Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

domingo, 5 de novembro de 2017

O SILÊNCIO E A AUSÊNCIA COMO PRESENTES


Nossa jornada existencial é feita de escolhas, renúncias, encontros, desencontros, somas, diferenças, divisões, multiplicações, afetos que nos acalentam, afetos que nos incomodam, em um caleidoscópio de sensações, emoções, sentimentos e acima de tudo de pensamentos. 

Nesses encontros e desencontros existenciais a força de nossa individualidade, de nossa singularidade, do que pensamos ser, procura, de maneira desesperada, quando não devidamente reflexionada, uma forma de se impor perante ao mundo que nos circunda, às pessoas que nos rodeiam, aos valores diversos, diferentes e divergentes que abundam de todos os lados. 

O meio que nos acolhe e instrui é o mesmo que nos marginaliza e escraviza, pois somos todos impelidos, naturalmente à vida em sociedade, aos relacionamentos de toda a ordem, nos valendo desses relacionamentos para aferição das virtudes que imaginamos possuir. Nesse jogo de forças, as palavras são armas poderosas e a presença uma forma de tomada de posse do corpo que ostentamos. 

Abrir mão do falar e do ser percebido pelo outro pode soar como uma submissão ao outro, mas na verdade é uma libertação para quem se silencia e se ausenta. Há pessoas que nossas palavras não alcançam, e nossa presença é tão forte que as desequilibra. Evidentemente que no âmbito social precisamos combater isso e o oprimido não deve se calar perante a opressão e nem o diferente deve se ausentar dos lugares que também lhe pertencem. 

Mas aqui estamos avaliando um presente. Presente que se oferta, que se dá, que procura causar no destinatário sensações, emoções e sentimentos que o edifique, que alimente também sua alma. Presente que muitas vezes é nosso silêncio e nossa ausência por ser o que o outro necessita de nós, e ao ofertar exatamente o que o outro espera fazemos uma conexão perfeita, fechamos um círculo energético e não permitimos fissuras emocionais que precisarão ser corrigidas no decorrer do tempo. 

E por falar no tempo, é ele quem cuidará em mostrar ao que deseja nosso silêncio e ausência, que nosso falar e presença até poderia lhe ser útil, mas caso isso não ocorra, o que oferta o que tem de melhor, vê sua virtude, e nesse caso a humildade, se multiplicar na proporção em que divide.