Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

ESTIVE PENSANDO: MÁSCARAS


As máscaras fazem parte de nossa vida. Nos valemos delas pelos mais variados motivos mas alguns são mais claros em nosso entendimento.

Os super-heróis as utilizam para protegerem sua identidade verdadeira, de maneira a poderem fazer o que normalmente como indivíduos comuns não poderiam. Bruce Wayne não poderia perseguir e nem prender os bandidos da mesma maneira que o Batman o faz. Clark Kent jamais poderia fazer o que o Super-homem fazia sem ser incomodado por isso. E o que dizer do Zorro então? Don Diego jamais, em hipótese alguma faria o que o herói mascarado fazia, sob pena de ser demolido pelos fazendeiros, classe a qual pertencia e com a qual não concordava.

Em tempos de carnaval e em festas a fantasia o uso de máscaras é essencial. Ao fornecer legitimidade ao anonimato permite que aquele ser que normalmente é calmo e comedido se torne mais extrovertido, tomando atitudes que normalmente "de cara limpa" não o faria. Festas de máscaras eram comuns em tempos antigos justamente para permitir que, em uma sociedade rígida e cheia de regras e normas geralmente hipócritas, as pessoas pudessem se relacionar com mais liberdade, por mais paradoxal que possa parecer essa assertiva. Escondidos em suas máscaras se deixavam revelar por inteiro assumindo posturas diferenciadas das quais estavam acostumados a exercer. 

No campo artístico as máscaras são fundamentais. Que o digam os palhaços. São importantes porque convidam o espectador a se fixarem na personagem e não no ator ou atriz envolvidos. Os palhaços por estarem escondidos em suas máscaras conseguem assumir uma postura focada no que o personagem deve empreender, represando suas emoções em prol da alegria a ser desenvolvida. No filme Palhaço de Selton Mello há uma cena onde o palhaço principal do filme se questiona: "eu faço as pessoas rirem, mas quem me fará rir?" ilustrando o nosso entendimento a respeito do assunto, demonstrando que a máscara fortalece o personagem na proporção  de que alguma forma, anula o ator/atriz, que naquele momento deve tão somente externar as emoções da personagem. 

Máscaras também são usadas pelos que cometem crimes, justamente para protegerem a identidade dos autores, além de fortalecê-los em sua conduta, causando uma sensação de segurança que fundamenta a ação e a violência empregada, por sugerir uma impunidade, que na maioria das vezes se efetua. 

Máscaras também são utilizadas em jogos afetivos-sexuais, justamente por promoverem naqueles que os praticam a sensação de serem outro, protegendo-os de julgamentos externos e até internos. Um homem e uma mulher se liberam mais quando fantasiam situações, acobertados pela sensação de que não são assim, estão apenas representando.

Máscaras e caras-pintadas também são muito utilizadas em manifestações culturais, esportivas e políticas, visando uma unificação visual para a consciência coletiva estabelecida. É uma maneira de se anular a individualidade demonstrando uma coletividade que deve ser o foco principal da ação. 



Em nossa vida cotidiana nos valemos das máscaras conscientes e inconscientes o tempo todo. Confrontados pela paradoxalidade entre PARECER e SER, vamos nos utilizando dela a fim de: 
- protegermos nosso ego e nossas individualidades (super-heróis); 
- encorajarmo-nos a tomar atitudes externas diferentes dos sentimentos interiores (carnaval e festas a fantasia); 
- anularmos nossa individualidade em favor de ações externas mais relevantes para nós e os outros (palhaços); 
- esconder nossas verdades e nos dar uma falsa impressão de estarmos agindo corretamente (bandidos); 
- legitimar nossas ações em ambientes coletivos, por nos sentirmos integrados aos pensamentos diferentes dos nossos (manifestações culturais, esportivas e políticas). 

Chegará um momento em que deveremos nos confrontar intimamente com o que temos demonstrado ser e o que realmente somos e nesse instante, onde as máscaras devem ser retiradas isso nos machucará a pele, no sentido que nos trará sofrimento e dores. 

Podemos evitar essas dores e sofrimentos? Talvez não, porque elas fazem parte da didática divina que nos inspira à terapia do erro-acerto. Mas podemos com entendimento torná-las menos intensas, na medida que passamos a identificar suas causas e efeitos. 

O problema aqui não é de se usar máscaras ou não, mas de saber até quando usá-las. Até quando viveremos nos esforçando para que nos entendam, nos respeitem, nos amem, não pelo que somos, mas pelo o que parecemos ser. 

E o inverso deve ser experimentado e também vivenciado por nós. Amamos aos outros, aos nossos filhos, aos nossos companheiros e companheiras, amigos e amigas pelo que são ou pelo que nos demonstram ser? Quantos de nós após conhecer verdadeiramente alguém se decepciona e afirma: fulano não é o que eu pensava ser...

Muitas vezes ao nos revelarmos verdadeiramente aos outros podemos afastar muitos que nos eram próximos, mas nos dará a certeza de que aqueles que permaneceram ao nosso lado eram os que verdadeiramente nos amavam, pois se identificam com a nossa essência e não com nossa embalagem. 

Viver valendo-se o mínimo possível de máscaras é uma busca que o Espírito deve empreender pois como nos ensinou o Mestre Nazareno: conhecereis a verdade e ela vos libertará!

Libertemo-nos!

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