Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

HOLOCAUSTO BRASILEIRO - UM SOCO NO ESTÔMAGO

Terminada a leitura do livro de Daniela Arbex, Holocausto Brasileiro, a sensação que nos invade é de falta de ar, uma dor incômoda na chamada, vulgarmente, "boca do estômago". Foi preciso esperar para que a respiração atingisse novamente repetições sistêmicas e automatizadas, não mais coordenadas por mim. 

O livro é impactante. Lido de uma "vezada" só, vai nos apresentando um cenário que esperamos ao final uma citação a dizer que tudo não passa de uma ficção. Mas não é isso que ocorre. O livro é documental, relato de um momento que não se perde ao longo dos anos, um tempo que está logo ali, encontrando muitos de nós em suas entranhas.

Imaginar do que somos capazes, enquanto humanidade, para segregarmos os diferentes, os que não são considerados normais, os que incomodam, pode em muitas situações nos encaminhar ao descrédito com a nossa espécie, à desesperança. 

Felizmente, em contato com o Espiritismo, e tendo como roteiro os ensinamentos de Jesus, podemos no meio dessas trevas provocar para que nossa luz brilhe, tendo a certeza de que aqueles que foram humilhados, indignificados, feridos em suas mais íntimas aspirações encontrem espaço no futuro de uma vida melhor, e esperamos que a raiva, o rancor, o ressentimento não encontre residência no interior desses Espíritos. 

Aqueles que vergastaram, aqueles que podiam e deviam ter agindo de maneira diferente, os que se banalizaram na miserabilidade do trato com os asilados, encontrarão com certeza a lei que lhes permitirá rever o que fizeram, o que permitiram que fosse feito e serão devidamente recompensados por suas consciências.

60.000 pessoas mortas, 1853 cadáveres vendidos para faculdades de medicina, pessoas internadas por estarem tristes, outras por serem negras, pobres e não terem documentos, outros por serem alcoólatras, outros por demonstrarem orientação sexual considerada ofensiva, a homossexualidade, outros somente porque engravidaram sendo solteiras, outras porque perderam a virgindade e envergonhariam seus pais, e ainda aqueloutras que para lá eram encaminhadas a fim de que seus companheiros, seus maridos, pudessem viver suas loucuras com outras mulheres. Era esse o contingente pesquisado e tratado no livro pela autora. Fora da análise dela, deveriam ter casos de mediunidade, que com certeza foram identificados como loucura, esquizofrenia, psicoses agressivas. 


Qualquer semelhança como a maneira como temos ainda tratado grande parte daqueles que nos incomodam não pode ser descartada. Se não enviamos mais para manicômios os diferentes, lotamos as penitenciárias de negros e pobres, de albergados aguardando julgamento, alguns em prisões preventivas de anos, enaltecendo que a justiça não é para todos, mas para os que podem pagar por um operador do direito defender seus interesses. 

Se não mandamos mais pessoas para campos de concentrações institucionalizados, por outro lado criamos os condomínios de muros altos, sem interação com o mundo de fora, produzimos diariamente a segregação racial e social, sem falar nas condições de nossos hospitais públicos etc ... Mudamos pouco... alteramos as ferramentas para operacionalização de nossos preconceitos e convicções medíocres tão somente. Ou nos despertamos para o amor ao próximo como ferramenta de melhoramento de nós mesmos e do coletivo, ou muitos holocaustos ainda serão empreendidos e aí com a força da dor e do sofrimento talvez alguns de nós possa buscar dentro de si mesmo as motivações para alterarem a vivência de uma vida que tem na competição e no gozo dos prazeres seu alicerce, tratando a tristeza, a raiva e o medo como elementos externos que precisam ser destruídos, e não como emoções que precisam ser educadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Brilhe a Vossa Luz!!!