Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quinta-feira, 4 de maio de 2017

DE MADRUGADA

"E no primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro, de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra removida do sepulcro." - (João 20, 1)
Não devemos esquecer a circunstância em que Maria de Magdala recebe a primeira mensagem da ressurreição do Mestre.

No seio de perturbações e desalentos da pequena comunidade, a grande convertida não perde tempo em lamentações estéreis nem procura o sono do esquecimento.

Os companheiros haviam quebrado o padrão de confiança. Entre o remorso da própria defecção e a amargura pelo sacrifício do Salvador, cuja lição sublime ainda não conseguiam apreender, confundiam-se em atitudes negativas. Pensamentos contraditórios e angustiados azorragavam-lhes os corações.

Madalena, contudo, rompe o véu de emoções dolorosas que lhe embarga os passos. É imprescindível não sucumbir sob os fardos, transformando-os, acima de tudo, em elemento básico na construção espiritual, e Maria resolve não se acovardar, ante a dor. Porque o Cristo fora imolado na cruz, não seria lícito condenar-lhe a memória bem-amada ao olvido ou à indiferença.

Vigilante, atenta a si mesma, antes de qualquer satisfação a velhos convencionalismos, vai ao encontro do grande obstáculo que se constituía do sepulcro, muito cedo, precedendo o despertar dos próprios amigos e encontra a radiante resposta da Vida Eterna.

Rememorando esse acontecimento simbólico, recordemos nossas antigas quedas, por havermos esquecido o “primeiro dia da semana”, trocando, em todas as ocasiões, o “mais cedo” pelo “mais tarde”.

Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel no livro "Pão Nosso".

TRANSIÇÃO

Vivemos um momento de transição. Não somos mais o que éramos e ainda não atingimos aquilo que gostaríamos de ser. Momento angustiante e muitas vezes sufocado na busca frenética pelo consumo de tudo aquilo que nos falta, vivenciando necessidades que antes jamais pensáramos... 

O homem do futuro e a humanidade do amanhã se faz agora, refletindo sobre o que nos trouxe até aqui, e como poderemos enfrentar moral e eticamente as vicissitudes que ainda nos aguardam. O programa da TV Cutura, Terra Dois pode nos auxiliar no início da reflexão sobre essa temática. 

Recomendamos a todos. 





terça-feira, 2 de maio de 2017

JOGO DA BALEIA AZUL E EPIDEMIA DE SUICÍDIOS


Com caráter epidêmico, o suicídio alcança índices surpreendentes na estatística dos óbitos terrestres, havendo ultrapassado o número daqueles que desencarnam vitimados pela AIDS.

A ciência, aliada à tecnologia, tem facultado incontáveis benefícios à criatura humana, mas não conseguiu dar-lhe segurança emocional.

Em alguns casos, a comunicação virtual tem estimulado pessoas portadoras de problemas psicológicos e psiquiátricos a fugirem pela porta abissal do autocídio, como se isso solucionasse a dificuldade momentânea que as aturde. 

Por outro lado, sites danosos estimulam o terrível comportamento, especialmente entre os jovens ainda imaturos, que não tiveram oportunidade de experienciar a existência. De um lado, as promessas de felicidade, confundidas com os gozos sensoriais, dão à vida um colorido que não existe e propõem usufruir-se do prazer até a exaustão, como se a Terra fosse uma ilha de fantasia. Embalados pelos muito bem feitos estimulantes de fuga da realidade, quando as pessoas dão-se conta da realidade, frustam-se e amarguram-se, permitindo-se a instalação da revolta ou da depressão, tombando no trágico desar.

Recentemente a Mídia apresentou uma nova técnica de autodestruição, no denominado clube da baleia azul, no qual os candidatos devem expor a vida em esportes radicais ou situações perigosíssimas, a fim de demonstrarem força e valor, culminando no suicídio. Se, por acaso, na experiência tormentosa há um momento de lucidez e o indivíduo resolve parar é ameaçado pela quadrilha de ter a vida exterminada ou algum membro da sua família pagará pela sua desistência.

O uso exagerado de drogas alucinógenas, a liberdade sexual exaustiva e as desarrazoadas buscas do poder transitório conduzem à contínua insatisfação e angústia, sendo fator preponderantes para a covarde conduta. 

O suicídio é um filho espúrio do materialismo, por demonstrar que o sentido da vida é o gozo e que, após, tudo retorna ao caos do princípio.

É muito lamentável esse trágico fenômeno humano, tendo-se em vista a grandeza da vida em si mesma, as oportunidades excelentes de desenvolvimento do amor e da criação de um mundo cada vez melhor.

Ao observar-se, porém, a indiferença de muitos pais em relação à prole, a ausência de educação condigna e os exemplos de edificação humana, defronta-se, inevitavelmente, a deplorável situação em que estertora a sociedade.

Todo exemplo deve ser feito para a preservação do significado existencial, trabalhando-se contra a ilusão que domina a sociedade e trabalhando-se pelo fortalecimento dos laços de família, pela solidariedade e pela vivência do amor, que são antídotos eficazes ao cruel inimigo da vida – o suicídio!

Divaldo Pereira Franco em artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 20-04-2017.


GALILEU



O destino da Humanidade está ligado à organização do Universo, como o do habitante o está à sua habitação. Na ignorância desta organização, o homem deve ter tido ideias, sobre o seu passado e o seu futuro, em relação ao estado de seus conhecimentos. Se ele tivesse sempre conhecido a estrutura da Terra, jamais teria pensado em colocar o inferno em suas entranhas; se tivesse conhecido o infinito do espaço e a multidão de mundos que aí se movem, não teria localizado o céu acima do céu das estrelas; não teria feito da Terra o ponto central do Universo, a única habitação dos seres vivos; não teria condenado a crença nos antípodas como uma heresia; se tivesse conhecido a Geologia, jamais teria acreditado na formação da Terra em seis dias e em sua existência há seis mil anos. 


A ideia mesquinha que o homem fazia da Criação devia dar-lhe uma ideia mesquinha da divindade. Ele não pôde compreender a grandeza, o poder, a sabedoria infinitas do Criador senão quando seu pensamento pôde abarcar a imensidade do Universo e a sabedoria das leis que o regem, como se julga o gênio de um mecânico pelo conjunto, harmonia e precisão de um mecanismo, e não à vista de uma simples engrenagem. Só então as ideias puderam crescer e elevar-se acima de seu limitado horizonte. Em todos os tempos suas ideias religiosas foram calcadas na ideia que ele fazia de Deus e de sua obra. O erro de suas crenças sobre a origem e o destino da Humanidade tinha como causa sua ignorância das verdadeiras leis da Natureza. Se, desde a origem, ele tivesse conhecido essas leis, seus dogmas teriam sido completamente outros. 

Como um dos primeiros a revelar as leis do mecanismo do Universo, não por hipóteses, mas por uma demonstração irrecusável, Galileu abriu o caminho a novos progressos. Por isto mesmo, ele devia produzir uma revolução nas crenças, destruindo os andaimes dos sistemas científicos errados sobre os quais elas se apoiavam. 

A cada um a sua missão. Nem Moisés, nem o Cristo tinham a de ensinar aos homens as leis da Ciência. O conhecimento dessas leis devia ser resultado do trabalho e das pesquisas do homem, da atividade e do desenvolvimento de seu próprio espírito, e não de uma revelação a priori, que lhe tivesse dado o saber sem esforço. Eles não deviam nem podiam lhe ter falado senão uma linguagem apropriada ao seu estado intelectual, pois do contrário não teriam sido compreendidos. Moisés e o Cristo tiveram sua função moralizadora. A gênios de outra ordem são deferidas as missões científicas. Ora, como as leis morais e as leis da Ciência são leis divinas, a Religião e a Filosofia não podem ser verdadeiras senão pela aliança dessas leis. 

O Espiritismo é baseado na existência do princípio espiritual, como elemento constitutivo do Universo. Ele repousa sobre a universalidade e a perpetuidade dos seres inteligentes, sobre seu progresso indefinido através dos mundos e das gerações; sobre a pluralidade das existências corporais necessárias ao seu progresso individual; sobre sua cooperação relativa, como encarnados e desencarnados, na obra geral, na medida do progresso realizado; na solidariedade que une todos os seres de um mesmo mundo e dos mundos entre si. Nesse vasto conjunto, encarnados e desencarnados, cada um tem a sua missão, o seu papel, deveres a cumprir, desde o mais ínfimo até os anjos, que não são senão Espíritos humanos chegados ao estado de Espíritos puros, aos quais são confiadas as grandes missões, o governo dos mundos, como a generais experimentados. Em vez das solidões desertas do espaço sem limites, por toda parte a vida e a atividade, em parte alguma a ociosidade inútil; por toda parte o emprego dos conhecimentos adquiridos; por toda parte o desejo de continuar progredindo e de aumentar a soma de felicidades, pelo emprego útil das faculdades da inteligência. Em vez de uma existência efêmera e única, passada num cantinho da Terra, que decide para sempre sua sorte futura, que impõe limites ao progresso e torna estéril, para o futuro, o trabalho que ele toma para se instruir, o homem tem por domínio o Universo; nada do que ele sabe e do que faz fica perdido; o futuro lhe pertence; em vez do isolamento egoísta, a solidariedade universal; em vez do nada, segundo uns, a vida eterna; em vez da beatitude contemplativa perpétua, segundo outros, que a tornaria uma inutilidade perpétua, um papel ativo, proporcional ao mérito adquirido; em vez de castigos irremissíveis por faltas temporárias, a posição que cada um constrói para si, por sua perseverança no bem ou no mal; em vez de uma mancha original que o torna passível de faltas que não foram por ele cometidas, a consequência natural de suas próprias imperfeições nativas; em vez das chamas do inferno, a obrigação de reparar o mal que se fez e recomeçar o que se fez mal; em vez de um Deus colérico e vingativo, um Deus justo e bom, que leva em conta todo arrependimento e toda boa vontade. 

Tal é, em resumo, o quadro que o Espiritismo apresenta, e que ressalta da própria situação dos Espíritos que se manifestam. Não é mais uma simples teoria, mas um resultado da observação. O homem que encara as coisas deste ponto de vista sente-se crescer; ele se revela aos seus próprios olhos; é estimulado em seus instintos progressivos ao ver um objetivo para os seus trabalhos, para os seus esforços por se melhorar. 

Mas para compreender o Espiritismo em sua essência, na imensidade das coisas que ele abarca; para compreender o objetivo da vida e o destino do homem, não era preciso relegar a Humanidade para um pequeno globo, limitar a existência a alguns anos, apequenar o Criador e a criatura; para que o homem pudesse fazer uma ideia justa de seu papel no Universo, era preciso que ele compreendesse, pela pluralidade dos mundos, o campo aberto às suas explorações futuras e à atividade de seu espírito; para recuar indefinidamente os limites da Criação, para destruir os preconceitos sobre os lugares especiais de recompensa e de punição, sobre os diferentes estágios dos céus, era preciso que ele penetrasse as profundezas do espaço; que em lugar do cristalino e do empíreo, ele aí visse circular, em majestosa e perpétua harmonia, os mundos inumeráveis, semelhantes ao seu; que por toda parte seu pensamento encontrasse a criatura inteligente. 

A história da Terra se liga à da Humanidade. Para que o homem pudesse desfazer-se de suas mesquinhas e falsas opiniões sobre a época, a duração e o modo de criação do nosso globo, de suas crenças lendárias sobre o dilúvio e sua própria origem; para que consentisse em desalojar do seio da Terra o inferno e o império de Satã, era preciso que pudesse ler nas camadas geológicas a história de sua formação e de suas revoluções físicas. 

A Astronomia e a Geologia, secundadas pelas descobertas da Física e da Química, apoiadas nas leis da Mecânica, são as duas poderosas alavancas que derrubaram seus preconceitos sobre sua origem e seu destino. 

A matéria e o espírito são os dois princípios constitutivos do Universo, mas o conhecimento das leis que regem a matéria devia preceder o das leis que regem o elemento espiritual; só as primeiras poderiam combater vitoriosamente os preconceitos, pela evidência dos fatos. O Espiritismo, que tem como objetivo especial o conhecimento do elemento espiritual, devia vir em segundo lugar; para que pudesse ser compreendido em seu conjunto, era preciso que ele encontrasse o terreno preparado, o campo do espírito humano varrido dos preconceitos e das ideias falsas, senão na totalidade, ao menos em grande parte, sem o que não teríamos tido senão um Espiritismo amesquinhado, bastardo, incompleto e misturado a crenças e práticas absurdas, como é ainda hoje nos povos atrasados. Se considerarmos a situação moral atual das nações adiantadas, reconheceremos que ele veio em tempo oportuno, para encher os vazios que se fazem nas crenças. 

Galileu abriu o caminho. Rasgando o véu que ocultava o infinito, ele alargou o domínio da inteligência e desferiu um golpe fatal nas crenças errôneas; destruiu mais ideias falsas e superstições do que todas as filosofias, porque as sapou pela base, mostrando a realidade. O Espiritismo deve colocá-lo na categoria dos grandes gênios que abriram o caminho, derrubando as barreiras que a ignorância lhe opunha. As perseguições de que foi vítima, e que são o quinhão de quem quer que ataque os preconceitos e as ideias herdadas, fizeram-no grande aos olhos da posterioridade, ao mesmo tempo que rebaixaram os perseguidores. Quem é hoje o maior: eles ou ele? 

Allan Kardec na Revista Espírita - Jornal de estudos 
psicológicos de abril de 1867.

A LÍNGUA

"A língua também é um fogo." - (Thiago 3, 6.)

A desídia das criaturas justifica as amargas considerações de Tiago, em sua epístola aos companheiros.

O início de todas as hecatombes no Planeta localiza-se, quase sempre, no mau uso da língua.

Ela está posta, entre os membros, qual leme de embarcação poderosa, segundo lembra o grande apóstolo de Jerusalém.

Em sua potencialidade, permanecem sagrados recursos de criar, tanto quanto o leme de proporções reduzidas foi instalado para conduzir.

A língua detém a centelha divina do verbo, mas o homem, de modo geral, costuma desviá-la de sua função edificante, situando-a no pântano de cogitações subalternas e, por isto mesmo, vemo-la à frente de quase todos os desvarios da humanidade sofredora, cristalizada em propósitos mesquinhos, à míngua de humildade e amor.

Nasce a guerra da linguagem dos interesses criminosos, insatisfeitos. As grandes tragédias sociais se originam, em muitas ocasiões, da conversação dos sentimentos inferiores.

Poucas vezes a língua do homem há consolado e edificado os seus irmãos; reconheçamos, porém, que a sua disposição é sempre ativa para excitar, disputar, deprimir, enxovalhar, acusar e ferir desapiedadamente.

O discípulo sincero encontra nos apontamentos de Tiago uma tese brilhante para todas as suas experiências. E, quando chegue a noite de cada dia, é justo interrogue a si mesmo: — “Terei hoje utilizado a minha língua, como Jesus utilizou a dele?”

Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel no livro "Pão Nosso".