Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos, conferindo-lhes muita paz e alegria na sementeira do progresso e do bem.
Vivendo o nosso lar
pátrio horas difíceis, creiam que constitui para mim uma verdadeira
bênção observar-lhes o recanto de trabalho e de harmonia. No Brasil, por
enquanto, relevem-me vocês o comentário confidencial, existem duas épocas de espiritualidade
atormentada. A primeira é a do Carnaval e a segunda é a da política,
quando se faz acompanhar por eclosões apaixonadas nas disputas
eleitorais periódicas.
Tão grande antagonismo
assinala ambas as palavras que nos sentimos acanhados ao enunciar a
presente conceituação. Somos, contudo, uma agremiação nacional muito
nova e, por enquanto, os dois períodos a que me reporto estão
caracterizados, em nosso modo provisório de ser, por muitas paixões em
franco desvairamento. Almas de máscara vagueiam nas mais diversas
direções e a caça aos prazeres e aos postos gera dissidências sinistras e
dramas ocultos que não vale a pena investigar. Refiro-me
ao assunto para render graças ao Senhor em companhia de vocês por nos
haver concedido abençoada permanência neste campo de harmonia e de amor,
em cuja intimidade podemos comungar com as silenciosas lições da
natureza. Daqui, do santuário verde e tranquilo em que nossos
pensamentos residem juntos, roguemos a Jesus estenda o seu manto de luz
sobre a nossa gente para que o dia não destrua tanta lavoura do bem
iniciante em obras admiráveis, no plano evolutivo, através das quais
podemos verificar as probabilidades do futuro. Em
posições coletivas, qual a que enfrentamos, todo cuidado nas
manifestações pessoais merece valiosa intensificação à face dos ânimos
aparentemente serenados, mas inquietos no fundo, onde os caprichos de
poderosas individualidades e grupos enormes se acham em expectação
aflitiva e imanifesto desespero. Tememos distúrbios e perturbações, e
cabe-nos a projeção viva e ativa dos poderes da oração, em favor do bem
comum.
E em nos reportando ao
nosso iluminado campo cheio de árvores e flores devo dizer a vocês que
muitos companheiros desencarnados são trazidos até aqui para que novas
facilidades da nossa Esfera lhes auxiliem o necessário reajustamento.
Quando a terra se mantém sem o concurso do homem, é quase impraticável
estabelecermos o serviço de socorro na paisagem inculta, de vez que aí
não dispomos de recursos educados para o ministério do bem que nos cabe
executar. Quando, porém, o solo pode contar com a colaboração
inteligente e humana, o serviço espiritual pode lançar nele raízes
benfeitoras e sólidas. Aqui, quase sempre, há entidades em refazimento
por dias e dias consecutivos, fortalecendo-se para a caminhada.
Hoje tive a satisfação
de trazer a nossa Marcelina. Precisa receber novas “injeções” de energia
vitalizante para o organismo perispiritual. Está admirada com a beleza
da paisagem, quase irreconhecível agora ao seu olhar. Bendiz o trabalho
terrestre que lhe colocou o espírito em contato com a afeição de vocês e
tem para todas as particularidades do novo meio uma risonha e comovida
expressão de carinho e de prece.
Embora pareça estranho o
remédio a vocês, a nossa venerável amiga aqui receberá certa medicação,
destinada ao revigoramento, através da condensação de perfumes. Eu não
sei se vocês já meditaram sobre o destino do perfume produzido na Terra.
Conhecem que as águas têm utilidade imediata na sustentação da vida
física, que o ar é básico na estruturação e alimentação de todos os
seres vivos, que a terra possui aplicações especiais com todas as suas
reservas imensas… Mas e as
emanações das plantas? Sabemos no mundo tanto a respeito dessas “ondas
balsâmicas” de plantas e flores como sabemos das “ondas mentais” de
nosso próprio pensamento. O aroma, porém, se reveste de muita
importância para as Esferas imediatas ao meio de progresso do homem,
mormente para as entidades que abandonaram recentemente a carne. Um
dia, talvez, não remoto, a própria ciência do planeta saberá distribuir
com o perfume a vida e o refazimento, e se o Alto ainda não autorizou
maior amplitude de ação à inteligência do homem nesse setor da
experiência terrestre, é que todo progresso é arma de dois gumes. Pela
inteligência apurada, há elevação e queda, glória ou decadência,
porquanto a solução da prosperidade real e eterna resultará do problema
de direção. O perfume
que contém princípios sublimes para restaurar o tecido vital do corpo
denso e do perispírito pode igualmente ser o portador da morte, segundo a
aplicação que lhe dermos. Por
agora, pois, baste a vocês a boa notícia de que a nossa inolvidável
amiga permanece melhor e com alguns dias de estágio por aqui
restabelecer-se-á muito mais depressa. Há companheiros
recém-desencarnados que necessitam de fluidos ou perfumes do mar,
enquanto que outros reclamam as irradiações ou aromas do campo. Tudo é
belo e sublime na Criação. Nada
se perde. Alguns gramas de pão se transformam em energia para a
reconstituição do corpo de carne; algumas gotas de óleo podem ser
convertidas em sublimadas emanações de luz na reestruturação de certas
forças da vida e da natureza, e algumas flores podem realizar milagres
com as ondas invisíveis de força que projetam no lugar em que vivem.
A glória de Deus é
uma coroa divina que fulgura nos seres mais humildes e apagados do
Universo, tanto quanto brilha na fronte dos anjos. Que o Senhor conceda a
vocês muita paz, alegria e luz. Esperando que as bênçãos dele, nosso
divino Mestre, nos fortifiquem o espírito em todos os passos da senda,
reúne-os num apertado e grande abraço o papai reconhecido e afetuoso de
sempre.
Francisco Cândido Xavier pelo espírito A. Joviano (Neio Lúcio), no livro "Colheita do bem - mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano e outros, publicado em setembro de 1950.
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