Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

ESTIVE PENSANDO: APRENDENDO COM O OUTRO





Uma leitura rápida e sem reflexão da assertiva abaixo pode nos destinar a um entendimento superficial sobre o assunto, (que acreditamos ser mais profundo), que ela encerra. 

Partindo do pressuposto que vivemos em sociedade e somos cercados por pessoas, e que essas pessoas sentem, pensam e agem de maneira às vezes diferente da nossa maneira de sentir, pensar e agir, podemos afirmar que afetamos e somos afetados por aqueles com quem convivemos, seja essa convivência, um breve instante, ou toda uma trajetória encarnatória. 

De imediato a frase nos leva a pensar que afetados de maneira com a qual não concordamos por algumas pessoas, ficou em nós o aprendizado de sermos diferentes dela, até porque assim, demonstramos que aprendemos, pelo menos a não ser como ela, e nisso há uma posição de ressentimento, mágoa, arrogância e mesmo até de soberba. 

Pensando e ampliando o entendimento, podemos extrair que se formos observadores e humildes, podemos extrair da vivência que testemunhamos no outro, sentimentos, pensamentos e ações que não gostaríamos de reproduzir em nós,  e em sendo assim, aprendemos também com aquelas que sendo o que são, nos mostram como não ser como elas se quisermos evitar as consequências que elas experimentam. 

Uma pessoa indócil, pessimista, do tipo que reclama de tudo nos ensina, ao observamos sua vida e identificarmos o que não gostaríamos em nós e que nela sobressai nos ensina a rumarmos por caminhos diferentes, e é isso que entendi quando vi a frase. 

Aprendo com exemplos que deram certo e aprendo também com exemplos que não deram tão certo assim, pois a vida é um processo onde a transmissão do que se sabe é feita individual e coletivamente. 

À Luz do Espiritismo, entendendo que somos Espíritos Imortais, em processo de evolução progressiva, que tem na reeencarnação a ferramenta para o auxílio educacional necessário a cada um de nós, a pessoa que nos atravessa o caminho e que muitas vezes nos faz querer ser diferente dela é justamente aquela que pode nos apresentar uma maneira diferente de pensarmos a vida, não somente a partir de nós, mas principalmente, a partir dos valores coletivos, o que diminuirá em nós a angústia das escolhas, que inexoravelmente, por definição da liberdade que expressamos, temos que conviver. 

Luz & Paz!

SOBRE O RESSENTIMENTO -


Nada mais desagradável do que ter de lidar com o ressentimento alheio. O Adamastor foi quem me alertou para o assunto, ele, que nunca o (re)sentiu.

Se um dia, por distração, você pisar o pé de um ressentido, este é o início de aborrecimentos sem fim. Primeiro, ele vai tentar pisar seu pé também. Vai fazer disso ponto de honra, razão de sua existência. O ressentido é capaz de dedicar a vida à realização de uma vingaçãozinha que o alivie da dor guardada nos escaninhos de sua mente patológica.

Quando você o encontra casualmente em um lugar qualquer, ele se encolhe, torvo o semblante, baixa a cabeça pesada, arrasta os olhos no piso. É uma reação natural, pois o ressentido acha que você passou por ali apenas para aporrinhá-lo. Enfim, o mundo está todo organizado apenas e tão-somente para lhe causar aborrecimentos. Ele é ressentido mesmo que não tenha causa para isso. Então, como quase sempre acontece, ele inventa uma.

Muitas vezes, entretanto, o ressentido é ressentido exatamente por não poder aspirar a qualquer vingança, por pequena que seja. Esse é o que se pode considerar o ressentido para todo o sempre, o ressentido por princípio. Ele jamais o perdoará pelo pisão involuntário. Para onde ele for, vai carregar numa sacola essa dorzinha latejando. Presume-se que o ressentido desse tipo sinta algum prazer em seu ressentimento. Digamos que a dorzinha do ressentimento seja o tempero de sua vida. Assim como o bicho-de-pé do jeca. Aquele queimorzinho, uma coceira sem fim, como viver sem tempero nenhum?

Mas também existem os ressentidos ocasionais. Sua vida é pura alegria até o dia em que viu o vizinho comprar um carrão. Enquanto não comprar um ainda maior e mais caro, ou enquanto não ficar sabendo que o vizinho se arrebentou numa trombada com seu carro, ele estará sofrendo. O sentimento da inveja é a causa do ressentimento. Basta que seu motivo desapareça para que ele volte a viver feliz.

Para sorte minha, tenho encontrado poucos do primeiro tipo em minha vida. Quase todos os que já cruzaram meu caminho, depois de algum tempo, encontravam-se curados, porque isso de cicatriz é consequência da própria cura.

O Adamastor me afirmou várias vezes que o rancor guardado é o pior veneno da alma. Se você tem algum, jogue fora esta porcaria.

Se alguém supuser que estou falando de política, é provável que esteja enganado. Agora, pretendendo adequar a crônica ao cenário dessa instituição, nada posso fazer, senão descobrir, como o Macunaíma, que tudo pode transformar-se em tudo. 

Menalton Braff