente a claridade vence as sombras, e a autoconscientização é o foco de luz direcionado à escuridão que predomina no comportamento psicológico do ser humano.

***

Jesus asseverou com propriedade ser a luz do mundo, porque a Humanidade se encontrava em profunda escuridão, qual ocorre nos dias presentes.

A Sua é a mensagem de responsabilidade pessoal perante a vida, e de serviço constante em favor de si mesmo e da coletividade. 

Trazendo aos homens e mulheres o Seu exemplo de amor e de abnegação, não se propôs carregar o fardo do mundo, a fim de liberá-los de suas responsabilidades, mas ensinou a todos como conduzirem os seus problemas e angústias, solucionando-os com o amor a Deus, a si mesmos e ao próximo, por ser esse sentimento de amor a perene luz de libertação de toda a sombra existente no mundo íntimo e na sociedade em geral.

Busca, pois, conhecer-te a ti mesmo, e vencerás a ignorância e a indigência espiritual.


(Do livro: Lições para a Felicidade, de Divaldo P. Franco, através do Espírito Joanna de Ângelis, capítulo 29, páginas 169 a 173).

terça-feira, 22 de setembro de 2015

CORREÇÕES

"Se suportais a correção, Deus vos trata como
a filhos; pois que filho há a quem o pai não
corrija? - Paulo (Hebreus, 12:7)
Bem-aventurado o espírito que compreende a correção do Senhor e aceita-a sem relutar.

Raras, todavia, são as criaturas que conseguem entendê-la e suportá-la.

Por vezes, a repreensão generosa do Alto - símbolo de desvelado amor - atinge o campo do homem, traduzindo advertência sagrada e silenciosa, mas, na maioria das ocasiões, a mente encarnada repele o aguilhão salvador, mergulha na noite da rebeldia, elimina possibilidades preciosas e qualifica de infortúnio insuportável a influência renovadora, destinada a clarear-lhe o escuro e triste caminho.

Muita gente, em face do fenômeno regenerativo, apela para a fuga espetacular da situação difícil e entrega-se, inerme, ao suicídio lento, abandonando-se à indiferença integral pelo próprio destino.

Quem assim procede não pode ser tratado por filho, porquanto isolou a si mesmo, afastou-se da Providência divina e ergueu compactas paredes de sombra entre o próprio coração e as bênçãos paternas. 

Aqueles que compreendem as correções do Todo-Misericordioso reajustam-se em círculo de vida nova e promissora.

Vencida a tempestade íntima, revalorizam as oportunidades de aprender, servir e construir, e, fundamentados nas amargas experiências de ontem, aplicam graças da vida superior, com vistas ao amanhã.

Não te esqueças de que o mal não pode oferecer retificações a ninguém. Quando a correção do Senhor alcançar-te o caminho, aceita-a humildemente, convicto de que constitui verdadeira mensagem do Céu.

(Emmanuel - Espírito - através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro Pão Nosso, capítulo 88, páginas 189 e 190).