Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

ESPÍRITO

CONCEITO - Individualidades inteligentes, incorpóreas, que povoam o Universo, criadas por Deus, independente da matéria. Prescindindo do mundo corporal, agem sobre ele e, corporificando-se através da carne, recebem estímulos, transmitindo impressões, em intercâmbio expressivo e contínuo.

São de todos os tempos, desde que a Criação sendo infinita, sempre existiram e jamais cessarão. Constituem os seres que habitam tudo, no Cosmo, tornando-se uma das potências da Natureza e atuam na Obra Divina como cooperadores, do que resulta a própria evolução e aperfeiçoamento intérmino.

Perdendo-se suas origens no intrincado da complexidade das leis, transcende ao entendimento humano o mecanismo de seu nascimento e formação, princípio inteligente que são, a glorificar a Obra de Deus em toda parte.

Indestrutíveis, jamais terão fim, não obstante possuindo princípio, quando a Excelsa Vontade os criou.

Dependendo do grau de seu desenvolvimento são imunes aos obstáculos de qualquer natureza material, por dotados de constituição específica, superior às organizações físicas, podendo irradiar-se em todas as direções e  participar, simultaneamente de inúmeros acontecimentos de uma só vez, sem qualquer prejuízo para a própria integridade.

CONOTAÇÕES - Buscando penetrar na realidade e constituição dos Espíritos, o que desvendaria os enigmas incontáveis da existência, os religiosos de todas as épocas estruturaram neles a base das afirmações éticas, estabelecendo a vida na Terra como consequência da vida espiritual, que sempre houve, mesmo sem a existência deste orbe. Dentro de tal premissa, a vida humana torna-se o resultado que decorre da  outra, oportunidade que o Espírito usufrui para o crescimento, através de renascimentos sucessivos no corpo físico.

Doutrinas exóticas estabeleceram a concepção panteísta do Universo, através da qual os Espíritos seriam fragmentos de Deus, que a Ele se reintegrariam, desaparecendo, portanto, pela destruição da individualidade, nisto incluindo todas as coisas, como partes mesmas da Divindade.

Observações apressadas engendraram teorias outras, igualmente absurdas, tais a metempsicose, mediante a qual os Espíritos que se não houveram com equidade e nobreza na Terra a ela retornam, renascidos como animais inferiores.

Não há, porém, retrocesso nem regressão na escala espiritual, mediante a qual adicionam-se experiências da evolução, armazenando-se conquistas, transferindo-se de uma para outra vida aprendizagens e realizações.

Sendo infinito o progresso, numa existência o ser aprimora uma qualidade, enquanto dormem determinadas aptidões, e assim, incessantemente.

Sem nos reportarmos às augustas fontes da informação mediúnica, na Antiguidade Oriental, que hauriam nos Espíritos desencarnados o conteúdo de muitas das suas doutrinas religiosas e filosóficas, no século V, antes de Cristo, Tales, em Mileto, preocupado com o enigma da constituição da vida e particularmente da vida humana, interrogava sobre o Espírito e a Matéria. Ensejava-se compreender ou decifrar a problemática do ser, inaugurando, a partir de então, o pensamento metafísico que se iria desdobrar, logo depois, nas escolas idealista e atomista, que tentaram colocar balizas demarcatórias nos planos da Criação.

Inicialmente considerado o Espírito como princípio vital, sopro de vida, foi-se deslocando entre os gregos para uma diferenciação da alma, que seria a expressão das manifestações afetivas inferiores, enquanto ele passava à representação das afeições superiores, princípio mais elevado-do que o indivíduo.

A doutrina aristotélica já apresenta essa conceituação mais ou menos definida, dando origem à formação ideológica entre o caráter metafísico e o psicológico do Espírito.

Embora o renascimento da doutrina neoplatônica entre os estudiosos de Alexandria, nos séculos V-VII, formulando judiciosas conceituações perfeitamente cristãs, dentre as quais a reencarnação, o pensamento aristotélico predominaria, sendo desdobrado e aceito por Tomás de Aquino, que apoiava o dogma romano nos seus alicerces, a prejuízo da revelação espiritual do Cristo, por longos séculos, a partir da Idade Média.

Com Hegel, o Espírito foi colocado filosoficamente em termos compatíveis, porquanto foram excluídas todas as teorias que o tornavam "fixo e imutável", apresentando a hipótese da sua evolução, transformações e inter-relacionamentos de todos os 
fatos que o influenciam.

As escolas de pensamento, então surgidas, apresentam confirmações ao conceito hegeliano ou combatem-no por meio do materialismo, que reduz o Espírito a uma conquista da própria matéria que, progredindo das formas mais simples às mais complexas, num momento imprevisível adquiriu consciência.

A revolução tecnológica, porém, iniciada no último quartel do século XIX, reduziu a matéria à condição de "energia condensada", transformando laboratórios e gabinetes científicos de pesquisa material em santuários de investigação em que a mente, o espírito, passam a ocupar lugar de destaque, nos quais, a pouco e pouco, o investigador consciente defronta a realidade do Espírito além da estrutura somática, a esta precedente e a ela sobrevivente.

CONCLUSÃO - Com a chegada do Consolador, conforme prometeu Jesus, através de Allan Kardec, o Espírito voltou a ser conceituado e tido na sua legítima acepção, demonstrando, pela insofismável linguagem dos fatos, a sua realidade, em vigoroso apelo ao pensamento e à razão, no sentido de fazer ressurgir a ética religiosa do Cristianismo. Através desse renascimento cristão, opõe-se uma barreira ao materialismo e aponta-se ao que sofre o infinito horizonte do amanhã ditoso que o espera, após vencidas as dificuldades do momento, superadas as limitações, Espírito que é, em marcha na direção da Verdade.

ESTUDO E MEDITAÇÃO:

"Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou serão simples emanações ou porções desta e, por isto, denominados filhos de Deus?

"Meu Deus! São obra de Deus, exatamente qual a máquina o é do homem que a fabrica. A máquina é obra do homem, não é o próprio homem. Sabes que, quando faz alguma coisa bela, útil, o homem lhe chama sua filha, criação sua. Pois bem! O mesmo se dá com relação a Deus: somos seus filhos, pois que somos obra sua."

(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 77.)

"Ao mesmo tempo que criou, desde toda a eternidade, mundos materiais, Deus há criado, desde toda a eternidade, seres espirituais. Se assim não fora, os mundos materiais careceriam de finalidade. Mais fácil seria conceberem-se os seres espirituais sem os mundos materiais, do que estes últimos sem aqueles. Os mundos materiais é que teriam de fornecer aos seres espirituais elementos de atividade para o desenvolvimento de suas inteligências."

(A Gênese, Allan Kardec, Cap. XI, item 8.)


Joanna D'Ângelis (Espírito) através de Divaldo Pereira Franco 
no Livro: Estudos Espíritas 

terça-feira, 18 de outubro de 2016

REVIDES

“Na verdade é já realmente uma falta entre vós terdes demandas 
uns contra os outros.
Por que não sofreis, antes, a injustiça? 
Por que não sofreis, antes, o dano?” — Paulo. 
( I Cor 6,7.)

Nem sempre as demandas permanecem nos tribunais judiciários, no terreno escandaloso dos processos públicos.

Expressam-se em muito maior escala no centro dos lares e das instituições. Ai se movimentam, através do desregramento mental e da conversação em surdina, no lodo invisível do ódio que asfixia corações e anula energias. Se vivem, contudo, é porque componentes da família ou da associação as alimentam com o óleo da animosidade recalcada.

Aprendizes inúmeros se tornam vitimas de semelhantes perturbações, por se acastelarem nos falsos princípios regenerativos.

De modo geral, grande parte prefere a atitude agressiva, de espada às mãos, esgrimindo com calor na ilusória suposição de operar o conserto do próximo.

Prontos a protestar, a acusar e criticar nos grandes ruídos, costumam esclarecer que servem à verdade. Por que motivo, porém, não exemplificam a própria fé, suportando a injustiça e o dano heroicamente, no silêncio da alma fiel, antes da opção por qualquer revide?

Quantos lares seriam felizes, quantas instituições se converteriam em mananciais permanentes de luz se os crentes do Evangelho aprendessem a calar para falar, a seu tempo, com proveito?

Não nos referimos aqui aos homens vulgares e, sim, aos discípulos de Jesus.

Quanto lucrará o mundo, quando o seguidor do Cristo se sentir venturoso em ser mero instrumento do bem nas Divinas Mãos, esquecendo o velho propósito de ser orientador arbitrário do Serviço Celeste?

Emmanuel (Espírito) através de Francisco Cândido Xavier 
no livro: Pão Nosso.