Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

AS BÊNÇÃOS DA ALEGRIA


Quando o ser humano deixa de cumprir com os deveres que lhe dizem respeito e que são os instrumentos eficientes para o seu crescimento espiritual, é sempre dominado pela tristeza que deflui da culpa, do arrependimento, do tempo malbaratado na ilusão.

A insaciável busca do prazer termina por perturbar-lhe o discernimento, anestesiando-lhe a razão que obnubila, levando-o à solidão e à depressão. 

De igual maneira, quando se comporta estribado no egoísmo, sempre preocupado com os seus interesses, mantendo distância emocional e física da solidariedade, a ingratidão é-lhe característica definidora do caráter relapso, por ignorar todas as bênçãos de que se faz devedor em relação à vida e a todos os valores que lhe assinalam a existência. 

Pode-se compará-lo ao filho ingrato da parábola, que solicitou ao pai generoso fosse-lhe concedida a parte a que tinha direito na herança, porque queria ver-se livre da presença bondosa do idoso genitor, que por ele velava. 

Soberbo e inexperiente, recebeu os bens valiosos e partiu para o gozo exaustivo em um país distante, entregando-se à insensatez e à devassidão. 

Cercado de amigos do mesmo quilate, insensíveis e exploradores, gastou tudo quanto possuía com rapidez, porquanto, não sabendo precatar-se contra a injunção do abuso, logo foi surpreendido pela escassez, exatamente num momento em que a região passava por terrível conjuntura econômica defluente da seca em predomínio...

Abandonado, porque aqueles que o cercavam estavam interessados nas suas posses e não nele como pessoa, não teve outra alternativa exceto a de buscar um trabalho.

Desabituado com os labores que dignificam, vitimado pela ociosidade a que se entregava no comportamento fútil, nada sabia fazer, nem mesmo havia possibilidade de encontrar um serviço digno, e buscando-o com um antigo comensal do seu lar, foi encaminhado a uma pocilga...

Ali, na condição ínfima de um ser desprezível, por haver desonrado o pai que o amava e desconsiderado a tradição religiosa que abominava os suínos, por serem imundos, perdeu toda a falsa alegria a que se entregava, mergulhando em abissal amargura.

Reflexionando, porém, que lhe faltava o alimento mais grosseiro que os porcos disputavam, lembrou-se do lar generoso e do genitor afável que cuidava dos servos com justiça e bondade, tomando a resolução de retornar...

Ante o pensamento nobre, a alegria assomou-lhe à mente e o coração disparou de emoções diferentes.

Caindo em si, nessa maravilhosa viagem de reflexão profunda e de autodescoberta, não tergiversou, e empreendeu a marcha de retorno ao lar.

Do anterior jovem risonho e bem vestido, estuante de saúde e de presunção, restavam-lhe pouco, porém enriquecido de humildade e de esperança renovou-se e viajou de retorno ao lar formoso.

Ao vê-lo, a distância, o pai devotado, que sempre o esperara, pois que sabia da sua volta inevitável, correu-lhe ao encontro, abraçou-o com alegria e tomou providências para que lhe fosse restituída a dignidade que abandonara.

Sequer lhe permitiu nenhuma justificativa. Não o tendo impedido de ir-se, sofrendo em silêncio a ingratidão do jovem, nada lhe disse em reproche pelo seu retorno, porque a alegria do reencontro estava acima de quaisquer outros sentimentos de censura ou cobrança. 

O amor nada exige e sempre se irradia em bênçãos de alegria. 



A mensagem de Jesus é toda feita de alegria.

Ele pode ser chamado como o desbravador do país dos júbilos, oferecendo largamente os tesouros do amor de Deus aos tristonhos viandantes da Terra.

Francisco de Assis, ao segui-lo, passou a ser cognominado como Irmão Alegria, Cancioneiro de Deus.

Isto porque o evangelho, que é a boa nova de alegria do reino, é todo uma formulação poética de felicidade, ensinando a maneira segura de vencer-se o abismo da ignorância, saindo-se da treva para a luz, em contínua renovação interior sob as bênçãos da alegria.

Podem defini-la aqueles que eram desdenhados, expulsos do convívio social hipócrita e rigoroso do seu tempo, porque pobres, homens da terra, equivocados de vários matizes pelos pecados cometidos e pelas transgressões aos injustos estatutos legislativos eram recebidos por ele, que compartilhava das suas aflições e falava-lhes de esperança e de igualdade, após o arrependimento dos seus erros e a mudança de atitude em relação à vida.

Acolheu-os a todos que se lhe acercaram, ensejando-lhes a perfeita compreensão da valorização das horas e do significado existencial, da oportunidade que fruíam de poder ser felizes, embora a situação humilhante que vivenciavam. 

Nunca se envergonhou de conviver com eles, os infelizes, de conceder-lhes a orientação renovadora, o acesso à verdade, de compartilhar o pão e a amizade, produzindo uma incomum revolução dos costumes vigentes, atitude essa que lhe exigiu a doação da vida no madeiro infamante da cruz, que dignificou...

Jesus é o exemplo mais elevado que se conhece do amor e da alegria de viver, tendo conseguido desmistificar o Deus dos Exércitos, apresentando-O como o Pai todo amor e misericórdia, que, se rejubila quando um excluído se renova e reabilita-se, estando perdido e sendo encontrado pela sua ternura.

Esse Pai, a que ele se refere em toda a sua mensagem, é o mais extraordinário exemplo de progenitura de que se tem notícia.

Jamais censura ou pune, nunca exige ou atormenta, concedendo sempre oportunidades de refazimento àquele que se compromete com as divinas leis, esperando compassivamente a sua identificação com a verdade.

Seja qual for a situação em que se encontre a ovelha desgarrada ou a dracma perdida, ao serem encontradas, proporcionam júbilo incomum e abrem espaço para uma festa de largo porte, porque estão novamente onde devem permanecer. 

O seu perdão é feito de reconciliação e de afetividade, ensejando o crescimento moral do réprobo que O deixou de lado, quando ainda iludido pelas paixões dissolventes optou pela ilusão em detrimento da responsabilidade e do dever.

Jamais se enfastia e sempre espera com incomum generosidade porque o Seu é o amor incondicional perfeito.

Quando se compreende o ensinamento do Mestre a respeito desse sublime amor, a alegria toma conta do coração e o ser humano todo exulta, modificando as estruturas do seu pensamento e da sua conduta.

Retorno, pois, ao lar paterno é a proposta da bênção da alegria, após a deserção e o abandono do compromisso de trabalho e edificação espiritual que a todos compete.

Somente assim será possível a experiência libertadora da alegria que proporciona saúde e paz.



Se a amargura ou o desânimo, ou ambos, toma conta dos teus sentimentos, se o desconforto moral assinala as tuas horas, se a melancolia e o ressentimento assenhoreiam-se das tuas emoções, se o pessimismo e a desconfiança estão na tua conduta, procura Jesus quanto antes e reconcilia-te com a consciência.

Refaze o caminho percorrido e retorna ao seu aconchego, deixando a pocilga em que te encontras, refazendo as experiências, a fim de que ele te receba nos braços e afogue-te em ternura, libertando-te das algemas perversas do engodo, facultando-te a bênção da alegria plena.

Busca-o hoje ainda, sem postergações, porque talvez amanhã seja tarde demais...

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Divaldo Pereira Franco pelo espírito Joanna de Ângelis 
no livro "Entrega-te a Deus", capítulo 27.





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