Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O HOMEM BOM

Conta-se que Jesus, apos narrar a Parábola do Bom Samaritano, foi novamente interpelado pelo doutor da lei que, alegando não lhe haver compreendido integralmente a lição, perguntou, sutil:

–  Mestre, que farei para ser considerado homem bom?

Evidenciando paciência admirável, o Senhor respondeu:

Imagina-te vitimado por mudez que te iniba a manifestação do verbo escorreito e pensa quão grato te mostrarias ao companheiro que falasse por ti a palavra encarcerada na boca.

Imagina-te de olhos mortos pela enfermidade irremediável e lembra a alegria da caminhada, ante as mãos que te estendessem ao passo incerto, garatindo-te a segurança.

Imagina-te caído e desfalecente, na via pública, e preliba o teu consolo nos braços que te oferecessem amparo, sem qualquer desrespeito para com os teus sofrimentos.

Imagina-te tocado por moléstia contagiosa e reflete no contentamento que te iluminaria o coração, perante a visita do amigo que te fosse levar alguns minutos de solidariedade.

Imagina-te no cárcere, padecendo a incompreensão do mundo, e recorda como te edificaria o gesto de coragem do irmão que te buscasse testemunhar entendimento.

Imagina-te sem pão no lar, arrostando amargura e escassez, e raciocina sobre a felicidade que te apareceria de súbito no amparo daqueles que te levassem leve migalha de auxílio, sem perguntar por teu modo de crer e sem te exigir exames de consciência.

Imagina-te em erro, sob o sarcasmo de muitos, e mentaliza o bálsamo com que te acalmarias, diante da indulgência dos que te desculpassem a falta, alentando-te o recomeço.

Imagina-te fatigado e intemperante e observa quão reconhecido ficarias para com todos os que te ofertassem a oração do silêncio e a frase de simpatia.

Em seguida ao intervalo espontâneo, indagou-lhe o Divino Amigo:

–  Em teu parecer, quais teriam sido os homens bons nessas circunstâncias?

–  Os que usassem de compreensão e misericórdia para comigo - explicou o interlocutor.

–  Então - repetiu Jesus com bondade-, segue adiante e faze também o mesmo.

Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel no livro: 
Amor e Vida em Família.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O PAI CRÉPIN - CONVERSAS FAMILIARES DE ALÉM-TÚMULO


(Sociedade Espírita de Paris, 2 de setembro de 1859)
Recentemente os jornais anunciaram a morte de um homem que vivia em Lyon, onde era conhecido pela alcunha de Pai Crépin. Era multimilionário e de uma avareza pouco comum. 

Nos últimos tempos de sua vida fora morar com o casal Favre, que tinha assumido a obrigação de alimentá-lo mediante trinta cêntimos por dia, feita a dedução de dez cêntimos para o seu tabaco. Ele possuía nove casas e antes morava em uma delas, numa espécie de nicho que tinha mandado construir debaixo da escada. 

Na ocasião de receber os aluguéis, arrancava cartazes das ruas e os utilizava para fazer os recibos. O decreto municipal que prescrevia a caiação das casas lhe causava um tremendo desespero; inutilmente fez diligências com o objetivo de conseguir isenção. Gritava que estava arruinado. Se tivesse uma só casa, ter-se-ia resignado, mas, acrescentava, ele tinha nove.


1. (Evocação).

─ Eis-me aqui. Que quereis de mim? Oh! Meu ouro! Meu ouro! Que fizeram dele?

2. ─ Tendes saudades da vida terrena?

─ Oh! Sim!

3. ─ Por que tendes saudades?

─ Não posso mais tocar no meu ouro, contá-lo e guardá-lo.

4. ─ Em que empregais o vosso tempo?

─ Ainda estou muito preso à Terra e é difícil arrepender-me.

5. ─ Vindes muitas vezes rever o vosso querido tesouro e as vossas casas?

─ Tantas vezes quanto posso.

6. ─ Quando vivo nunca pensastes que não levaríeis nada disto para o outro mundo?

─ Não. Minha única ideia estava ligada às riquezas, visando acumulá-las. Jamais pensei em separar-me delas.

7. ─ Qual era o vosso objetivo amontoando essas riquezas que não serviam para nada, nem para vós mesmo, pois vivíeis em privações?

─ Eu experimentava a volúpia de tocá-las.

8. ─ De onde vos vinha tão sórdida avareza?

─ Do prazer experimentado por meu Espírito e por meu coração por ter muito dinheiro. Aqui na Terra não tive outra paixão.

9. ─ Compreendeis que era avareza?

─ Sim, compreendo agora que eu era um miserável. Entretanto, meu coração ainda é muito terreno e ainda experimento certo prazer em ver o meu ouro. Mas não posso apalpá-lo, e isto é um começo de punição na vida em que estou.

10. ─ Não experimentáveis nenhum sentimento de compaixão pelos infelizes que sofriam na miséria? Nunca vos ocorreu a ideia de aliviá-los?

─ Por que eles não tinham dinheiro? Pior para eles!

11. ─ Tendes lembrança da vossa existência anterior a esta que acabais de deixar?

─ Sim, eu era pastor, muito infeliz de corpo, mas feliz de coração.

12. ─ Quais foram os vossos primeiros pensamentos, quando vos reconhecestes no mundo dos Espíritos?

─ Meu primeiro pensamento foi o de procurar as minhas riquezas e, sobretudo, o meu ouro. Quando não vi mais do que o espaço, senti-me muito infeliz. Meu coração ficou dilacerado e o remorso começou a apoderar-se de mim. Parece que quanto mais tempo se passar, mais sofrerei por minha avareza terrena.

13. ─ Qual é agora a consequência de vossa vida terrena?

─ Inútil para os meus semelhantes, inútil diante da eternidade, mas infeliz para mim perante Deus.

14. ─ Podeis prever uma nova existência corpórea?

─ Não sei.

15. ─ Se devêsseis ter brevemente uma nova existência corpórea, qual escolheríeis?

─ Escolheria uma existência em que pudesse tornar-me útil aos meus semelhantes.

16. ─ Quando vivo não tínheis amigos na Terra, pois um avarento como vós não pode tê-los. Tende-os entre os Espíritos?

─ Jamais rezei por alguém. Meu anjo da guarda, a quem muito ofendi, é o único que tem compaixão de mim.

17. ─ Ao entrar no mundo dos Espíritos, alguém vos veio receber?

─ Sim, minha mãe.

18. ─ Já fostes evocado por outras pessoas?

─ Uma vez, por uma pessoa a quem maltratei.

19. ─ Não estivestes na África, num centro onde se ocupam com os Espíritos?

─ Sim, mas toda aquela gente não tinha nenhuma pena de mim. Isto é muito triste. Aqui sois compassivos.

20. ─ Nossa evocação vos será proveitosa?

─ Muito.

21. ─ Como adquiristes fortuna?

─ Ganhei um pouco honestamente, mas explorei muito e roubei um pouco dos meus semelhantes.

22. ─ Podemos fazer alguma coisa por vós?

─ Sim. Um pouco de vossa compaixão para uma alma em sofrimento.


(Sociedade Espírita de Paris, 9 de setembro de 1859)
Perguntas dirigidas a São Luís a respeito do Pai Crépin

1. ─ O Pai Crépin que evocamos recentemente era um tipo raro de avareza. Não nos pôde dar explicações sobre a fonte de sua paixão. Teríeis a bondade de no-las ministrar? Ele nos disse que tinha sido pastor, muito infeliz de corpo, mas feliz de coração. Nada vemos nisso que lhe pudesse desenvolver esta avareza sórdida. Poderíeis dizer-nos o que provocou o seu começo?

─ Ele era ignorante e inexperiente. Pediu a riqueza e ela lhe foi concedida, mas como punição para o seu pedido. Tende certeza de que ele não a pedirá mais.

2. ─ O Pai Crépin nos oferece o tipo da avareza ignóbil, mas essa paixão tem gradações. Assim, há pessoas que só são avarentas para os outros. Perguntamos qual é o mais culpável: aquele que acumula pelo prazer de acumular e se priva até do necessário, ou aquele que, de nada se privando é avaro quando se trata do menor sacrifício pelo próximo?

─ É evidente que o último é mais culpado, porque é profundamente egoísta. O primeiro é louco.

3. ─ Nas provas que deve sofrer para chegar à perfeição, deve o Espírito passar por todos os gêneros de tentação? Poder-se-ia dizer que, para o Pai Crépin, a vez da avareza chegou por meio das riquezas que estavam à sua disposição, e que ele sucumbiu?

─ Isto não é regra geral, mas é exato no seu caso particular. Sabeis que há muitos que desde o começo tomam um caminho que os exime de muitas provas.

Artigo publicado na Revista Espírita, editada por Allan Kardec em setembro de 1959.

ACOLHIMENTO DOUTRINÁRIO - C.E. NOVA LUZ

“O Espiritismo, também já o dissemos, entende com todas as questões que interessam a Humanidade; tem imenso campo, e o que principalmente convém é encará-lo pelas suas consequências”.
Allan Kardec



Dentre as várias significações que o dicionário Aurélio, reserva à palavra “acolhimento” destacamos: ato ou efeito de acolher; recepção; atenção; consideração; refúgio, agasalho, abrigo. 

Buscando ilustração para os sinônimos apresentados, nos deparamos com o Cristo desse Orbe, Jesus, nos ensinando através de exemplos: 

- Jesus acolhe João Batista e seu batismo de arrependimento para demonstrar o quanto é justo (Mc 1, 1-9; Mt 3, 1-15; Lc 3, 1-21 e Jo 1, 19-28); 

- recepciona Nicodemos, autoridade entre os judeus e lhe explica sobre a importância da renovação e do renascimento, revelando o quanto era Mestre (Jo 3, 1-12); 

- presta atenção aos gritos do cego moribundo que recobra a visão pela fé, demonstrando que as curas físicas e morais iniciam-se em nós (Mt 20, 29-34; Mc 10, 46-52 e Lc 18, 35-43); 

- considerou a fé ativa e confiante da mulher cananeia que rogava pela filha doente, depois curada, demonstrando que a fé independe dos formalismos humanos (Mt 15, 21-28 e Mc 7, 24-30); 

- deu refúgio à mulher que era perseguida sobre a acusação de adultério, demonstrando que não se deve atirar a primeira pedra (Jo 8, 1-11); 

- agasalha, aquecendo com amor, a mulher dita como pecadora e que lhe lava os pés com perfume e lágrimas, enxugando-os depois com os cabelos, demonstrando que há verdades que devem ser consideradas por trás das aparências (Mt 26, 6-13; Mc 14, 3-9; Lc 7, 36-50); 

- abriga carinhosamente os discípulos que se encaminhavam tristes para Emaús, demonstrando que às vezes é necessário reforçamos os ensinamentos (Lc 24, 13-35).

Queremos e podemos aprender com Jesus. O aprendizado com esse Mestre inigualável passa pelo exercício, pela aplicabilidade à vida cotidiana dos ensinamentos reflexionados. 

Por isso, Querida Companheira e Querido Companheiro de caminhada existencial, idealizamos o ACOLHIMENTO DOUTRINÁRIO com intuito de fornecer elementos introdutórios a respeito do Espiritismo, confiantes de que não basta apenas semear, mas é necessário trabalharmos os terrenos às vezes inférteis tão somente por não terem sido cuidados.

Acolhemos você como você é, recepcionamos você como se apresenta, daremos atenção aos seus anseios, consideraremos as suas limitações, ofereceremos um refúgio para as almas sedentas de transcendência, agasalharemos os seus temores e tremores aquecendo-os com a luz de uma verdade insofismável, e lhe daremos abrigo no Centro Espírita Nova Luz, ofertando-lhe o valor que verdadeiramente possuímos: nosso tempo. 

Esperamos que à luz da Doutrina Espírita o Evangelho de Jesus lhe seja mais claro, consolador e esclarecedor.

Que seu tempo conosco seja produtivo também para você, pois para nós já tem sido! 

No Centro Espírita Nova Luz, localizado à Rua Rubi, 575, bairro Prado, Belo Horizonte, Minas Gerais (3372-2521) o acolhimento obedecerá ao cronograma abaixo com os encontros marcados para se iniciarem às 20:10 e término previsto às 21:30. Concomitante às explanações ocorrerão as atividades do passe. 

Para que a retenção dos assuntos possam ser favorecidas, idealizamos duas apostilas contendo os conceitos que serão tratados e que podem ser baixadas A.Q.U.I. (apostila de estudo) e A.Q.U.I. (apostila de textos complementares). 

Informações adicionais podem ser fornecidas através do nosso email - emerson.amsantos@terra.com.br - ou pelo whatsApp (31) 9 9879-1611.


DESARMAMENTO ÍNTIMO

Aclaras, que reagiste com ira descontrolada, porque já aguardavas a agressão do outro.

Explicas que, informando das ciladas que estavam armadas contra ti não tiveste tempo de refletir, desferindo, então, o primeiro golpe.

Justificas que, ferido mil vezes pela impetuosidade dos desequilíbrios que desgovernam a Terra, foste forçado à decisão infeliz. 

Conjecturas que, em verdade, poderias ter sido mais brando. No entanto, saturado pela recidiva dos problemas afligentes, não tiveste outra alternativa, senão a do gesto tresloucado.

Informas que, a fim de não seres esmagado pelas circunstâncias, preferiste tomar a dianteira, na ação indébita.

De fato, como constatas, embora sob justificativas não justificáveis, estás armado intimamente contra os outros.

Feres, pensando, assim, evitar a tentativa do outro.

Acossas, na suposição de que te poupas à perturbação nefasta do outro. 

Esmagas, considerando ser a forma eficaz de poupar-te à sanha do outro que se compraz em afligir e malsinar.

Todavia, convenhamos, o outro é o teu irmão.

Violento, inditoso, agressivo, vingador porque, Infelizmente, não tem encontrado entendimento e ajuda, fraternidade e afeição. 

Tu que és amigo do Cristo, que tens dado à família sofrida da Terra, aos desorientados do caminho, em nome d’Ele?

*

Desarma-te interiormente e agirás melhor.

Agridem-te, porque também agrides, se a oportunidade é tua.

Magoam-te, porquanto farias o mesmo, fosse-te o ensejo propício.

Somente modificarás as tristes paisagens morais do Orbe, se exteriorizares pacificação e beleza, ternura e confiança que deves manter gravadas nos recessos do espírito.

Não sejas tu, sob motivo algum, o violador, o agente do mal.

Propõe-te à harmonia, e dá oportunidade ao teu irmão, mesmo que sejas convidado a pagar o tributo desse gesto de socorro.

Quem ama sempre se transforma em mártir do amor.

E o amor somente é autêntico, quando imola quem ama.

Não fora essa grandiosa realidade, e Jesus não se teria permitido imolar por amor a nós todos, comprovando que, se nos não despojarmos das armas morais interiores que engendram a guerra, não triunfará o Bem de que Ele se fez ímpar vexilário, que te propões restaurar e manter na atualidade.

Divaldo Pereira Franco pelo espírito Joanna D'Ângelis no livro "Leis Morais da Vida". 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

GOVERNO INTERNO

“Antes subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de algum modo a ficar reprovado.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 9, VERSÍCULO 27.)

Efetivamente, o corpo é miniatura do Universo.

É imprescindível, portanto, saber governá-lo. 

Representação em material terrestre da personalidade espiritual, é razoável esteja cada um atento às suas disposições. Não é que a substância passiva haja adquirido poder superior ao da vontade humana, todavia, é imperioso reconhecer que as tendências inferiores procuram subtrair-nos o poder de domínio.

É indispensável esteja cada homem em dia com o governo de si mesmo. A vida interior, de alguma sorte, assemelha-se à vida de um Estado. O espírito assume a auto-chefia, auxiliado por vários ministérios, quais os da reflexão, do conhecimento, da compreensão, do respeito e da ordem. As idéias diversas e simultâneas constituem apelos bons ou maus do parlamento íntimo. Existem, no fundo de cada mente, extensas potencialidades de progresso e sublimação, reclamando trabalho.

O governador supremo que é o espírito, no cosmo celular, redige leis benfeitoras, mas nem sempre mobiliza os órgãos fiscalizadores da própria vontade. E as zonas inferiores continuam em antigas desordens, não lhes importando os decretos renovadores que não hostilizam, nem executam. Em se verificando semelhante anomalia, passa o homem a ser um enigma vivo, quando se não converte num cego ou num celerado.

Quem espera vida sã, sem autodisciplina, não se distancia muito do desequilíbrio ruinoso ou total.

É necessário instalar o governo de nós mesmos em qualquer posição da vida. O problema fundamental é de vontade forte para conosco, e de boa-vontade para com os nossos irmãos. 

Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel no livro "Pão Nosso".




Para fazer o download da apresentação utilizada no Estudo de Obras de Emmanuel, do Centro Espírita Casimiro Cunha, favor clicar A.Q.U.I.

Para escutar a narração do texto favor utilizar o player abaixo:


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

CRIATIVIDADE

Todo aquele que, tanto no estado normal, como no de êxtase, recebe, pelo pensamento, comunicações estranhas às suas idéias preconcebidas, pode ser incluído na categoria dos médiuns inspirados. Estes, como se vê, formam uma variedade da mediunidade intuitiva, com a diferença de que a intervenção de uma força oculta é aí muito menos sensível, por isso que, ao inspirado, ainda é mais difícil distinguir o pensamento próprio do que lhe é sugerido. A espontaneidade é o que, sobretudo, caracteriza o pensamento deste último gênero. A inspiração nos vem dos Espíritos que nos influenciam para o bem, ou para o mal, porém, procede, principalmente, dos que querem o nosso bem e cujos conselhos muito amiúde cometemos o erro de não seguir. Ela se aplica, em todas as circunstâncias da vida, às resoluções que devamos tomar. Sob esse aspecto, pode dizer-se que todos são médiuns, porquanto não há quem não tenha seus Espíritos protetores e familiares, a se esforçarem por sugerir aos protegidos salutares idéias. Se todos estivessem bem compenetrados desta verdade, ninguém deixaria de recorrer com freqüência à inspiração do seu anjo de guarda, nos momentos em que se não sabe o que dizer, ou fazer. Que cada um, pois, o invoque com fervor e confiança, em caso de necessidade, e muito frequentemente se admirará das idéias que lhe surgem como por encanto, quer se trate de uma resolução a tomar, quer de alguma coisa a compor. Se nenhuma idéia surge, é que é preciso esperar. A prova de que a idéia que sobrevém é estranha à pessoa de quem se trate está em que, se tal idéia lhe existira na mente, essa pessoa seria senhora de, a qualquer momento, utilizá-la e não haveria razão para que ela se não manifestasse à vontade. Quem não é cego nada mais precisa fazer do que abrir os olhos, para ver quando quiser. Do mesmo modo, aquele que possui idéias próprias tem-nas sempre à disposição. Se elas não lhes vêm quando quer, é que está obrigado a buscá-las algures, que não no seu íntimo.

Também se podem incluir nesta categoria as pessoas que, sem serem dotadas de inteligência fora do comum e sem saírem do estado normal, têm relâmpagos de uma lucidez intelectual que lhes dá momentaneamente desabitual facilidade de concepção e de elocução e, em certos casos, o pressentimento de coisas futuras. Nesses momentos, que com acerto se chamam de inspiração, as idéias abundam, sob um impulso involuntário e quase febril. Parece que uma inteligência superior nos vem ajudar e que o nosso espírito se desembaraçou de um fardo.

(Allan Kardec - O Livro dos Médiuns – Capítulo XV – Dos médiuns escreventes ou psicógrafos - Item 182.)


Todos somos, em princípio, criativos, mas essa criatividade inata vai sendo descortinada à medida que encontra em nossa própria intimidade um ambiente propício.

Cremos estar sempre vendo a realidade das coisas, mas, em verdade, o que chega à nossa consciência são inúmeros impulsos originados por nossas percepções físicas e espirituais, e o que fazemos, além de selecioná-las (escolhemos algumas e bloqueamos o acesso de outras), é simplesmente organizá-las conforme nosso grau de entendimento evolutivo.

Interpretamos a vida através da nossa capacidade mental, que contém registros intensamente gravados em sua memória, acumulados na noite dos tempos. Todavia, não costumamos admitir que a nossa maneira de ver é uma “porção da realidade”, uma apenas entre as muitas possíveis.

O reino da criatividade é amplo e de múltiplas faces. Ele tem raízes profundas nas estruturas psicológicas do ser e age de forma involuntária ou automática nas criaturas. De uma maneira simples e sintética e para melhor entendimento, poderíamos descrever esse reino como a capacidade de desestruturar uma concepção ou informação conhecida para reestruturá-la de uma maneira nova. Esse é o processo de toda criação ou invenção, na arte, na ciência, na mediunidade ou na vida diária.

O ato de criar está vinculado à nossa capacidade de associação. Quando incrementamos nossa habilidade de interligar as coisas, conseguimos que uma ideia mobilize outras. O ser que procura respostas no mundo exterior ou nas experiências de pessoas muito diferentes dele não desenvolve “pensamentos férteis”.

Vale ressaltar que a criatividade é profundamente inibida em ambientes supercríticos, quer dizer, despojados da liberdade de agir e pensar. Ela só floresce numa atmosfera de independência, onde a satisfação é força motriz.

Cícero, filósofo e o mais eloquente dos oradores romanos, dizia: “Nenhum homem jamais foi grande sem um toque de inspiração divina”.

O ser criativo mantém estrita ligação com a inspiração, porque olha o mundo com ampla visão de liberdade íntima. Não tenta resolver seus problemas atuais lançando mão de experiências negativas do passado, mas soluciona suas dificuldades revendo todos os seus valores internos e buscando novas ideias, reorganizando, assim, sua vida interior.

Allan Kardec se refere a “relâmpagos de uma lucidez intelectual”, a “uma facilidade de concepção e elocução” e a momentos em que “as ideias se derramam, se seguem, se encadeiam”, instantes esses em que a alma do médium está livre e, portanto, mais desembaraçada da matéria, porque recobra parte das suas faculdades de Espírito.

O mestre de Lyon ainda assevera que todos os pintores, músicos, literatos, ou seja, artistas de qualquer gênero podem ser classificados como médiuns inspirados. Em todas as épocas da humanidade, os homens de talento representaram os verdadeiros impulsionadores do desenvolvimento das ideias, das organizações e das sociedades. Através da criatividade, esses inovadores transcenderam os limites restritos em que estavam confinadas a ciência, a filosofia e a religião. 

Gênio, do latim “genius”, quer dizer talento ou dom natural. Na antiguidade esse conceito era utilizado para designar pessoas habilidosas ou criativas; somente nos dias atuais é que passou a significar uma superinteligência inata. Toda pessoa pode conceber, ou mesmo gerar, ideias ou possibilidades novas; nos sensitivos, é uma característica peculiar, pelo constante exercício em que eles se encontra, nas diferentes dimensões vibracionais da Vida Plena.

Inspiração é a habilidade de “olhar para dentro das coisas”; e o indivíduo inspirado atende ao propósito de vida para o qual ele foi criado, ou seja, expressa sua singularidade exclusiva. Temos em nós um centro de sabedoria dotado de todo o conhecimento necessário à nossa evolução.

O indivíduo amadurecido, portador de faculdade extrassensorial, aprendeu que existem inúmeras maneiras de viver e evoluir na Terra; também sabe que sua maneira é única, como é única para cada pessoa. Portanto, está atento para captar as lições particulares de que necessita para se desenvolver e progredir. 

O ser inspirado parte sempre do princípio de que desconhece todas as respostas. Aborda a vida com os olhos curiosos de uma criança, isto é, livre para usar a imaginação, incorporando uma personalidade cândida, ainda não influenciada pelas regras e normas rígidas e preconceituosas de uma sociedade conflitada. O impulso criativo encontra clima favorável na imaginação de uma criança, mas isso não significa devaneios, fantasias ou ilusões que modelam a mente de crianças infantilizadas e sem os pés na realidade. “Deixam vir a mim as criancinhas” é a advertência que aqui pode servir de justa comparação: a pureza de coração, a naturalidade, a sinceridade são atitudes inerentes à infância terrena, pois o Espírito veste, por determinado tempo, a túnica da espontaneidade. Esses são os campos propícios para a inspiração ou criatividade.

Deixamo-nos levar “por um impulso involuntário e quase febril; parece-nos que uma inteligência superior vem nos ajudar, e que o nosso espírito se desembaraça de um fardo”, assim se reporta Kardec, na mesma questão 182, sobre a impressão sensorial no ato da inspiração. Aliás, foi ele um dos gênios do século passado.

O médium natural tem senso de progresso e é habilidoso, traz de vidas passadas um manancial significativo de experiências, que lhe faculta desestruturar mentalmente a realidade conhecida e reestruturá-la de formas diferentes e expressivas.

O sensitivo nato não copia ninguém. Não se limita a seguir caminhos já percorridos; tem a habilidade de ver as coisas com olhos novos, fazer associações que transcendem o comum.

Os Espíritos Superiores inspiram os medianeiros que desejam aumentar seus valores criativos e desenvolver uma crescente receptividade às lições da Natureza, a qual nos transmite uma sabedoria que percorre caminhos não racionais. 

Ensinam-nos, sobretudo, que a “Voz de Deus” em nós é a fonte inesgotável de toda a criatividade e que, quase sempre, esse diálogo divino acontece em nosso âmago, através de uma linguagem não convencional. 

Francisco do Espírito Santo Neto pelo espírito Hammed no livro "Imensidão dos Sentidos".




Para baixar a apresentação utilizada no Curso de Educação Mediúnica, que ocorre todas às segundas-feiras, no Centro Espírita Casimiro Cunha, localizado à Rua Nova Ponte 464, bairro Salgado Filho, Belo Horizonte, Minas Gerais, favor acessar e baixar A.Q.U.I.