Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quarta-feira, 25 de maio de 2016

A QUALIDADE DE VIDA VISTA PELO MATERIALISMO HISTÓRICO


A qualidade de vida é o discurso corporativo garantidor de vida boa para qualquer um, através do respeito de certos quesitos, como consumo de carne por ano, redução de jornada de trabalho, iogurte light, ioga, atividade física, suco de bagaço de laranja etc...

Empresas que se consideram muito preocupadas com seus colaboradores lançam cada vez mais programas de qualidade de vida. Inventam cada vez mais ideias inovadoras para ocupar o tempo daqueles que frequentam aquele espaço. E você dirá: "Até agora, nada de errado!". Pois é, mas o que o materialismo histórico lhe dirá é que há, por trás da invenção de cada programa, uma causa material. Qual é a causa material neste caso? A estafa, a fadiga, o estresse, a pressão, o desgaste, a sobrecarga, a hora extra. E o que a empresa faz? Ao criar um programa de qualidade de vida, ela nega que as condições materiais anteriores aos programas, as suas causas, possam ser diferentes do que são. Quando alguém lhe propõe um workshop na praia, o que está dizendo é: "olha, meu amigo, nós vamos lá fazer cobranças, colocar metas para você cumprir, aumentar a carga de trabalho, aumentar sua preocupação e tudo mais, mas não se preocupe, no final, você faz uma tirolesa e esquece um pouco a parte ruim da vida, porque esta nós não vamos mudar nem um pouquinho? 

O que a análise marxista vai dizer da qualidade de vida? Que ela é uma estratégia de legitimação do sistema tal como ele é. E aí ninguém se dá conta de que a tal qualidade de vida não coincide com uma vida de qualidade. Por que você precisa de tantas atividades de qualidade de vida? Por causa do estrago que a sua vida estressante lhe faz. Então, por que não cortar o mal pela raiz? Porque não interessa à expansão do capital. Este é o ponto de vista marxista, que não perdoa nem o pulo de paraquedas, nem o kart, nem o fim de semana com a família num workshop em Embu das Artes.

E por que nem você nem ninguém percebe o engodo? Porque, Marx dirá, são alienados. E não se preocupe porque teremos um devaneio só sobre isso, para você entender que não estou aqui só descarregando os recalques da vida de professor. Essas coisas todas se interconectam e fazem bastante sentido. Estamos todos, no final das contas, sob as asas do capital, e, quando legitimamos todas as estratégias de dominação e alienação, somos o pior dos seres para nós mesmos, porque aceitamos o enrabamento e achamos que o enrabamento faz parte da natureza das coisas, que o mundo é assim, uns fodem e os outros são fodidos. E ainda nos alegramos com o curativo existencial da qualidade de vida, e achamos que a empresa que nos explora é muito preocupada conosco, quando, na verdade, tudo isso não passa de distrações baratas para que não se questione e nem se perceba a injustiça de todo o resto da sua convivência. 

Se você aguentou aqui aqui, sugiro que continue na jornada, para que, no final desta leitura, possa você mesmo chegar a essas conclusões, tanto na qualidade de vida quanto em tantas outras questões. São mais sete devaneios, agora voltados ao pensamento de Marx, já que você jpa está prevenido a respeito do materialismo e do idealismo. 

Venha comigo. Não prometo flores. Não em Marx, mas prometo que me esforçarei ao máximo para fazer de tudo isso algo palatável à sua mente, palatável o suficiente para que você desfrute e provocador o suficiente para que você se transforme.

Fragmento retirado do Primeiro Devaneio - Materialismo e Idealismo.

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