Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

segunda-feira, 15 de abril de 2019

EDUCAÇÃO DA MEDIUNIDADE

Sendo a faculdade mediúnica inerente a uma disposição orgânica, semelhante às outras responsáveis pelas manifestações sensoriais, deverá ser educada com cuidados especiais, a fim de bem desempenhar a função para a qual a Divindade dotou os seres humanos.

Concedida a todos os seres humanos, sem privilégio de etnia, de carácter, de fé religiosa, de condição socioeconômica, representa uma alta concessão, que faculta o conhecimento da imortalidade do espírito, assim como das consequências morais resultantes da conduta existencial.

De igual maneira como se educam os sentidos físicos e as faculdades intelectuais, disciplinando o comportamento moral, a mediunidade, que desempenha relevante papel na vida humana, requer desvelos e condutas específicos, para que possa contribuir eficazmente em favor da harmonia do indivíduo e do seu incessante progresso espiritual.


Demitizada pelo Espiritismo, que esclareceu os falsos atributos divinatórios e especiais com que a vestiam, torna-se instrumento precioso para o bem-estar, a saúde e a paz, na condição de recurso próprio para a auto iluminação e a libertação do primarismo ainda persistente naquele que a possui.

Causa estranheza, não poucas vezes, encontrar-se a mediunidade ostensiva em pessoas de conduta reprochável, enquanto outras, dignas e corretas, dela não se fazem possuidoras com a mesma intensidade.

Essa visão proporciona aos incautos o conceito de que a mediunidade independe da moral do indivíduo, o que é certo, enquanto que a qualidade das comunicações não se subordina ao mesmo raciocínio.
Isto porque os espíritos comunicam-se por meio de quaisquer instrumentos, valendo ser lembrado que as primeiras comunicações que precederam ao surgimento do Espiritismo deram-se através de recursos muito primários, com o objetivo de chamar a atenção, logo passando àqueles de natureza transcendental e elevada.

Na ocasião, fazia-se necessário assim apresentar-se o fenômeno, considerando-se que, noutras épocas, em face da naturalidade com que ocorriam e da sua multiplicidade, foram mal interpretados.

Mediante esse recurso algo primitivo, foi necessário o estudo sério e a busca da causalidade do fenômeno, quando os próprios espíritos encarregaram-se de definir-se e elucidar com sabedoria a ocorrência.

Os indivíduos maus, orgulhosos e corrompidos apresentam-se, portanto, com faculdades ostensivas por misericórdia do amor, a fim de que sejam, eles mesmos, os instrumentos das advertências e orientações de que necessitam para uma existência de retidão e de equilíbrio, com alto discernimento a respeito dos objetivos da caminhada terrestre.

Permanecendo nos vícios a que se entregam, voluntariamente, tornam-se mais responsáveis pelos atos danosos que os prejudicam, padecendo-lhes as consequências lamentáveis.

Advertidos sobre a transitoriedade do carro material de que se utilizam, não terão como justificar-se ante a própria consciência pela leviandade que se permitiram, assumindo as graves responsabilidades morais em relação ao futuro.

Somente através do conhecimento lúcido e lógico da mediunidade, mediante o estudo de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, é que se deve permitir o candidato à educação da sua faculdade, ao aprimoramento pessoal, iniciando, então, o exercício dessa disposição orgânica profundamente arraigada nos valores morais do Espírito.

Uma das primeiras providências a ser tomada em relação a esse programa iluminativo diz respeito à auto análise que se deve propor o interessado, trabalhando as imperfeições do carácter, os conflitos comportamentais, lutando pela transformação moral para melhor no seu mundo interior.

Esse esforço, no entanto, não se aplica a um certo período da vida, mas a toda a existência, porquanto, à medida que se avança no rumo da ascensão, melhor visão interna se possui a respeito de si mesmo.

Quanto mais esclarecida a pessoa se encontra, mais facilmente observa as imperfeições que possui, dando-se conta de que necessita ampliar o esforço, a fim de as superar.


O contato com os Espíritos em equilibrada frequência faculta a percepção da lei dos fluidos, mediante a qual torna-se factível a identificação dos comunicantes, em decorrência das sensações e das emoções experimentadas.

Cada comunicante é portador de vibrações especiais, assim como ocorre na Terra, caracterizando-se cada qual por determinados hábitos e mesmo pelos seus condicionamentos.

A observação do conteúdo das mensagens também é de salutar efeito, analisando-o e aplicando-o em si mesmo, quando expresse orientação e direcionamento propiciadores de felicidade.

Os médiuns sérios devem sempre aceitar para eles próprios, em primeiro lugar, as mensagens de que se fazem instrumento, assim aprimorando-se e crescendo na direção do Bem.

À medida que se tornam maleáveis às comunicações, essas mais expressivas se fazem, proporcionando melhor qualidade de filtragem do pensamento que lhes é transmitido.

Colocada a serviço do Bem, a disciplina e a ordem são fundamentais para o seu mais amplo campo de realizações, porquanto a mediunidade não pode constituir-se estorvo à vida normal do cidadão, nem instrumento de interesses escusos sob a falsa justificativa da aplicação do tempo que lhe é dedicado.

O aprofundamento das reflexões, alcançando o patamar da concentração tranquila, faculta a ideal sintonia com os espíritos que se comunicarão, diminuindo a interferência das fixações mentais, dos conflitos perturbadores, melhor exteriorizando o pensamento e os sentimentos dos comunicantes.

A tranquilidade emocional, defluente da consciência de que se é instrumento e não autor das informações, é fundamental, tornando-se simples e natural, sem as extravagantes posturas de que são seres especiais que se atribuem ou emissários irretocáveis da verdade, merecedores de tratamento superior durante o seu trânsito pelo mundo físico...

João, o batista, proclamou, em referência a Jesus: "É necessário que Ele cresça e que eu diminua".

O exemplo deve ser aplicado aos médiuns que desejam alcançar as metas ideais do seu exercício, considerando-se apenas como instrumentos que diminuem de importância enquanto a mensagem cresce e expande-se.

A busca atormentada da notoriedade, da fama, do exibicionismo, constitui terrível chaga moral, que o médium deve cicatrizar mediante a terapia da humildade e do trabalho anônimo.

Desse modo, a arrogância, a presunção, a vaidade que exaltam o ego diminuem a qualidade dos ditados mediúnicos de que se faz portador aquele que assim se mantém.

Prosseguir com naturalidade a experiência reencarnatória, sendo agradável e gentil, vivendo com afabilidade e doçura, de modo a se tornar seguro intermediário dos Espíritos nobres e bons, que preferem eleger aqueles que se lhes assemelham ou que se esforçam por melhorar-se cada vez mais, é dever impostergável.

O bom médium, desse modo, conforme esclareceu Allan Kardec, "não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência". (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIV, Item 12.)

Combater o ego e os seus parceiros, para dar sentido aos valores espirituais, é, sem dúvida, conduta salutar, no processo da educação mediúnica e por toda a existência.

No sentido oposto, quando a faculdade mediúnica não recebe a consideração nem os cuidados que lhe são devidos, não desaparece, antes permanece à mercê dos Espíritos frívolos, irresponsáveis ou perversos que se comprazem, utilizando-a para fins ignóbeis com os quais o intermediário anui, culminando em transtornos emocionais graves, enfermidades simulacros que proporcionam assimilação de agentes orgânicos destrutivos ou de obsessões de longo curso...

De bom alvitre, portanto, será que todos os indivíduos portadores de mediunidade ostensiva ou natural esmerem-se e penetrem-se de responsabilidade, adquirindo afinidade com os Mensageiros da Luz, na grande obra de regeneração da sociedade e do Planeta a que eles se vêm entregando com abnegação e devotamento.






Divaldo Pereira Franco pelo espírito Manoel Philomeno de Miranda no livro "Mediunidade: desafios e bênçãos".









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