Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

sábado, 18 de junho de 2016

ESTIVE PENSANDO: ESPELHO DA VIDA


O mundo que vemos ao nosso redor é um reflexo, um espelho que mostra quem nós somos.

O que nós achamos de bom nos outros, também está em nós.

Os defeitos que nós encontramos nos outros, são defeitos em nós também, afinal para reconhecermos algo, nós temos que conhecê-lo.

As potencialidades que enxergamos nos outros são possíveis também em nós. A beleza que vemos ao nosso redor, é a nossa beleza que a identifica.

O que vemos refletido nos outros, nos mostra a nós mesmos, veremos pois o melhor nos outros a partir do instante em que nos tornarmos pessoas melhores, também. Doemo-nos aos outros e estaremos doando a nós mesmos.

Apreciemos a beleza e nos entenderemos... Belos!

Admiremos a criatividade e nos encontraremos... criativos!

Amemos e talvez sejamos... amados! Mas amemos, pois o amor basta a quem ama...

Procuremos compreender e talvez sejamos... compreendidos! Mas compreender nos elimina vaidades e justificações desnecessárias...

Ouçamos e nossa voz será, talvez ... ouvida! Mas o silêncio, esse será sempre nosso!!!

Ensinemos e... aprenderemos! Pois quem ensina aprende de novo!!!

Mostremo-nos ao espelho com a nossa verdadeira face e encontraremos motivos para nos admirarmos com o ele nos mostrará, pois é na nossa verdade interior que nos encontramos com o Divino em nós!!!

quinta-feira, 16 de junho de 2016

POSITIVAR A VIDA


Talvez a principal razão de ser de nossa passagem aqui pela Terra consiste em aprendermos a superar nossos próprios limites, assim como os desafios que a vida nos impõe.

Durante a nossa jornada, cada um de nós passa por uma série de provações e expiações, todas tendentes à nossa depuração enquanto indivíduos. Muitas vezes nos deparamos com situações limite nas quais temos certa dificuldade em avaliar os próximos passos a serem tomados. Isso acaba gerando angústias e aflições que por vezes nos obnubilam a visão e impedem que tomemos as decisões mais adequadas.

É exatamente aí que importa buscarmos um forte embasamento nas lições de Jesus, assim como nos instrumentos e instruções fornecidos pela Doutrina dos Espíritos. Se assim procedermos, uma das primeiras coisas que iremos perceber é que sendo Deus soberanamente justo e bom, o fardo que carregamos nunca é maior do que a nossa capacidade de suportá-lo. Ou seja, temos em nosso íntimo plena capacidade de superação das situações adversas da vida, bastando, para tanto, que através da prática do autoconhecimento saibamos avaliar nossos limites e potencialidades, bem como perscrutar as origens dos desafios que nos são apresentados (que nos mais das vezes são consequência direta de nossas atitudes pretéritas).

Perceberemos também que independentemente de querermos ou não, em algum momento dos baixios e cumeadas de nossa trajetória, passaremos por grandes desafios, não havendo aí nunca que se falar em castigo ou punição, mas sim em oportunidades de aprendizado e correção de rota.

Ora, se já de antemão tivermos essa plena consciência de que esses momentos de adversidade são inerentes à vida na Terra e que invariavelmente haveremos de nos defrontar com eles, logo perceberemos que a grande diferença está na forma como iremos encará-los.  Se a cada pedra que surgir em nosso caminho nós nos desesperarmos, angustiarmos e afligirmos, a jornada será muito mais turbulenta e menos prazerosa. Por outro lado, se buscarmos enxergar nesses percalços oportunidades ao invés de problemas, certamente faremos deles um aproveitamento muito maior.

Quando começamos a perceber a vida sob uma perspectiva espiritual, cresce infinitamente nossa capacidade de compreendê-la e positivá-la. Basta volvermos nossos pensamentos a alguns dos grandes capacitores que já passaram pela Terra para percebermos que suas vidas não foram apenas de gozos e desfrutes, e que eles só conseguiram chegar onde chegaram após superar duríssimas provas e que ainda assim conseguiram fazer um bem imensurável à causa da humanidade.

Para não nos alongarmos em demasia, vamos ficar apenas com o exemplo de Jesus – por todos nós conhecido – que apesar de todas as incomensuráveis adversidades que teve que superar (chegando ao extremo de pagar com a própria vida pela força de suas ideias) sempre – e mais do que ninguém – soube positivar a vida e nunca se deixou afligir, pois tinha plena consciência da missão que tinha a desempenhar.

Devemos, pois, cada um de nós, buscar ter essa visão positiva da vida, enxergando cada momento como uma oportunidade única a ser desfrutada. Se assim formos capazes de fazer, certamente não teremos mais do que nos queixar e conseguiremos voltar todas as nossas forças exclusivamente para o nosso aprendizado e a prática do bem.

Rodrigo Fontana França
Publicado originalmente AQUI. 

PRIMEIRO KARDEC

Estudar os livros de Allan Kardec antes de palmilhar os caminhos da imensa bibliografia espírita já existente é fator essencial para uma jornada doutrinária isenta de atropelos. Isso porque ser espírita sem Kardec — admitamos a possibilidade à guisa de argumentação — é andar sem destino, é navegar sem bússola, é levantar um edifício sem cuidar do lançamento dos alicerces.


Claro está que os ensinamentos espirituais codificados pelo mestre de Lyon têm tido seus desdobramentos, uma vez que os ensinos dos Espíritos Superiores são aprofundados a partir do grau de maturidade dos espíritas, que se desenvolve pelo estudo e pela prática das verdades reveladas. Todavia, sem a análise meticulosa; o exame sério e detido das páginas escritas por Allan Kardec, que retratam a mensagem dos Orientadores Espirituais da Humanidade, priva-se do discernimento indispensável para separar os reais desdobramentos — que acrescentam pormenores sem desnaturar a essência — do desvio, do erro, da fantasia, em que se comprazem os chamados “mentores”, nos dois planos da vida.

Espiritismo foi termo criado por Allan Kardec para titular a nova doutrina, que surgia dos ensinos dados pelo Espírito de Verdade, doutrina codificada sob a ótica de dois princípios básicos: o crivo da razão e a universalidade e concordância daqueles ensinos. Tais princípios devem balizar a ação dos espíritas em todos os tempos como garantia de segurança doutrinária.

A opinião de um Espírito, desencarnado ou encarnado, só adquire relevância no sentido de inserção no conteúdo do Espiritismo à medida que vai sendo absorvida pela razão e recebendo o beneplácito dos Espíritos Superiores, que continuam a se comunicar em todos os recantos do Planeta. Esse o critério do Codificador, o “bom senso encarnado”, no dizer de Camille Flammarion. Tal deve ser o nosso critério, se pretendemos ser seus discípulos.

“Bem examinada, a Codificação do Espiritismo apresenta-se como bússola norteadora dos nossos estudos doutrinários”

A precipitação no trato com o ensino dos Espíritos poderá acarretar danos plenamente evitáveis na divulgação do Espiritismo. A mentira, a fantasia, o erro introduzidos, por descuido, na propagação da Doutrina Espírita, comprometem o trabalho, em que todos nos empenhamos, de levar aos homens uma mensagem simples e pura, que lhes sirva de roteiro seguro em meio das dificuldades da existência.

Por outro lado, a verdade, mantida em suspenso por imaturidade nossa, voltará mais tarde, sem maiores percalços, com a força redobrada pela aceitação geral.

O trabalho de divulgação do Espiritismo traz-nos imensa responsabilidade diante da própria consciência, pois que estamos levando aos outros uma doutrina que não nos pertence e sim aos Espíritos Superiores, como mandatários do Cristo.

Estudar Kardec, antes, é uma garantia de melhor compreensão dessa doutrina, sempre clara, simples, objetiva e, ao mesmo tempo, sublime, escoimada de toda sorte de misticismo, que, freqüentemente, mantém a atenção na forma, em detrimento do conteúdo da mensagem.

O estudo das obras da Codificação leva-nos a separar o que vem dos Espíritos, constituindo-se, por isso mesmo, em revelações do Plano Superior, das ilações e comentários de Kardec, que, embora inegavelmente inspirado pelo Espírito da Verdade, não poderia deixar de emitir seus concitos também com base nos conhecimentos da época e no seu próprio juízo de valor como homem. Essa distinção é importante para não se tomar a palavra de Kardec por ensino dos Espíritos, levando-se em conta que o próprio Codificador foi peremptório ao afirmar ser a doutrina dos Espíritos e não dele.

Outro ponto fundamental para o estudioso é a necessidade de se fazer a interpretação sistemática das instruções dos espíritos, para que seja, examinadas, não isoladamente, mas no conjunto. Somente a Adoção desse procedimento evita radicalizações, sempre perniciosas diante de nossas responsabilidades dentro do Movimento Espírita, em especial na tarefa da Unificação.

Bem Examinada, a Codificação do Espiritismo apresenta-se como bússola norteadora dos nossos estudos doutrinários, ajudando -nos a discernir com maior acerto quanto às comunicações recebidas através dos tempos por médiuns diversos, a fim de que sejam colocadas no seu devido lugar: como repetição ou desenvolvimento da essência doutrinária inserta na codificação; como inserindo informações, cuja veracidade não temos ainda condições de constatar; ou como fantasias, que devem ser afastadas liminarmente de nossos programas de divulgação do Espiritismo.

REFORMADOR, 1996

Por José Carlos da Silva Silveira publicado originalmente JORNAL CIÊNCIA ESPÍRITA.

FALA EM PAZ


Justo lembrar: a voz humana está carregada de vibrações.

Esforça-te por evitar os gritos intempestivos e inoportunos.

Uma exclamação tonitruante equivale a uma pedrada mental.

Se alguém te dirige a palavra em tom muito alto, faze-lhe o obséquio de responder em tom mais baixo.

Os nervos dos outros são iguais aos teus: Desequilibram-se facilmente.

Discussão sem proveito é desperdício de forças.

Não te digas sofrendo esgotamento e fadiga para poder lançar frases tempestuosas e ofensivas; aqueles que se encontram realmente cansados procuram repouso e silêncio.

Se te sentes à beira da irritação estás doente e o doente exige remédio.

Barulho verbal apenas complica.

Pensa nisso: a tua voz é o teu retrato sonoro.

Livro: Calma – Emmanuel – Chico Xavier

quarta-feira, 15 de junho de 2016

POR QUE OS ESPÍRITAS NÃO TEMEM A MORTE


A doutrina espírita muda inteiramente a maneira de encarar o futuro. A vida futura não é mais uma hipótese, mas uma realidade; o estado das almas depois da morte não é mais um sistema, mas um resultado de observação. O véu é levantado; o mundo espiritual aparece-nos em toda a sua realidade prática; não foram os homens que o descobriram pelo esforço de uma concepção engenhosa, são os próprios habitantes desse mundo que vêm descrever-nos sua situação; vemo-los aí em todos os graus da escala espiritual, em todas as fases da felicidade e da desgraça; assistimos a todas as peripécias da vida de além-túmulo. Aí está para os Espíritas a causa da calma com a qual encaram a morte, da serenidade de seus últimos instantes na terra. O que os sustenta não é somente a esperança, é a certeza; eles sabem que a vida futura não é mais do que a continuação da vida presente em melhores condições, e eles a aguardam com a mesma confiança com que aguardam o nascer do sol depois de uma noite de tempestade. Os motivos dessa confiança estão nos fatos de que foram testemunhas, e na concordância desses fatos com a lógica, a justiça e a bondade de Deus, e as aspirações íntimas do homem.

Para os Espíritas, a alma não é mais uma abstração; ela tem um corpo etéreo que faz dela um ser definido, que o pensamento abarca e concebe; já é muito para fixar as ideias sobre sua individualidade, suas aptidões e percepções. A lembrança daqueles que nos são caros repousa sobre algo real. Não são mais representados como chamas fugitivas que não lembram nada ao pensamento, mas sob uma forma concreta que os mostra melhor como seres vivos. Depois, em vez de ficarem perdidos nas profundezas do espaço, eles estão à nossa volta; o mundo corpóreo e o mundo espiritual estão em relação contínua, e assistem-se mutuamente. A dúvida sobre o futuro não sendo mais permitida, a apreensão da morte não tem mais razão de ser; vemo-la chegar com sangue frio, como uma libertação, como a porta da vida, e não como a porta do nada.

Allan Kardec, no livro 
"O Céu e o Inferno - ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo".

terça-feira, 14 de junho de 2016

A FLOR DE LÓTUS


O lótus é um dos fenômenos mais milagrosos da vida; por isso, no oriente ele é considerado o símbolo da transformação espiritual.

Buda está sentado sobre um lótus, Vishnu está de pé sobre um lótus, por que um lótus?

Porque o lótus tem um significado muito simbólico. 

Ele cresce no lodo.

Ele é o símbolo de uma transformação, de uma metamorfose.

O lodo é imundo, pode cheirar mal; o lótus é perfumado e nasce do lodo fedorento.

Exatamente da mesma forma, a vida comum é assim como o o lodo fedorento, mas a possibilidade de se tornar um lótus está escondido ali.

O lodo pode ser transformado, você pode se tornar um lótus.

O sexo pode ser transformado e pode se tornar samadhi.

A raiva pode ser transformada e pode se tornar compaixão.

O ódio pode ser transformado e tornar-se amor.

Tudo o que você tem agora que parece negativo, assim como o lodo, pode ser transformado.

A sua mente ruidosa pode se esvaziar e ser transformada e pode se tornar uma música celestial.

Osho

NÃO FALTA

 “E, se os deixar ir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho, porque alguns deles vieram de longe.” — Jesus. (MARCOS, CAPÍTULO 8, VERSÍCULO 3.) 

A preocupação de Jesus pela multidão necessitada continua viva, através do tempo.

Quantas escolas religiosas palpitam no seio das nações, ao influxo do amor providencial do Mestre Divino?

Pode haver homens perversos e desesperados que perseveram na malícia e na negação, mas não se vê coletividade sem o socorro da fé. Os próprios selvagens recebem postos de assistência do Senhor, naturalmente de acordo com a rusticidade de suas interpretações primitivistas. Não falta alimento do céu às criaturas. Se alguns espíritos se declaram descrentes da Paternidade de Deus, é que se encontram incapazes ou enfermos pelas ruínas interiores a que se entregaram.

Jesus manifesta invariável preocupação em nutrir o espírito dos tutelados, através de mil modos diferentes, desde a taba do indígena às catedrais das grandes metrópoles. 

Nesses postos de socorro sublime, o homem aprende, em esforço gradativo, a alimentar-se espiritualmente, até trazer a igreja ao próprio lar, transportando-a do santuário doméstico para o recinto do próprio coração.

Pouca gente medita na infinita misericórdia que serve, no mundo, à mesa edificante das idéias religiosas.

Inclina-se o Mestre ao bem de todos os homens. Cheio de abnegação e amor sabe alimentar, com recursos específicos, o ignorante e o sábio, o indagador e o crente, o revoltado e o infeliz. Mais que ninguém, compreende Jesus que, de outro modo, as criaturas cairiam, exaustas, nos imensos despenhadeiros que marginam a senda evolutiva.

Emmanuel (Espírito) através de Francisco Cândido Xavier, 
no livro "Pão Nosso". 

sábado, 11 de junho de 2016

LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE


Liberdade, igualdade, fraternidade, estas três palavras são, por si só, o programa de toda uma ordem social, que realizaria o progresso mais absoluto da Humanidade, se os princípios que representam pudessem receber sua inteira aplicação. Vejamos os obstáculos que, no estado atual da sociedade, podem a isso se opor e, ao lado do mal, procuremos o remédio.

A fraternidade, na rigorosa acepção da palavra, resume todos os deveres dos homens relativamente uns aos outros; ela significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência; é a caridade evangélica por excelência e a aplicação da máxima: "Agir para com os outros como gostaríamos que os outros agissem conosco." A contrapartida é o Egoísmo. A fraternidade diz: "Cada um por todos e todos por um." O egoísmo diz: "Cada um por si." Sendo essas duas qualidades a negação uma da outra, é tão impossível a um egoísta agir fraternalmente, para com os seus semelhantes, quanto o é para um avarento ser generoso, a um homem pequeno alcançar a altura de um homem grande. Ora, sendo o egoísmo a praga dominante da sociedade, enquanto ele reinar dominador, o reino da verdadeira fraternidade será impossível; cada um quererá da fraternidade em seu proveito, mas não a quererá para fazê-la em proveito dos outros; ou, se isso faz, será depois de estar seguro de que não perderá nada.

Considerada do ponto de vista de sua importância para a realização da felicidade social, a fraternidade está em primeira linha: é a base; sem ela não poderia existir nem igualdade e nem liberdade sérias; a igualdade decorre da fraternidade, e a liberdade é a consequência das duas outras.

Com efeito, suponhamos uma sociedade de homens bastante desinteressados, bons e benevolentes para viverem, entre si, fraternalmente, não haveria entre eles nem privilégios nem direitos excepcionais, sem o que não haveria ali fraternidade. Tratar alguém como irmão, é tratá-lo de igual para igual; é querer-lhe o que desejaria para si mesmo; num povo de irmãos, a igualdade será a consequência de seus sentimentos, de sua maneira de agir, e se estabelecerá pela força das coisas. Mas qual é o inimigo da igualdade? É o orgulho. O orgulho que, por toda a parte, quer primar e dominar, que vive de privilégios e de exceções, pode suportar a igualdade social, mas não a fundará jamais e a destruirá na primeira ocasião. Ora, sendo o orgulho, ele também, uma das pragas da sociedade, enquanto não for destruído, oporá uma barreira  à verdadeira igualdade.

A liberdade, dissemos, é filha da fraternidade e da igualdade; falamos da liberdade legal e não da liberdade natural que é, por direito, imprescritível para toda criatura humana, desde o selvagem ao homem civilizado. Vivendo os homens como irmãos, com os direitos iguais, animados de um sentimento de benevolência recíproco, praticarão entre si a justiça, não procurarão nunca se fazerem mal, e não terão, consequentemente, nada a temer uns dos outros. A liberdade será sem perigo, porque ninguém pensará em dela abusar em prejuízo de seus semelhantes. Mas como o egoísmo que quer tudo para si, o orgulho que quer sempre dominar, dariam a mão à liberdade que os destronaria? Os inimigos da liberdade são, pois, ao mesmo tempo, o egoísmo e o orgulho, como o são da igualdade e da fraternidade.

A liberdade supõe a confiança mútua; ora, não poderia haver confiança entre pessoas movidas pelo sentimento exclusivo da personalidade; não podendo se satisfazer senão às expensas de outrem, sem cessar, estão em guarda uns contra os outros. Sempre com medo de perder o que chamam seus direitos, a dominação é a condição mesma de sua existência, por isso armarão sempre ciladas à liberdade, e a abafarão tanto tempo quanto o puderem.

Esses trés princípios são, pois, como o dissemos, solidários uns com os outros e se servem mutuamente de apoio; sem sua reunião, o edifício social não poderia estar completo. A fraternidade praticada em sua pureza não poderia estar só, porque sem a igualdade e a liberdade não há verdadeira fraternidade. A liberdade sem a fraternidade dá liberdade de ação a todas as más paixões, que não têm mais freio; com a fraternidade, o homem não faz nenhum mau uso de sua liberdade: é a ordem; sem a fraternidade, ele a usa para dar curso a todas as suas torpezas: é a anarquia, a licença.  É por isso que as nações mais livres são forçadas a fazerem restrições à liberdade. A igualdade sem a fraternidade conduz aos mesmos resultados, porque a igualdade quer a liberdade; sob pretexto de igualdade, o pequeno abate o grande, para se substituir a ele, e se torna tirano a seu turno; isso não é senão um deslocamento do despotismo.

Segue-se que, até que os homens estejam imbuídos do sentimento da verdadeira fraternidade, falta tê-los na servidão? Que sejam impróprios às instituições fundadas sobre os princípios de igualdade e de liberdade? Semelhante opinião seria mais do que um erro; seria absurda. Não se espera que uma criança haja feito todo o seu crescimento para fazê-la caminhar. Quem, aliás, a tem mais frequentemente em tutela? São homens de idéias grandes e generosas, guiados pelo amor ao progresso? Aproveitando da submissão de seus inferiores, para desenvolver neles o senso moral, e elevá-los, pouco a pouco, à condição de homens livres? Não; são, na maioria, homens ciosos de seu poder, ambição e cupidez dos quais outros homens servem de instrumento, mais inteligentes do que animais, e que, para esse efeito, em lugar de emancipá-los os têm, o maior tempo possível, sob o jugo e na ignorância. Mas essa ordem de coisas muda por si mesma pela força irresistível do progresso. A reação é, às vezes, violenta e tanto mais terrível quanto o sentimento de fraternidade, imprudentemente abafado, não vem interpor um poder moderador; a luta se estabelece, entre aqueles que querem agarrar e aqueles que querem reter; da um conflito que se prolonga,  frequentemente, durante séculos. Um equilíbrio factício se estabelece enfim; há melhoria; mas sente-se que as bases sociais não estão sólidas; o solo treme a cada instante sob os passos, porque não é, ainda, o reino da liberdade e da igualdade sob a égide da fraternidade, porque o orgulho e o egoísmo estão sempre ali, levando ao fracasso os esforços dos homens de bem.

Todos vós que sonhais com essa idade de ouro para a Humanidade, trabalhai, antes de tudo, na base do edifício, antes de querer coroar-lhe a cumeeira; dai-lhe por base a fraternidade em sua mais pura acepção; mas, para isso, não basta decretá-la e inscrevê-la sobre uma bandeira; é preciso que ela esteja no coração e não se muda o coração dos homens com decretos. Do mesmo modo que, para fazer um campo frutificar, é preciso arrancar-lhe as pedras e os espinheiros, trabalhai sem descanso para extirpar o vírus do orgulho e do egoísmo, porque a está a fonte de todo mal, o obstáculo real ao reino do bem; destruí nas leis, nas instituições, nas religiões, na educação, até os últimos vestígios, os tempos de barbárie e de privilégios, e todas as causas que mantém e desenvolvem esses eternos obstáculos ao verdadeiro progresso, que se recebe, por assim dizer, desde a meninice e que se aspira por todos os poros na atmosfera social; só então os homens compreenderão os deveres e os benefícios da fraternidade; então, também, se estabelecerão por si mesmos, sem abalos e sem perigo, os princípios complementares da igualdade e da liberdade.


A destruição do egoísmo e do orgulho é possível? Dizemos alta e ousadamente SIM, de outro modo seria preciso colocar uma suspensão ao progresso da Humanidade. O homem cresce em inteligência, é um fato incontestável; chegou ao ponto culminante que não poderia ultrapassar? Quem ousaria sustentar essa tese absurda? Progride ele em moralidade? Para responder a esta pergunta, basta comparar as épocas de um mesmo país. Por que, pois, teria antes alcançado o limite do progresso moral do que do progresso intelectual? Sua aspiração, para uma ordem de coisas melhor, é um indício da possibilidade de a isso chegar. Aos homens progressistas cabe ativar o movimento pelo estudo e pela prática dos meios mais eficazes.


Allan Kardec, no livro "Obras Póstumas". 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

O JUIZ RETO


Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Caiar arrastando Zorobabel, miserável mendigo.

— Este homem — clamou o comerciante, furioso — impingiu-me um logro de vastas proporções! Vendeu-me um colar de pérolas falsas, por cinco peças de ouro, asseverando que valiam cinco mil. Comprei as jóias, crendo haver realizado excelente negócio, descobrindo, afinal, que o preço delas é inferior a dois ovos cozidos. Reclamei diretamente contra o mistificador, mas este vagabundo já me gastou o rico dinheiro. Exijo para ele as penas da justiça! É ladrão reles e condenável!...        

O magistrado, porém, que cultuava a Justiça Suprema, recomendou que o acusado se pronunciasse por sua vez:        

— Grande juiz — disse ele, timidamente —, reconheço haver transgredido os regulamentos que nos regem. Entretanto, tenho meus dois filhos estirados na cama e debalde procuro trabalho digno, pois mo recusam sempre, a pretexto de minha idade e de minha pobre apresentação. Realmente, enganei o meu próximo e sou criminoso, mas prometo resgatar meu débito logo que puder. 

O juiz meditou longamente e sentenciou:

— Para Zorobabel, o mendigo, cinco bastonadas entre quatro paredes, a fim de que aprenda a sofrer honestamente, sem assalto à bolsa dos semelhantes, e, para Jonatan, o mercador, vinte bastonadas, na praça pública, de modo a não mais abusar dos humildes. 

O negociante protestou, revoltado: 

— Que ouço? Sou vítima de um ladrão e devo pagar por faltas que não cometi? Iniqüidade! iniqüidade!...

O magistrado, todavia, bateu forte com um martelo sobre a mesa, chamando a atenção dos presentes, e esclareceu, em voz alta: 

— Jonatan ben Caiar, a justiça verdadeira não reside na Terra para examinar as aparências. Zorobabel, o vagabundo, chefe de uma família infeliz, furtou-te cinco peças de ouro, no propósito de socorrer os filhos desventurados, porém, tu, por tua vez, tentaste roubar dele, valendo-te do infortúnio que o persegue, apoderando-te de um objeto que acreditaste valer cinco mil peças de ouro ao preço irrisório de cinco. Quem é mais nocivo à sociedade, perante Deus: o mísero esfomeado que rouba um pão, a fim de matar a fome dos filhos, ou o homem já atendido pela Bondade do Eterno, com os dons da fortuna e da habilidade, que absorve para si uma padaria inteira, a fim de abusar, calculadamente, da alheia indigência? Quem furta por necessidade pode ser um louco, mas quem acumula riquezas, indefinidamente, sem movimentá-las no trabalho construtivo ou na prática do bem, com absoluta despreocupação pelas angústias dos pobres, muita vez passará por inteligente e sagaz, aos olhos daqueles que, no mundo, adormeceram no egoísmo e na ambição desmedida, mas é malfeitor diante do Todo-Poderoso que nos julgará a todos, no momento oportuno. 

E, sob a vigilância de guardas robustos, Zorobabel tomou cinco bastonadas em sala de portas lacradas, para aprender a sofrer sem roubar, e Jonatan apanhou vinte, na via pública, de modo a não mais explorar, sem escrúpulos, a miséria, a simplicidade e a confiança do povo. 

Neio Lúcio (Espírito) através de Francisco Cândido Xavier, 
no livro "Alvorada Cristã".

ALIMENTA A ESPERANÇA

A esperança não pode desaparecer dos nossos ideais. Ela é uma flor que nos predispõe para os rumos do despertar espiritual e faz desaparecer as dúvidas, fornecendo-nos um ambiente favorável à vida feliz e alegre. Quem espera, sempre trabalha para alcançar.

Acredita em ti mesmo e em Deus, e luta por isso todos os dias, mesmo que o tempo esteja contrário às tuas idéias. Avança, sem que o esmorecimento amarre teus passos. Alimenta a esperança, que ela te libertará das sombras do desinteresse. Confia no Senhor Todo Poderoso, sem esquecer de confiar em ti mesmo, que os caminhos se abrirão para ti, mostrando-te as portas onde encontrarás a paz do coração. Sê fiel aos princípios do Amor e nunca deixes de praticar a caridade, porque sabemos não existir salvação sem o brilho desta virtude sem par.

Em tudo o que fizeres, meu irmão, não poderás esquecer a esperança. Esse anseio de encontrar o melhor nos leva à alegria e ao bem-estar indizível. Os iniciados no Bem, no Amor e na Caridade nunca desconhecem o exercício que deve ser feito no campo do coração e no ambiente dos sentimentos, sob a regência da vontade. Para o conhecimento das verdades eternas do espírito, a universidade maior está dentro de nós mesmos. Cada experiência nos dá condições para um novo alcance de compreender as leis da natureza e respeitá-las. 

Os tempos são chegados. Já se encontra maturidade espiritual na coletividade para que seja pregado o Evangelho de Jesus, em espírito e em verdade. A palavra escrita e falada está ressoando nos quatro cantos do mundo e todas as criaturas estão sentindo, ouvindo e compreendendo o objetivo da mensagem espiritual. Jesus está nos chamando pelas bocas dos anjos, para que tomemos posições de lutas e, desta vez, a batalha é travada dentro de nós, contra os nossos inimigos internos, que nos escravizam há milênios e que devem ser extirpados do nosso mundo íntimo e lançados ao fogo bendito do amor, para que possamos sentir a liberdade na região da consciência e a paz em todos os sentimentos. 

Alimenta a esperança, pois além da morte física, um mundo grandioso te espera com a bagagem que conquistaste no aprimoramento da moral. Fase uma cirurgia moral em todos os teus atos e abstém-te de novos distúrbios conscienciais, para que não venhas a sofrer maiores danos. A boca acostumada a falar asneiras é instrumento do lixo mental e quando a cabeça está cheia de inferioridade não se pode pensar em falar em esperança, pois não sobra espaço para a virtude mantenedora da alegria. 

Se não sabes por onde começar na limpeza interna de sentimentos destruidores, procura livros que te possam orientar. Existem muitos que te ajudarão na reforma interior. Mas, se a ignorância domina por completo a tua alma, vá com moderação, porque os rejeitos são volumosos e poderás esmorecer. 

Luta devagar, mas sempre.

Lancellin (Espírito) através de João Nunes Maia, 
no livro "Cirurgia Moral".