Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

sábado, 4 de junho de 2016

FELICIDADE SEM CULPA


A maioria das pessoas se sente infeliz ou adia sua felicidade por causa da internalização de um poderoso mecanismo, seja social, moral ou religioso, introdutor de culpa. O ser humano se estrutura dentro da sociedade sem a devida reflexão sobre os valores que assimila. Nem sempre percebe que, aqueles recebidos em suas origens devem, na adultez, merecer reflexão e conseqüente libertação dos que não mais condizem com sua maturidade. Nem sempre as pessoas conseguem se libertar da pressão exercida pela sociedade da qual fazem parte. Essa pressão não é apenas proporcionada através de normas e leis, mas principalmente a partir daquilo que não é dito e nem é explicitado. As leis da convivência entre as pessoas, as quais, nem sempre, fazem parte de algum código escrito, promovem sanções que psicologicamente impõem culpa e necessidade de alívio psíquico. Nesse contexto, somam-se os preceitos extraídos das interpretações humanas aos códigos das religiões, muitas vezes usados como mecanismos repressores, para limitar ainda mais as possibilidades do ser humano de entender sua própria vida e alcançar a felicidade. 

O grande gerador da infelicidade é a culpa que nos permite, quando instalada, esperar algum tipo de punição para alívio daquilo que consideramos uma transgressão. Vivemos sempre à espera de que essa punição ocorra, gerando ansiedade e adiando nossa felicidade. 

É claro que, tudo isso ocorre também como um mecanismo que possibilita a percepção da própria liberdade individual. Há pessoas que necessitam de limites para melhor administrar sua liberdade, porém, essa regra é utilizada de forma excessiva e castradora, em face do medo que tem o ser humano de perder o controle sobre si mesmo. 

O propósito de todo ser humano é alcançar a felicidade possível sem perder a noção da responsabilidade individual pelos próprios atos. Ser feliz só é possível através da liberdade com responsabilidade. Quem não for capaz de assumir as conseqüências de seus atos, não conseguirá viver com a consciência em paz e em harmonia. 

Religiões e filosofias foram – e ainda o são – utilizadas como mecanismos de dominação coletiva sob o argumento de que o passado da humanidade demonstra sua necessidade de impor limites. É necessário que se perceba o espírito como ser presente que, embora assentado sobre seu passado, está sempre olhando para o futuro. Sem esquecer o passado, é preciso viver o presente com o olhar no futuro. As religiões valorizam mais o passado que o futuro do ser humano, impondo-lhe que carregue sempre alguma culpa. 

As religiões, como são praticadas, servem para determinadas classes de crentes. Para outras, elas necessitam de interpretações e compreensões mais avançadas sob pena de se extinguirem. Elas devem ser entendidas de formas distintas e de acordo com o nível de evolução do espírito. 

Na maioria delas, o conceito de felicidade passa pela culpa e pela negação à vida na matéria. Entender que ela, a felicidade, só poderá ocorrer alhures, pós-morte, é negar o sentido da existência, conseqüentemente o presente. Não entregue sua felicidade à crítica das religiões, das filosofias, dos outros ou dos equívocos que cometeu. A religião, por natureza, deve facilitar o processo de crescimento do ser humano. Tome a sua como auxiliar de seu equilíbrio psicológico e espiritual. Não coloque sua felicidade à mercê das contingências acidentais de sua vida ou mesmo de uma fase de turbulência por que esteja passando. Lembre-se de que viver não é ato isolado de um ser humano. É um contexto, uma conexão e um sentido. Na união dessas realidades junta-se o Espírito que é você. Assuma o comando de sua vida e a coloque a serviço do propósito de ser feliz. Siga aquele ditado que diz ‘viva e deixe os outros viverem’. 

Ninguém no mundo está irremediavelmente condenado a sofrer ou a penar eternamente, seja na vida ou na morte. As teorias que levaram o ser humano a se achar perdido ou condenado a sofrer pelos atos o distanciaram de sua própria felicidade. O ser humano está ‘condenado’ a ser feliz e essa conquista é feita individual e coletivamente. Ele foi presenteado por Deus que lhe deu a Vida. 

Convido o leitor a despojar-se de conceitos, pelo menos durante a leitura deste livro, para penetrar no próprio coração e pensar na felicidade como um estado de espírito possível. Lembre-se de que coração e razão são faces de uma mesma moeda, que representa o ser humano. Tentar separá-las é tolice infantil. 

Neste livro, o propósito é permitir a compreensão do significado maior de ser feliz, de uma maneira mais livre e menos culposa. 

Comece a ler este livro pensando em deixar de lado suas culpas e seus medos, a fim de que possa adquirir instrumentos que possibilitem alcançar a paz que deseja. Faça dele um instrumento de libertação e de aquisição de novos valores. 

Retire o véu que encobre sua visão de si mesmo, dispa-se da roupa que o mundo lhe ajudou a tecer e vista-se com o manto da simplicidade e da pureza de coração, a fim de captar o significado mais profundo e os sentimentos que coloco no que escrevo para que você se encontre com sua essência. Lembre-se de que não há nada no mundo que valha mais do que a sua paz interior. E que ela, para ser real, deve manifestar-se no mundo em sua prática diária e em sua vida de relações com os outros. A felicidade real e a paz verdadeira são vividas no mundo.

Reúna seus mais íntimos propósitos, junte suas maiores intenções, fortaleça-se com as melhores energias e entre em contato com o Deus que habita em você, para encontrar sua plena felicidade. Não se esqueça de reparti-la por onde passar e com quem estiver, pois isso é garantia de perpetuidade.





Capítulo I do livro "Felicidade Sem Culpa" de Adenáuer Novaes editado pela Fundação Lar Harmonia. 

PROFISSÃO


Pelos contatos da profissão cria o homem vasta escola de trabalho, construindo a dignidade humana; contudo, pela abnegação emite reflexos da beleza divina, descerrando trilhos novos para o Reino Celestial. 

A profissão, honestamente exercida, embora em regime de retribuição, inclina os semelhantes para o culto ao dever. 

A abnegação, que é sacrifício pela felicidade alheia, sublima o espírito. 

É por isso que todos os povos sentem necessidade de erguer, no ímo do próprio seio, um altar permanente em que rendam preito aos legítimos heróis. 

A abnegação que começa onde termina o dever possibilita a repercussão da Esfera Superior sobre o campo da Humanidade. 

O delinqüente comum, algemado ao cárcere, inspira piedade e sofrimento, o paladino de uma causa nobre, injustamente recluso no mesmo sítio, provoca respeito e imitação. 

O administrador consciente e amigo que reparte os bens do serviço, gastando a parte que lhe compete com escrupulosa probidade, é um padrão de virtudes terrenas. O homem que cede suor e sangue de si mesmo, a benefício de todos, sem cogitar do seu interesse, é um apóstolo das virtudes celestes. 

A ama, devidamente paga por seu trabalho, junto à criança que lhe recebe carinho, é credora natural de atenção e reconhecimento, mas o coração materno, em constante renúncia, arrebata, quem o contempla, à glória do amor puro. 

É assim que o matemático, laureando-se de considerações públicas, dignamente gratificado pela obra que realiza, é catalogado à conta de cientista, e o cientista, mergulhado no trabalho incessante, em favor da tranqüilidade e da segurança da civilização, esquecido de si mesmo, é classificado por benfeitor.

Pela fidelidade ao desempenho das suas obrigações, o homem melhora a si mesmo, e, pela abnegação, o anjo aproxima-se do homem melhorado, aprimorando a vida e o mundo. 

Nas atividades que transcendem o quadro de serviços remuneráveis na Terra, fruto das almas que ultrapassaram o impulso de preservação do próprio conforto, descem os reflexos mentais das Inteligências Celestes que operam, por amor, nas linhas da benemerência oculta, linhas em que encontramos os braços eternos do Divino Incognoscível, que é Deus. 

Nessa província moral do devotamento sem lindes, em que surpreendemos todos os corações humanos consagrados ao serviço espontâneo do bem, nem sempre respira o gênio, por vezes onerado de angústia pela soma dos reflexos infelizes que carreia consigo desde o passado distante, mas identificamos facilmente os altos sacerdotes de todas as religiões, os admiráveis artistas de todas as pátrias, os nobres inventores de todos os climas, os artífices iluminados de todos os povos e as grandes mães, tanta vez esquecidas e sofredoras, de todas as latitudes. Por todos esses a Espiritualidade Superior desce gradativamente à esfera humana, sem qualquer ligação com o pagamento da popularidade e do ouro, porque é aí, pelo completo desprendimento de si mesma, no auxilio aos outros, que a alma vive o apostolado sublime da renúncia santificante, atraindo o Pensamento Divino para o burilamento e a ascensão da Humanidade. 

Emmanuel (Espírito) através de Francisco Cândido Xavier, 
no livro "Pensamento e Vida".

sexta-feira, 3 de junho de 2016

A DIFÍCIL ARTE DE DIZER "NÃO" AOS FILHOS




Você costuma dizer "não" aos seus filhos?

Considera fácil negar alguma coisa a essas criaturinhas encantadoras e de rostos angelicais que pedem com tanta doçura?

Uma conhecida educadora do nosso País alerta que não é fácil dizer não aos filhos, principalmente quando temos os recursos para atendê-los.

Afinal, nos perguntamos, o que representa um carrinho a mais, um brinquedo novo, se temos dinheiro necessário para comprar o que querem? Por que não satisfazê-los?

Se pudermos sair de casa escondidos para evitar que chorem, por que provocar lágrimas?

Se lhe dá tanto prazer comer todos os bombons da caixa, por que fazê-lo pensar nos outros?

E, além do mais, é tão fácil e mais agradável sermos "bonzinhos"...

O problema é que ser pai é muito mais que apenas ser "bonzinho" com os filhos. Ser pai é ter uma função e responsabilidade sociais perante os filhos e perante a sociedade em que vivemos.

Portanto, quando decidimos negar um carrinho a um filho, mesmo podendo comprar, ou sofrendo por lhe dizer "não", porque ele já tem outros dez ou vinte, estamos ensinando-o que existe um limite para o ter.

Estamos, indiretamente, valorizando o ser.

Mas quando atendemos a todos os pedidos, estamos dando lições de dominação, colaborando para que a criança aprenda, com nosso próprio exemplo, o que queremos que ela seja na vida: uma pessoa que não aceita limites e que não respeita o outro enquanto indivíduo.

Temos que convir que, para ter tudo na vida, quando adulto, ele fatalmente terá que ser extremamente competitivo e provavelmente com muita "flexibilidade" ética, para não dizer desonesto.

Caso contrário, como conseguir tudo? Como aceitar qualquer derrota, qualquer "não" se nunca lhe fizeram crer que isso é possível e até normal?

Não se defende a idéia de que se crie um ser acomodado sem ambições e derrotista. De forma alguma. É o equilíbrio que precisa existir: o reconhecimento realista de que, na vida às vezes se ganha, e, em outras, se perde.

Para fazer com que um indivíduo seja um lutador, um ganhador, é preciso que desde logo ele aprenda a lutar pelo que deseja sim, mas com suas próprias armas e recursos, e não o fazendo acreditar que alguém lhe dará tudo, sempre, e de "mão beijada".

Satisfazer as necessidades dos filhos é uma obrigação dos pais, mas é preciso distinguir claramente o que são necessidades do que é apenas consumismo caprichoso.

Estabelecer limites para os filhos é necessário e saudável.

Nunca se ouviu falar que crianças tenham adoecido porque lhes foi negado um brinquedo novo ou outra coisa qualquer.

Mas já se teve notícias de pequenos delinquentes que se tornaram agressivos quando ouviram o primeiro não, fora de casa.

Por essa razão, se você ama seu filho, vale a pena pensar na importância de aprender a difícil arte de dizer não.

Vale a pena pensar na importância de educar e preparar os filhos para enfrentar tempos difíceis, mesmo que eles nunca cheguem.

***

O esforço pela educação não pode ser desconsiderado.

Todos temos responsabilidades no contexto da vida, nas realizações humanas, nas atividades sociais, membros que somos da família universal.

Joanna D'Ângelis (espírito), através de Divaldo Pereira Franco 
no livro "Repositório de Sabedoria". 

PRECE


Senhor da Vida,
Abençoa-nos o propósito
De penetrar o caminho da Luz!...

Somos Teus filhos,
Ainda escravos de círculos restritos,
Mas a sede do Infinito
Dilacera-nos os véus do ser.

Herdeiros da imortalidade,
Buscamos-Te as fontes eternas
Esperando, confiantes, em Tua misericórdia.

De nós mesmos, Senhor, nada podemos.
Sem Ti, somos frondes decepadas
Que o fogo da experiência
Tortura ou transforma...

Unidos, no entanto, ao Teu Amor,
Somos condicionadores gloriosos
De Tua Criação interminável.

Somos alguns milhares
Neste campo terrestre;
E, antes de tudo,
Louvamos-Te a grandeza
Que não nos oprime a pequenez...

Dilata-nos a percepção diante da vida,
Abre-nos os olhos
Enevoados pelo sono da ilusão
Para que divisemos Tua glória sem fim!...
Desperta-nos docemente o ouvido,
A fim de percebermos o cântico
De tua sublime eternidade.
Abençoa as sementes de sabedoria
Que os teus mensageiros esparziram
No campo de nossas almas;
Fecunda-nos o solo interior,
Para que os divinos germens não pereçam.

Sabemos, Pai,
Que o suor do trabalho
E a lágrima da redenção
Constituem adubo generoso
A floração de nossas sementeiras;
Todavia,
Sem Tua bênção,
O suor elanguesce
E a lágrima desespera...
Sem Tua mão compassiva,
Os vermes das paixões
E as tempestades de nossos vícios
Podem arruinar-nos a lavoura incipiente.

Acorda-nos, Senhor da Vida,
Para a luz das oportunidades presentes;
Para que os atritos da luta não as inutilizem,
Guia-nos os pés para o supremo bem;
Reveste-nos o coração
Com a Tua serenidade paternal,
Robustecendo-nos a resistência!
Poderoso Senhor,
Ampara-nos a fragilidade,
Corrige-nos os erros,
Esclarece-nos a ignorância,
Acolhe-nos em Teu amoroso regaço.

Cumpram-se, Pai Amado,
Os Teus desígnios soberanos,
Agora e sempre.
Assim seja.

Prece realizada por Euzébio (Espírito) e relatada por André Luiz (Espírito) no livro "No Mundo Maior", capítulo I, 
psicografado por Francisco Cândido Xavier.

SOMOS CHAMADOS A SERVIR


O legislador, com a pena, traça decretos para reger o povo.

O escritor utiliza o mesmo instrumento e escreve livros que renovam o pensamento do mundo.

Mas, não é só a pena que, manejada pelo homem, consegue expressar a sabedoria, a arte e a beleza, dentro da vida.

Uma vassoura simples faz a alegria da limpeza e, sem limpeza, o administrador ou o poeta não conseguem trabalhar. 

O arado arroteia o solo e traça linhas das quais transbordarão o milho, o arroz, a batata e o trigo, enchendo os celeiros. 

A enxada grava sulcos abençoados no chão, a fim de que a sementeira progrida. 

A plaina corrige a madeira bruta, cooperando na construção do lar. 

A janela é um poema silencioso a comunicar-nos com a natureza externa; o leito é um santuário horizontal, convidando ao descanso. 

O malho toma o ferro e transforma-o em utilidades preciosas. 

O prato recolhe o alimento e nos sugere a Caridade.

O moinho recebe os grãos e converte-os no milagre da farinha. 

O barro desprezível, nas mãos operosas ao oleiro, em breve surge metamorfoseado em vaso precioso.

Todos os instrumentos de trabalho no mundo, tanto quanto a pena, concretizam os ideais superiores, as aspirações de serviço e os impulsos nobres da alma.

Ninguém suponha que, perante Deus, os grandes homens sejam somente aqueles que usam a autoridade intelectual manifestada. 

Quando os políticos orientam e governam, é o tecelão quem lhes agasalha o corpo. 

Se os juízes se congregam nas mesas de paz e justiça, são os lavradores quem lhes ofertam recurso ao jantar. 

Louvemos, pois, a Divina Inteligência que dirige os serviços do mundo! 

Se cada árvore produz, segundo a Sua especialidade a benefício da Prosperidade comum, lembremo-nos de que Somos todos chamados a servir na obra do Senhor, de maneira diferente.

Cada trabalhador em seu campo seja honrado pela cota de bem que produza e cada servo permaneça convencido de que a maior homenagem suscetível de ser prestada por nós ao Senhor é a correta execução do nosso dever, onde estivermos.

Neio Lúcio (Espírito) através de Francisco Cândido Xavier, 
no livro "Alvorada Cristã".  

quarta-feira, 1 de junho de 2016

FATALIDADE E LIVRE-ARBÍTRIO


Antes do regresso à experiência no Plano Físico, nossa alma em prece roga ao Senhor a concessão da luta para o trabalho de nosso próprio reajustamento.

Solicitamos a reaproximação de antigos desafetos.

Imploramos o retorno ao círculo de obstáculos que nos presenciou a derrota em romagens mal vividas...

Suplicamos a presença de verdugos com quem cultiváramos o ódio, para tentar a cultura santificante do amor...

Pedimos seja levado de novo aos nossos lábios o cálice das provas em que fracassamos, esperando exercitar a fé e a resignação, a paciência e o valor...

E com a intercessão de variados amigos que se transformam em confiantes avalistas de nossas promessas, obtemos a bênção da volta.

Efetivamente em tais circunstâncias, o esquema de ação surge traçado.

Somos herdeiros do nosso pretérito e, nessa condição, arquitetamos nossos próprios destinos.

Entretanto, imanizados temporariamente ao veículo terrestre, acariciamos nossas antigas tendências de fuga ao dever nobilitante. 

Instintivamente, tornamos, despreocupados, à caça de vantagens físicas, de caprichos perniciosos, de mentiroso domínio e de nefasto prazer.

O egoísmo e a vaidade costumam retomar o leme de nosso destino e abominamos o sofrimento e o trabalho, quais se nos fossem duros algozes, quando somente com o auxílio deles conseguimos soerguer o coração para a vitória espiritual a que somos endereçados. 

É, por isso, que fatalidade e livre-arbítrio coexistem nos mínimos ângulos de nossa jornada planetária.

Geramos causas de dor ou alegria, de saúde ou enfermidade em variados momentos de nossa vida.

O mapa de regeneração volta conosco ao mundo, consoante as responsabilidades por nós mesmos assumidas no pretérito remoto e próximo; contudo, o modo pelo qual nos desvencilhamos dos efeitos de nossas próprias obras facilita ou dificulta a nossa marcha redentora na estrada que o mundo nos oferece. 

Aceitemos os problemas e as inquietações que a Terra nos impõe agora, atendendo aos nossos próprios desejos, na planificação que ontem organizamos, fora do corpo denso, e tenhamos cautela com o modo de nossa movimentação no campo das próprias tarefas, porque, conforme as nossas diretrizes de hoje, na preparação do futuro, a vida nos oferecerá amanhã paz ou luta, felicidade ou provação, luz ou treva, bem ou mal. 

Emmanuel [espírito] através de Francisco Cândido Xavier, 
no livro "Nascer e Renascer".

terça-feira, 31 de maio de 2016

PECADO E PECADOR

 “Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem, é de Deus; mas quem faz o mal, não tem visto a Deus.” — (III João, 11) 

A sociedade humana não deveria operar a divisão de si própria, como sendo um campo em que se separam bons e maus, mas sim viver qual grande família em que se integram os espíritos que começam a compreender o Pai e os que ainda não conseguiram pressenti-Lo.        

Claro que as palavras “maldade” e “perversidade” ainda comparecerão, por vastíssimos anos, no dicionário terrestre, definindo certas atitudes mentais inferiores; todavia, é forçoso convir que a questão do mal vai obtendo novas interpretações na inteligência humana.        

O evangelista apresenta conceito justo. João não nos diz que o perverso está exilado de nosso Pai, nem que se conserva ausente da Criação. Apenas afirma que “não tem visto a Deus”. 

Isto não significa que devamos cruzar os braços, ante as ervas venenosas e zonas pestilenciais do caminho; todavia, obriga-nos a recordar que um lavrador não retira espinheiros e detritos do solo, a fim de convertê-lo em precipícios. 

Muita gente acredita que o “homem caído” é alguém que deve ser aniquilado. Jesus, no entanto, não adotou essa diretriz. Dirigindo-se, amorosamente, ao pecador, sabia-se, antes de tudo, defrontado por enfermo infeliz, a quem não se poderia subtrair as características de eternidade. 

Lute-se contra o crime, mas ampare-se a criatura que se lhe enredou nas malhas tenebrosas. 

O Mestre indicou o combate constante contra o mal, contudo, aguarda a fraternidade legítima entre os homens por marco sublime do Reino Celeste.

Emmanuel (Espírito) através de Francisco Cândido Xavier, 
no livro "Pão Nosso".  

segunda-feira, 30 de maio de 2016

ESTIVE PENSANDO: QUERIA EU

Queria Eu ter todos os problemas do mundo em uma mão e a solução para eles em outra...

Queria Eu que a dor não existisse, que a doença não aparecesse e que a saúde fosse eterna presença...

Queria Eu só rir de alegria e nunca de nervoso, de chorar apenas para irrigar os olhos...

Queria Eu que apenas houvesse chegadas na minha vida e que as partidas não fossem sequer consideradas...

Queria Eu que todos me amassem como eu sou e que eu não precisasse amar ninguém como ele é pois isso dá muito trabalho...

Queria Eu ter as certezas a fim de auxiliar e me tornar importante, e que as dúvidas que a mim chegassem fossem apenas mal-entendidos de seus portadores...

Queria Eu que os meus desejos fossem todos realizados, ainda que para isso outros desejos de outras pessoas fossem comprometidos, mas que elas entendessem que os meus são mais importantes...

Queria Eu ser especial, que o Universo todo se convergisse sempre na minha direção e que não existisse o que não gosto e não aceito...

Quero Eu que tudo o que devaneei acima não aconteça, pois sei que viver não é apenas buscar o que se quer e o que se gosta, independentemente de outras pessoas ou situações, viver é estar aberto para o que nos acontece e fazer do nosso gostar o tempero que vai salgar ou manter insosso nosso instante.

Quero Eu entender, aceitar e aprender que muitas vezes o não que a vida me deu, foi o aviso providencial de alterar o caminho, rever prioridades, reavaliar posicionamentos, recomeçar...

Quero Eu, começar, parar, construir, destruir, reformar, voltar, pular, cair, sair, entrar, retornar, enviar, receber, amar, sorrir, chorar... ou seja, Quero Eu ser agente de minha história, mas Quero Eu muito mais, qualificar essa ação, buscando os advérbios mais úteis para a minha existência!

Quero Eu que um dia, o mais rapidamente possível, o meu EU entenda de uma vez por todas que ele é apenas mais um dentro de um imenso NÓS!!!

SEMENTEIRA E COLHEITA

Certo homem, enredado no vício da embriaguez, era freqüentemente visitado por generoso amigo espiritual que lhe amparava a existência.

- Arrepende-te e recorre à Bondade Divina! – rogava o benfeitor quando o alcoólatra se desprendia parcialmente do campo físico, nas asas do sono. – Vale-te do tempo e não adies a própria renovação! Um corpo terrestre é ferramenta preciosa com que a alma deve servir na oficina do progresso. Não menosprezes as próprias forças!...

O infeliz acordava, impressionado. Rememorava as palavras ouvidas, tentava mentalizar a formosura do enviado sublime e, intimamente, formulava o propósito de regenerar-se.

Todavia, sobrevindo a noite, sucumbia de novo à tentação.

Embebedando-se, arrojava-se a longo período de inconsciência, tornando ao relaxamento e à preguiça.  
Borracho, empenhava-se tão-somente em afogar as melhores oportunidades da vida em copinho sobre copinho.

Entretanto, logo surgia alguma faixa de consciência naquela cabeça conturbada, o mensageiro requisitava-o, solícito, recomendando:  

- Atende! Não fujas à responsabilidade. A passagem pela Terra é valioso recurso para a ascensão de espírito... O tempo é um crédito de que daremos conta! Apela para a compaixão do senhor! Modifica-te! Modifica-te!...

O mísero despertava na carne, lembrava a confortadora entrevista e dispunha-se ao reajustamento preciso: no entanto, depois de algumas horas, engodado pelos próprios desejos, caía novamente na zona escura.

Ébrio, demorava-se meses e meses na volúpia do auto-esquecimento.

Contudo, sempre aparecia um instante de lucidez em que o companheiro vigilante interferia.

Novo socorro do Céu, novas promessas de transformação e nova queda espetacular.

Anos e anos foram desfiados no milagroso novelo do tempo, quando o infortunado, de corpo gasto, se reconheceu enfermo e abatido.

A moléstia instalara-se, desapiedada, na fortaleza orgânica, inclinando-lhe os passo para o desfiladeiro da morte.

Incapaz de soerguer-se, o doente orou, modificado.

Queria viver no mundo e, para isso, faria tudo por recuperar-se.

Em breves segundos de afastamento do estragado veículo, encontrou o divino mensageiro e, ajoelhando-se, comunicou:

- Anjo abnegado, transformei-me! sou outro homem... Estou arrependido! Reconheço meus erros e tudo farei para redimir-me... Recorro à piedade de nosso Pai Todo Compassivo, de vez que pretendo alcançar o futuro na feição do servidor desperto para as elevadas obrigações que a vida nos conferiu...

O protetor abraçou-o, comovidamente, e, enxugando-lhe as lágrimas, rejubilou-se, exclamando:

- Bem-aventurado sejas! Doravante, estarás liberto da perniciosa influência que até agora te obscureceu a visão. Abençoado porvir sorrirá ao teu destino. Rendamos graças a Deus! 

O doente retomou o corpo, de coração aliviado, com a luz da esperança a clarear-lhe a alma.

Mas os padecimentos orgânicos recrudesciam.

A assistência médica, aliada aos melhores recursos de enfermagem, revelava insuficiência para subtrair-lhe o mal-estar. 

Findos vários dias de angustiosa dor, entregou-se à prece com sentida compunção e, amparado pelo benfeitor invisível, achou-se fora da carne, em ligeiro momento de alívio. 

- Anjo amigo – implorou -, acaso o Todo-Bondoso não se compadece de mim? estou renovado!... alterei meus rumos! porque tamanhas provas? 

O guardião afagou-o, benevolente, e esclareceu:

- Acalma-te! o sincero reconhecimento de nossas faltas é força de limitação do mal em nós e fora de nós, qual medida que circunscreve o raio de um incêndio, para extingui-lo pouco a pouco, mas não opera reviravoltas na Lei. O amor infinito de Deus nos descerra fulgurantes caminhos à própria elevação; todavia, a justiça d’Ele determina venhamos a receber, invariavelmente, segundo as nossas obras. Vale-te do perdão divino que, por resposta do Senhor às tuas rogativas, é agora em tua alma anseio de reajuste e renovação, mas não olvides o dever de destruir os espinhos que ajuntaste. O arrependimento não cura as afecções do fígado, assim como o remorso edificante do homicida não remedeia a chaga aberta pelo golpe da lâmina insensata!... Aproveita a enfermidade que te purifica o sentimento e usa a tolerância do Céu como novo compromisso de trabalho em favor de ti mesmo!...

O doente desejou continuar ouvindo a palavra balsamizante do amigo celeste... A carne enfermiça, porém, exigiu-lhe a volta.

Contudo, recompondo-se mentalmente no corpo fatigado, embora gemesse sob a flagelação regeneradora, chorava e ria, feliz.

Irmão X [espírito], através de Francisco Cândido Xavier, 
no livro "Estante da Vida".