Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

terça-feira, 1 de julho de 2014

NÃO É DE TODOS

E para que sejamos livres de homens dissolutos e maus,
porque a fé não é de todos. - Paulo (II Tessalonicenses, 3:2)

Dirigindo-se aos irmãos de Tessalônica, o apóstolo dos gentios rogou-lhes concurso em favor dos trabalhos evangélicos, para que o serviço do Senhor estivesse isento dos homens maus e dissolutos, justificando o apelo com a declaração de que a fé não é de todos. 

Pelas palavras de Paulo, percebe-se-lhe a certeza de que as criaturas perversas se aproximariam dos núcleos de trabalho cristianizante, que a malícia delas poderia causar-lhes prejuízos e que era necessário mobilizar os recursos do espírito contra semelhante influência. 

O grande convertido, em poucas palavras, gravou advertência de valor infinito, porque, em verdade, a cor religiosa caracterizará a vestimenta exterior de comunidades inteiras, mas a fé será patrimônio somente daqueles que trabalham sem medir sacrifícios por instalá-la no santuário do próprio mundo íntimo. A rotulagem de cristianismo será exibida por qualquer pessoa; todavia, a fé cristã revelar-se-á pura, incondicional e sublime em raros corações. Muita gente deseja assenhorear-se dela, como se fora mera letra de câmbio, enquanto inúmeros aprendizes do Evangelho a invocam, precipitados, qual se fora borboleta erradia. Esquecem-se, porém, de que se as necessidades materiais do corpo reclamam esforço pessoal diário, as necessidades essenciais do espírito nunca serão solucionadas pela expectação inoperante. 

Admitir a verdade, procurá-la e acreditar nela são atitudes para todos; contudo, reter a fé viva constitui a realização divina dos que trabalharam, porfiaram e sofreram por adquiri-la.

(Emmanuel [espírito] através de Francisco Cândido Xavier, no livro Pão Nosso, páginas 59 e 60)

NÃO É DEUS QUE NOS SALVA E MENOS AINDA O SANGUE DE JESUS

Podemos dizer que Deus nos salva no sentido de que Ele é a causa primeira de todas as coisas ou o fundamento de tudo e até das trevas. “Eu formo a luz, e crio as trevas; faço a paz, e crio o mal, eu o Senhor faço todas estas coisas” (Isaias 45: 7).

E não poderia haver outras causas das coisas, se não houvesse a primeira causa. Ela é como a lei da inércia da física, segundo a qual os corpos permanecem em repouso, se não houver uma ação inicial que os movimente.

As religiões recebem influências umas das outras. E o judaísmo e o cristianismo, inclusive a Bíblia, receberam-nas das religiões chamadas pagãs e mitológicas, principalmente das do Oriente Médio.

Os espíritos humanos são deuses na mitologia e na Bíblia. (Salmo 82: 6; 1 Samuel 28: 13; e João 10: 34). Assim, todos nós e também Jesus, o Dirigente da Terra, somos deuses, sim, mas relativos. O Deus verdadeiro e único, que Jesus disse ser nosso Pai e Dele, é Deus absoluto e é aquele que os orientais dizem que Ele é tão grandioso, que não podemos dizer nada sobre Ele.

E os orientais são mesmo politeístas? Eles creem em muitos deuses relativos, para nós os espíritos de Jesus e dos demais seres humanos, mas num Deus único e absoluto: Brâman. Sua crença é semelhante à nossa: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” (1 Timóteo 2: 5); e “Todavia para nós há só um Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também por ele.” (1 Coríntios 8: 6).

Como os sacrifícios feitos pelos seguidores das religiões do Oriente Médio eram agradáveis aos deuses relativos (espíritos humanos, mas atrasados), esses sacrifícios se tornaram uma prática comum daquelas religiões, pois seus adeptos pensavam que tais deuses fossem do bem ou evoluídos. E essa crença influenciou o judaísmo, o cristianismo e a própria Bíblia.

E lembremo-nos de que o Deus único e verdadeiro, o Pai de Jesus e de todos nós, é também o Pai dos espíritos (Hebreus 12: 9). Ele não aprecia sacrifícios, menos ainda de sangue! Aliás, para o que seria útil a Deus o sangue derramado, antes de animais e depois de Jesus? O que Deus iria fazer com esse sangue todo lá no mundo espiritual? E o de Jesus, então? Será que Deus, gostando tanto desse sangue, iria colocá-lo numa câmara frigorífica para conservá-lo?

Deuses ou espíritos atrasados vampiros gostam de sangue. E uma das piores ideias que poderíamos fazer de Deus é a de que Ele seja também um espírito vampiro!

A passagem pela porta estreita simboliza a nossa salvação ou libertação. E se é pelo esforço nosso que passaremos por ela, não é Deus, pois, e menos ainda o sangue de Jesus que nos salvam, mas a vivência do evangelho. Ademais, Temos livre-arbítrio para passarmos por ela quando quisermos. E Deus respeita religiosamente o nosso livre-arbítrio, pois Deus é perfeito!

Ensinou Jesus que Deus quer verdadeiros adoradores, ou seja, aqueles que o adoram em Espírito e verdade. (João 4: 24).


Oseias profetizou: “Pois misericórdia quero, e não sacrifício...”. (Oseias 6: 6). E, realmente, o Mestre dos mestres o confirmou (Mateus 9: 13): “Misericórdia quero, e não holocaustos...”. 

(José Reis Chaves, colunista do jornal O Tempo e do portal www.otempo.com.br)